Discurso durante a 202ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobrança ao Governo de mais investimentos para a segurança pública.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Cobrança ao Governo de mais investimentos para a segurança pública.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2008 - Página 42356
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • PROTESTO, IMPUNIDADE, CORRUPÇÃO, FALTA, INVESTIMENTO, SEGURANÇA PUBLICA, BRASIL, REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, MUNICIPIOS, ESTADO DO PARA (PA), ESPECIFICAÇÃO, DELEGACIA DE POLICIA, PRECARIEDADE, INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, OCORRENCIA, HOMICIDIO, INVESTIGADOR, RESULTADO, AUSENCIA, CONDIÇÕES DE TRABALHO, ATUAÇÃO, CRIMINOSO, IMPEDIMENTO, ENTRADA, POPULAÇÃO, BAIRRO, REGIÃO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, PROVIDENCIA, AUTORIDADE ESTADUAL, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, VIOLENCIA, CRITICA, FALTA, EMPENHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APERFEIÇOAMENTO, SEGURANÇA, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, DEFASAGEM, SALARIO, POLICIAL MILITAR, ESTADOS, PAIS.
  • APREENSÃO, FALTA, SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DO PARA (PA), REGISTRO, DESPREPARO, POLICIAL CIVIL, COMBATE, CRIME, CRITICA, GOVERNADOR, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, SOLICITAÇÃO, APOIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, BUSCA, DIALOGO, AUTORIDADE ESTADUAL.
  • REGISTRO, AUDIENCIA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS), REUNIÃO, GRUPO, CONGRESSISTA, PROCURADORIA-GERAL, DEBATE, PAGAMENTO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, AEROVIARIO, EXPECTATIVA, AGILIZAÇÃO, SOLUÇÃO, PROBLEMA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, quero dizer da minha satisfação em ver hoje, aqui, nesta Casa, e fazendo parte desta sessão, o nobre Vice-Prefeito da cidade querida, do Marajó, a cidade de Breves. Aproveito a oportunidade para, em seu nome, em nosso nome, abraçar todos os amigos daquela querida e próspera cidade marajoara.

         Sr. Presidente, vou na mesma direção do Senador Jayme Campos: o meu pronunciamento será sobre segurança pública.

Eu, meu Presidente, Senador Mão Santa, fico a pensar: aonde é que o Brasil vai chegar? Aonde é que o povo brasileiro vai chegar? Aonde é que os Estados brasileiros vão chegar com a falta de segurança pública?

Quais os investimentos que o Presidente da República, quais os investimentos que esta Nação, através do seu Presidente, fez em segurança pública? Que investimentos foram feitos? Quanto ganha um policial militar nas grandes cidades brasileiras para ir à rua proteger o cidadão brasileiro? Quanto ganha?

E, quando se pensa, Senador Presidente, que o País é um dos mais corruptos do mundo e não combate essa corrupção, finge que combate... Finge que combate! O que aconteceu com o Waldomiro, aquele que fez as transações para o Dirceu? O que aconteceu com o próprio Dirceu? O que aconteceu com todos aqueles que foram acusados, pela Justiça, do mensalão? O que aconteceu?

Octogésimo País mais corrupto do mundo, o nosso povo morrendo à míngua nas ruas, e os bandidos tomando conta das ruas das grandes cidades. E no interior, pior ainda. Pior ainda no interior. O que existe no interior do Estado? O que existe no interior do meu Estado, por exemplo, um Estado do Norte? Em um Estado do Norte, o que existe? Existe delegacia? Eu tenho dados, aqui - acreditem se quiserem -, de que há Municípios paraenses que não têm nem delegacia. Nem delegacia de polícia!

É verdade, Senador Papaléo! V. Exª me olha com um olhar espantado. O seu Estado é um dos que melhor pagam ao policial militar. Está aqui, vou ler a tabela. É um dos que melhor pagam. O meu é um dos que pior pagam.

Senador, no meu Estado, a maioria dos grandes Municípios tem um delegado, um escrivão e um investigador. Que proteção podem dar três homens a 50 mil habitantes, em média, nas cidades paraenses? E quanto ganham, Senador? Que condições de trabalho tem um cidadão desses? Sem delegacia, Presidente; sem armas, Presidente; sem munição, Presidente; sem carro, Presidente. Não têm veículo para se deslocarem. Às vezes, eles próprios, dentro da delegacia - quando tem delegacia -, fazem vaquinha para colocar gasolina para as viaturas se deslocarem.

É triste a situação da segurança neste País, Presidente.

Presidente, tem delegacias que estão caindo aos pedaços. Se a TV Senado puder mostrar ao País, mais uma vez, esta delegacia de polícia...

Olhem, aqui, uma delegacia de polícia do meu Estado! Olhem a situação de uma delegacia de polícia no Estado do Pará: caindo aos pedaços!

Qual é o investimento do Governo do Estado do Pará? Como é, Presidente, que um policial pode estar aqui dentro, trabalhando? Como é, Presidente, que um policial pode fazer o relatório de um crime aqui dentro? Se a delegacia está assim, Presidente, faça uma idéia V. Exª das condições dos carros, faça uma idéia V. Exª das condições das armas que tem um policial que vive trabalhando aqui, neste chiqueiro, Presidente!

Isto é um chiqueiro, Presidente! Isto aqui não é uma delegacia de polícia! Isto aqui é um chiqueiro que dão para os policiais do meu Estado trabalharem! Essa é a grande verdade da polícia do meu Estado.

Agora mesmo, desceu um Senador da tribuna depois de falar também da condição de um policial do seu Estado, o Mato Grosso.

O Estado do Pará, Senador Jayme, é muito pior. Ainda fazem um massacre com os pobres coitados investigadores. Investigadores que caem mortos, Senadores. E, aqui, cito exemplo. Em Conceição do Araguaia, a delegacia cai em pedaços. Tenho aqui, Senador, vários Municípios em que os investigadores foram barbaramente assassinados, porque não têm condição de defesa. Como é que eles podem defender o povo se eles próprios não têm condição de defesa?

Senador Jayme Campos, os nossos governadores não querem investir em segurança pública. A nossa Governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, em seus palanques de campanha, dizia que em seis meses de governo ela iria dar segurança ao povo do meu Estado, iria melhorar a segurança do meu Estado. Sabe o que ela diz hoje? Sabe o que ela fala hoje? Ela culpa o governo anterior.

É preciso parar com isso, Senador Presidente. É preciso parar de colocar a culpa em governos anteriores. Quantos anos nós já temos de mandato dos Governadores, agora, neste País? Há quase dois anos assumiram os Governadores neste País, Presidente. Será que não tiveram tempo para fazer alguma coisa a fim de salvar o povo do Estado do Pará? E por que põem culpa? Têm que parar com isso. Têm de ter vergonha, têm de ter vergonha na cara para parar com isso. Parem com isso! Não se pode estar acusando, todo o tempo acusando. Se qualquer coisa não está bem: “É o governo anterior, é o governo anterior. A segurança é o governo anterior”.

Pergunto: que investimentos foram feitos agora? Não queriam ser Governadores? Não disseram que tinham capacidade para administrar o Estado do Pará?

Calce uma bota agora, vá para a rua! Pague bem o policial. Faça pente-fino nos bairros, prenda os criminosos! Ponha moral no Estado! Faça ações imediatas!

Tem de ter ações imediatas para mostrar aos criminosos que eles não estão sós, Presidente. Se não houver ações imediatas para mostrar aos criminosos que eles não estão sós, eles que já tomaram conta do meu Estado, eles não acabarão, de uma vez, Senador, com a proibição, porque eles estão, agora, proibindo as pessoas agora de andarem nos bairros. Carteiros não andam mais nos bairros, não entregam mais correspondências, os jornais não entregam mais correspondências. Eles acabarão proibindo a população de andar nas ruas se não tomarem providências imediatas.

É incrível, é incrível como não se fala nada, absolutamente nada. Não se vai à televisão falar de um projeto, falar de uma iniciativa. Não vejo o Presidente da República falar sobre segurança. Eu não vejo.

Ouço falarem que estão combatendo a criminalidade no Rio de Janeiro. Como podem chegar a um denominador de combate? Um policial militar, no Rio de Janeiro, ganha R$831,00.

Vou mostrar agora, Presidente, quanto ganham os policiais militares no Brasil. Sei que não tenho tempo de ler todos, mas vou ler alguns.

Ouça, aqui, Presidente: no Distrito Federal, R$4.187,00.

Aqui, sim. Aqui, no Distrito Federal, há segurança. Não sei se é porque nós moramos aqui. Acho que é.

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Senador não pode ser assaltado. O povo pode. Senador não pode. V. Exª, Senador Jayme Campos, não pode ser assaltado. Senador não pode. O povo pode. O Presidente da República não pode. O povo pode. Quando fizeram um negocinho lá com o Mantega, foi um escândalo que saiu até na revista Times. O escândalo maior do mundo. Agora, o povo pode ser massacrado, pisoteado, morto, e ninguém fala nada, ninguém fala nada.

Aqui, se paga bem: o policial militar ganha aqui R$4.187,00.

O Amapá, do Papaléo - Papaléo, parabéns! Onde está o teu Governador? Parabeniza o teu Governador -, é o segundo maior salário do País. Não é lá essas coisas, mas é o segundo Estado que paga melhor: R$1.170,00.

E por aí vão: Goiás, Paraná, Santa Catarina, Amazonas. O Pará é um dos últimos - o Pará e o vosso Estado -, um dos últimos. É dos que pior paga o policial militar.

Agora, digam-me, brasileiros e brasileiras, como um policial que ganha de salário mensal R$1.015,00 tem a coragem de ir para a rua proteger o cidadão? Como, Senador? Diga-me: como? Que motivação tem esse policial de ir para a rua combater o crime e proteger o cidadão? Não vai! Não vai! Ele vai fazer bico. Ele vai procurar uma festa, uma boate, qualquer coisa que surja.

É o desespero de causa! Ele quer ver, pelo menos, a sua família comer durante o dia! Pelo menos isso! Que condição tem um homem desse de dar saúde à sua família, pagando um plano de saúde? Quanto custa um plano de saúde hoje?

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - E ele ainda vai se expor na rua para proteger o cidadão! Acabou o meu tempo, Sr. Presidente.

Como pode? Não existe isso. Aí ele se corrompe, Sr. Presidente! Aceita propina, vai para uma festa fazer segurança e acaba se comprometendo, acaba respondendo a um processo, quando a culpa maior é do Governo, Presidente! A culpa maior é do Governo!

Quero deixar aqui, mais uma vez, a minha preocupação com o meu querido Estado do Pará. Paraenses, a preocupação que tenho com todos os meus irmãos paraenses é muito grande. O meu Estado está abandonado. A polícia não tem a mínima condição de combater o crime no Estado do Pará. O Governo não dá a mínima condição aos policiais militares e civis para combaterem a criminalidade no meu Estado. O policial militar vive à míngua! O policial militar não tem uma arma de proteção!

O policial militar não tem uma viatura para prender um ladrão, um bandido, um traficante de droga! As delegacias do Estado do Pará, no interior do Pará, estão caindo aos pedaços! Os policiais civis e militares do interior vivem à míngua, ao comando dos bandidos, porque não têm condição de combater a criminalidade, Paulo Duque! Não têm, Senador Duque!

O Estado do Pará vive uma penúria! Os assaltantes tomam conta! Veja só, Senador: é de R$1.015,00 o salário de um policial militar no Estado do Pará. Que vergonha!

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já estou descendo, Sr. Presidente. Só mais um minuto para concluir.

Que vergonha! Como o cidadão pode andar numa rua com segurança?

E a nossa Governadora, Duque, prometeu à sociedade paraense que ia resolver o problema de segurança no nosso Estado. Desço desta tribuna, Presidente, mais uma vez, mais uma vez, pedindo SOS ao Presidente da República!

Presidente Lula, Vossa Excelência, com a bondade que tem, que dizem que tem, e que Vossa Excelência diz que tem, socorra o meu Estado! Chame a Governadora Ana Júlia! Eu não sei por que a Governadora Ana Júlia não quer vir até Vossa Excelência dizer e contar a realidade em que vive a população do meu Estado. Socorra os paraenses! Chame a Governadora...

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - ...para que a polícia pelo menos tenha condição.

Ora, onde já se viu, Duque, vereadores de uma cidade, vereadores da cidade de Dom Eliseu, na Belém-Brasília, ao longo da rodovia Belém-Brasília, fazerem coleta! Que vergonha! Fizeram coleta para comprar gasolina, para colocar no carro da polícia, para que o delegado pudesse andar. Isso é uma vergonha! Isso é um desrespeito ao povo do meu Estado! Eu não posso ficar calado diante disso! Que me perdoem aqueles que estão achando que estou falando muito do assunto.

Não interessa quem estiver achando! Podem criticar o que quiserem criticar! Eu vim aqui exatamente para isto: para defender o meu povo...

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Presidente, nestes dois minutos - já vou descer da tribuna - eu quero alertar os aposentados, Mão Santa, deste País, pelo feliz dia de ontem e pelo de hoje. Ontem tivemos audiência com o Ministro. Pela primeira vez, o Governo sentou com os aposentados e os Senadores. Espero que, na semana que entra, se possa comemorar algo. E hoje, a reunião que fizeram Alvaro Dias, Paim, Mário Couto e outros Senadores, com a Procuradoria Geral da União, em relação ao problema dos aposentados do Aerus. Outra boa notícia hoje! Então esta semana foi uma semana muito feliz aos aposentados deste País que merecem o respeito do Presidente da República. E, oxalá!, tomara!, isso agora seja verdade, o Presidente possa realmente resolver, e eu possa vir aqui com toda satisfação poder agradecer ao Presidente da República se, de fato, isso acontecer.

Sr. Presidente, muito obrigado! Confiem, aposentados! Quando sentamos em uma mesa de negociação, temos que confiar nas pessoas. Estou falando isso, porque recebi vários e-mails de aposentados dizendo que não confiam no Governo. Quando se senta numa mesa, Senador Jayme, para negociar, principalmente com Ministros de Estado, temos logicamente que acreditar. Estou acreditando no Ministro da Previdência Social, estou acreditando! Se ele nos falhar, vamos dizer claramente à Nação como ele nos falhou. Mas espero que isso não aconteça, e estou acreditando, repito mais uma vez, que o Governo desta vez possa solucionar o problema dos aposentados. As ações nossas não estão desfeitas; estão suspensas por algum tempo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2008 - Página 42356