Discurso durante a 213ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica à política de preços e administração da Petrobras, no sentido de que haja intervenção do Presidente Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Crítica à política de preços e administração da Petrobras, no sentido de que haja intervenção do Presidente Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2008 - Página 45555
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO SENADO, DISTRITO FEDERAL (DF), SOLIDARIEDADE, ORADOR, INICIATIVA, OSMAR DIAS, SENADOR, SUGESTÃO, GOVERNO FEDERAL, REDUÇÃO, PREÇO, OLEO DIESEL, PROVOCAÇÃO, AUMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), JUSTIFICAÇÃO, ALTERAÇÃO, COTAÇÃO, PETROLEO, CRISE, MERCADO FINANCEIRO, MUNDO, DENUNCIA, LUCRO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), NECESSIDADE, INTERVENÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMBATE, PREJUIZO, POPULAÇÃO.
  • CRITICA, POLITICA DE PREÇOS, PAIS, COMPARAÇÃO, CUSTO, GAS LIQUEFEITO DE PETROLEO (GLP), PETROLEO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), FOLHA DE S.PAULO, O ESTADO DE S.PAULO, VALOR ECONOMICO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ATUAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), AUMENTO, CUSTO OPERACIONAL, REDUÇÃO, RECEITA, ROYALTIES, DESVALORIZAÇÃO, AÇÕES, EMPRESA NACIONAL, PREJUIZO, BOLSA DE VALORES, ACELERAÇÃO, EXPLORAÇÃO, COMBUSTIVEL, RESERVATORIO, SAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, Parlamentares presentes, saúdo as brasileiras e os brasileiros presentes aqui no plenário e os que nos acompanham pelo Sistema de Comunicação do Senado.

Senador Alvaro Dias, V. Exª vai aumentar o tempo, porque trago hoje o Jornal do Senado, que é uma beleza de jornal, bem editado e bem composto. Traduz a competência do pessoal que trabalha no Senado, em especial dos jornalistas. O diretor é o Davi Emerich. Este é bem melhor do que o semanário que sai aqui. Acho que esse é feito com mais profissionalismo, porque busca a verdade.

Trago-o aqui e começo, Senador Mário Couto, uma homenagem. Ontem indagava ao Osmar Dias, em debate qualificado, o preço de uma novilha lá. O meu discurso, Mário Couto, era reivindicando pelo Piauí, de tradição pecuária. Foi assim que ele se colonizou, do sul para o litoral. Fazendeiros ricos baianos e pernambucanos adentravam e compravam suas fazendas, e os piauienses eram os vaqueiros. Mas eu indagava porque a aftosa está lá, e uma novilha no meu Piauí - os bravos, heróicos e honrados fazendeiros pecuaristas, ô Neuto de Conto -, uma novilha lá é 280 reais, não chega a 300. Então, indaguei ao Osmar Dias.

Até disse, Mário, que, se eu atingisse a Presidência da República, seria bom, porque eu levaria este País melhor do que o Luiz Inácio.

         E queria dizer o seguinte: para surpresa minha, ele, com a sua competência, fez uma análise total de todas as raças e disse que uma novilha da raça nelore seria R$800,00. Então, eu disse que ele seria o melhor nome para a Pasta da Agricultura, Alvaro Dias. Contudo, eu quero lhe dizer que ele iria acumular com a Petrobras. Basta ver o pronunciamento... Aliás, como lhe é peculiar, é enorme o aprofundamento e a importância dos temas de Osmar Dias. Eis aqui: “Osmar Dias quer diesel mais barato”.

Ô Neuto de Conto, este é o País. Aqui é a tribuna da verdade. Falando como Cristo, que dizia e eu repito: “De verdade em verdade, eu vos digo”.

Osmar Dias (...) sugeriu ontem ao governo que diminua o preço do óleo diesel em 20%. De acordo com o senador, a redução seria suficiente para aumentar o produto interno bruto (PIB) em 1% no próximo ano.

O parlamentar argumentou que o barril de petróleo, cotado há um mês a US$144 ou R$237, pelo câmbio de R$1,65, estava cotado ontem a US$53 (...).

Caiu de US$144,00 para US$53,00, ou seja, de R$237,00 para R$116,00.

Atentai bem, ô Luiz Inácio. Pega aquela Aritmética que tinha no Senai, do Trajano; elementar, mas tem as operações. Recorde: de R$237,00 baixou para R$116,00. Viu, Neuto de Conto? A diferença em reais é de 49%, afirmou o senador, o que daria margem para um reajuste, para baixo, dos preços dos derivados do petróleo, disse.

Osmar Dias leu notícia do jornal Gazeta Mercantil, segundo a qual o lucro da Petrobras foi recorde histórico.

Quer dizer, eles têm lucro: 61%.

- Claro! Não dá outra! Alguém está ficando com este lucro imenso! - bradou, da tribuna, referindo-se à variação do preço do petróleo.

            Ô, Alvaro Dias, prepare-se para ser candidato a Governador, porque acho que o Osmar Dias merece ser Ministro da Agricultura, acumulando com a direção da Petrobras.

            Mas essa é a verdade. Neuto de Conto, se lembra do Monteiro Lobato? Luiz Inácio, o Monteiro Lobato, que educou nossa geração - Mário Couto, V. Exª se lembra? -, ele dizia assim: “Um país se faz com homem e livros”. Jamais o nosso Presidente Luiz Inácio teria o direito de dizer que ler uma página de livro dá muita canseira, que é melhor fazer uma hora de esteira.

Homens, homens, homens de virtude, afastai, ó Deus, os aloprados!

Então, convenhamos: Monteiro Lobato - e foi ele que começou quando eu era menino - foi quem cunhou a frase: “O petróleo é nosso”. Getúlio Vargas, o gaúcho estadista, o homem de visão, criou a Petrobras. “O petróleo é nosso!”

O nosso Presidente Luiz Inácio mostra simpatia, afinidade com Chávez. Nós, não. Augusto Botelho, nós gostamos é do Simón Bolívar, das liberdades. El Libertador! Mas eu respeito essa simpatia do nosso Presidente.

(Interrupção do som.)

 O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, atentai bem: eu sou do Simón Bolívar, el Libertador, mas o Chávez tem coisa a ensinar. Franklin Delano Roosevelt dizia que procurava aprender com todas as pessoas que ele percebia serem superiores a ele em determinado assunto. O Chávez...

         Olha, Neuto de Conto, está aí o Augusto Botelho, que é de lá. Ele vive na ilha Margarita passando férias com a família. Ele sabe que com R$5,00, brasileira e brasileiro, enche-se um tanque de gasolina. Ele é vizinho da Venezuela e sabe disso. Aqui, motoristas, proprietários de carro, motoqueiros, mulheres da cozinha, todos pagam mais caro. O botijão de gás custa R$40,00 aqui; lá, é R$5,00.

Seria bom o Luiz Inácio aprender isto com o Chávez: baratear, baratear, baratear. Isso seria um prêmio para todos os brasileiros e brasileiras, para os que são contemplados com o Bolsa-Família, para os trabalhadores e as trabalhadoras, para os velhinhos aposentados sacrificados porque o dinheiro tirado deles paga a bolsa. Essa é a verdade! Então, isso beneficiaria todos. Está aqui a matemática: o Osmar Dias pede 20%.

Vamos à imprensa de hoje.

O Globo: “Petrobras: gastos em alta; receita em queda”. São gastos, é propaganda, é publicidade, é time de futebol, é escola de samba, é malandragem, cabos eleitorais, é malandragem. Repito a manchete de O Globo: “Petrobras: gastos em alta; receita em queda”. Ô Neuto de Conto, quando aumenta o barril... Subiu, outro dia, de 10% a 15%. Querosene, gasolina, álcool, gás: quando aumenta sobe, quando desce... No mundo, a queda é de 50%, mas não se beneficiam, no Brasil, os que precisam de transporte. E Juscelino, que criou isso, já dizia: “Energia e transporte”. Isso bastaria. O transporte... Todos nós lucraríamos: com a baixa do custo de vida.

“A Petrobras acabou arrastando a Bolsa...”, essa é de O Globo; outra reportagem. “Petrobras pára pesquisa e acelera a exploração do pré-sal”. “Agências fazem alerta sobre o recuo dos investimentos pelo mundo”. “Ação da estatal tem maior queda em dez anos, e Bolsa recua 7,75%”, Folha de S.Paulo. O Estado de S. Paulo: “Petrobras cai 13% e arrasta Ibovespa”. “Alta dos custos operacionais decepciona”.

Ontem o Osmar Dias se inspirava na Gazeta Mercantil; hoje eu me inspiro no jornal especializado em Economia Valor Econômico. “Royalties do petróleo já diminuem”; “Petrobras decepciona”.

Peço à equipe de televisão que mostre, bem grande, esta manchete aqui para o Governo do Brasil ver - é do jornal Valor Econômico. Luiz Inácio não gosta de ler uma página, mas basta ler esta manchete, pensar e refletir.

Viu, Augusto Botelho: “Petrobras decepciona. Apesar de lucro recorde, estatal registrou aumento de custos, o que provocou forte queda das ações” - é o que diz o jornal especializado. “Queda do petróleo pode prejudicar resultados futuros da Petrobras”. Agora nem a Petrobras traz esperança de alta!

Essa é a realidade. Então, é o momento de o Presidente da República... Palavras, palavras, palavras... Como? Não tem nada, não atravessou o Atlântico. Isso é problema do Bush! Não cremos.

Olha, está escrito: “Não se queixe, não se explique, não se desculpe. Aja ou saia”. Foi o Primeiro Ministro inglês da Rainha Vitória quem disse isso. Então, tem de ter ação. É uma grande oportunidade, e estamos aqui para ajudar o Presidente da República. Talvez ele não tenha tempo para se deter, ele é iludido com os aloprados que o cercam, mas esta é a verdade: bastaria ele se debruçar sobre os escândalos de corrupção, de malversação, de má aplicação do dinheiro da Petrobrás. Nós a enriquecemos; ela teve o maior lucro. Se ele agisse ali, evidentemente, conquistaria a esperança que todos nós, do Brasil, estamos a perder.

Nós acompanhamos um Governo que fraqueja naquilo que é mais importante: a segurança pública, que, segundo Norberto Bobbio é o mínimo que temos de exigir de um Governo - e já vem o Mário Couto falar de segurança, já, já.

E a educação? Imaginem um país em que se juntam líderes para barrar o piso salarial para as professoras! A saúde está muito boa, é muito avançada, mas para os que têm dinheiro e plano de saúde.

Presidente Luiz Inácio, aja na Petrobrás, e ela pode recuperar o desânimo que a economia do Brasil enfrenta.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2008 - Página 45555