Discurso durante a 223ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos dez anos de atuação da Confederação Nacional dos Jovens Empresários - CONAJE.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. HOMENAGEM. ECONOMIA NACIONAL.:
  • Comemoração dos dez anos de atuação da Confederação Nacional dos Jovens Empresários - CONAJE.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2008 - Página 47661
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. HOMENAGEM. ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • ANALISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, AVALIAÇÃO, EVOLUÇÃO, CAPITALISMO, FUNÇÃO, POLITICA, AMPLIAÇÃO, DIRETRIZ, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO.
  • GRAVIDADE, INFERIORIDADE, DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), NECESSIDADE, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, EMANCIPAÇÃO, FAMILIA, CIDADÃO, COMBATE, DEPENDENCIA, PROGRAMA ASSISTENCIAL.
  • HOMENAGEM, JUVENTUDE, EMPENHO, TRABALHO, EMPRESARIO, ANIVERSARIO, CONFEDERAÇÃO, SETOR, COMPROMISSO, BEM ESTAR SOCIAL, ETICA, CIDADANIA, INICIATIVA, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, REGISTRO, HISTORIA, ENTIDADE, EXPECTATIVA, ORGANIZAÇÃO, ASSOCIAÇÕES, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores convidados, senhoras e senhores jovens empresários agrupados na Conaje, desejo manifestar, com muita clareza, aqui, que cada um tem o direito de expor a sua visão sobre essa crise, que, embora seja a mais avassaladora desde o crash de 1929, ao mesmo tempo, serve para testar a força e a capacidade do sistema capitalista de produção de enfrentar e vencer as crises. Não é à toa que, diferentemente do socialismo real, sobreviveu; não é à toa que encontra fórmulas de gerar mais riquezas em qualquer tempo do que, em qualquer tempo, qualquer outro sistema econômico. Esse é um fato. Diz isso alguém que, na juventude, foi socialista; na juventude acreditou - e não se arrepende disso - na generosidade da idéia de uma sociedade absolutamente igual para todos. E hoje me limito, sem perder o senso da utopia, a querer uma sociedade que ofereça mais oportunidades para todos disputarem, com igualdade de condições, os seus espaços na vida; todavia, não acredito que o fim das pessoas seja a igualdade entre elas, senão a seleção brasileira não seria de onze jogadores, seria de 1.110. Uns se destacam, outros, não.

E, então, entendo que a capacidade que tem o capitalismo de se reciclar, de sobreviver foi testada em diversas crises. E, a cada 50, a cada 60 anos, aparece uma crise dessas, de tipo cíclico, mais forte. E esta está sendo enfrentada e vai ser vencida de novo. Não consigo entender que alguém possa supor que, depois disso, volta o Brejnev. Não volta nem o Brejnev neto; não volta nem o Brejnev bisneto. Não volta. Nós vamos daqui para frente.

O objetivo de quem faz política com sensibilidade é humanizar o sistema que aí está e que tem uma capacidade de durar que surpreendeu todos os analistas de qualquer tempo da economia mundial. Humanizar o sistema, sim. Por isso, a idéia da socialdemocracia; por isso, outras idéias; por isso, a certeza que temos de que riqueza deve ser distribuída, e o primeiro passo para se distribuir riqueza para valer é investir fundamente em educação.

Eu acredito muito mais em investimento maciço em educação, como fez a Coréia, que tinha menor renda per capita do que o Brasil, há 30 anos, e que hoje tem uma renda per capita bem superior à do Brasil. Investiu fundamente em educação, coisa que nós não fazemos até hoje.

Meu Estado amarga a vergonha de ser o pior no IDF - Índice de Desenvolvimento Familiar, apesar da pujança do Pólo Industrial de Manaus. Há razões internas e intrínsecas da má gestão, que explicam a falência educacional no meu Estado, um Estado que é o antepenúltimo no Enem. Não é cabível que aquele que o nono em renda per capita seja o antepenúltimo no Enem; aquele que é o 14º em arrecadação no País, sendo um dos menos populosos, seja o último em desenvolvimento familiar.

Investir em educação é muito mais forte do que qualquer perspectiva de política social compensatória. Eu não sou contra políticas sociais compensatórias, sou a favor delas. Elas nasceram no Governo do qual fui Líder e Ministro, e elas foram aprofundadas, muito bem trabalhadas no Governo atual. Agora, elas têm de parar um dia. Nós temos de dizer: muito bem, mas um país que fique 50 anos com políticas compensatórias é porque fracassou, é porque não deu certo, é porque transformou cidadãos em clientes do Estado. Eu não quero isso. Quero políticas que emancipem aquelas famílias e aqueles cidadãos, para que possam ajudar outros carentes, para que, um dia, não haja mais ninguém nesse nível mínimo de subsistência no País.

Essa é a minha utopia. A minha utopia não é, sinceramente, reerguer o Muro. O Muro caiu, desabou, e a coisa mais bonita que ficou ali foi a música do Pink Floyd, que é imortal e virou um clássico nos ouvidos de pessoas de qualquer idade, da minha geração e da geração de vocês, jovens empreendedores.

Digo a vocês, empreendedores, que a Conaje (Confederação Nacional dos Jovens Empresários) é uma entidade comprometida com o bem-estar da sociedade, com a ética, com a cidadania, com a livre-iniciativa, em busca do aprimoramento contínuo de nossa Nação.

A entidade pretende também reunir empreendedores de diversos Estados brasileiros, com o objetivo de articular e divulgar práticas que fortaleçam a disseminação de novos e sólidos negócios no País.

Mais de 20 mil jovens empresários brasileiros se fazem representar hoje pela Conaje, composta de integrantes de um forte movimento nacional, que nasce legitimamente nos Municípios.

A partir de 1992, passaram esses empreendedores a se reunir no Fórum Nacional de Jovens Lideranças Empresariais.

Em 1998, decidiram criar a Confederação Nacional dos Jovens Empresários, constituída formalmente a partir de 2000, e, desde essa data, vêm adaptando, aperfeiçoando, a cada ano, seus objetivos e formas de representação municipais e estaduais.

A entidade, atualmente, é responsável por estimular o empreendedorismo entre jovens brasileiros, seja por meio da orientação e capacitação profissional, promovida durante os eventos estaduais, seja por meio de sua representação política, com ações destinadas a fortalecer a criação de novas empresas, beneficiando-se igualmente as já existentes no País, sobretudo aquelas geridas por jovens.

Meu Estado, o Amazonas, ainda não organizou a sua AJE local. Entrarei em contato com segmentos empresariais, com o Sebrae e com jovens empreendedores de Manaus e do interior.

O Senador Flexa Ribeiro, aliás, acaba de precisamente contatar os representantes da Conaje do Pará, para que promovam, com o vizinho Estado do Amazonas, essa interação. Ele e eu estaremos - ele, pelo Pará; eu, pelo Amazonas - visando a que, na próxima reunião, o Amazonas aqui já se faça representado, porque existem empreendedores jovens no meu Estado, sim. Existe muita gente que consegue viver o século XXI, que não é mais o século da mera busca por um emprego público, que garanta uma aposentadoria, mas da busca do lucro legítimo, com o imposto pago corretamente, com o risco assumido e com a perspectiva de fazer fortunas. Se Deus quiser, sim, fortuna legítima. Não a fortuna dos larápios do dinheiro público: a fortuna de quem trabalha, de quem sua a camisa; a fortuna de quem gera emprego; a fortuna de quem tem ambição legítima de construir um País melhor e mais justo pela ângulo da inserção por cima do sistema capitalista mundial.

Muito bem, o Brasil precisa integrar-se inteiramente também por aí. A grandeza presente e o futuro magnífico do Amazonas me autorizam a dizer que não cabe perdurar essa omissão.

Eu gostaria de dizer algumas coisas. Primeiro, que acredito que de vocês pode nascer uma pauta de exportações muito forte, com tecnologia avançada, com presença significativa na balança comercial do País, com presença significativa na inovação. E o Brasil precisa fortemente de investimento em inovação, e ninguém melhor para inovar do que quem tem a cabeça fresca e toda uma vida pela frente, para errar, para acertar, para cair, para levantar. Isso se encarna em ninguém como se encarna na figura do jovem empreendedor. Eu louvo a iniciativa do meu querido colega de bancada e de partido, Senador Marconi Perillo, que foi o autor do requerimento que motivou essa sessão tão importante.

Tenho uma reunião de líderes com o Presidente Garibaldi Alves, e eu estou atrasado para ela, mas não poderia deixar de dizer o quão realmente importante é para a economia real deste País nós estimularmos o empreendedorismo jovem.

E mais: o Marconi Perillo, como Governador de Goiás - eu fui testemunha ocular disto porque vivi de perto o seu Governo - estabeleceu, a partir do Banco do Povo, aquele que deu certo, porque teve um outro, federal, que não deu, o que deu foi escândalo, escândalo denunciado por mim; o dele não deu escândalo, o dele deu foi microcrédito, gerando a possibilidade de empresas nascerem, empresas que estão hoje vigorosamente postas na realidade econômica do Estado de Goiás.

Também quero citar o exemplo do Estado do Ceará, que eu ia referir, mas aqui já foi referido pelo Senador Tasso Jereissati, que fez uma revolução fiscal no seu Estado. O Tasso trabalhou responsabilidade fiscal quando ainda não havia Lei de Responsabilidade Fiscal. Trabalhou a idéia de que se gaste menos do que se arrecada, quando as pessoas diziam, alguns diziam, que tinha que gastar o máximo, que o importante era endividar e deixar para o outro pagar e fazer o máximo de obras, como se aquilo fosse a expressão do desenvolvimento real, quando, na verdade, estavam plantando a crise que impediria o crescimento real a taxas altas neste País.

E, portanto, dizer a vocês que me sinto muito reconfortado de saber que, organizadamente, 20 mil jovens empresários pensam no futuro, nos seus futuros e no futuro do País. Se alguém disser que não pensa no seu próprio futuro, desconfio da sanidade dessa pessoa. É preciso dizer, sim, que o altruísmo está em pensar muito no País, primeiro no País, também no País, mas pensar em si próprio.

Então, tudo o que desejo aos jovens empresários que começam com pequenas empresas - alguns já não são detentores de empresas tão pequenas assim - é que prosperem, que floresçam, que enriqueçam segundo as regras que estão postas aí, pagando seus impostos, gerando emprego, incorporando tecnologias novas, e procurem fazer crescer, dando vazão às suas ambições legítimas, os seus sonhos e as suas empresas.

Não entendo que devamos ainda continuar com aquela visão pecaminosa de que o lucro é ruim, de que acumular riqueza com decência é pecado, de que, se alguém fez um bom negócio, então deve colocar espinho na sandália para ficar com o pé todo ferido. Eu não consigo achar que isso seja correto. O correto é entendermos que este País encontrará o seu lugar ao sol se ele souber gerar riqueza. E nós temos de ser legisladores justos para criar mecanismos a fim de que essa riqueza seja bem distribuída por uma sociedade que, primeiro de tudo, tem de ser muito bem educada para poder usufruir as benesses da riqueza que seremos capazes de gerar.

A revolução da educação, a revolução do empreendedorismo e muita prosperidade para vocês é tudo o que eu desejo para o meu País.

Muito obrigado.

Era o que eu tinha a dizer. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2008 - Página 47661