O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores: estamos comemorando hoje, nesta sessão especial, realizada por iniciativa dos nossos colegas Cristovam Buarque, Patrícia Saboya, Rosalba Ciarlini, Cícero Lucena e Marconi Perillo, o Dia da Criança e o Dia do Professor.

Feliz conjunção essa, que a proximidade das datas comemorativas enseja! Nada mais próprio e mais adequado que comemorar, num único momento, os Dias da Criança e do Professor. Crianças e professores são feitos uns para os outros. Não é possível imaginar crianças sem professores - ainda que em nosso País muitas ainda não os tenham - e, muito menos, professores sem crianças. É esse par fundamental que forja uma nação!

Eu poderia discorrer longamente aqui sobre a criação dessas datas, desde a iniciativa de D. Pedro I, que, em 15 de outubro de 1827, outorgou uma Lei Geral do Ensino Elementar extremamente avançada para a época.

Prefiro falar, no entanto, sobre o futuro das crianças do Brasil e sobre o que ainda precisamos fazer neste País para que os mestres possam cumprir o seu papel com eficiência, orgulho e dignidade. É que, quero enfatizar, uma nação é construída nas escolas por professores e crianças!

Mas, para nossa vergonha, ainda precisamos ter, em pleno século XXI, um Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil! Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, como bem sabe a Senadora Patrícia Saboya, que tem se dedicado muito a essa questão, cerca de três milhões de crianças, entre cinco e quinze anos de idade, ainda trabalham no Brasil.

Que futuro se reserva para essas crianças? E que futuro se espera para o País, se é verdade que o futuro de uma nação repousa sobre o futuro das crianças? Uma das respostas pode ser encontrada na falta de profissionais qualificados para fazer frente aos avanços tecnológicos do mercado de trabalho dos dias atuais.

Que perversidade! Quanta inversão de valores! Colocamos as nossas crianças para trabalhar na idade em que elas deveriam estar nas escolas, preparando-se adequadamente para se tornarem cidadãos e profissionais aptos a ganhar a vida dignamente quando adultos.

Mudar esse quadro é tarefa longa e árdua. Em primeiro lugar, é preciso que os Governos federal, estaduais e municipais elejam a educação como prioridade absoluta. Só a educação nos resgatará da miséria e da ignorância que ainda existem neste País! Só a educação nos tornará um povo forte e capaz de conduzir o nosso próprio destino!

É imperioso investir recursos de maneira ordenada tanto na formação, no aperfeiçoamento e na remuneração dos professores, quanto na transformação das escolas de todo o Brasil em ambientes propícios à aprendizagem e à formação da cidadania.

É fundamental transformar os currículos escolares e as escolas, para dar a jovens e crianças uma formação moderna, consentânea com o mundo de hoje. É imperativo prepará-los para a cidadania e para o mercado de trabalho, ensinando-lhes os valores da civilização e dando-lhes as ferramentas intelectuais necessárias para que se tornem profissionais conscientes e capazes nas suas respectivas atividades.

Essa é a experiência dos países civilizados, esses foram os mecanismos que levaram alguns deles à liderança mundial hoje e em todos os tempos! Não há outro caminho, Senhor Presidente, Senhoras Senadoras, Senhores Senadores! Não avançaremos sem um sistema educacional de qualidade, com professores aptos, motivados e bem remunerados, capazes de dar às nossas crianças a formação de que necessitam.

E se a tarefa é longa e árdua, é preciso encetá-la o quanto antes, sob pena de perdermos o passo da História. O Brasil está, hoje, entre as dez nações economicamente mais importantes do mundo, o que não é pouca coisa. Contudo, ainda temos graves problemas a resolver e muito que fazer se desejamos continuar no patamar a que nos alçamos, ou, mais ainda, caminhar na direção da liderança mundial, ocupando o lugar que formos capazes de alcançar.

O conhecimento sempre foi a maior riqueza da humanidade. E ele começa sempre a ser construído nas escolas elementares. Os americanos entendem muito bem essa questão. Quando, em plena Guerra Fria, os soviéticos foram pioneiramente ao espaço, vencendo momentaneamente a corrida espacial, eles empreenderam imediatamente uma grande reforma de todo o seu sistema educacional, para poderem seguir na disputa da liderança mundial nesse e em todos os outros campos.

Nós precisamos compreender essa verdade universal em toda a sua extensão. Precisamos saber nos preparar para os desafios que certamente teremos que enfrentar se desejarmos ser uma grande nação. Precisamos entender de uma vez por todas que a educação é o caminho real para a prosperidade e para o bem-estar da população brasileira.

Desejo concluir esta fala dirigindo uma saudação especial às crianças e aos professores de todo o Brasil. Às crianças e aos mestres, desejo agradecer. Às crianças, pela alegria e pelos sorrisos com que permanentemente reavivam as nossas esperanças na vida e no ser humano. Aos mestres, a minha gratidão eterna pela sagrada missão, que cumprem diuturnamente, de transmitir o conhecimento e os valores da civilização.

Muito obrigado.

Era o que tinha a dizer.