Discurso durante a 202ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a respeito de e-mails recebidos por S.Exa.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Comentários a respeito de e-mails recebidos por S.Exa.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2008 - Página 42359
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • LEITURA, CORRESPONDENCIA, INTERNET, IDOSO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), JORNALISTA, ESTADO DO PIAUI (PI), SOLICITAÇÃO, URGENCIA, PROVIDENCIA, REVISÃO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, RECUPERAÇÃO, VALOR, EPOCA, APOSENTADORIA, DENUNCIA, POSSIBILIDADE, FECHAMENTO, ACADEMIA DE POLICIA MILITAR, PERIODO, CRESCIMENTO, VIOLENCIA.
  • QUESTIONAMENTO, VIAGEM, GOVERNADOR, VICE-GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, ITALIA, JUSTIFICAÇÃO, BUSCA, TURISMO, AERONAVE ESTRANGEIRA, DENUNCIA, AUSENCIA, AEROPORTO INTERNACIONAL, REGIÃO.
  • COMENTARIO, RESULTADO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, REFORÇO, IMPORTANCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DEFESA, LANÇAMENTO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA, SENADO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador João Durval, que preside esta sessão, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Mário Couto, Cícero, lá no Senado romano, grande orador, passou a ensinar oratória e disse: “Nunca fale depois de um grande orador”. Eu vou ter que falar depois desse grande orador que é o Senador Mário Couto. Aliás, do Pará, neste Congresso, ouvi, no tempo revolucionário, Jarbas Passarinho, extraordinário orador, e o ex-Presidente do PMDB, ex-Presidente desta Casa, Jader Barbalho, vibrante orador, e, agora, o Mário Couto.

           Este Senado sempre foi muito importante e fundamental. Todo mundo não sabe por que Getúlio Vargas se suicidou, João Durval. Está ali o Paulo Duque. Getúlio Vargas, um homem bom, “um homem é o homem e suas circunstâncias”. Ô, Paulo Duque, de repente, ele é acusado de comandar uma quadrilha e praticar homicídios. Então, ele foi, nós últimos dias de Governo, homenageado por Juscelino Kubitschek, que teve a coragem de convocar Minas para aplaudir o Presidente Vargas, já vítima daquele crime praticado por auxiliar Gregório, que ele havia trazido no início dos anos 30, no período ditatorial - isso foi em 1954; aí já vão 24, 25 anos. Então, aqueles aloprados - porque aloprado não é só o Luiz Inácio que tem, havia também no Governo de Getúlio - ficavam na ante-sala, não é, Paulo Duque?

           “Mas não pode! Aqui não tem homem? Temos que calar esse jornalista, esse Lacerda, que está agredindo, atacando o nosso estimado Presidente. Isso não pode continuar! Não tem homem, não”?

           E o Gregório Fortunato, que tinha vindo com Getúlio em 1930, vendo aqueles aloprados, que o estimularam, planejou aquele episódio da rua Toneleros, onde morreu um major da Aeronáutica, o Major Vaz, e feriu Carlos Lacerda com um tiro. E Getúlio foi acusado.

           Mas foi daqui que um Senador disse: “Será mentira a viúva? Será mentira o órfão? Será mentira o mar de lamas”? - Afonso Arinos. Porque a mídia era do Governo, o DIP, não era, Paulo Duque? O DIP.

           Demóstenes, Afonso Arinos: ”Será mentira o órfão? Será mentira a viúva? Será mentira o mar de lama”?

           Essa era a força, e Getúlio, o estadista, não resistiu àquilo.

           Mas isso aqui continua atualizado, e tanto é, ô, Senador Demóstenes, que nós todos recebemos muitos e-mails. Você fala aqui, chega no gabinete e encontra milhares. Eu selecionei uns quatro.

           Primeiro: o negócio dos aposentados. O nosso Presidente Luiz Inácio diz que não deve dinheiro, os bancos, porque pagou a dívida, mas há uma dívida interna. Não vou falar da dívida com a segurança, a dívida com a saúde do povo sofrido, a dívida com educação precária. Sobre a segurança, Norberto Bobbio, Senador vitalício da Itália, dizia: “O mínimo que se tem de exigir de um governo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade”.

           Nós vimos um quadro dantesco dissertado por dois Senadores aqui: o de Mato Grosso e o do Pará. É o Brasil todo, Demóstenes. A saúde só está boa para quem tem dinheiro e plano de saúde, mas para os pobres...Demóstenes, uma diária na UTI de um hospital de São Paulo custa R$3 mil, fora o médico. E dizem que está às raias da perfeição.

           Na educação, proliferaram universidades particulares. Não é como era no meu tempo. Demóstenes, há faculdade de Medicina que cobra R$4 mil ao mês. Atentai bem!

Então, essa dívida interna tem uma vergonhosa: é dos velhos assalariados.

E vou ler aqui um e-mail. Recebemos muitos mesmo.

Senador Mão Santa

Digníssimo Senador do Partido do Movimento Democrático Brasileiro

Ala Senador Afonso Arinos

Prezado Senhor Senador, com meus cordiais cumprimentos, venho pela presente, mui respeitosamente, solicitar a V. Exª um favor muito especial, qual seja o de tomar as providências necessárias - urgentes, urgentíssimas - para que os aposentados e pensionistas do INSS que recebem acima de 01 (um) salário mínimo passem a receber o mesmo salário quando de sua aposentadoria, ou seja, o mesmo valor em salário mínimo da data da aposentadoria.

Exemplo: eu aposentei no dia 18 de outubro de 1991, com 8,6 (oito e seis décimos) salários, quase nove salários mínimos.

Hoje, estou recebendo 3,6 (três e seis décimos) salários mínimos. Em apenas 15 (quinze) anos de aposentadoria, eu perdi 05 (cinco) salários mínimos do meu salário mensal, isso depois de trabalhar 36 (trinta e seis) anos, sendo 10 (dez) anos na indústria e 26 (vinte e seis) anos no Senai.

Atenção: isso é uma vergonha para um país com muitas riquezas, mas só temos corrupções e desvio de dinheiro nas emissoras de televisão, nas rádios, jornais e revistas, todos os dias tem 1 (uma) nova denúncia.

Certo de que a presente merecerá a melhor acolhida de V. Exª, desde já antecipo meus agradecimentos, ficando no aguardo das providências solicitadas e de uma resposta por escrito o mais breve possível.

No ensejo, renovo as expressões de minha elevada consideração e apreço, subscrevendo-me. Atenciosamente, Odimir Pedro Widner, aposentado, CPF... Data de Nascimento: 23 de outubro de 1941.

Ele mora na Rua Maestro Diogo Hugo Bratfischer, Bloco D3, ap. 31. Jardim Miranda. Campinas, SP.

Isso é o Brasil todo

Então, o nosso Governo... Nós! Nós devemos aos velhinhos aposentados. A Pátria somos todos nós! Fomos nós, Demóstenes! Trabalharam, descontaram... Roubaram, porque não estão devolvendo... O termo é esse! Dez salários mínimos, estão recebendo cinco ou quatro. Cinco salários mínimos, estão...

Nunca dantes, aquele termo de Camões “Nunca dantes navegado” que nosso Presidente repete... Muito bonito gostar lá da literatura lusa. Nunca dantes os velhos passaram tanto mal! Nunca dantes, Demóstenes, os velhos se suicidaram tanto, os aposentados deste País. Eu estou pesquisando, vou dar os números. Porque os velhos são honrados e são dignos. Eles planejaram, e, agora, não dá para pagar os remédios e ainda inventaram esse negócio de empréstimo consignado. Aí é que foi a malandragem!

Mais outra... Este Governo é o seguinte...

Ô, João Durval, Presidente... Seu filho, João Henrique, ganhou, porque o baiano é sabido, e o baiano tem medo do PT. O PT é um negócio... Foi por isso, João Henrique!

Ô, Demóstenes, lá no Piauí deu esse negócio de PT.

Olha, aqui tem outro. Ele é do jornalista Carlson Pessoa:

Parnaíba [minha cidade] ameaçada de perder Academia de Polícia. (...) Se especula que no prédio seja instalado um centro de reabilitação para dependentes químicos.

Eu construí na cidade uma escola de oficiais. No Piauí só se formavam soldados. Ela já formou 176 oficiais. E o PT é pior que o tsunami, o PT é desgraça muita.

Outro dia, em setembro, os estudantes de Odontologia, de uma faculdade da minha cidade, que eu criei, de Farmácia, protestaram e conseguiram uma audiência. Buscaram foi a polícia e deram na mocidade estudiosa do nosso Piauí. Então, a Universidade do Estado do Piauí passa por momentos muito difíceis na administração do PT.

É uma denúncia do jornalista Carlson Pessoa, que agora o Governo quer fechar a Academia de Polícia, justamente quando a violência está se alastrando pelo País.

E para terminar eu diria o seguinte... Tem outra aqui. E diante disso tudo, ô João Durval, o Governador do Estado do Piauí, do PT, e o Vice, um foi para a China e outro foi para a Itália, dizendo que vai buscar turismo, avião internacional. Demóstenes, olha para cá. Quantos aeroportos internacionais tem Goiás? Zero.

Goiás, do Demóstenes! Na Bahia, um internacional. Lá no Piauí, eles mentem. Shakespeare dizia “palavras, palavras, palavras”. Em Hamlet, “há algo de podre no reino da Dinamarca”. E eles dizem - ó grande líder do Nordeste, Inocêncio - aqui é mentira, mentira e mentira. Dizem que no Piauí há dois aeroportos internacionais. Na cidade de Parnaíba, onde moro e nasci, não tem mais nem teco-teco, aquele avião pequeno, mas nos jornais, na imprensa, há. Em São Raimundo Nonato, só tem jumento na pista, e está nos jornais... E o Governador foi buscar vôo lá neste momento de dificuldade. Isso é o PT! Em Shakespeare, “palavras, palavras, palavras”. Hoje, ele escreveria mentira, mentira e mentira! Não há algo de podre, não; está tudo podre no Governo do PT neste País.

Por último, eu queria dizer aqui aos jornalistas...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É muito oportuno, Senador João Durval, o seu filho, João Henrique, estar no PMDB.

Olha que palhaçada é essa aí!

Quantitativamente, somos o maior. Foram 18 milhões e, com o segundo turno, graças ao João Henrique, que anunciei lá... No início, quando ninguém acreditava no Governador da Bahia, eu fui lá, convidado pelo PMDB Jovem, para encerrar o Congresso do Brasil.

Eu queria dizer o seguinte: lá, o Iris Resende. Então, temos muita gente que tem história. Sejamos justos: é muita gente. Vinte milhões nos escolheram. Qualitativamente nós somos muito melhores do que o Partido dos Trabalhadores.

Somos melhores. E aí esse negócio de que vamos abdicar aqui o Senado. Jamais! Aqui tem 20 Senadores, vai ter candidato.

Rui Barbosa, Demóstenes, disse: o homem que não luta pelos seus direitos não merece viver. E isso é uma praxe, uma tradição, a bancada maior. Se nós cedermos é para a segunda, dos Democratas. Está aí Marco Maciel, que figura! A terceira, por que essa inversão? Que democracia é essa?

Eles já têm - atentai bem, Montesquieu dividiu o poder, o absolutismo - o Executivo, que é o forte, porque tem o dinheiro, todo o Bndes, Caixa Econômica, Banco do Brasil, dinheiro muito. E o Judiciário, o Presidente - não foi a Constituição que errou, mas nós darmos oito anos - já nomeou oito para o Supremo Tribunal. O Poder Judiciário é mais forte do que aqui, porque prende, cassa, multa. Já tem oito, aí fica com todos se nomear.

E aqui - por que nós vamos entregar? - é o equilíbrio, Demóstenes. Lembre de Juscelino Kubitschek, que só tomou posse porque na Presidência do Brasil assumiu um Senador, Nereu Ramos. Aqui é o equilíbrio. Não podemos. Isso aqui vai ficar igual a Mussolini, o fascismo, só um lado.

Então, dê o recado lá para o João Henrique: o PMDB tem que se inovar, que ele se aproxime do povo. Como Ulysses dizia: ouça a voz rouca das ruas. Vamos fazer as primárias, na Bahia; ô, Paulo Duque, no Rio de Janeiro, onde vencemos; lá no Rio Grande do Sul, para saírem os candidatos. É uma obrigação oferecer opções ao povo, e não “Ah, porque o Presidente tem aí uma Dilma.” A gente pode até pensar em aceitá-la para ser vice, dependendo aí da credibilidade e do povo do Brasil...

(Interrupção do som.)

         O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas começar esse jogo logo dizendo que nós somos um corpo gigante e não temos cabeça? Estou fora. Do jeito com que Rui Barbosa, quando quiseram o continuismo militar - Deodoro, Floriano, Marechal Hermes -, não cedeu. E eles lhe disseram: “Nós lhe devolvemos o Ministério da Fazenda.” E ele lhes disse, Demóstenes: “Não troco as trouxas de minhas convicções por um ministério.”

Então, o artigo que eu recebi foi de um jornalista que diz assim: “PMDB: Macho ou Capacho?” É do Jornalista Antonio Carlos Ferro Costa, Psicólogo e Jornalista.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2008 - Página 42359