O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias que preside esta sessão de 16 de outubro, Srs. Parlamentares presentes, brasileiros e brasileiras aqui presentes, que nos assistem pelo fabuloso sistema de comunicação do Senado: a TV Senado, a Rádio AM e a Radio FM, o Jornal do Senado e a Agência de Notícias do Senado, ontem este Senado, 15 de outubro, viveu um dos grandes dias. Pela manhã, e quis Deus que eu presidisse uma reunião especial, solicitada pelo Senador e Professor Cristovam Buarque, de homenagem às crianças e aos professores. Foi uma bela festa de compromisso e esperança ao País. Na sessão da tarde, foi muito feliz o nosso Presidente Garibaldi, quando conseguiu liderar esta Casa e aprovar norma para a criação de municípios.

            Senador Heráclito Fortes, vivemos isso no Piauí. E eu quero crer, o Senado da República aprovou, falta apenas a comprovação na Câmara do que foi feito aqui. Quero dar o testemunho, o que é de muita valia. Quando governei o Estado do Piauí - antes eu era prefeito da cidade de Parnaíba -, o PFL de antigamente governava o Estado e tinha como Governador o ex-Senador Freitas Neto. Ele imaginou um projeto muito interessante: transformar povoados em cidades. Senador Heráclito, de início eu até me mostrei contra, porque eu era prefeito, e Parnaíba, que geograficamente era pequena, tinha dois povoados: Morro da Mariana e Bom Princípio, entraram nesse entusiasmo de se libertarem e serem cidades. Mas, quis Deus, dois anos depois eu era Governador do Estado e eu senti com o exemplo da própria cidade da Parnaíba. Aqueles povoados floresceram, cresceram, e eu me entusiasmei com o programa.

            O ex-Governador Freitas Neto tinha pego o Estado com 115 Municípios e criou trinta; cento e quarenta e cinco Municípios quando eu comecei a governar o Estado do Piauí. E eu, vendo isso, resolvi continuar, de tal maneira que Deus me permitiu, Senador Heráclito Fortes, criar no Estado do Piauí 78 novos Municípios.

            Então, eu vivi essa experiência. É fantástica! Ontem, o dia foi de grandeza, como estavam estancadas, paradas as possibilidades há mais de dez anos de criar Município.

            Eu quero dizer que eu vi nascer e transformar povoados em cidades. Além daquilo que nós vemos naturalmente, vamos dizer, aquilo que se vê, as grandes avenidas, as praças para namorar, o mercado para comercializar, a escola para educar, o hospital para a saúde, a cadeia - o essencial é invisível aos olhos, vê-se bem com o coração - transformar gente do campo, pura, em líderes. Chamar à responsabilidade administrativa vereadores, vice-prefeitos e prefeito. Atentai bem, Jefferson Praia! Eu vi, de tal maneira que duas cidades pequenas, Jatobá, o seu prefeito foi reeleito e depois foi eleito da cidade mãe, Campo Maior, a cidade onde houve a Batalha do Jenipapo, que garantiu a unidade do Brasil contra os portugueses e foi reeleito.

            Vi uma mulher, que era prefeita, Janaína Marques, ali, a quem o Heráclito ajudou muito na sua cidadezinha recém-criada, Joca Marques e essa mulher, tão entusiasmada, competente e com o apoio de Heráclito Fortes, é eleita prefeita da cidade-mãe e reeleita.

            O essencial é invisível aos olhos, houve esse fato, o chamamento para a responsabilidade desse homem do campo. Então, nasceu isso aqui.

            Senador Alvaro Dias, o Senado tem uma coisa muito importante. Há muitos projetos de criação de novos Estados e, da mesma maneira como o conto da nossa experiência no município é positiva, novos Estados. Aí está um exemplo bem palpitante e bem real. O Mato Grosso do Sul, que beleza! O filho do Mato Grosso é o Mato Grosso do Sul hoje. Tocantins, exemplo de pecuária, exemplo de riqueza mineral, passou a ser a capital do Brasil, vamos dizer, na expansão do ensino universitário à distância. Tocantins! Eadcon, a maior empresa de expansão universitária pela Internet no Brasil afora. Estado novo! Então, há projetos aí que repousam.

            Queremos apenas nos lembrar o seguinte: vamos dar o exemplo aqui. Senador Mário Couto, sei que lá no seu Pará, também sonham com isto; o meu Piauí, também; o Maranhão. Atentai bem! Olhe o mapa do Brasil, totalmente disforme. Olhe os Estados. O meu Piauí - eu nasci no mar - vai terminar lá na Bahia. É comprido! Olhe, para sair de onde eu nasci para ir ao encontro dos baianos, é distante. O Pará, nem se fala.

            E estão aí os Estados Unidos, que, quer queiramos ou não, têm um quarto da riqueza do mundo. Área geográfica quase do tamanho do nosso Brasil; são 50 Estados. Está bem aí o México, que eu conheço. O México... Ô Mário Couto, menos da metade da área territorial do Brasil são 35 Estados. E aí vai.

            Então, está na hora, como, ontem, o Senado foi bravo, de dar sinal verde para que apareçam, responsavelmente, novos municípios. Está na hora de nós reestudarmos o aparecimento de novos Estados, como o bem recente do Mato Grosso do Sul, do Tocantins.

            O sonho do Pará é se dividir, o do Maranhão e o do meu Piauí. Olha, o Piauí tem esse sonho antigo. Ele é disforme e não é pequeno. No Piauí cabem doze Sergipes.

            Eu me lembro, Mário Couto, de que quando eu governava o Piauí, Divaldo Suruagy reclamava isso. Quando o Governador do Sergipe, Albano Franco, reclamava ao Presidente ajuda para as estradas, eu virei e disse: “Se eu fosse Governador do Sergipe, com uma lambreta dava para governar”. Porque cabem dentro do Piauí doze Sergipes. E é o de melhor renda per capita. Então, esses Estados podem e devem se dividir.

            O sonho do Piauí é grande. O sul do Piauí seria o Estado do Gurguéia. Ô Senador Heráclito Fortes, V. Exª se lembra de Joaquim Pires? Senador Joaquim Pires, 1950. Hoje, é uma cidade do norte. Em 1950, ele já falava e discutia. Depois, Heráclito, o nosso saudoso - aqui ainda vive - Chagas Rodrigues, que foi vice-Presidente desta Casa, do PSDB, em 1987, ele avançou. E hoje há vários que preparam o Gurguéia.

            O Gurguéia, para nós, é como o rio Nilo foi para o Egito. Lá existe um grande potencial de agricultura, plantio de soja, e pecuária.

            Então, já há o Centro de Estudos e Debates do Gurguéia, presidido pelo ex-Deputado Estadual e Federal, já aposentado, Dr. Jesualdo Cavalcanti.

            O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Senador Mão Santa, com a anuência da Mesa - percebemos que o tempo de V. Exª já está esgotado -, gostaria de merecer a possibilidade de um pequeno aparte.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E a sensibilidade do Alvaro Dias é extraordinária.

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Senador Mão Santa, peço a V. Exª que conceda o aparte e logo após encerre seu pronunciamento.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não. E só vale Leomar Quintanilha, que conhece o Tocantins e o sul do Piauí. E vou dizer que ele fez o melhor assalto no Piauí: roubou uma mulher piauiense. Sua distinta esposa é lá do sul do Estado.

            O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Não foi roubada não, Senador. Foi com o consentimento dos pais dela. Foi conquistada.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Conquistada.

            O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Senador Mão Santa, ouço, apesar de não ter ouvido toda, com todo interesse a manifestação de V. Exª a respeito da possibilidade de dividir o Piauí e criar o Estado do Gurguéia. Tive a felicidade, em um momento da minha vida profissional, de morar no sul do Piauí...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E conquistar uma das mulheres mais encantadoras do Brasil.

            O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - E conhecer a realidade que V. Exª expressa nesta Casa aos nobres Pares. Efetivamente, o Piauí é muito comprido e impõe uma dificuldade muito grande no modelo atual de ocupação do Estado, na necessidade de atendimento às demandas das pessoas, principalmente dos que moram no sul do Piauí, já que a capital fica no norte do Estado, que é muito extenso. E já ouvi V. Exª aqui comentar que durante o período em que governou o Estado, V. Exª criou vários municípios.

            E estou seguro de que, ao retornar hoje a esses municípios, V. Exª poderá constatar que melhoraram muito: desenvolveram-se, urbanizaram-se, cresceram, e as populações passaram a ter uma condição de vida melhor. Mas exemplo de redivisão que deu certo...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - ...é a do Tocantins, que tenho a honra de representar nesta Casa. Hoje, estou aqui acompanhado de dois ilustres Prefeitos reeleitos: o de Araguatins, Rocha Miranda, e o de Figueirópolis, testemunhas da verdadeira transformação que experimentou uma região em que a população era abandonada, sofrida, e hoje cresce a uma média maior do que a nacional. O Tocantins cresce 7,5%, resultado das ações de infra-estrutura, de apoiamento às necessidades da população, e é um dos grandes exemplos da importância da redivisão territorial deste país gigantesco que é o Brasil. É dividir para aprimorar, para melhorar, para dar oportunidade a muitas regiões remotas, isoladas, cujas populações vivem com dificuldade. Parabéns a V. Exª pelo tema que traz à Casa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço e incorporo todas as palavras do Senador do Tocantins, Leomar Quintanilha. Mas eu quero é que V. Exª não transfira o título para o Piauí. Assim, eu e o Heráclito não vamos ter vez, porque V. Exª conquistou a mulher e todo o Piauí com o honrado trabalho de bancário que teve na região do Piauí.

            Mas eu queria terminar. Um quadro vale por dez mil palavras, Sr. Presidente.

            Jefferson Praia, atentai bem, relembre - ontem, foi o Dia da Professora, das nossas professoras, aqui no Senado - o mapa do Brasil e o dos Estados Unidos. O dos Estados Unidos parece azulejo, é tudo dividido. Pode olhar. Os estados se parecem com uma parede de azulejos: tudo igual, tudo mais ou menos do mesmo tamanho.O nosso é todo disforme. É a hora de nós corrigirmos, é a hora de facilitarmos o aparecer de novos Estados. E entre eles o Estado do Gurguéia, do Piauí, com perspectivas invejáveis de riquezas, pela valia do seu povo trabalhador, por ser a última fronteira agrícola. São mais de onze milhões de hectares de cerrado para a produção de grãos, de soja e de alimento para o mundo.

            Então, são essas as nossas palavras, e que avance este Senado na sua destinação. Aí está o homem da Lei, o Demóstenes. Leis boas e justas. Que nasça uma lei que faça o Brasil crescer, com a criação de novos Estados.

            São as nossas palavras.