Discurso durante a 216ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta ao Governo para a necessidade de contenção de gastos.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Alerta ao Governo para a necessidade de contenção de gastos.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2008 - Página 45934
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, PERIODO, CRISE, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, CRITICA, EXCESSO, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), ESPECIFICAÇÃO, DESPESA, IMPEDIMENTO, VOTAÇÃO, PAUTA, CONGRESSO NACIONAL.
  • REPUDIO, AMPLIAÇÃO, NUMERO, CARGO DE CONFIANÇA, DISCORDANCIA, PROPOSTA, GOVERNO FEDERAL, CRIAÇÃO, FUNDO DE INVESTIMENTO, CONCLAMAÇÃO, ATENÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NECESSIDADE, CONTENÇÃO, DESPESA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Presidente Cafeteira, Parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros daqui e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, diariamente, debruço-me nessa mídia. Ela é bem imaginada para que se coloque nos principais jornais tudo o que versa sobre a política do momento. Depois, Cafeteira, de lê-la toda, quero facilitar a vida do Presidente Luiz Inácio.

Isto é para dar o equilíbrio. O Governo somos nós, os três Poderes. Quero fazer uma retrospectiva do que penso. Estamos numa crise? Estamos e temos de enfrentá-la. Presidente Luiz Inácio, para onde vamos, levamos nossa formação profissional. A minha é de médico-cirurgião, afeito a enfrentar dificuldades com firmeza. Vossa Excelência é ex-aluno das escolas do Senai, padrão, escolas técnicas do Brasil e mecânico.

Mas eu quero dizer o seguinte: Cafeteira, nós nos entendemos, porque aprendi muito com V. Exª. V. Exª tem cinco minutos, dá vinte, porque V. Exª pode ser eleito Presidente desta Casa. Mas é o seguinte: Cafeteira, nós queríamos dizer que, de repente, fui eleito Prefeito, viu, Cafeteira, da minha cidade. E quero lhe confessar que tive medo, viu, Renan. O Renan é um homem de coragem! Muita coragem! Já atravessou muita fogueira e sai aí ungido por Deus. Mas, Renan, tive medo. Fui eleito e tive medo. Confesso, cirurgião. Eu fui um cirurgião bom, muito bom. Então, aí eu comecei a meditar: que besteira, estava tão bem sendo cirurgião de uma Santa Casa, famoso e vou entrar nesse negócio de prefeitura. Vou me lascar! Aí, comecei a estudar, viu, Renan! Estudar! Acredito em Deus, no estudo. Não sei as crenças do Luiz Inácio. Mas acredito em Deus, no amor que acimenta a família, no estudo, que leva à sabedoria, e no trabalho. Renan, e eu com medo! Rapaz, mas que besteira, estava tão bom como médico, cirurgião famoso, bom, e agora eu vou me lascar, negócio de prefeito aí, que diabo! Aí, eu comecei a estudar. Adalgisinha dormia, e eu estudando, estudando, estudando. Aí, eu estou lascado! Cafeteira, e se aproximando o dia 1º. Cirurgião! E agora? Renan, lá pelas tantas da madrugada, e eu digo: estou lascado, vou me lascar, que besteira!

Aí eu li um livro, de capa amarela, de Frederick Taylor, o mago da administração. Outro dia, passei em um sebo e o vi. Comprei-o para recapitular, porque isso faz muito tempo. Aí comecei a ler. Depois de ter lido Henri Fayol, Taylor, o DASP do Getúlio Vargas e tal, Cafeteira, quando eu estava sem ânimo, aí ele diz que administrar é fácil; é como ser cirurgião. Aí, Renan Calheiros - Adalgisa dormindo ali -, pensei que era comigo mesmo. Ele deu o exemplo do cirurgião: tem que possuir decisão, trabalhar em equipe, ter tempo, começar uma obra e saber terminar. Tomei coragem, ânimo, e estou aqui.

Então, isso é o seguinte, Luiz Inácio. Às vezes, dá certo, como aconteceu com Juscelino Kubistchek. Os adversários diziam: “É, mas esse Mão Santa nem para...” Pelo contrário, está no íntimo o planejamento de um cirurgião. Por isso, o Juscelino deu certo e outros - estou citando apenas Juscelino.

Atentai bem, o pré-operatório é o planejamento; o transoperação em si é o ato; e o pós-operatório é o controle. O que é administração, segundo Henri Fayol? Planejar, designar ordem, coordenar e, no fim, o controle, o pós-operatório,... a pessoa. Então, está na mente. É rápido.

Então eu quero essa contribuição ao Luiz Inácio. Depois de ler essa mídia todinha e essa confusão - hoje estive na CAE, com o Presidente do BNDES e tudo -, o que é que tem aqui de melhor? Eu trouxe para ele o melhor. Eu tenho dúvida - assessor do Renan, espere um instante que quero fazer uma indagação a ele. Tancredo era agente do bem ou do mal? Ele era estadista ou burro? Estou em dúvida quando vejo aí a posição do Governo.

Quando ele foi eleito, ele era a esperança, Cafeteira. Tancredo, a esperança - a maior estupidez é perder a esperança, foi Ernest Hemingway quem disse isso -, o que foi que ele disse quando ganhou? Ele disse: “É proibido gastar”. Não é verdade? Tinha lido, estudado Abraham Lincoln, que dizia: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado”. Sei que teve recessões, o Cafeteira sabe mais do que eu. Teve uma da Primeira Guerra, mas eu não tinha nascido; a da Segunda Guerra, não, nasci nela, 1942, viu, Cafeteira, então, um negócio e vivi. Aí surgiu um grande líder: Frank Delano Roosevelt, que enfrentou recessão e foi quatro vezes presidente. O que foi que ele disse? “Norte-americano, procure um trabalho, continue trabalhando; se não der certo, arrume outro trabalho”. Aí ele foi mais adiante, o New Deal, Frank Delano Roosevelt, agora, na recessão, ô Luiz Inácio, ele disse: “Se eu colocar um bico de luz numa fazenda e uma galinha na panela, este País estará salvo. As cidades poderão ser destruídas, mas o campo, não, porque o campo florescerá as cidades”.

Então, eu queria dizer que são ensinamentos. Theodore Roosevelt disse o seguinte: “Nunca gaste antes de ganhar”. E aqui o que vejo, Luiz Inácio? Agora, vamos e venhamos, esse Fernando Henrique aí é um estadista. Nunca votei nele, não. Votei no Quércia que era do meu partido, e, depois, por vizinhança ali, meu vizinho, votei no Ciro Gomes, não sei se ia dar certo, mas confesso. Mas que ele é, é, ele enfrentou dificuldades. Quando ele entrou, este País estava uma zorra, uma crise, a inflação era o maior monstro. Fui prefeitinho, 80% ao mês, isso era um monstro, Luiz Inácio. Olha, ele foi duro, esse Malan merece homenagem, foi duro! 

Sei que Graciliano Ramos tentou, mas, foi ele quem fez a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ô Cafeteira, foi duro a gente pagar o que devia. Isso era uma zorra, ninguém sabia o que devia. E numa época dessas tinha a ARO - Antecipação de Receita Orçamentária -, e o nosso líder de Goiás não pegou. Os prefeitos, numa hora dessas, estavam correndo nos bancos, e os banqueiros a gente sabe como são: eles vieram foi do cão.

Atentai bem! Eles davam dinheiro para o prefeito derrotado e a dívida, era a ARO. Tirei a último ARO deste país. Fernando Henrique acabou com a ARO. Fui ao banco para fazer uma ponte e confessei - Antecipação de Receita Orçamentária. A gente tirava as receitas, Cafeteira, endividando o futuro, e os banqueiros aceitavam, os mesmos banqueiros, os mesmos que estão sendo socorridos. E, lendo isso que diz que é proibido gastar, então, Luiz Inácio, tome coragem.

Fernando Henrique também teve outra crise: a do apagão. Ô Cafeteira, foi um rolo doido. Mandou apagar as luzes da avenida de Teresina, da praia; um rolo doido, uma escuridão, mas tinha que enfrentar. Fez uma gestão de câmara com Pedro Parente, grande administrador, e acabou a apagão.

Ô Luiz Inácio enfrente essa crise. Estão dizendo que é marola. Não é.

Então, o melhor de todos esses artigos, a síntese não é minha não, é esse que diz: “Apesar da crise, gastos do governo aumentam muito”. Ou Tancredo era estadista ou burro, porque, quando ele entrou, estava uma crise de dívida e ele disse: “É proibido gastar.” Deus não quis que ele entrasse. Então, eu fico aqui com a matéria: “Apesar da crise, gastos do governo aumentam muito”. Ô Renan, o que eu quero é porque nós temos consciência, e o Luiz Inácio tem que ver que nós não somos os aloprados que queremos vantagens, mas, dar essa experiência que temos, nós podemos dar.

Então, olha o que vem por aí! A Medida 440... É só de gastos! É só de gastos para funcionários da Fazenda e tal. Aí, vem outra Medida Provisória, a 441, também de gastos. Mais de 500... Aí, vem a 446, anistiando devedores da Previdência, a “pilantropia”, aí. Então, essa farra de despesas... Tem de conter gastos! Tem de ter coragem, Luiz Inácio! Ó Luiz Inácio, tem de ter coragem! Eu não sei a quem ele vai recorrer. Eu sei que ele está arrodeado de aloprado por todo o lado. Mas tem que enfrentar, se ele já...!

Aqui as três medidas provisórias, e medida provisória já é nefasta, é imoral, é indecente e emperra o Congresso. Todo esse gasto, e ainda vem mais uma aí! Ninguém está contra a caridade do Bolsa Escola...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ..., a generosidade e caridade do Bolsa Escola. Ninguém é contra a caridade - fé, esperança e caridade. Mas que ela tem de modificar e encaminhar esse pessoal para o trabalho, tem! Porque é contra Deus! “Comerás o pão com o suor do teu rosto.”

Eu sou muito mais o Apóstolo Paulo do que o Suplicy. Eu fico é com o Apóstolo Paulo. Quem não trabalha não merece ganhar para comer. Então, vamos transformar isso, rapidamente, no trabalho. Eu sei como fazer. É só entregar aos prefeitinhos, porque saberão encaminhá-los aos trabalhos, ganhando até mais. Eles estão mais próximos das necessidades.

Mas ainda vem aí mais 165 cargos para aqueles aloprados que vão ganhar R$10.148,00, pela porta larga da malandragem, sem concurso. Aí não dá! Então, eu queria...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pela bondade de São Luis. Rapaz, o Cafeteira já está quase tendo o meu voto para Presidente desta Casa! Bigode e elegância; premiado e ele estendendo o ...

Mas, e na Bíblia? Ninguém pode ser contra Deus. “Sob os céus, há um propósito determinado para cada tempo. Há tempo de nascer, de morrer, de espalhar e de juntar”. Vem com uma palhaçada, agora, de um fundo soberano. Fundo soberano para ir ao exterior e fomentar empresários do que não vai acontecer. Ó Luiz Inácio, aprenda! Fundo só tem um; é tudo enrolado. E pagador só tem um, é o povo; não tem negócio de Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário, não. Instrumentos da democracia. Poder é do povo que trabalha, do povo que paga imposto, do povo que paga a conta e não agüenta mais ser satirizado por esse governo do PT

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2008 - Página 45934