Discurso durante a 191ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questionamento sobre os benefícios do Programa Bolsa Família para a população do Piauí. Apelo ao Presidente Lula no sentido de que leve obras ao Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Questionamento sobre os benefícios do Programa Bolsa Família para a população do Piauí. Apelo ao Presidente Lula no sentido de que leve obras ao Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2008 - Página 39809
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • AVALIAÇÃO, INEFICACIA, BOLSA FAMILIA, FALTA, TRABALHO, MAIORIA, POPULAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), SUGESTÃO, PARCERIA, PREFEITO, APROVEITAMENTO, MÃO DE OBRA, EMPREGO, BENEFICIO, MUNICIPIO, CRITICA, PLANEJAMENTO FAMILIAR.
  • PROTESTO, EXCESSO, PROMESSA, GOVERNO FEDERAL, DESCUMPRIMENTO, COMPROMISSO, OBRAS, INFRAESTRUTURA, DESENVOLVIMENTO, ESTADO DO PIAUI (PI), ESPECIFICAÇÃO, PORTO, AEROPORTO, ECLUSA, HIDROVIA, USINA HIDROELETRICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Antonio Carlos Valadares, que preside esta sessão, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, eu entendo que a esperança é a última que pode morrer.

Aliás, o Apóstolo Paulo, ô Sérgio Guerra, disse: “Fé, esperança e caridade”. Estou com medo porque a esperança do meu povo, o povo do Piauí, está morrendo. Eu tive essa esperança em 1994. Votei no Partido dos Trabalhadores, votei no Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, votei no Governador do Estado.

Mas eu quero dizer que faz seis anos, e eu vejo o meu Nordeste, o Nordeste ali do Guerra... Ô Guerra, ô Líder e Presidente Guerra, o nosso Nordeste transformou-se numa “Venezuelazinha”. Não tem nada de concreto. Eu falo pelo meu Piauí.

Agora, que tem essa tal de Bolsa-Família, isso tem. Nós somos campeões da Bolsa-Família. Estávamos disputando com o Maranhão, mas acho que já passamos. E não sou contra não. Não sou contra porque... Fé, esperança e caridade. Caridade - o Apóstolo Paulo. Fé, esperança, que já está morrendo, e caridade. Caridade é importante. É um ato de caridade? É. Mas que vai resolver, não vai.

Tenho minhas crenças, ô Guerra. Como homem do Nordeste, creio em Deus, que é amor... Ô Antonio Carlos Valadares, e o que disse Deus? “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. É uma mensagem muito clara, que é o trabalho. É uma mensagem de Deus para os governantes. E vem o Apóstolo Paulo, atentai bem, Guerra: “Quem não trabalha não merece ganhar para comer”.

Tenho crença nesses homens, tenho crença justamente nisso, nesses valores.

E o que vejo? Vejo, no Nordeste... Há pouco estava lendo o livro sobre Juscelino. Que exemplo, Guerra. Em Diamantina, acabou o ouro, acabou o diamante, mas ele dá o testemunho de que nunca viu seu povo à toa. O povo do Nordeste está à toa, mais da metade do Piauí, é essa Bolsa-Família. É uma caridade. Vamos transformar essa caridade em prosperidade. E nós estamos aqui para isso, essa é a verdade.

Eu sei como fazê-lo. Eu fui prefeitinho e Governador de Estado. O Presidente da República tem sua luta e história, mas nós também temos. Eu sei como resolver isso. Ô Guerra, transforma isso e dá para os prefeitos, para eles darem até mais. Então, o prefeito está próximo. Se a pessoa beneficiada é forte, vai ser vigia de um grupo, vai ser jardineiro de uma praça. A minha cidade, que é a maior do Piauí, não tem mais nenhuma praça, nenhum jardim, não tem mais vigia. Coloca para trabalhar. Se ela tem dom de culinária, vai fazer merenda escolar. O trabalho dignifica, o trabalho engrandece.

Eu estou preocupado, Guerra. Mas muito. A ignorância é audaciosa, o povo está à toa. Juscelino disse que não tinha ninguém na sua cidade que não estivesse estudando ou trabalhando. Até aquelas figuras folclóricas típicas...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...na memória dele, ele cita que tinham trabalho. Esse negócio de ficar à toa... Guerra, atentai bem!

Contra tudo no mundo, eu acredito no estudo que leva à sabedoria, eu acredito no trabalho que faz a riqueza.

Hoje, uma mulher interiorana do Norte e do Nordeste, ao parir, ganha quatro salários mínimos. Vou contar um quadro. Guerra, eu, médico-cirurgião, encontrei agora em uma fazenda uma mulher: “Olha, eu vou te encaminhar para o Dr. Francisco Pires fazer uma cesárea e ligar tua trompa”. Sabe o que ela disse? “Senador, essa televisão foi este menino aqui; este da barriga eu vou parir e comprar uma moto para o meu marido”. É isso.

Que é do planejamento familiar?...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Cadê a paternidade responsável e a maternidade? Essa é a inversão.

O Nordeste está aí. É uma “Venezuelazinha” já, e aumenta. Pode botar: se no Piauí tinha 50,09%, aumentou para 60% a 80%.

Essas pessoas são boas. São vítimas, precisam dessa caridade. Eu não estou preocupado com elas. Eu estou preocupado é com os que estão nascendo... Daqui a dez, doze anos...

            Será que vai aparecer na nossa geração um Bilac que diz, Antonio Carlos Valadares: “Criança! Não verás nenhum país como este!”? Será que nós podemos dizer? As crianças aí estão engolindo fogo nos sinais luminosos. Há crianças dormindo debaixo da ponte.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - As crianças sofrendo pedofilia. Eu não estou preocupado com os que estão recebendo a caridade, Guerra, mas estou preocupado com o exemplo. Padre Antônio Vieira dizia que o exemplo arrasta. Veja o exemplo que essas crianças estão vendo dos pais.

Juscelino disse que não tinha mais ouro, que não tinha diamante, mas não tinha ociosidade em Diamantina. Estavam estudando ou trabalhando. Até as figuras folclóricas, viu, Antonio Carlos Valadares.

Isso está errado.

Com a palavra esse grande líder do nosso Nordeste, que foi glorioso em batalhas, e hoje está humilhado.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Pelo Regimento, o nobre Senador Sérgio Guerra não pode falar...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas o coração de V. Exª, a sensibilidade...

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Senador Mão Santa, V. Exª está falando para uma comunicação inadiável.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu estou. Mas acontece que tem o espírito da lei.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Inclusive, o tempo de V. Exª já está esgotado. Já foram concedidos três minutos, ultrapassando, portanto, o tempo regulamentar. Se eu conceder a palavra ao Senador Sérgio Guerra, vou cometer uma infração e serei cobrado pelos nossos colegas.

Certamente, ganharíamos muito em termos de conhecimento e de sabedoria com o aparte, mas peço desculpas ao nobre Senador Sérgio Guerra por não permitir que ocupe o microfone em atendimento a um aparte ao Senador Mão Santa. Para nós seria uma grande honra, um grande privilégio ouvir V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sim. Mas o que eu queria dizer é o seguinte, Sérgio Guerra: Deus escreve certo por linhas tortas. V. Exª está aí e tem um grande compromisso com o Nordeste. Atentai bem!

Então, venho aqui e abro o Livro de Deus, que diz: “Pedi e dar-se-vos-á”. Eu sei. Cheguei aqui, estudando e trabalhando, trabalhando e estudando. Eu estou preparado. Ó Antonio Carlos Valadares, então eu queria obras para o Piauí.

Ao Luiz Inácio: aqueles cegos, aqueles que não têm visão e não têm futuro. Essas coisas só dão certo se houver sensibilidade política. O Luiz Inácio tem - responsabilidade e visão de futuro. Então, venho pedir ao Luiz Inácio que leve obras, que dê ao Piauí obras.

Nós temos um porto que foi iniciado por Epitácio Pessoa, vai fazer um século! Com poucos milhões de dólares... isso dá. Um porto, um bem nunca vem só. Consolidar lá a ZPE, a ferrovia. Vi Luiz Inácio, há dois anos, em campanha, dizer que, com 60 dias, ela funcionaria até o litoral e, com quatro meses, ao centro do Estado, a Teresina: não trocaram um dormente.

Shakespeare dizia: “palavras, palavras, palavras”. E eu digo: mentiras, mentiras e mentiras. Sou mais burro, porque só falo em mentir. Aeroporto internacional, em todo jornal tem: um é na minha cidade. Ora, São Paulo só tem um. O Piauí vai ter dois?! Na minha cidade não tem mais nem teco-teco. Está nos jornais. Lá em São Raimundo Nonato, pode haver jumento na pista, uma hora dessas. Então, é mentira e mentira. Vamos colocar o porto. Vamos terminar. Vamos terminar a ferrovia. A ZPE prometida, o aeroporto internacional.

Hidroelétrica...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Aí, a generosidade. Hidroelétrica: iniciou o sonho Juscelino, Castello Branco terminou com César Cals; falta uma eclusa que possibilitaria a navegação do rio Parnaíba. Eles prometem cinco! Ora, se não terminam uma?! Está nas páginas dos jornais de toda a imprensa: cinco hidroelétricas.

Então, Shakespeare dizia: “palavras, palavras, palavras” - Hamlet. Aqui é pior: mentira, mentira, mentira. Essa é a verdade. E eu diria, como Cristo: “Então, viemos aqui, pedir”. Botei todas as emendas e todos os recursos nesse porto - Porto de Luiz Correia, no Piauí -, quase RS$20 milhões, para dar início. Então, vimos pedir. Quando vi um Deputado...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Só um minuto, para terminar. O Pai-Nosso foi feito em um minuto.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - V. Exª terá um minuto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Em um minuto, Cristo ensinou o Pai-Nosso, e a gente sai daqui aos Céus. Então, vou aproveitar um minuto, para pedir ao Luiz Inácio ao menos o Porto de Luiz Correia.

Eu vi um Deputado Federal dizer que a vida era um naufrágio. Então, ele aceitaria, mas faria o esforço - José Alves de Abreu - de voltar à tona e ver as luzes do Porto de Luiz Correia. Então, queríamos pelo menos que se levasse, de tanta e tanta bolsa, uma obra de estrutura que desse riqueza ao Piauí: o nosso porto, que se iniciou com Epitácio Pessoa, mas que está paralisado.

E, aí sim, viríamos aqui, representando a grandeza do povo do Piauí, para agradecer ao Presidente da República, porque, até agora, eles nos têm levado à infelicidade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2008 - Página 39809