Discurso durante a 196ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Elogios ao ex-Senador Ney Maranhão. A excessiva carga tributária no País. Considerações sobre a crise internacional e suas conseqüências para o Brasil, bem como da situação dos aposentados brasileiros.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Elogios ao ex-Senador Ney Maranhão. A excessiva carga tributária no País. Considerações sobre a crise internacional e suas conseqüências para o Brasil, bem como da situação dos aposentados brasileiros.
Publicação
Publicação no DSF de 23/10/2008 - Página 41076
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, NEY MARANHÃO, EX SENADOR, COMENTARIO, IMPORTANCIA, CONDUTA, PERIODO, IMPEACHMENT, FERNANDO COLLOR DE MELLO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, GARIBALDI ALVES FILHO, PRESIDENTE, SENADO, DECLARAÇÃO, CRITICA, EXECUTIVO, EXCESSO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), DEFESA, RESPEITO, EQUIPARAÇÃO, PODERES CONSTITUCIONAIS.
  • ANALISE, CONDUTA, GOVERNO BRASILEIRO, SITUAÇÃO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, CRITICA, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, CARGA, TRIBUTOS, SUPERIORIDADE, PREJUIZO, TRABALHADOR, IMPORTANCIA, ATENÇÃO, ECONOMIA, PREVISÃO, AGRAVAÇÃO, CIRCUNSTANCIAS, MOTIVO, PRECARIEDADE, EDUCAÇÃO, CIDADÃO.
  • ADVERTENCIA, SUPERIORIDADE, GRAVIDADE, DIVIDA, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, PRECARIEDADE, SAUDE, EDUCAÇÃO, SOLUÇÃO, RENDA, IDOSO, APOSENTADO, CRITICA, EXCESSO, EMPRESTIMO, GOVERNO, BANCOS, DEFESA, CRIAÇÃO, GRUPO, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, CRISE, SIMILARIDADE, OCORRENCIA, PERIODO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, ESTADO DO PIAUI (PI), REGISTRO, DESVALORIZAÇÃO, PREÇO, CASTANHA DE CAJU, PREJUIZO, PRODUTOR, AMBITO ESTADUAL, ADVERTENCIA, DEMONSTRAÇÃO, EFEITO, CRISE, COMPROMETIMENTO, ECONOMIA NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Garibaldi, que preside esta sessão, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, temos a honra de ter aqui a presença deste extraordinário homem público do Nordeste, o Senador Ney Maranhão.

            Ney Maranhão, eu quero dar um depoimento da admiração que tenho por V. Exª. Eu era Prefeito da cidade de Parnaíba e, no dia do julgamento do Presidente Collor, não fui à Prefeitura. Eu acho que só naquele dia eu deixei de trabalhar. Eu gosto mesmo de política, e “o homem é um animal político”, dizia Aristóteles. E eu não saí nem do quarto, coloquei um travesseiro no chão e deixei “rolar” a televisão. E construí a minha admiração por dois homens: V. Exª, que era Líder do Governo do Presidente Collor, hoje Senador, e Luís Eduardo Magalhães, que, naquela votação, mantiveram a coerência.

            Eu acho que foi um momento democrático em que o País errou. Eu entendo isso, e hoje - o tempo é o senhor da razão - o próprio Presidente Collor é Senador da República, julgado pelo seu povo, pela sua história e pela nossa Justiça. Mas V. Exª, um verdadeiro Cirineu ali, no momento das dificuldades. E relembre, relembre, relembre quantos Judas! Então, essa é a admiração.

            Quero dizer, então, desse momento que vivemos na política. Senador Garibaldi, V. Exª tem sido muito feliz. Deus lhe buscou e lhe ungiu. Se Moisés atravessou um Mar Vermelho, o Garibaldi já nadou vários “mares vermelhos”, desde o primeiro dia. E ele consegue. É o que o poeta Fernando Pessoa diz, Senador Garibaldi Alves Filho: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Navegar era o máximo da competência e da coragem naqueles tempos. Daí, os poetas assim dizerem. E V. Exª tem navegado, tem dado braçadas. Hoje mesmo eu vi...

            O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Senador Mão Santa, faz-se necessária uma nova prorrogação da nossa sessão por mais vinte minutos.

            Está prorrogada a sessão.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não; coloque dez, que é a nota que eu dou para V. Exª, e eu serei breve.

            Mas o fato é que V. Exª tem navegado, e navegado bem. Ontem mesmo deu testemunho disso. V. Exª tem sido um homem que tem garantido a harmonia entre os três Poderes e tem dado o exemplo de tolerância, de competência e de firmeza.

            Mas hoje mesmo eu ouvi do povo da rua - Ulysses, “ouça a voz rouca das ruas” - que V. Exª lá, no Poder Executivo, que é o forte... O Poder Executivo é que tem o dinheiro, todo mundo se curva a ele. O mundo materializado se curva ao dinheiro. E está lá o nosso Presidente, que tem o BNDES, que tem o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e tal. Mas V. Exª - eu ouvi dizer, eu não estava presente - foi muito firme, foi aquele que Ulysses sonhou, defendeu a Constituição. Disse que medida provisória era uma anomalia, não podia ser a regra. Isso, eu ouvi dizer, e conheço a firmeza de V. Exª.

            Mas o que eu queria dizer é o seguinte. Olha, Garibaldi, nós já fomos Prefeitinhos, nós já fomos Governadores de Estado, e o nosso querido Presidente Luiz Inácio tem de pensar como Franklin Delano Roosevelt, quatro vezes Presidente dos Estados Unidos, na recessão, com muita complicação, e ainda uma forma física depauperada, porque ele tinha um problema de paralisia. Mas aquilo lhe deu humildade, e ele tem frases, como a seguinte, que estou dando de presente ao nosso Luiz Inácio - eu sou o que mais colaboro com ele: “Cada pessoa que eu vejo é superior a mim em determinado assunto e, nesse particular, procuro aprender”.

            Então, Garibaldi, o Presidente tem que ver que nós, os pais da Pátria, somos homens que tivemos essa experiência. Eu fui Prefeitinho e V. Exª também - V. Exª, extraordinário, eu fui bom. Eu fui um Governador muito bom, V. Exª foi extraordinário. Então, Garibaldi, aqui, desde o início, vi que o negócio não ia dar certo. Eu vi. Eu sou pelo País, eu sou pelo povo. Eu sabia, porque nunca vi se gastar tanto. E o mundo tinha me oferecido a experiência e o estudo. Abraham Lincoln disse: “Não baseie a sua prosperidade em dinheiro emprestado”. Quem não se lembra de Tancredo Neves? Quem não se lembra de quando ele foi eleito? E ele já tinha citado em discurso: “É proibido gastar”. Ele veio lá de Minas.

            E Juscelino. Atentai bem! Acredito no estudo, acredito no trabalho, na amizade. Durante a entrevista dele com Salazar, em Portugal... V. Exª foi lá. Há aqui uma frase muito oportuna. V. Exª gostou de Portugal, do vinho, das gentes, das portuguesas, dos portugueses? Olhe aqui o que disse Juscelino: “Em Portugal, vive o último povo bom do mundo”. Ele, que sofreu o exílio. E é isso. Não é diferente? Portugueses são gente boa. Nós é que somos ingratos e vivemos inventando piada contra eles. Termina o livro Juscelino: “Em Portugal, vive o último povo bom do mundo”. Ele teve conforto lá, no seu exílio. Mas veja aqui: “Durante a entrevista, Salazar contou a Juscelino que, no início de seu governo, foi obrigado a tomar uma drástica medida: reduzir todos os vencimentos em 10%”. É.

            Essa é a história, Luiz Inácio. Eu não acreditei porque eu vi uma gastança aqui, fora daqui. E não dava. Não foi assim que meus pais ensinaram. Não foi assim. Porque a gente tinha pais que ensinavam. Não foi assim que eu fui Prefeitinho, não foi assim que eu governei o Estado. Eu procurava dar o exemplo. Não mudei o carro; ficava num hotel bem simples para dar o exemplo para os outros.

            Então, com essa gastança aí, tinha que dar nisso.

            Eu busquei o estudo. Garibaldi, eu fui o primeiro - eu que fui - a denunciar que este País tinha 76 impostos. Fui eu que pesquisei. Um dia eu citei todos; parecia um jogo de futebol, porque são 76 - grande parte criada. E fui eu o primeiro, fui eu mesmo. Aí o sistema Globo entrou com a inteligência e com os repórteres. Mas eu disse que cada brasileiro, de 12 meses, pagava cinco de impostos e um mês para os bancos. Em um ano de trabalho, meio ano era negativo, era para o Governo e para os banqueiros. Isso não dava certo, o povo estava exaurido. Nós fomos Prefeitinho e Governador, ninguém é contra imposto. Nem Cristo foi! De quem é essa moeda? O que tem aí cunhado? "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Cobramos impostos, mas há limite; o povo não pode pagar mais. Era o que estava acontecendo aqui, no Brasil. E, quanto aos banqueiros, eu comecei a dizer: não era mais PT, era PB: partido dos banqueiros. E assim eu via.

            Os exemplos: Tancredo, Craveiro Lopes, a Roma antiga. Mas não, e aí está. Chegou-se ao cúmulo de dizer que esse fenômeno não chegaria aqui. Na globalização, isso existe, de tudo. E dívida, o Brasil tem desde que D. João VI chegou aqui. Com medo de Napoleão, os ingleses o trouxeram, mas cobraram. Aquela vinda de 30 mil portugueses, os ingleses cobraram. E, para aceitarem nossa independência, o Brasil arcou com aquela dívida que Portugal fez, que D. João VI fez. Portugal passou a dívida para o Brasil. Então, essa dívida é velha, é administrada, e era da Europa. Eram os ingleses que tinham dinheiro. Eles inventaram a indústria, o poder industrial, fizeram a primeira revolução. Essa é a verdade. Aí veio a Segunda Guerra Mundial - aqui está Franklin Delano Roosevelt, Winston Churchill -, e a Europa se lascou. Houve muita confusão e muita bomba em cima da Europa. Eles empobreceram. A Argentina é rica, porque não entrou na Segunda Guerra Mundial.

            Isso é história, e história é para ensinar.

            Adoro ir lá. Eles têm cultura e não entraram na Segunda Guerra. Eles, que produzem alimentos, venderam alimentos para os dois lados: venderam trigo, venderam carne, venderam vinho, para quem queria beber; venderam para Hitler, para Mussolini, para o Japão, para os Estados Unidos, para a Rússia e para o Brasil. E nós sofremos, e a Europa sofreu. Com a guerra, depois da recessão, apareceu o mundo capitalista, consolidado pelos Estados Unidos.

            Então, transferiram a dívida, e nós devemos. Quer queiramos ou não, gostemos ou não do Bush - ou esperamos nos abraçar com Barack Obama, não interessa -, eles têm um quarto da riqueza do mundo. Então, como é que a crise de lá que não nos afeta? Qual é esse problema?

            Então, estamos aqui é para ensinar - está ouvindo, ô Garibaldi? A gente vinha por vir mesmo. Ninguém precisa desse Mantega. E o Meirelles é muito superior a nós. Todos sabemos disso. O homem foi de banco internacional, mundial; é um expert nos assuntos. Está aqui sobretudo um.

            Esta aqui é a mídia. Este Senado é tão organizado que manda todos os artigos políticos para todos os Senadores - todos.

            E, hoje, é um dia grandioso aqui. Um dos governadores que começou a combater a corrupção no Brasil está ali: Ivo Cassol, um homem de muita coragem.

            Então, o que quero dizer é que o fato de o Mantega e o Meirelles não terem vindo... Está aqui: Carlos Lessa, ex-Presidente do BNDES, professor titular de Economia brasileira: “Subestimar a crise é uma retórica brasileira”. A crise existe. E aqui está pior, aqui vai ser mais grave, porque faltou estudo. Abraham Lincoln disse: “Não baseie sua prosperidade com dinheiro emprestado”. O que vimos no Governo brasileiro? Tira empréstimo, tira empréstimo, tira empréstimo!

            Os velhinhos, os pobres velhinhos aposentados, não tinham mais visão, não tinham dinheiro, não liam os contratos. Os banqueiros foram mais capazes e eficientes ou o nosso Governo, mais submisso? Eram letrinhas pequenas. Hoje, o velhinho recebe salário mínimo, e 40% é do banco. Nunca se viu se suicidarem tantos velhos aposentados na história. Por quê? Porque os velhos são honrados. Eles são daqueles tempos do bigode, em que havia vergonha e palavra. Eles planejaram uma vida: “Não está dando, não está dando para comprar o remédio; não está dando para os compromissos.” Conheço um, que foi meu padrinho do Rotary. Eu o chamava “padrinho”. O melhor homem que conheci se suicidou, porque não pôde pagar o hospital da sua mulher amada, de 60 anos de amor.

Esse é um quadro. Em relação aos velhinhos aposentados, nós nos envergonhamos com a história desse Brasil de hoje. O Governo somos nós; o Governo é do povo, pelo povo, para o povo.

Fizemos um contrato - sou o Governo, sou o Brasil, sou o povo - para pagar. Quem ganhava dez salários, está ganhando quatro, cinco; quem ganhava cinco, está ganhando dois salários mínimos.

         Essa é uma dívida interna que temos, ô Ney Maranhão, com os velhinhos aposentados. O Governo dizia: “Pagamos o BID.” O BID eu não pagaria; eu pagaria primeiro os velhinhos aposentados. A dívida, atentai bem, com segurança.

Norberto Bobbio, Senador vitalício da Itália, que morreu, disse: “O mínimo que se tem que exigir de um governo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade.” Quem é que tem segurança aqui? Isso é uma dívida interna.

A dívida com saúde.

Ô Garibaldi, dizer que a saúde está nas raias da perfeição?! Sou médico - e dos bons. Deixei a medicina como Pelé deixou o futebol, uma vida bacana. É avançada a medicina no Brasil, mas ela só está boa para quem tem dinheiro, para quem tem plano de saúde, para nós, Senadores - todo dia, telefonam: “Não quer ir para São Paulo, não? Fazer exames?” E digo: “Não, estou bom” -, mas para o pobre?! Uma UTI hoje, ô Garibaldi, em São Paulo, é R$ 3.500,00 - só a diária, fora o médico. O pobre não entra, o SUS não entra lá; só esses planos de saúde, o dinheiro mesmo entra, o euro entra, o dólar entra, o real entra.

A educação, Garibaldi! Garibaldi, eu me formei em medicina do Governo Federal. Nunca houve falta de aula. Eu me formei em cirurgia em um hospital público do servidor do Estado. Vejam como estão hoje os hospitais públicos, as faculdades públicas... Que tem, tem, mas existe faculdade de medicina que cobra R$ 4.000,00 por mês, Garibaldi! O pobre sonhar em ser doutor?! Quatro mil reais por mês?! Na sociedade em que estamos vivendo, a verdade é esta: o Bolsa Família não dá para um filho ser doutor. Ô Garibaldi, existe faculdade de medicina por R$ 4.000,00 ao mês.

Então, é isso que se chama dívida social, a dívida interna. Pode ter pago a dívida externa, mas a dívida interna aumentou.

Dizem: “Nos Estados Unidos, não temos nada com isso; é problema do Bush.” Lá, os banqueiros, ambiciosos, motivaram o povo a comprar casa por US$ 200 mil. Eles não podiam pagar, as casas estão aí, o banco não quer a casa, quer é o dinheiro, e está um rolo Garibaldi!

Mas aqui, Garibaldi, fomos mais irresponsáveis: estimulamos, fizemos propaganda, cacarejamos, cacarejamos, cacarejamos!

Atentai bem, ô Expedito Júnior, carro: dez anos. Isso é idiotice, isso é loucura, isso é estupidez.

A escravatura moderna, Garibaldi, - leve lá seu poder, o poder do Senado, o ensinamento para o Executivo -, é a dívida. Esse negócio de preto... Paim, não se preocupe, não, que o Abraão Lincoln resolveu nos Estados Unidos; a Princesa Isabel, aqui, por lei feita por Rui Barbosa, e ela sancionou. A escravatura moderna é dívida.

O sujeito, com R$ 200,00, sair andando de carro, é como Charles de Gaulle disse: “Isso não é um País sério”. Duzentos reais, uma dívida.

O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Senador Mão Santa!

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pronto.

Eu queria dizer ao povo e ao Brasil, que está aqui: subestimar a crise é retórica brasileira. Mas o Lessa, que era deles, foi nomeado pelo PMDB - um quadro vale por dez mil palavras.

Enfim, os bancos, todinhos, com os PIBs, tinham 65 trilhões, e eles querem receber 130 trilhões. Emprestaram e o povo não pode pagar. E nós? Isso é mundial. Bastam os números: toda a riqueza do PIB, segundo o Professor Carlos Lessa, é de 65 trilhões e a dívida é de 130 trilhões. Como é que dá? Vamos passar dificuldades. Um quadro vale por dez palavras e a dona-de-casa é que sabe.

         Garibaldi, eu sei que V. Exª deu leite para o povo: a bacia leiteira.

         Ele era o homem do leite lá no Rio Grande do Norte. Chegou um tempo em que eu tive até inveja. Eu criei os restaurantes populares do Brasil. Fui eu! O Garotinho foi ver, o Mário Covas, mas o Garibaldi governava e, em Natal, era leite. Eu achei que ele estava até melhor.

         Eu também plantava muito caju. Criaram-se, no meu Piauí, 27 fábricas de castanhas. Só tinha no Ceará. Olha, como é que não atinge? Está, aqui, o jornal o Diário do Povo, um jornal de um empresário livre. Ele diz assim: “A crise econômica internacional afetou o preço da castanha do Piauí. O quilo do produto caiu de 1,10 para 0,50”. Isso é globalizado.

         O Presidente da República e sua equipe, alguns aloprados, outros nem tanto, devem aprender com a História.

         Eu nunca votei em Fernando Henrique Cardoso. Eu votei em Quércia -eu era do PMDB - e, depois, pela vizinhança, eu votei no Ciro, mas que ele é um estadista, é, que ele tem visão, tem, que isso era uma zorra, era.

Ô Ivo Cassol, você se lembra, não tinha a ARO? A maior irresponsabilidade: Antecipação de Receita Orçamentária. Sabem o que era isso? Os prefeitinhos que perdiam iam ao banco e tiravam dinheiro emprestado. Aí, ficava para o outro. Aí, vocês imaginem! Quem acabou com isso foram Fernando Henrique Cardoso e Pedro Malan, com essa instituição da economia e essa zorra da irresponsabilidade.

Ele teve coragem de enfrentar as coisas. O apagão foi um drama como esse. Nós não ficamos apagados, não, mas ele disse: “Ó, tem um apagão, eu tive de apagar as luzes das minhas avenidas, das praias, das casas”. O apagão! Ele criou uma câmara de gestão para enfrentar o apagão, e o Brasil está iluminado.

Então, o nosso Presidente tem de pegar esse exemplo, chamar os brasileiros...

            (Interrupção do som)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...para que vejam essa realidade. Vamos criar uma câmara de gestão. Que se somem todos. O mais capaz! À época, foi pinçado Pedro Parente, acima dos Ministros. Vamos, agora, todos nós e o Senado. Vejam a nossa experiência, esta Casa de riqueza - está adentrando Marco Maciel, exemplo de grandeza, de altruísmo, de decência. Este Senado está pronto para ser a luz, com a nossa experiência, que levará o País à prosperidade.

E foi assim, Luiz Inácio. Como surgiu o Senado? O Senado surgiu quando o maior líder de Deus, Moisés, em quem Ele confiava, a quem Ele deu as leis, que libertou o seu povo...

O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Senador Mão Santa...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou terminar.

Aí, Moisés se enfureceu, porque o povo ia buscar as riquezas, o bezerro de ouro. Ele quebrou as leis e disse: “Vou desistir.” Ouviu uma voz: “Não. Busque os mais velhos, os mais experimentados e eles o ajudarão a carregar o fardo do povo.” Esta Casa nasceu daí, essa idéia do Senado, na Grécia. Foi melhorado em Roma, na França e, aqui, por Rui Barbosa, que disse, e faço minhas estas palavras: “Para ensinar o Poder Executivo.” Estamos aqui para ensinar. É o nosso dever e a nossa obrigação.

O Rui está ali. Ele disse: “A primazia é do trabalho e do trabalhador. Eles vieram antes, eles fazem a riqueza.” E não deixar o povo à toa, com bolsas que não significam a riqueza e a prosperidade que podemos fazer neste País.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/10/2008 - Página 41076