O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão do Senado da República do Brasil de 24 de novembro, uma segunda-feira; Parlamentares presentes na Casa; brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo fabuloso sistema de comunicação do Senado - a TV Senado, a Rádio AM e FM e a comunicação escrita, com o jornal diário, o jornal semanário e a agência nacional, além da Voz do Brasil.

Sr. Presidente, primeiramente, enche-nos de satisfação a assinatura de V. Exª nesse requerimento, o que valoriza mais esta homenagem.

O Piauí é grandioso, na perspectiva da gente que está lá trabalhando, embora a decepção seja grande por causa da incompetência das ações do Governo Federal e do Estado, que estão sob a direção do Partido do Trabalhador. É uma lástima! É um povo realizador, de conquistas, de gente que para lá foi acreditando nos governantes idôneos que o Piauí teve ao longo de sua existência.

Queremos fazer aprovar - e V. Exª apôs sua assinatura aqui - o Requerimento:

Sr. Presidente,

Nos termos do art. 222 do Regimento Interno do Senado Federal, requeiro Votos de Aplausos à empresa Armazém Paraíba, que comemora 50 anos de sucesso no corrente ano.

Justificativa

O Armazém Paraíba inaugurou a sua primeira loja em 1958 no Município de Bacabal, no Estado do Maranhão, fruto da sociedade dos irmãos João Claudino e Valdecy Claudino. Mais tarde, em 1968, chega ao Piauí, com a loja da rua Álvaro Mendes. Hoje, o Armazém Paraíba é uma das maiores lojas de departamentos do País. Presente em mais de 400 cidades [em cinco Estados do Nordeste] no Piauí, [a maioria], Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia.

Sob a liderança do fundador e proprietário João Claudino, o Armazém Paraíba hoje faz parte do aglomerado - Grupo Claudino, com sede na cidade de Teresina-PI, que reúne as empresas Socimol, Construtora Sucesso, Guadalajara S/A, Houston, Frigotil, Ônix, Sucesso Publicidade, Halley Gráfica e Editora, Colon Equipamentos Rodoviários e Teresina Shopping.

O Paraíba, por ter sua área de atuação no Nordeste, tornou-se, ao longo desses 50 anos, a maior referência de empreendedorismo, trabalho e desenvolvimento desta região.

Então, que sejam enviados votos de aplausos ao Sr. João Claudino Fernandes, Presidente do Grupo.

Papaléo, essa é uma riqueza do nosso Estado, porque se tornou um exemplo. O interessante é que esse grupo é oriundo do Estado da Paraíba, de tal maneira que o Piauí se tornou o eldorado dos paraibanos. Um bem é sempre acompanhado de outro bem. São inúmeros os empresários da Paraíba que hoje têm negócios no Piauí, a exemplo do Sr. João Claudino e Valdecy, que são homens vitoriosos que enriquecem o Piauí.

Na revista Expressão, há uma reportagem muito grande e muito bonita sobre o Grupo Claudino e seu significado, porque é um grupo, vamos dizer, que participa da sociedade. Os dois irmãos são verdadeiros mecenas na cultura, na arte, no folclore, em todos os acontecimentos culturais, religiosos etc. Sem dúvida nenhuma, é uma empresa que se transformou em uma universidade que capacita profissionais, que capacita pessoas.

Todos os anos, eles fazem uma festa que é uma beleza, uma festa que, hoje, faz parte do calendário nacional. Eles têm preocupações, Papaléo, até com o lado familiar. Há um chamamento - olha que são 400 cidades - das moças das famílias para debutarem nessa festa. É uma beleza. Com prêmio, com iniciativa.

E não é só isso, não. Além de lá, ele chegou ao Senado da República. O nosso companheiro João Vicente Claudino, que é Senador da República, é filho dele. Tem outro João Claudino, tem uma filha e tem outro mais novo, de pendor cultural.

Mas é uma família extraordinária. O João Vicente Claudino chegou há pouco tempo aqui e já conquistou todos, pela maneira simples com que se comporta. Embora seja um dos empresários mais fortes do Brasil, tem maneira simples, irradia simplicidade. Seu Partido, o Partido Trabalhista Brasileiro, com a sua liderança, foi o Partido que mais cresceu no Estado do Piauí. Passou do meu PMDB, por liderança própria dele e uma vocação política extraordinária.

Orgulho-me de ter tido inspiração de tê-lo convidado para que ele fosse meu Secretário de Indústria e Comércio. Com uma visão muito grande, uma visão pública extraordinária, fizemos o maior desenvolvimento industrial do Piauí. Grandes empresas industriais se fixaram nessa época: fábrica de cimento, bicicleta, 27 fábricas de castanhas - antes não havia nenhuma. O parque industrial aumentou em quase 200 unidades, apoiado também pela Sudene.

Então, traduzindo o respeito que o Piauí tem por esse grupo empresarial, queríamos que esta Casa se manifestasse.

Papaléo, o que lamento é o seguinte: enquanto trouxemos aqui o reconhecimento, a valia, o estoicismo dos empresários do Piauí, o Governo do Estado do Piauí...O Mário Couto já desistiu. O Mário Couto vinha aqui, atacava a Governadora, que era a pior violência. O nosso infelizmente é a realidade. O Piauí nunca teve...Eu votei...Ele pensa que mentira...Mentira não leva a nada.

Paim, eu aprendo muito os provérbios, a sabedoria popular. Na Bíblia existem os provérbios. Tem uma máxima que diz, por exemplo: “É mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade.” A verdade vem, a verdade vem. A ignorância é audaciosa. Tem-se que entender as coisas. O mundo passou a ser civilizado quando os filósofos procuraram o logos, que é o saber, a verdade. Daí a grandeza daqueles filósofos da Grécia, que difundiram o saber e que entraram por Roma. O próprio cristianismo não tinha nada a ver mas tem, porque aqueles filósofos, antes de Cristo vir ao mundo, já diziam que tinha que ter um Deus, que era único e que tinha que ter amor. Eles buscavam a verdade.

Então, no Piauí, instalou-se o negócio de mentira, mentira, mentira.

Aí o PIB. O IBGGE dá o PIB e a menor renda per capita. Aí eles mapeiam. Um dinheiro louco. Vão aos jornais e dizem que ele cresceu. Ora, que cresceu, cresceu. Que o Senador Paulo Paim ficou mais velho do que há dez anos, ficou mais velho. Lógico que o PIB iria crescer.

Mas o fato é que passou a ser a menor renda per capita. Tem que crescer. Aumentou o número de gente, a própria inflação. Mas eles colocam que nós crescemos. Crescemos foi uma ova! Passou a ser o menor do Brasil. Não se mapeia, não se engana. Passou a renda per capita. Aí mapeia. Cresceu foi uma ova! É como uma pessoa dizer que ficou mais velha. Ora, ficou porque tem que ficar. Mas passou...

Quando governei o Piauí, eu coloquei a renda per capita acima do Maranhão. E ganhamos do índice do Rio Grande do Norte, de Alagoas, da Bahia. Voltou a ser...

O ENEM. Fazem o exame. Piauí é o Estado. Não tem a verdade, não leva a nada...Piauí é o Estado que tem menos bibliotecas; 78 cidades não têm uma biblioteca.

Senador Paulo Paim, como posso acompanhar essa gente? Ô Luiz Inácio, os aloprados lhe mentem, lhe enganam. Mas foi aí o IBGE: 78 cidades sem uma biblioteca. Pelo amor de Deus!

Ô Ferro Costa, você que já morou lá. Aí eles pegam e fazem os exames e o Piauí tirou o 26º no ensino público. Só ganhamos de Alagoas.

Essa Alagoas tá complicada demais, não é? Não vou nem dizer que é Graças a Deus, mas não tiramos o último, não.

O Enem... Aí, o Piauí tem umas escolas privadas muito boas. Outro dia, o Dom Barreto tirou o primeiro lugar no Enem, uma escola privada. Aí eles pegam e mapeiam junto com as escolas e não dizem que estão no penúltimo, não: “Estamos no vigésimo”. Mas mete no cálculo as escolas privadas, particulares... Eu quero saber é da pública. Tirou foi o penúltimo! Não adianta pagar, dinheiro para a imprensa, para coisa... É besteira... Mentira não leva a nada! Esses filósofos são respeitados - Sócrates, Platão, Aristóteles - porque buscavam a verdade. O mundo era cheio de deuses e eles diziam “não, só pode ter um”. Quando Cristo chegou, eles já tinham atentado que tinha... Daí a difusão do Cristo, porque os romanos buscaram saber grego. Então, Cristo nasceu lá na Palestina, mas quem dominava o mundo naquela época eram os romanos. Então, eles tinham isso. Daí Roma e o Direito romano, que buscavam a verdade, a verdade, a verdade. O próprio Cristo, quando veio depois, disse “em verdade, em verdade, eu vos digo”. O próprio Cristo disse “eu sou a verdade, o caminho e a vida”. E aqui é só mentira, mentira e mentira, ô Guerra! Ôooo... Já encheu! Então, é isso...

Olha, o preço de uma novilha no Piauí é R$280,00. O Piauí tem tradição na pecuária. Lá, nos primórdios do Império, lá na minha cidade, um rico matava mil bois por mês e exportava para o sul do País e para a Europa. Ele era Domingos Dias da Silva, que teve seu filho Simplício Dias da Silva educado lá, tendo convivido com Simon Bolivar, que fez a Batalha do Jenipapo, que expulsou os portugueses que queriam dividir o País.

Então, tinha boi antigo. No sul do Estado, os fazendeiros ricos da Bahia e Pernambuco compravam terras e criavam gados... Guerra, você não tinha fazenda lá no sul do Piauí? E os fazendeiros... Agora a novilha está R$280,00. No Pernambuco e na Bahia é R$600,00; no Paraná, R$800,00. Não pode subsistir, num Estado desse, o criador, aquele homem sério e trabalhador do sul do Estado. Por quê? Por causa da aftosa, que é de risco desconhecido. Esta é a verdade. Mas é a verdade verdadeira.

Então, o seguinte... Aí, o Governador enche o Estado: “Vamos fazer cinco hidrelétricas”. Coloca isso em tudo quanto é jornal e paga televisão... Cinco hidrelétricas... Olha, o homem já está com seis anos, a hidrelétrica que tem lá foi sonhada por Juscelino, terminada por Castelo Branco e César Cals... E falta a eclusa! Aí enche: “Vamos fazer cinco!”. Coloca isso nas páginas dos jornais.

Ferro Costa, todo lugar, todo lugar! É até chato, porque é de baladeira... Piauí tem aeroporto internacional. Um está na minha cidade e o outro em São Raimundo. São dois. O de Brasília quase não tem vôos. Goiás não tem um aeroporto Internacional. O homem coloca logo dois. O da minha cidade não tem nem teco-teco. Sempre teve. Viajei de Aerovias, de Aeronorte, Pan-Air. Existia a Paraense Transportes Aéreo - PTA. E a gente dizia que era “prepara tua alma”, porque de vez em quando caía um. Agora não tem nem teco-teco.

O homem foi outro dia a Buenos Aires, o Governador do PT, bem ali. “Vou botar uma linha Buenos Aires/Parnaíba”. Aí a empresa veio perguntar-me. Eu disse: “Moço, tem de estudar geografia porque, para ir a Buenos Aires... “ Todo mundo sabe. A gente vai para a terra de Paim, Porto Alegre, não é? Lá da cidade de Paim, de Porto Alegre, a gente sai a pé, de bicicleta, de canoa, de trem e chega. É do lado. Ele disse que ia colocar... Encheu tudo que é jornal.

O povo está vivendo às custas de bolsa-família, não está mais estudando, está vivendo à toa, não está mais trabalhando. Eles querem isso mesmo, querem fazer do Nordeste isso. Eles não querem educação, não querem saber. Querem isso mesmo. Agora, eu tenho a coragem de dizer que sou contra, sou contra porque é contra Deus. Não é aquela baboseira do Suplicy. “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Deus mandou trabalhar. Foi uma mensagem aos governantes. Oh, aloprados do PT! Disse o apóstolo Paulo: “Quem não trabalha não merece ganhar para comer”. Agora, dão esse negócio aí, o povo fica à toa, à toa, à toa. O que vai ser dessa gente, com o exemplo dos pais ficando à toa, sem trabalhar, daqui a dez anos? Então, essas coisas... Agora, eu sei como mudar isso. É uma caridade, é uma caridade, eu não estou contra a caridade. Quem não é caridoso de nós? Quando passa um cego, a gente dá, mas é instantânea. Agora, para resolver?

Ô Luiz Inácio, eu fui prefeitinho. Entrega essas bolsas para os Prefeitos, exija que ele e o Governador dêem mais e oriente esse povo com trabalho. O Prefeito tem capacidade para isso, o Prefeito está próximo, conhece, sabe... Eu fui prefeitinho. Não é... Esse organismo daqui não vê, fica ... Mas eu sei, eu sei mais do que o Luiz Inácio, eu fui prefeitinho.

O prefeitinho pegava esse pessoal: “se você é forte e tudo, do campo, vai cuidar do jardim da praça”. Não tem uma praça mais no Piauí, só tem areia. Se a mulher sabia cozinhar: “vá dar duas horas, ser merendeira”. E o trabalho, o trabalho dignifica, é exemplo. Olha, tem o Gonzaguinha: o homem sem trabalho é a honra. Esse cantor, o Fagner, Guerreiro Menino: não mate o homem, sem trabalho ele não tem honra, sem honra ele mata, morre, rouba. E aí ele faz sucesso. Esse povo tem que ser encaminhado a fazer alguma coisa, Luiz Inácio. Está aí à toa, à toa, à toa. É isso. Aí somos campeões. Essa é verdade.

O maior número de bolsas-família é distribuído no Piauí, mas isso deixa as pessoas à toa. Guerra, eu sei mesmo. Vamos sair disputando esse negócio. Eu, Presidente, seria muito melhor do que o Luiz Inácio.

Leiam Juscelino, de Diamantina. Ele disse, na sua biografia, que lá não tinha mais ouro, não tinha mais diamante, não tinha mais nada. Até teve de sair de sua cidade para estudar, sendo filho de professora. Esse foi grande. O pai era tuberculoso e morreu quando Juscelino tinha três anos. A mãe era professorinha, como sabemos, e o Juscelino foi buscar o saber e a sabedoria que valem mais do que ouro e do que prata.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas sabem o que ele disse nas memórias dele? Não tinha ninguém à toa. Até as figuras folclóricas de Diamantina tinham trabalho, faziam qualquer coisa. E o povo está ficando à toa com essas bolsas; ficam à toa, à toa!

Acredito em Deus, no estudo, que leva à sabedoria, e no trabalho, que faz a riqueza. Rui Barbosa, que está ali, disse que a primazia é do trabalho e do trabalhador. Ele vem antes.

Guerra, o Piauí tem dois aeroportos internacionais. O da minha terra não tem mais nem teco-teco e, no de São Raimundo Nonato, o berço do homem primitivo - onde estive, porque fui para ver -, havia dois jumentos na pista. Agorinha, nesta crise, o moço foi à Itália, dizendo que ia buscar um vôo internacional. Mas, aí, vai, vai... Um porto que começou com Epitácio Pessoa, bota emenda lá: ZPE, a estrada de ferro central do Piauí. Eu vi, há dois anos, na campanha, quando você foi lá, aí foi o Luiz Inácio, foram o Governador do PT, o Prefeito de Parnaíba e o engenheiro Alberto Silva, que é homem de bem, mas o enganaram. Mas quem está livre de ser enganado? Quem é que está livre de ser enganado? Homem de 90 anos, era meu Senador. “Em 60 dias, estarão os trens de Parnaíba para Luís Correia, 15 quilômetros; em 4 meses, Parnaíba a Teresina.” Não trocaram nem um dormente. Dormente é aquela madeira para segurar o trilho. Só conversa. Só mentira, mentira e mentira.

Cinco hidrelétricas. Há uma que está incompleta. Não fizeram a eclusa; então, não há navegabilidade. E podia haver navegabilidade no rio Parnaíba, no sul. Mas, de mentira em mentira, eles vão levando.

Agora, eu queria dar um ensino para essa gente: Abraham Lincoln.

Ô Ferro Costa - está ali o jornalista e psicólogo Ferro Costa -, ô Guerra, quantos livros vocês já leram do Abraham Lincoln? Eu já li uns 50, desde menino. Ele diz assim: “Você pode enganar poucos por muito tempo, muitos por pouco tempo, mas você não pode enganar todo mundo todo o tempo”. Chega!

E agora é o seguinte: não existe estrada de ferro, tudo por que lutávamos, vamos dizer, como a refinaria em Paulistana, que é eqüidistante; que seria introduzir um instrumento de desenvolvimento lá, que é eqüidistante das capitais do Norte e do Nordeste. Há essa tese. Mas as mentiras...

Aí, vem o diabo da verdade, e é nesse negócio que ele se lasca! Folha de S. Paulo: “Piauí lidera e tem 54 cidades sem médicos”. Isso é incompetência!

Vão eleger do PT, vão. Eu votei, em 94. Vão, que vocês se lascam todos!

Olhe aqui, isto é a Folha de S.Paulo: “O Brasil tem 455 cidades sem médicos”, diz a Organização Mundial da Saúde. O Piauí, é o campeão. O Piauí, do PT. Está aqui: o Piauí tem 54 dessas mais de 400 cidades!

Eu me lembro de quando governou o Estado, há muito tempo, Dirceu Arcoverde. Fui eleito Deputado estadual e ele, Senador da República. Ele morreu no primeiro discurso, Senador Dirceu Arcoverde. Aqui. Por isso eu discurso aqui. Ele era Governador, e eu entrei só para ajudá-lo. Eu não queria ser Deputado, nunca desejei isso, porque eu era muito feliz, como cirurgião. Assim como Pelé fazia gols, eu fazia operações. Mas fui para ajudar. O interessante é que, no primeiro discurso, defendendo o governo da revolução, ele morreu nesta tribuna. Dirceu Arcoverde, viu, Papaléo? Olhem o destino: no primeiro discurso, ele morreu aqui. Você conheceu Dirceu Arcoverde? Irmão do Waldir Arcoverde.

Interessante é que eu votei nesse negócio do Figueiredo. Eu era delegado naquele tempo do Petrônio, menino. E eu estava lá naquele salão preto, ainda era novinho, viu, Guerra? Estava tomando um uisquezinho, tomando um uísque, que é bom, né? Tiragosto... Aí esse que era o Governador saiu de lá e entrou aqui. Eu o acompanhei, eram mais ou menos nove horas da noite. Ele parou, olhou isto o plenário, que é bonito, e subiu aqui, Ferro Costa. Aí, voltou: “Mão Santa, esse Juscelino era um doido, né?”. E foi ler aquela frase de Juscelino que está ali.

Mas esse homem tinha sido Governador do Estado, viu, Papaléo?

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Guerra, esse Dirceu, quando Governador - estou falando dele porque ele fez esse projeto -, propôs colocar um médico em cada cidade.

É lógico! Chama-se o Governador, o Prefeito, o Governo, e dá condições para o médico. Estou dizendo que isso é fácil, mas este Governo é incompetente. O Dirceu botou. Ele chamou, e falei do Dirceu para contar isso. Ele foi Governador e, em 76, 78, ele se candidatou a Senador.

Então, isso já foi feito! Um homem de sensibilidade, entendeu, Ferro Costa? Ele chamava de “interiorização da Medicina”.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Trinta e três minutos está bom, Presidente. Agora vou acabar seguindo o seu comando

Então, o Dirceu botou isso aqui, em 74. Todas as cidades tinham um médico. Ô Governador! Ele chamou e viu que não podia ser. Aí, chamava o Prefeito - ele, Governador - e dava condições.

Estou dizendo que isso é simples. O Piauí já teve grandiosos Governadores, aquele Estado. Agora voltou a esse caos, viu, Papaléo? Entendeu, quando você for Governador, como é que bota médico?

E estão aqui as cidades, para não dizerem que é coisa minha.

O jornal Folha de S. Paulo botou: Alagoinha do Piauí, Alegrete do Piauí, Alvorada do Gurguéia, Aroeiras do Itaim, Bela Vista do Piauí, Bonfim do Piauí, Cabeceiras do Piauí, Cajazeiras do Piauí, Cajueiro da Praia, Campo Alegre do Fidalgo, Caridade do Piauí, Cocal de Telha, Colônia do Piauí, Coronel José Dias, Eliseu Martins, Floresta do Piauí, Francisco Macedo, Geminiano, Jatobá do Piauí, Jerumenha, João Costa, Lagoinha do Piauí, Lagoa do Barro do Piauí, Lagoa de São Francisco, Madeiro, Miguel Leão, Milton Brandão, Nazaré do Piauí, Nossa Senhora de Nazaré, Novo Santo Antônio, Paes Landim, Palmeira do Piauí, Paquetá, Pau D'Arco do Piauí, Nova Santa Rita, Santa Cruz dos Milagres, Santana do Piauí, Santa Rosa do Piauí, Santo Antônio dos Milagres, Santo Inácio do Piauí, São José do Divino, São José do Piauí, São Luis do Piauí, São Miguel da Baixa Grande, São Miguel do Fidalgo, Sussuapara, Tamboril do Piauí, Tanque do Piauí, Várzea Branca, Vera Mendes, Vila Nova do Piauí.

É que resida, é médico residente. Não é médico que passa pela cidade, não.

Esse levantamento foi feito pela Universidade de Minas Gerais e a Organização Mundial de Saúde.

Isso é uma vergonha! Essas aqui são cidades sem médico. Está aqui. Nós ganhamos de novo; as manchetes estão aqui. Aí, ele manda percorrer: “Veja a relação das cidades sem médico”.

Agora, essa é pior, Papaléo. Pior ainda, Papaléo. O seguinte: Estado com seca. A turma morrendo d’água... Falta de água tem lá no seu Amapá? Papaléo: falta de água. Sabe o que diz lá o Governo da mentira? “Vamos descobrir petróleo no Delta”. E o povo morrendo de falta de água! E os jornais, a televisão, a Internet, tudo pago, diziam: “petróleo no pré-sal, no Delta”. Iludem o pessoal. Vão levando, vão mentindo!

O Shakespeare dizia, na Dinamarca: “palavras, palavras, palavras”. Disse: “Há algo de podre no reino da Dinamarca” e “É melhor ser um mendigo em Nápoles do que ser rei no reino da Dinamarca”. Se fosse agora, no Piauí, diria: “Aqui, não há algo de podre, não! Está tudo podre”. É o povo morrendo de sede, e eles dizendo “há petróleo, petróleo...”

Estão aqui as cidades. “Municípios decretam estado de emergência”. Lá, estão com sede. E enchem as páginas dos jornais com o ridículo da mentira de que vai haver petróleo lá! O povo quer é água! O carro-pipa, mas não tem, não.

Está aqui, estado de emergência: “68 os Municípios que decretaram estado de emergência”. Sessenta e oito!

A Bíblia, Papaléo: “Dai de beber a quem tem sede”.

É isso! Governar é fácil. Mas eles estão na onda de que existe petróleo, do pré-sal. E o povo? Estão aqui os Municípios que decretaram estado de emergência. Sem água! O Governo diz que dá água, mas ninguém quer transportar para o Governo, porque ele não paga! O Governo não paga aos velhinhos, não paga nada, nem aos aposentados.

Olhem aqui as cidades que estão sem água. No Jornal Meio Norte, de sexta-feira, está aqui um monte de cidades sem água. Mas eles enchem as páginas dos jornais, da imprensa, dizendo “vamos ter petróleo no pré-sal”, e vão levando na mentira, na ilusão, na fantasia, como disseram que ia haver cinco hidrelétricas, dois aeroportos internacionais, ferrovias. Agora, é petróleo. Olhem as cidades que choram por água:

Municípios que decretaram estado de emergência

Acauã, Alagoinha do Piauí, Alegrete do Piauí, Amarante, Anísio de Abreu, Aroases, Assunção do Piauí, Bela Vista do Piauí, Belém do Piauí, Betânia do Piauí, Bonfim do Piauí, Caldeirão Grande do Piauí, Canto do Buriti, Campinas do Piauí, Campo Alegre do Fidalgo, Campo Grande do Piauí, Caridade do Piauí, Colônia do Piauí, Conceição do Canidé, Coronel José Dias, Curral Novo do Piauí, Dirceu Arcoverde, Flores do Piauí, Floresta do Piauí, Francisco Macedo, Fronteiras, Guaribas, Ipiranga do Piauí, Inhuma, Isaías Coelho, Itaueira, Jacobina do Piauí, Jaicós, Júlio Borges, Lagoa do Barro do Piauí, Luís Correia, Marcolândia, Massapê do Piauí, Monsenhor Hipólito, Nova Santa Rita, Oeiras, Padre Marcos, Pajeú do Piauí, Patos do Piauí, Paulistana, Pavussu, Pedro Laurentino, Picos, Pio IX, Queimada Nova, Rio Grande do Piauí, Santa Rosa do Piauí, Santo Inácio do Piauí, São Braz do Piauí, São Francisco de Assis do Piauí, São João da Varjota, São João do Piauí, São Julião, São Raimundo Nonato, Simões, Simplício Mendes, Tamboril do Piauí, Tanque do Piauí, Vila Nova do Piauí, São Miguel do Tapuí, Santa Cruz do Piauí, Santana do Piauí e Wall Ferraz.

         Isso aqui é para ver a “desgraceira”. São cidades e cidades a que o Governo não dá água para beber. O povo está sedento. E o Governo vive de mídia, de mentira, de enganação. Luiz Inácio, essa é a verdade!

Eu me lembro da frase do general Oregon, do México, de que é melhor um adversário que traga a verdade do que um aliado - aloprado - que traz a mentira.

         Esse é um apelo que faço a Sua Excelência o Presidente da República, ao Ministro Geddel, que é um extraordinário Ministro, para resolver esse problema da saúde, como ao meu Ministro Temporão, para ajudar esse povo. Não pode haver tanto necessidade de água como de assistência à saúde. E o Piauí só está aparecendo assim nas manchetes dos jornais do sul.

Mas, Papaléo, Ernest Hemingway disse que a maior estupidez é perder a esperança. Então, nós temos a esperança de que o Presidente da República, na sua generosidade, resolva esses problemas.

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