O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Vou ajeitar a gravata, antes que o Camata a tire.

Sr. Presidente Papaléo Paes, que preside esta sessão de segunda-feira, parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros que estão aqui e que nos acompanham pelo fabuloso sistema de comunicação do Brasil...

Pedro Simon, a ignorância é audaciosa. Olha, Pedro Simon, esse povo gaúcho é bravo, é heróico, já passou por provações. Esse negócio de PT, nós estamos passando no Piauí. O povo gaúcho já teve muita confusão na sua história, mas acho que foi uma provação para ver a grandeza do povo. Lá no Piauí, também.

Mas o Obama... Atentai, brasileiras e brasileiros... O Livro de Deus, eles contrariam o livro de Deus. O livro de Deus diz que a sabedoria é ouro e o discernimento é prata. O livro de Deus cultiva o trabalho: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”, não é, Papaléo? Disse o apóstolo Paulo que quem não trabalha não merece ganhar para comer.

Olha, o Piauí está arrasado. Rapaz, agora eles mentem, mentem, mentem. É um descaramento! Mentira, mentira e mentira. É só mentira. Eles enchem de publicidade os órgãos, mas o fato é que ninguém esconde a verdade, ninguém esconde. Voltou o Piauí - é tristeza dizer - a ser o lanterninha do Brasil. Eu o tinha tirado... Eu não, o povo do Piauí. A crença em Deus, a crença no estudo, no trabalho, a visão de futuro. Nós tínhamos passado todos os índices do Maranhão, muitos da Paraíba, muitos do Rio Grande do Norte, muitos de Alagoas. Voltou ao que era.

Se você ver os jornais... Pedro Simon, eu não sei, mas, rapaz, eles pensam que é comprar... Dois aeroportos internacionais, sendo um na minha cidade, onde não tem avião de jeito nenhum; não tem mais nem teco-teco. É por isso que eu não estou mais convidando V. Exª. Ou seja, para ir de carro é longe. Quando eu era menino, tinha a Aerovias, a Aerobrasil, a Cruzeiro, tinha até o Paraíso Transporte Aéreo, que a turma apelidou de PTA - prepara tua alma, porque caía de vez em quando. Quando eu era menino tinha. Saía-se de lá e chegava-se ao Rio de Janeiro. Era até bom, porque se aprendia geografia: parava por tudo quanto é capital, Fortaleza, Natal. Fiquei bom em Geografia por conta desses pinga-pingas, mas nós chegávamos lá no Rio de Janeiro. Agora, não tem mais nem teco-teco. Mas eles dizem que tem dois aeroportos internacionais, na televisão, na imprensa. É mentira, eles são descarados. O de São Raimundo Nonato só tem jumento na pista.

O Governador disse que iria fazer cinco hidroelétricas. Senador Pedro Simon, quantas hidroelétricas tem lá no Rio Grande do Sul?

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Uma.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu sei. Senador Papaléo Paes, V. Exª tem lá?

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Uma.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O povo do Piauí tem a metade de uma, porque falta a eclusa, morreu a navegabilidade. Foi um sonho de Juscelino, terminado por Castello Branco, o engenheiro César Carlos, Deputado Federal... Falta a eclusa para ser navegável, como já foi o rio Parnaíba, principalmente, no sul. E, no momento em que devia dizer que iria terminar, ele disse que iria fazer cinco hidroelétricas. É um aloprado.

A estrada de ferro, há dois anos, nas eleições: sessenta dias, Parnaíba-Luís Correia, 15 km; quatro meses, para Teresina. Papaléo, não botaram nem um dormente. Sabe o que é um dormente, não? Aquele pau que segura o ferro do trilho. Eu nunca vi.

Agora, o Mário Couto tem que começar a semana cedo, porque ele sabe, o Pedro Simon já viveu isso. Foi só uma provação que Deus quis para o povo do Rio Grande do Sul. Atentai bem, nosso Mário Couto!

Mas o Piauí é lanterninha em todos os índices: em educação, salário, PIB. Eles mentem e falseiam, mas o PIB é o último mesmo. Fui lá na minha cidade, acordei, fui tomar banho e não tinha luz; sem luz, não tem água. E aquele negócio de ter avião, não tem.

Há dois jornalistas que têm batido muito: Zózimo Tavares e Arimatéia. O PT é um negócio... Ô Mário Couto, livrai-nos!

O Mário Couto está dizendo que o PT no Pará é medalha de ouro em termos de violência. E, aí, eu mostrei que nós somos da corrupção. Não fui eu não, não tenho nada com isso, foi o Tribunal de Contas da União: das 26 obras em que ele detectou falcatruas, seis eram do Piauí. Aí nós estamos na frente.

Agora, dois a um. Piauí, do PT, ganha do Pará. E este jornal é de um empresário muito forte economicamente, e independente: Diário Do Povo. Diz a reportagem de Eugênio Rêgo: “Piauí é Campeão da Falta de Biblioteca”. Ganhamos, estamos passando na frente do Pará. Dois a um. O PT do Piauí é mais aloprado do que o PT do Pará. Não sei... O Mário Couto vai falar daqui a pouco e empata o jogo.

Está aqui, coloque aí. “Piauí é Campeão da Falta de Biblioteca. Dados do Sistema Nacional de Biblioteca afirmam que o Estado possui 79 municípios sem acervo literário...”. Mas o pior é que já teve, está acabando tudo. A Universidade do Estado do Piauí, no meu Governo, no nosso Governo, era motivo de orgulho. Em 1990, Papaléo, entre as dez melhores universidades, figuravam sete públicas e três privadas. Em 2001, isso inverteu-se - atentai, Luiz Inácio, olha a desgraceira que Vossa Excelência está levando a este País -, entre as dez melhores, sete são privadas e três públicas, Pedro Simon. A UESPI era essa terceira pública. Está acabando. Estão no fim a Odontologia, a Farmácia... Lá na minha cidade, no Piauí, só formavam soldado e cabo. Eu coloquei uma, aí eles estão acabando. Eles vão colocar esses meninos que tomam tóxicos lá. Mas retirar a academia militar? Há Estados em que... Lá no seu, já foi se formar, mas está acabando. Estão acabando com tudo!

Ou nós acabamos com o PT ou ele vai acabar com o País! E não venha com o negócio... Olha, aquela tua gauchinha tem que ser vereadora. Para o sujeito ser Papa ele tem que ser primeiro um seminarista, tem que ser padre. Aquela sua gauchinha - não estou falando mal, não -, mas mande ela vencer uma eleição de vereadora em Porto Alegre para ter o acinte ou a petulância de falar na Presidência da República em um País como este.

Botem o Tião Viana, que está aí. Eu não sei se ele ganha aqui, mas pode ganhar até a Presidência do Brasil. É melhor do que a que estão anunciando. Ela nunca foi sequer vereadora! Que zorra é essa? Que zorra, Luiz Inácio! Acorda, olha a desgraceira!

Ou vamos trocar de Governador, Tião Viana. Olha, aqui: “O Piauí é o campeão da falta de biblioteca”. São 79 cidades, ô Papaléo!

Pedro Simon... Ah! Chegou o Senador Cristovam Buarque.

Olha o Piauí, Cristovam! Não vá ter um enfarte, não vá morrer, V. Exª que fala tanto em educação: “Piauí, o campeão da falta de biblioteca”. São 79 cidades sem biblioteca. Isso representa 35% do total dos municípios. Aí é zorra demais. Mas, Professor Cristovam, o que dói é que a ignorância é audaciosa.

O Sr. Arimatéia e o Sr. Zózimo são jornalistas bons, eles estão batendo no tema da energia: a rua não tem energia. Aí, eu digo o seguinte: para ter energia elétrica, tem que haver cabeças iluminadas. Essas cabeças que estão lá não vão produzir; vão produzir é a fácil corrupção, é o inquérito da Gautama, é a mentira - porque é fácil mentir, é fácil.

Mas está aqui. O Piauí... Olha, Tião, não tenho nada contra você, mas não posso, não posso... Nunca vi um descalabro desse. Ô Tião, o que nos separa dessa gentalha são quilômetros e quilômetros de livros estudados. Se o Luiz Inácio cansou na primeira página - ele que disse! -, eu não. Eu sou um atleta de maratona, acho que dá para eu concorrer com o Cristovam Buarque pelo número de páginas de livros lidos.

Mas, Cristovam, Richard Tarnas... Ô Cristovam Buarque, olhe para cá. A história do Ocidente me encanta, Papaléo. A do Oriente é meio complicada, mas a do Ocidente eu entendo. Acho que o mundo começou ali, com os filósofos, até na nossa Medicina, o nosso Hipócrates, o Sócrates, o Sófocles e, antes de Cristo, a democracia. Aí, ela adentrou a Itália, o senado romano, Cícero esbravejando: “o Senado e o povo de Roma...”; adentrou a França, pai e mãe da República; adentrou a Inglaterra na Reforma Industrial; os Estados Unidos; e o Brasil, que deu o exemplo com Rui Barbosa, aqui, neste Senado. Mas o que me dói, ô Tião Viana, e é dor mesmo, mas o negócio...Rapaz, a gente dá o que tem, mas se os homens não têm visão, não têm estudo... Aí deixaram na desgraceira... Olha aí, está aqui o jornal. Porém, poucos são os jornais independentes. Este é independente porque o cara é rico mesmo, tem um jornal privado, tem outros comércios - bicicleta, moto -, não está nem aí. Ele deixa escapar essas verdades.

Mas, Papaléo, acuidade racional, precisão gramatical e a mestria na oratória eram as virtudes mais importantes do homem da Grécia antiga. Mas eles criaram, ô Cristovam, a paideia. O que era a paideia? O clássico sistema grego de instrução e educação. Eles achavam que isso iria nos libertar, nos iluminar e melhorar as nossas vidas. Então, a paideia já existia antes de Cristo. Com Péricles, lá. Era paideia.

Está ouvindo, Tião, V. Exª que é iluminado? V. Exª é um bom candidato a Presidente do PT nacional, melhor do que essa daí que estão indicando e que nunca foi nada. Que diabo é isso? Não foi nem vereadora! Não é assim, não, tem que ter hierarquia. Nós estamos debatendo. Não estou ofendendo e não vamos com aquela palhaçada de cacarejar. Não tem qualificações! Tem que percorrer a hierarquia política. O Sr. Luiz Inácio concorreu, lutou, foi candidato, foi Deputado Federal, perdeu. Essa candidata não tem, está desclassificada na reforma política. É pretensão, é idiotice, é loucura! Não passa nesse exame que fizeram agora do Enem.

Em matemática, o Piauí ganhou o primeiro lugar. Quer dizer, nós somos bons! Nós somos inteligentes! Nós continuamos com Evandro Lins e Silva, João Paulo dos Reis Velloso, Petrônio Portella, Carlos Castello Branco! Nós tiramos o primeiro lugar em matemática. Agora, tiramos em matemática, mas como é que podemos tirar em português, se há 79 cidades sem bibliotecas, Senador Papaléo Paes? São 35% das cidades do Piauí.

Então, é isso. Agora, lá na paideia, no Péricles, antes de Cristo - antes de Cristo, minha gente! Olhem o que faziam os gregos: achavam que essa paideia era um programa, era um PAC abençoado, era um PAC de Deus, era um PAC que ia construir, ô Cristovam Buarque, a cabeça, a mente, o intelecto, a reforma de cuca. Aí a diferença! E não tinha cacarejamento, não. A paideia, o clássico sistema grego de instrução e educação, incluía ginástica...Hoje não tem, esse ensino está falido, mens sana in corpore sano, bradava Cícero. Hoje não se faz mais educação física. Nas nossas escuras olimpíadas só há atletas profissionais. No nosso tempo, éramos nós. Não tem mais. Olhem a paideia: Ginástica - aprovou, Cristovam? -, Gramática... Veja, Sr. Presidente, gramática, Senhor Luiz Inácio. Aliás, Luiz Inácio é muito feliz. Ele teve este País organizado, onde havia o Sistema S, com o Senai. Ele foi aluno do Senai, uma organização séria. Ele teve este privilégio, viveu em um país organizado e aproveitou-se dessa organização para ser aluno do Senai.

A paideia incluía também Retórica, Poesia, Música, Matemática, Geografia, História Natural, Astronomia e Ciências Físicas, História da Sociedade, Ética e Filosofia, enfim, todo um curso pedagógico necessário para produzir um cidadão completo, plenamente instruído. Cristovam, a paideia, existia antes de Cristo, muito antes, Péricles.

E agora, o Governo nos nega a biblioteca. Que festa bonita a promovida por Padre Antônio Vieira. Ô Tião, estava ali escrito: o livro - o que é que ele dizia? - é um mudo que fala, é um surdo que ouve, é um cego que guia e é um morto que caminha, que dá vida.

Nós temos muito compromisso com a grandeza histórica do Senado. E se dizia assim: casa sem livros é como um corpo sem alma. E é isto: 79 cidades sem biblioteca, trinta e cinco por cento das cidades do Piauí. E aí o Piauí ganha o primeiro lugar, é o campeão da falta de biblioteca. E aqui eles colocam uma das primeiras bibliotecas do Piauí, que tive o prazer de modernizar, de reformar: Cromwell de Carvalho. Quer dizer, o Piauí foi governado por homens de visão - não sei nem quem foi o governador -, homens de visão de estadista, de grandeza. Então, estamos aqui a lamentar, mas há esperanças. Ernest Heminguay disse que “a maior estupidez é perder a esperança.” É lógico que na democracia tem alternância de poder, e o povo já aponta, não sinaliza para nenhum candidato do Partido dos Trabalhadores. Quem está ganhando as pesquisas é aquele Senador novinho - e eu estou logo colado com ele -, o João Vicente, que é do Partido dos Trabalhadores, uma nova esperança, porque o pai dele é um empresário de visão, de trabalho, o Sr. João. O Sr. João é o maior empresário, ele cria emprego, cria trabalho, cria valores, cria riqueza. Ô seu João, eu vi lá, passei apressadamente e estava havendo um negócio muito bonito no armazém, um show. Ah, ele consegue uns artistas para o povo levar como ingresso alimentos necessários, na certa para atender aos pobres que o Governo não atende. Então, está aí uma campanha boa. O Sr. João, o pai do João Vicente - ele está ganhando as pesquisas. Que ele seja um mecenas! Ele faz isso num instante, pois tem loja em todas as cidades, mercado, bicicleta... É o nosso Antônio Ermírio de Morais melhorado, mais popular.

Então, está aí, vamos sair...

E os Prefeitos. Vamos buscar os Prefeitos, vamos confiar nos Prefeitos, vamos ajudar, fazer coletiva. E que essas bibliotecas não sejam mais como aquelas que eu inaugurei quando Prefeitinho, como Papaléo foi; que sejam modernizadas, com computador.

E foi muito bom estar aqui o Cristovam Buarque. Cristovam Buarque, V. Exª é completo. Então permita dizer para V. Exª ler, se V. Exª não leu, o livro Escritos da Maturidade, de Albert Einstein, pois tem uma página e meia sobre educação. Ninguém, só V. Exª, quando for se sentar e escrever, pode acompanhar.

Mas, Papaléo, no meu tempo, eu li, chamei o Secretário de Educação, muito bom, Professor Ubiraci Carvalho, e disse: “Olha, rapaz, pega isso aqui e dê para tudo que é seu... É página e meia”. O livro é Escritos da Maturidade, mas sobre educação, é sintético. 

V. Exª, eu tenho muito respeito. A entrevista de V. Exª com Celso Furtado é uma das coisas mais belas que nós temos que manter. Aquele homem, espontâneo... É uma das obras que nasceu com a espontaneidade. Aquele homem é iluminado também, descoberto por Juscelino, para fazer a Sudene.

Mas em Escritos da Maturidade, ele diz o seguinte: a escola é o único instrumento que a humanidade, Pedro, criou, a civilização que começa aqui, a epopéia, para pinçar todo o conhecimento, todo o saber e oferecer às nossas crianças e aos nossos jovens.

Mais que essa escola, é o livro que faz isso, é o livro mais barato. Ó Luiz Inácio, mande de imediato. Esta aí, Vossa Excelência está fortalecendo o Tião. Dê poder para ele ir lá ao Piauí inaugurar, de imediato, nessas 79 cidades que não têm uma biblioteca.

Epitácio Cafeteira, V. Exª dizia “prometeu, cumpriu”, mas lá é mentiu, mentiu, mentiu, e continuam mentindo. É um lema diferente.

Então, vamos colocar o livro.

Ó Papaléo, eu estou aqui. Agora, não é só botar lá, não. Tem que ter uma reforma de cuca! Nesse negócio contra as leis de Deus de ganhar sem trabalhar, eu não creio! Eu creio é em Deus: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”, “Quem não trabalha não merece comer”. Vamos transformar isso no trabalho. Ninguém pode ir contra Deus!

Senador Papaléo, vamos transformar esse momento de caridade, essa emergência, no caminho, na avenida do trabalho, na avenida do estudo que busca a sabedoria. É por isso que não me encanta. Está vendo, Pedro Simon, isso não me encanta. V. Exª me encanta. Deus escreve certo por linhas tortas. Está aí um momento bom: chegavam o Sarney e o Tião e diziam “pronto”, e iam os dois se unir através da história, do saber, da decência e da ética, que vocês têm também. Mas é muito comum Pedro Simon resgatar essa bela história do Parlamento. Então, Pedro Simon, é isso, e V. Exª está aí.

Mas venho aqui pedir ao Luiz Inácio, meu Presidente querido. Eu votei em Vossa Excelência em 1994! Não votei em 1998 porque os aloprados, eu já os estava vendo... Os aloprados estão acabando com tudo. Mas Vossa Excelência, nessa generosidade, seja agradecido ao Piauí. O Piauí lhe deu vitórias. Todos nós, até eu, acreditamos que o PT seria uma boa. Quem é que não pode ser enganado? Essa é a verdade.

Mas vamos tirar, Mário Couto, esse título do Piauí, de Estado que tem menos bibliotecas.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Papaléo, pra terminar.

Então, essas são as nossas palavras e reivindicações.

Já que está aqui o Tião Viana, que representa o que há de melhor no Partido dos Trabalhadores, pelo amor ao estudo, pela ética, pela decência: leve nosso apelo ao Presidente da República. Primeiro, a companhia energética. Não há luz lá, não. Tem que haver cabeças iluminadas. Não sou eu, não. Pegue os melhores jornalistas de lá, Zózimo Tavares, Arimatéia Azevedo, eles estão em pânico. Sem energia não vai. Negócio de mentira não bota pra frente. Não bota. Você lembra que o Shakespeare denunciou? “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”. “Palavras, palavras, palavras. É melhor ser um mendigo em Nápoles do que governo na Dinamarca”. Está podre! Assim está o Piauí. Não são palavras, palavras, palavras, não. É só mentira, mentira, mentira.

Presidente da República, Luiz Inácio, vamos fazer o esforço de devolver o Piauí àquela condição cultural. Sua gente merece isso! Nós acabamos de tirar o primeiro lugar em Matemática! Isso prova que a inteligência do piauiense é privilegiada! Mas como ele pode tirar em Português se é o Estado que tem menos biblioteca?

Então, essas são as nossas palavras. Tenho certeza de que, como diz o livro Dom Quixote de La Mancha, “só não tem jeito para a morte”. Isso tem jeito. Estamos aqui pedindo ao Presidente da República as providências.

Concedo a palavra ao Professor Cristovam Buarque. S. Exª se sensibilizou.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Senador, o próximo a fazer uso da palavra será o Senador Pedro Simon, por permuta com V. Exª.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Sim, quero trocar com S. Exª, invertendo a ordem.

Mas quero fazer apenas um pequeno comentário.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - O Senador Mão Santa já está há 28 minutos na tribuna.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas, Senador Papaléo, um aparte. Olhe, sei que não pode, mas estamos acima do Regimento, somos das leis de Deus... 

Senador Papaléo, Che Guevara, que essa turma usa, dizia assim: “Se és capaz de tremer de indignação por uma injustiça feita em qualquer lugar, és meu companheiro”. E S. Exª está tremendo de indignação por essa injustiça que estão fazendo com a mocidade piauiense. 

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Sr. Presidente, quero só dizer ao Senador Mão Santa que fico feliz por S. Exª ter trazido publicidade a um excelente livro. Este é um grande livro: História do Pensamento Ocidental. Fico satisfeito de usar a televisão para divulgar um bom livro. Em segundo lugar, sobre tudo o que V. Exª falou, de paideia, de educação, eu quero sugerir que apóie - e tenho certeza de que é da sua simpatia - um projeto de minha autoria que cria a biblioteca do professor. Todo professor receberia, por ano, 12 livros, gratuitamente, fornecidos pelo Governo, da mesma maneira que o Governo oferece livros didáticos ao alunos. Esse projeto já passou por aqui, com o seu voto inclusive, pela Comissão de Educação, e está na Câmara dos Deputados. Que V. Exª use sua influência, sobretudo na bancada dos Deputados do Piauí, sobre a qual V. Exª tem tanta liderança, para que aprovemos esse projeto e possamos dar essa coisinha de nada, mas que ajudaria muito a educação brasileira: livros gratuitos para o professor, como esse que o senhor trouxe aqui para nos mostrar e nos indicar a História do Pensamento Ocidental.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sim. Agradeço, incorporo e vou mais além: tem de ter o amor. Ensinar aos nossos brasileiros e brasileiras, aos piauienses: não é distribuir livro assim, não! Amar o livro, porque o livro é o passaporte para a vida melhor de cada um; é o instrumento que dá o saber. Francis Bacon, o filósofo, disse que “o saber é poder”. Então, que se ensine, acompanhado do livro, da biblioteca, a nossa juventude a amar os livros.

Muito agradecido, Senador Papaléo Paes, pela sensibilidade que V. Exª mostrou.

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