Discurso durante a 201ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a atual crise financeira mundial e sua relação com o Brasil. (como Líder)

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Considerações sobre a atual crise financeira mundial e sua relação com o Brasil. (como Líder)
Aparteantes
João Pedro.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2008 - Página 42083
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • AVALIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), ELEIÇÃO MUNICIPAL, ESTADO DO CEARA (CE), SAUDAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, IMPORTANCIA, ALIANÇA (PE), COLIGAÇÃO PARTIDARIA, APOIO, GOVERNO FEDERAL.
  • ANALISE, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), SUPERIORIDADE, PREVALENCIA, MERCADO INTERNACIONAL, ADVERTENCIA, AUSENCIA, IMUNIDADE, ECONOMIA NACIONAL, EXPECTATIVA, POSSIBILIDADE, APROVEITAMENTO, OPORTUNIDADE, BUSCA, ALTERNATIVA, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, ELOGIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, BENEFICIO, RESULTADO, DIRETRIZ, APOIO, MANUTENÇÃO, INVESTIMENTO, PLANO NACIONAL, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • EXPECTATIVA, CRISE, PROVOCAÇÃO, EXTINÇÃO, ATUALIDADE, LIBERALISMO, ECONOMIA INTERNACIONAL, COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, PRIMEIRO-MINISTRO, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DEFESA, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, INTERVENÇÃO, GOVERNO, ECONOMIA.
  • ADVERTENCIA, IMPORTANCIA, ENTENDIMENTO, BANCADA, GOVERNO, OPOSIÇÃO, VIABILIDADE, DIALOGO, BUSCA, SOLUÇÃO, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, POSSIBILIDADE, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, COMPARAÇÃO, HISTORIA, CONDUTA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PERIODO, QUEBRA, BOLSA DE VALORES, VALORIZAÇÃO, TRABALHADOR, INCENTIVO, EMPREGO, INFRAESTRUTURA.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srs. Convidados que nos acompanham, Prefeitos, estudantes que visitam o Senado Federal, quero reavivar e sublinhar aqui um aspecto muito importante da vida política brasileira.

Nós acabamos de realizar o segundo turno das eleições em nosso País, o que tem forte significado no processo político brasileiro. Nós consolidamos a democracia e estamos fincando estacas mais profundas no processo democrático no Brasil. Esse processo tem permitido ao nosso País esses tempos bons de democracia; tem permitido ao nosso País vislumbrar o progresso, o desenvolvimento.

Nós elegemos, no Estado do Ceará, pelo PCdoB, cinco prefeitos. Tínhamos um, depois elegemos mais quatro vice-prefeitos e fizemos alianças com mais de 70 prefeitos que foram eleitos nas legendas do PMDB, do PT, do PSB, do PRB, do PDT, com os quais nos aliamos e saímos, digamos assim, vitoriosos.

Todos têm um anseio. Conversei com um número razoável dos prefeitos que foram eleitos. Todos estão ansiosos com a situação que vive o mundo, a crise profunda do sistema capitalista, repito, não mais em uma cidade ou um Estado periféricos, em uma economia subdesenvolvida ou em desenvolvimento. Não! O epicentro da crise é a nação mais poderosa do mundo, a economia mais forte do planeta! O estranho seria... E fico imaginando porque os jornais, os analistas do rádio e da televisão ficam examinando a crise como se existisse uma proteção, alguma bolha mágica que pudesse proteger alguma economia do planeta, quando há um desastre exatamente no centro do sistema econômico em vigor no mundo.

Qual economia vai escapar da crise? Sinceramente, nenhuma economia poderá escapar dos abalos de muitos graus nas escalas que medem os desastres econômicos.

Ninguém poderá escapar.

Qual país, qual nação tem condições de, abalada pela crise, não só suportá-la, mas examinar na crise também o potencial para se desenvolver? Essa é a grande saída que os países em desenvolvimento podem enxergar. Não ver a crise que se desenvolve no país central do sistema capitalista como uma crise econômica que abalam todos e que não há saída para ninguém. Não. Nós temos que enxergá-la com ousadia. Como é que nós, uma nação forte, uma nação com potencial - há pouco, discutíamos, na Comissão de Meio Ambiente, o problema do clima que atinge o mundo inteiro -, que tem grandes alternativas, vamos sair da crise? Será que nós vamos sair mais fortalecidos ou se vamos sair mais fragilizados?

Sr. Presidente, eu vou compreendendo que nós, no Brasil, temos todas as condições de sair da crise, se acertamos bem o passo, que vem sendo acertado. Podem criticar quanto quiserem a atuação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não podem dizer que o passo do Brasil não foi acertado. Nós acertamos o passo do País.

E nesta hora da crise mais profunda, eu vejo exatamente os analistas, os mais sábios, os catedráticos da economia boquiabertos com o que está sendo feito nos países centrais. Boquiabertos, porque jamais imaginaram crise de tal monta e jamais imaginaram que, numa crise de tal monta, eles fossem pegar o neoliberalismo e colocar na lata de lixo. Jamais eles imaginaram que pudesse acontecer algo dessa natureza, como o que está ocorrendo.

Veja como o Primeiro-Ministro da Inglaterra, Sr. Presidente, buscou enquadrar a União Européia, que queria uma saída de gosto mais liberal, mais inglês, chegou para os colegas liberais e disse: “Não há outra saída para as nossas nações que não seja se socorrerem do Estado”, não o Estado Mínimo, não o Estado aniquilado, não o Estado empobrecido, mas o Estado fortalecido para sair da crise, e buscar enquadrar o próprio Presidente americano, que foi ao local, ao espaço definido na Casa Branca para os pronunciamentos a rádio e a televisão - lá o rádio e a televisão não ficam dentro do Palácio, ficam fora - lá o Bush e disse, envergonhado: “Eu não queria estar dizendo isso. Eu não queria falar isso. Mas eu tenho que dizer ao povo americano que não há saída para os Estados Unidos, senão se socorrerem do Estado.”

           Nós temos que nos socorrer do Estado. Nós temos que comprar as ações dos bancos para o Estado. Temos que fazer o inverso do que o neoliberalismo fez no mundo inteiro, que pregava para nós que tinha de se desmontar a economia toda, que tinha de se socorrer a economia, entregando dinheiro para os banqueiros e não com o Estado se fortalecendo para enfrentar as crises que tivemos de enfrentar há pouco tempo. Há dez, doze anos, enfrentamos crises terríveis na nossa Nação, Sr. Presidente.

           Por isso, considero que agora há uma oportunidade. É uma crise profunda, mas há também oportunidade. É acertarmos o passo.

           Assisti a uma entrevista do Presidente Lula, Sr. Presidente, dizendo o seguinte: “Nós vamos manter os nossos investimentos, nós não vamos desistir dos investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento”.

           Eu tenho a opinião de que deveríamos buscar um fortalecimento, um trabalho político forte de todos nós; as bancadas que mais têm responsabilidade com o Governo e também a Oposição, numa hora dessas, é chamada, sim. É verdade. O Presidente tem de convocar a Oposição, convidá-la para dialogar, porque o que está em causa é uma oportunidade de sairmos da crise fortalecidos, com o Brasil fortalecido. Quem ganha é o povo brasileiro, não é o Governo nem a Oposição. Essa é uma oportunidade.

           Nós temos um largo espaço pela frente, Sr. Presidente. Muitos problemas que já foram resolvidos lá na América do Norte, no Canadá, na Europa inteira, não foram resolvidos aqui. Às vezes, ainda falta na casa do nosso povo, que recebeu, Senador Mão Santa, o bico de luz, que está espalhado pelo Brasil afora, como fez lá o Franklin Delano Roosevelt. Na crise do crash que desmontou a economia americana, a saída também foi pelo Estado, pelo povo, pela Nação. Foi a convocação do trabalho, mas o Estado garantindo ao povo que havia condições para trabalhar. Foi a infra-estrutura.

           Muitos de nós, lá no interior, nesses rincões do Brasil, receberam o bico de luz, mas ainda falta a geladeira, ainda falta o fogão, ainda falta a máquina de lavar, ainda falta a infra-estrutura para tratar dos esgotos, da água, do transporte público. Então, o potencial nosso é gigantesco de nos financiarmos não em dólar, nem em euro, mas em reais. Então, o espaço é extraordinário, meu caro Senador João Pedro, que tem debatido aqui com profundidade, um debate bom, um debate elevado. V. Exª sabe o potencial da região mais cobiçada do Brasil, que é a região amazônica.

           Concedo um aparte a V. Exª neste momento, porque sei da qualidade de sempre da intervenção de V. Exª, meu caro Senador João Pedro.

           O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Senador Inácio Arruda, V. Exª faz um discurso, uma reflexão acerca da crise internacional e fala do Brasil. Quero parabenizá-lo pela lógica, pela construção da análise, pelo olhar que tem. Quero dizer da justeza do pronunciamento de V. Exª e ressaltar um aspecto na condução que o Presidente Lula, que o Governo vem dando, principalmente do ponto de vista interno, às políticas, às ações e à construção que deve ter o Banco Central, a equipe econômica brasileira e a participação do Brasil em nível internacional, suscitando que o G-20 possa discutir, refletir e criar novos parâmetros e um novo paradigma, porque esse ruiu. Esta é uma crise sobre a qual o capitalismo tem de refletir e não vir com essa conversa, tentando minimizar a crise, dizendo que é cíclica e que nas entranhas do capitalismo vem a crise. Não! Nós precisamos punir os gestores do sistema financeiro que mentiram e foram irresponsáveis. Precisamos criar um novo paradigma em nível internacional, e o Brasil tem uma posição importante no sentido de fazer essa construção no âmbito do G-20 e dos países que compõem o BRIC. Quero dizer que não é só o Presidente Lula, setores importantes da economia nacional deram ao Brasil essa liderança e essa condição de enfrentar a crise internacional. Parabéns pela reflexão que V. Exª faz.

           O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Eu é que agradeço, meu caro Senador João Pedro. Agradeço também a paciência do Sr. Presidente, mas acho que esse é um tema que vai merecer muitos debates dos Srs. Senadores. Estamos dispostos a fazer com que ele seja o centro da discussão no Senado da República.

           Quero concluir, porque temos muitas matérias na mesa. Outras novas já estão com V. Exª e todos estão imbuídos nesse espírito de votar juntos neste momento.

           Agradeço a V. Exª.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2008 - Página 42083