Discurso durante a 194ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre o PMDB e retrospectiva histórica sobre a atuação do Partido, especialmente no Piauí. Cobranças do Governo Federal de obras de infra-estrutura no Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre o PMDB e retrospectiva histórica sobre a atuação do Partido, especialmente no Piauí. Cobranças do Governo Federal de obras de infra-estrutura no Estado do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 21/10/2008 - Página 40899
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), IMPORTANCIA, REDEMOCRATIZAÇÃO, RECRIAÇÃO, PLURIPARTIDARISMO, REGISTRO, RELEVANCIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, ESTADO DO PIAUI (PI), DESENVOLVIMENTO, AMBITO REGIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ATUAÇÃO, EX PREFEITO, CAPITAL DE ESTADO, EX GOVERNADOR, ORADOR.
  • REGISTRO, REDUÇÃO, NUMERO, PREFEITO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), COMENTARIO, MANUTENÇÃO, SUPERIORIDADE, QUANTIDADE, QUALIDADE, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, DEFESA, APRESENTAÇÃO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ELEIÇÕES, NECESSIDADE, CONTINUAÇÃO, LIDERANÇA, SENADO.
  • COBRANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OBRAS, INFRAESTRUTURA, ESTADO DO PIAUI (PI), ESPECIFICAÇÃO, FERROVIA, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), AEROPORTO, RODOVIA, PORTO, HOSPITAL, METRO, SOLICITAÇÃO, GOVERNADOR, REFORÇO, DEFESA, CONSTRUÇÃO, REFINARIA, EFEITO, MELHORIA, PROBLEMA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), DISTRIBUIÇÃO, DERIVADOS DE PETROLEO, REGIÃO NORDESTE, REGIÃO NORTE.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Wellington Salgado, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que aqui estão e os que nos assistem pelos sistemas de comunicação do Senado, Padre Antônio Vieira disse que o exemplo arrasta. V. Exª deu bom exemplo ao fazer uma retrospectiva do grandioso partido da democracia, o PMDB. Então, peço permissão para ser o último orador desta solenidade e também para mostrar o nosso entusiasmo, do PMDB, de todos nós.

            A vida é cheia de confusão. No livro de Cervantes, Dom Quixote dá uma ilha, João Ribeiro, para Sancho Pança governar, premiando a companhia que ele teve. E aí o ensina a governar. Ele diz: “Mas eu não posso ser governador, não tenho saber”. Ele responde: “É, mas eu tenho observado, e você tem um importante mérito, que é a maior sabedoria: é temente a Deus”. Isso é uma sabedoria. E aí o ensinou a governar: não abuse da bebida, evite a preguiça, seja honrado, honesto. E foi ensinando. E, João Ribeiro, ele foi até um bom governante, temente a Deus, humilde.

            Antes de sair, Dom Quixote disse: “Quero lembrar-lhe uma coisa: só não tem jeito para a morte”. Por isso é que a gente usa essa expressão. É dele. Mas, João Ribeiro, ele foi até um governador bom, humilde, cheio de sabedoria. Aí o Sancho Pança estava lá quando Dom Quixote voltou. Ele disse que deu saudade. Ele disse: “O que você acha de ser governo?”. Ele respondeu: “É um golfo de confusões”. Então, isso é um golfo de confusões. O PMDB surgiu nessas confusões.

            Mas eu quero dizer que a nossa história, a nossa entrada na política foi por ideal, pelo sonho. Hoje as coisas mudam. Tudo muda na natureza. A nossa geração tinha um ideal de redemocratizar este País.

            Eu estudava Cirurgia no Rio quando quis Deus eu estar no Maracanãzinho, quando um jovem que transformou... A música, Wellington Salgado, comove muito, ela tem uma força muito maior do que a oratória. Você pode ver o livro de Deus, os Salmos: era Davi, era Salomão dedilhando a harpa e fazendo as músicas. “Deus é meu pastor, nada me faltará”. E a música leva. E eu estava na juventude, fazia cirurgia no Hospital dos Servidores, e, quando eu vi - estava no Maracanã - um jovem pegar um violão e chamar o Brasil para acordar: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber; quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Isso se canta desde aquela data, há mais de quarenta anos. Foi essa música que fez derrubar, que ativou o ideal político.

            E, nesse balanço, entramos no PMDB. É uma história muito bonita.

            Em 1972, antes do Ulysses - Ulysses aqui foi em 1974, o anticandidato -, liderávamos esse partido da oposição em nossa cidade e tiramos da ditadura a maior Prefeitura do Estado do Piauí, Parnaíba, cidade histórica, onde nasceu Evandro Lins e Silva; João Paulo dos Reis Velloso, que foi Ministro; Alberto Silva; Chagas Rodrigues, que foi Senador e Vice-Presidente desta Casa.

            Então, esse partido é grandioso. Quer dizer, as liberdades democráticas renasceram aí. Recordamos Ulysses Guimarães, que está encantado no fundo do mar; Juscelino Kubitschek, humilhado, cassado, exilado, sofrido, o maior exemplo de tolerância e de amor à democracia. Aí você vê o que é a vida do político, não é? Imaginar um Juscelino sair daqui humilhado, cassado, exilado. O próprio Tancredo, da sua terra, imolou-se pela transição e deu, com a sua tolerância e inteligência, exemplos enormes de solidariedade. Olha, ele, que herdou a caneta de Getúlio, ele, que discursou no túmulo... E, no túmulo de Getúlio, Senador Wellington Salgado... Devia haver 22 Governadores naquela época. Atentai bem para a grandeza do povo de Minas, que V. Exª representa. Eram 22 Governadores. Getúlio era PTB e era Presidente. Devia ter mais da metade dos Governadores, mas só um foi ao enterro de Getúlio - olha como é a política: Juscelino Kubitschek. Que coragem!

            Mas esse partido é grandioso mesmo nessa conjuntura, nessas dificuldades, nessa destinação. E é aquilo que você disse: é complicado, é partido, é muita liderança, viveu sob esse ideal. E, com o pluripartidarismo, nasceram filhos dele. O PSDB é um filho dileto dele.

            Mas estamos no PMDB e somos agradecidos. Por esse partido, sou Senador da República e fui eleito duas vezes Governador do Estado do Piauí.

            Evidentemente que a política é assim. Senador Wellington Salgado, basta, para entendermos a política... Acho que o maior líder da história do mundo foi Winston Churchill, porque ele foi um líder militar - foi em duas guerras mundiais, na última ele foi o comandante - e foi político. Então, ele definiu, e ninguém melhor do que ele...

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Sem contar Jesus Cristo.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sim, outras eras!

            Então, Winston Churchill disse: “Política é como a guerra, com diferença que, na guerra, a gente só morre uma vez”.

            Rui Barbosa perdeu várias vezes e está ali - perdeu como quê! De Abraham Lincoln, eu só não lhe desejo a bala, que ele pegou. Foi o homem que perdeu mais. Agora, eles nos dão ensinamentos. Já perdi eleições, já ganhei eleições. Um sujeito como Rui Barbosa não pode perder, ô João Ribeiro, a vergonha e a dignidade. Ele que não perca, não, porque é o fim!

            O PMDB, peguei uma vez. No começo, eram só dois partidos. Quando entrei numa eleição, acho que o Alberto Silva, muito sabido, pensou - estava ali presidente: “Vou botar esse menino aí para ser piranha e me eleger Deputado Federal”.

            Wellington Salgado, eu me lembro que, em 1994, o PMDB tinha três Prefeituras, apoiado pelo Prefeito de Teresina, Wall Ferraz. Quatro. Eram 145 cidades. De repente, Deus - negócio de Deus - e o povo me fizeram Governador do Estado. E três Prefeituras pequenininhas: Sigefredo Pacheco, Canavieira - Zé Nordeste, um grande líder -, e um pastor no sul; só tinha um. E Teresina. E Wall Ferraz era Prefeito do PSDB, grande líder, maior do que eu. Aliás, ele tinha me convidado para ser vice, mas desistiu. Era Prefeito de Teresina. Deus nos ajudou e estamos aqui. E Wall Ferraz, o maior líder da história política, ainda hoje mantém o PSDB, graças ao mito que ele foi. Enfrentou a ditadura.

            Agora, o mérito maior desse Partido no Piauí, sem dúvida nenhuma, é Alberto Silva, que foi Senador. Aliás, é uma benção, está na Bíblia que o homem abençoado por Deus tem longevidade e, até o fim de sua vida, exerce sua atividade. João Ribeiro, Alberto Silva vai fazer 90 anos no dia 10 de novembro e é o Presidente do PMDB. É o maior líder do PMDB! Fez muito: foi Prefeito da minha cidade, um extraordinário Prefeito; foi Governador do Estado, um extraordinário Governador. Vai fazer 90 anos!

            A ingratidão é uma doença do caráter. Ninguém fez ele, quem o fez foi ele mesmo, que enfrentou. Ele saiu com Tancredo para o PP. Voltou. Ele que deu os votos para consolidar o MDB. Ele que deu à delegação e que consolidou o Partido. O PMDB, quando já mudou o nome, precisou do PP. Alberto Silva deu, somou e está aí.

            Realmente, ele é um empreendedor! Ele ficou na história como um homem de tocar obra. Mudou a fisionomia do Piauí. Uma vez, ele foi Governador indicado, no sistema revolucionário, e, outra vez, voltou nos braços do povo. E ganhei duas vezes nos braços do povo.

            A história do PMDB reflete essas duas administrações extraordinárias. Cada uma na sua época. Fui depois. Tive mais chances de criar 78 cidades, 400 faculdades.

            Então, o PMDB vive desses dois fenômenos que governaram o Estado e que fizeram as riquezas do Estado.

            A ingratidão é uma doença de caráter.

            Realmente, nessas eleições, ele diminuiu. Não vou dizer que não, mas estou satisfeito e estou aqui movido pelos dados e números que Wellington Salgado trouxe e que o Brasil todo conheceu.

            Somos o maior Partido em número de prefeitos, o maior Partido em número de vereadores. Cresceu. No Piauí, depois que fui Governador, o Partido cresceu muito. Então, são normais essas ilações. Eles se coligaram, e o PT tomou isso fácil. É lógico!

            Então, diminuiu, mas ninguém vai tirar o mérito. Quem tem bastante luz própria não precisa diminuir ou apagar a luz dos outros. Essa é uma filosofia que tem que ser levada em conta, João Ribeiro. Então, para ter luz, não vou precisar culpar o Alberto Silva, não. O Alberto Silva foi quem plantou, quem criou e que fez tudo. A ingratidão seria a doença do caráter. Realmente, o PT cresceu: tomou o Governo, fizeram um acordo, e o próprio candidato à Teresina era do PT, um homem de bom caráter; e o Vice era do PMDB, o filho de Alberto Silva.

            Mas o fato é que perdemos em algumas cidades, mas o PMDB tem essa história. Perdemos cidades fabulosas, onde tínhamos hegemonia. Mas deixamos uma história extraordinária: Oeiras, a primeira capital.

            É o PMDB mais forte, porque estava há alguns anos. É Juarez Tapety a melhor figura política que conheço. Fui Deputado Estadual com ele em 1979; ele era líder; e eu, Vice-Líder. Seus filhos: Tapety Neto e Mauro Tapety, extraordinários!

            Eu queria lembrar que Winston Churchill ganhou a guerra e perdeu a eleição seguinte. Depois, ele voltou. O povo o chamou para ser Primeiro-Ministro. Mas ele perdeu. Ele ganhou a guerra, Wellington Salgado, e perdeu a eleição.

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Não posso fazer aparte, Senador Mão Santa, mas tive oportunidade de estar com Iris Rezende, Prefeito reeleito em Goiânia. Ele ganhou a primeira vez, e tivemos uma conversa. Ele falava: “Wellington, você sabe que, se eu não fosse, de novo, eleito, eu ia morrer frustrado”. Já foi tudo o Iris Rezende...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Está aí: uma vida como a de Abraham Lincoln. Perdeu, mas nunca perdeu a vergonha. V. Exª, com a inteligência privilegiada de Minas, mencionou nosso recente Iris! Dei um exemplo de longe: Winston Churchill, Abraham Lincoln e Rui Barbosa.

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - O Iris ganhou e, logo depois, estava correndo numa maratona!

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é. Então, o Iris, que foi a inspiração de V. Exª, perdeu aqui, mas é sempre o maior símbolo. Está aí um bom candidato do PMDB à Presidência da República. As coisas nascem assim.

            Perdemos em Oeiras, mas são os mais valorosos da história do PMDB. Isso é normal. Perdemos em Uruçuí, do melhor líder que conheço no sul do Estado. Olhem, senti aquele negócio de Gurguéia. Se for criado o Estado, o primeiro Governador tem que ser Chico Filho, um bravo, um líder. Ele é uma figura.

            O PT cobiçou lá, e o Governo, você sabe, está com força no Nordeste, com a criação desse Bolsa-Família. Mas é uma administração extraordinária. Levamos a Bunge, que foi a mudança do cerrado, a introdução do plantio de soja, com a vinda da raça gaúcha, da raça de Santa Catarina, do Paraná, para a última fronteira. Foi o Chico Filho quem promoveu. Ainda mais: a ponte do Gurguéia, a ponte que nos leva a Ribeiro Gonçalves. Tudo foi ele quem fez. É como Winston Churchill e os interesses.

            Em Luís Correia, no meu litoral, o PMDB perdeu por pouco; por 30 votos. Atentai bem como isso é um negócio complicado! Luís Correia é irmão do meu avô. Em Cristino Castro, onde jorra água; um líder extraordinário, João Falcão. Eles se igualam à luta política de Abraham Lincoln, de Churchill, de Rui Barbosa, de Iris Rezende, a minha mesmo, a de Alberto Silva. Alberto Silva é homem de muitas lutas. Ele amargou algumas derrotas na sua carreira política, mas nunca perdeu o entusiasmo, e nunca ninguém falou como o poeta nordestino:

Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar.

(Gonçalves Dias)

            E essa turma é a melhor. É um Partido que tem, talvez, a maior Bancada estadual. Dividiram-se: uns foram para o Governo, outros seguiram a nossa lide: João Madsen; Mauro Tapety; Ana Paula, uma encantadora mulher, irmã de Chico Filho e Zé Nordeste, que ganhou já em outra sigla, o PTB, que pode ser um Partido aliado, no futuro; Moraes Souza Filho, meu sobrinho; Kléber Eulálio, que é Secretário de Governo; Temístocles Sampaio, que é o Presidente da Assembléia, talvez o melhor de todos; Warton Santos, médico como eu, líder do Governo; além dos Deputados Federais Alberto Silva e Marcelo Castro, os dois extraordinários, cada um com a sua história, e de mim, Senador.

            Então, o PMDB, como no Brasil... Hoje, o Cláudio Humberto, sem dúvida nenhuma, é o melhor cronista político, o mais lido. Meu amigo Fernando Collor só cometeu um erro: naquele negócio de botar os notáveis, tirou-o do cargo de Secretário de Comunicação. Se ele estivesse no cargo, jamais o Collor teria caído.

            O Cláudio Humberto deve estar dizendo: “O Mão Santa está cacarejando, aí, que o PMDB tem candidato a Presidente.”

            Eu acho que sim, Wellington Salgado, é um debate.

            Atentai bem! Se, em 1974, Ulysses Guimarães, sem a mínima condição no Colégio Eleitoral, contra Sobral Pinto, sob condições adversas, conhecendo seus eleitores - os eleitores eram do Partido do Governo, da Arena -, deu esse exemplo. Como é que, agora, 35 anos depois, nós que, como V. Exª mostrou, não só quantitativamente mas qualitativamente, somo melhores que essa gentalha que está aí à frente, querendo tomar o poder no Brasil...

            Nós somos melhores, nós temos história, nós temos currículo, nós temos isso. Então, eu não admito.

            Como eu lutei por Germano Rigotto, Garotinho! Eu estava lá. Como eu lutei pela candidatura própria! Depois, Pedro Simon, que não deixaram. Agora, com muito mais razão, primeiro, quantitativamente e qualitativamente. Agora mesmo você citou um nome: Iris Rezende. E esses Ministros todos, não podem ser? Não estão aí? Não são os Ministros que estão dando a popularidade? Não são os Ministros do nosso Partido que são capazes, que são eficientes, que são competentes? Não são eles que estão fazendo mudar tudo isso aí? Com todos eles: Reinhold Stephanes; Geddel Vieira, esse bravo; Edison Lobão; o seu Hélio Costa. Por que não? E os Governadores que estão aí? São tão bons: o Requião do Paraná; o do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que votava sempre comigo, igual ao meu voto.

            Esse negócio de dizer que Lula tem mágoa... Tem, não. O Luiz Inácio gosta de quem vota. Esse Sérgio Cabral nunca deu voto pelo Lula. Eu votava com ele ali. Ele olhava o quadro. Pode ver; pode ir aos arquivos. Votou sempre contra. Ele combinava: “Mão Santa, eu não posso votar só, é para ter dois”. V. Exª, Wellington Salgado, está sabendo: votou tudo contra o Luiz Inácio. E não é, hoje, o queridinho?

            Esse agora, que está lá candidato, disse que falou até do filho dele. Eu nunca falei. Pelo contrário, minhas palavras, até com a Dona Marisa, são respeitosas. Comparei-a a Marta Rocha, que foi uma das mais belas mulheres, tanto fisicamente como moralmente, na história. Então, não tem nada que... A maior firmeza.

            E aquele da Sealopra? Aquele esculhambou o Lula. Eu, não. Eu tenho sido a favor e contra. Olho as votações conforme a minha consciência. De tudo o que V. Exª falou, foi muito bonito dizer que o PMDB não tem dono, tem um povo. Então, eu tenho votado, aqui, como Ulysses disse: “Ouça a voz rouca das ruas”. Quando está bem, eu voto; quando não está bem, eu voto.

            Mas nós temos candidato. E o nosso Presidente do Partido?

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Senador Mão Santa, prorrogo por mais meia hora a sessão.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, em três minutos vou encerrar.

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Mas eu vou dar meia hora para V. Exª. Quando fala do PMDB, eu gosto bastante.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Olha, Michel Temer, candidato extraordinário. Como é que um partidão desses pode esquecer um homem de uma bela vida política, de uma bela vida de mestre, que pegou o PMDB? Está aqui, cresceu. Napoleão Bonaparte dizia que o francês é tímido, até preguiçoso, mas, com um grande comandante, ele vai. Esse grande comandante foi Michel Temer. Esse Partido cresceu. Ele soube navegar. Ele soube e está aí; pode ser nosso candidato a Presidente da República.

            Se esse é um bom conceito, atentai bem, aqui no Senado, por que nós vamos abdicar? Ô Wellington Salgado, olha o Rui Barbosa aí. Por que nós vamos abdicar a Presidência deste Senado? Por quê? Você já está aí, posso ser eu. Eu estou doidinho por isso. Eu sou bom. Nós não botamos o Garibaldi aí?

            O Rui Barbosa está ali, e sabe o que ele disse? Que o homem que não luta pelos seus direitos não merece viver. Aqui tem uma praxe, uma tradição, uma história, um costume. O Partido majoritário somos nós. Estão aqui, 21, foram lidos os nomes. Eu não fiz acordo com ninguém, não. Eu vou atrás desse candidato do PMDB.

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - O Partido da governabilidade.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E, aqui, não podemos abdicar.

            Então, ô Cláudio Humberto, é fato: nós vamos ter candidato aqui. Nós somos melhores em quantidade e em qualidade. Atentai bem e olhai. Está aí. Não botamos, aí, o nosso Garibaldi, que está levando, com muita honra e com muita dignidade? Ele é apenas um dos 21. Não é qualquer...

            No meu Estado está a discrepância. Eu defendi Garotinho, defendi Germano Rigotto, defendi Pedro Simon, defendo para Presidente e defendo no nosso Estado. Tem muitos homens bons. Está cheio. É a maior Bancada estadual: dois federais, Senador, nomes outros que já exerceram cargos públicos, ex-Prefeitos, todos extraordinários. Qualquer um desses pode ser candidato: um dos Tapety, o Chico Filho, o João Falcão, o Toinzinho, o ex-Ministro, o Henrique.

            Então, defendo a tese da candidatura própria do PMDB. Eu acho que o Brasil vai ter muito a lucrar, porque temos demonstrado isso, e o povo do Brasil tem correspondido com a credibilidade que deu à luta do PMDB.

            Então, são essas as minhas palavras.

            Sendo do Piauí, eu apenas queria esclarecer isso tudo, embora, hoje, tenhamos diminuído a nossa participação nas prefeituras. Esse é um momento, mas vamos conquistar, pela governabilidade que o PMDB tem dado ao Brasil e tem dado ao Piauí. Acho que o Presidente Luiz Inácio tem de devolver ao Piauí obras estruturantes, obras fundamentais que nos levem a uma riqueza.

            Nós aprendemos com o povo de Minas. Juscelino, na suas memórias, disse que em Diamantina acabou o ouro, acabou o diamante, mas não acabou a vergonha do povo. Todo mundo estudava e trabalhava. Até as suas figuras folclóricas, como toda cidade tem, trabalhavam, tinham um serviço, um trabalho.

            Então, não pode o nosso povo ficar à toa, como estão fazendo no Piauí. É lógico que ninguém tem nada contra essa Bolsa-Escola, é uma caridade - que a caridade seja bem-vinda -, mas ela tem de ser transformada numa realidade de trabalho, de riqueza e de grandeza. Para isso existe o Parlamento.

            Aproveitem isso, Wellington Salgado: some-se, entregue-se para a Prefeitura, vote-se uma lei pela qual o governador tem de dar mais 20%, o prefeito, 10%, e o prefeito encaminhe para o trabalho.

            O trabalho, disse Rui Barbosa, vem antes. O trabalho e o trabalhador geram a riqueza. Segundo o próprio Deus: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Apóstolo Paulo: “Quem não trabalha não coma”.

            Nós queremos obras do Presidente da República, pela grandeza do PMDB nacional, pelo apoio que os nossos Ministros têm dado, pelo apoio à governabilidade no Estado do Piauí, pelos peemedebistas que estão nas Assembléias Legislativas. Mas nós queremos obras como o Porto de Luís Correia. Quantas vezes eu já bati aqui: há mais de um século, com US$100 milhões gastos... Eu pensei, Wellington Salgado, que o Luiz Inácio com o governador iam terminar. Tanto é que eu aloquei R$17 milhões e teria alocado mais. Com os R$3 milhões, já seriam R$20 bilhões para o Porto de Luís Correia. Um bem nunca vem só; vem sempre com outro bem. E aí vem a estrada de ferro, que é necessária, num Estado comprido como o quê! O transporte... Aí vem a ZPE, vem o aeroporto para funcionar. Só tem mentira. Eles falam em dois aeroportos internacionais, mas na minha cidade não tem nem teco-teco. Sempre teve, sempre voou. Eu era menino e voava. Em São Raimundo Nonato só tem jumento na pista. Aí é piada. Nós queremos a Transcerrado para transportar a soja, levá-la até a ponte do Maranhão e pegar a ferrovia. Nós queremos o hospital universitário; terminar o metrô que Alberto Silva sonha; aqueles dois tabuleiros de Guadalupe e a irrigação.

            Eu acho que o governador devia se arejar nos ventos da praia e ver que a grande obra de redenção para o Piauí é uma refinaria em Paulistana. Se olharem o mapa do Piauí, verão que o sul do Estado fica em Paulistana, eqüidistante das capitais do Norte e Nordeste. E a Petrobras indica que o problema do Norte e Nordeste será a deficiência dos derivados do petróleo: a gasolina, o óleo, o gás. Daí ele ser caríssimo. É o mais caro do mundo.

            Então, Paulistana é eqüidistante de Boa Vista, capital de Roraima, de Amapá, eqüidistante de Belém, de São Luís, de Teresina, de Fortaleza, de Natal, de João Pessoa, do Recife e de Aracaju. Então, se era mais caro, porque não é no litoral... Atentai bem para o exemplo de Juscelino! Era mais cara Brasília? Mas ele colocou no interior, para interiorizar, para dividir as riquezas.

            Então, essas são obras que realmente queremos, que o povo do Piauí não fique à-toa, que o povo seja fortalecido com educação, com uma nova universidade federal.

            Minas tem quantas universidades federais, Wellington Salgado?

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - É o Estado que mais tem universidade federal.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Quantas?

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - É o Estado que mais tem universidade federal. Não sei de cabeça.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI - Mais ou menos... Não são menos de seis, não.

            O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Não são menos seis não; afora as estaduais, que são boas universidades. Temos universidade em Uberaba, em Uberlândia. Mais de seis.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sim; mas estou falando das federais. As estaduais... Esse homem que está aqui criou 400 faculdades estaduais, que o PT tem diminuído.

            Mas, então, está na hora de criar uma segunda federal, a do Delta. Há um outro projeto no sul do Estado. Isso é o que nós queremos. Nós queremos obras estruturantes, que nos dê, através do estudo e do trabalho, o caminho da riqueza, como o das suas Minas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/10/2008 - Página 40899