Discurso durante a 226ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa do lançamento de um nome do PMDB como candidato à Presidência do Senado.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. SENADO.:
  • Defesa do lançamento de um nome do PMDB como candidato à Presidência do Senado.
Publicação
Publicação no DSF de 29/11/2008 - Página 48488
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, DEMOCRACIA, PODERES CONSTITUCIONAIS, BRASIL, ATUAÇÃO, ASSEMBLEIA CONSTITUINTE, SISTEMA DE GOVERNO, PRESIDENCIALISMO, QUESTIONAMENTO, REELEIÇÃO, EXCESSO, PODER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NOMEAÇÃO, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).
  • DEFESA, REFORÇO, POLITICA PARTIDARIA, LEGISLATIVO.
  • IMPORTANCIA, DIVISÃO, CARGO EFETIVO, MESA DIRETORA, COMISSÕES, SENADO, CRITERIOS, MAIORIA, MEMBROS, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, DIREITOS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), TITULAR, PRESIDENCIA, CONGRESSO NACIONAL, RESPEITO, TRADIÇÃO, PROTESTO, INTERFERENCIA, EXECUTIVO, COMENTARIO, REUNIÃO, BANCADA, ANALISE PREVIA, INDICAÇÃO, SENADOR.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão de sexta-feira, do Senado da República; Parlamentares presentes; brasileiras e brasileiros presentes no plenário e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado; Marco Maciel, o homem é um animal político.

Sócrates - ô Ferro Costa - Sócrates não escreveu nada, só fez pensar. Platão escreveu por ele, Geraldo, escreveu e fez escola: Academus, a primeira escola. Ô Figueiredo, aí a escola propagou os ensinamentos de Sócrates. Depois, o discípulo de Platão, Aristóteles, Paim, ele fez os Liceu, que chegaram até aqui. Ô Gilvam Borges. E lá naquele tempo tinha um programa educacional: a Paidéia. Se fosse lá no Nordeste, a gente chamaria de programa pai d’égua, porque pai d’égua é bom, é eficiente. Eu não sei se esse termo tem lá no nosso Amapá.

Então, eu sei que esse homem é um animal político. Aí começou a democracia, que foi para a Itália. E os romanos tiveram essa sabedoria. Exemplo maior é o maior líder romano do cristianismo. Foi judeu. Nasceu cidadão romano, militar, mas de cultura grega. Daí a grandeza.

Os romanos souberam incorporar, Marco Maciel, a sabedoria da Grécia. Atentai bem! E a democracia vai, vai indo. E os romanos fizeram o direito romano. Está aí o Marco Maciel, que é jurista.

Em Roma, houve aquele Senador que, quando falava, dizia: “O Senado e o povo de Roma”, Cícero, que, numa das suas inspirações, ô Geraldo Mesquita, disse o que é muito apropriado para os dias de hoje: Pares cum paribus facillime congregantur - “Violência gera violência”. Podem dizer aí, ó Ferro Costa: O Mão Santa está com um negócio antigo e velho, e eu respondo: antigo e velho é o pai-nosso e a ave-maria, e todo dia o nosso Marco Maciel balbucia e se transporta aos céus.

Então, são essas sabedorias que eu quero trazer. Aí, a democracia adentra na própria Itália, que faz o Renascimento; o homem acredita em Deus, mas no trabalho, e veio aquela geração que acreditou no trabalho: Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Rafael, Maquiavel, Dante Alighieri, que mudaram o mundo, e o mundo renasceu do saber.

As grandes invenções, a bússola, e aí, sim, começou a globalização - não de agora, a imprensa - a pólvora, e adentra a evolução para a França, quando o povo, o artífice de tudo e que decide tudo, vai às ruas e grita: “liberdade, igualdade, fraternidade”. Caem todos os reis, divide-se o absolutismo; vem a alternância do poder, e para isso é necessário o instrumento, ô Geraldo Mesquita, o partido. Isso tudo eu aprendi no livro que Geraldo Mesquita publicou: Iniciação dos Fundamentos da Arte Política. Não é esse o nome, Geraldo? Olha aí, andei lendo.

Aí, chegamos às civilizações do trabalho, à Inglaterra que deu a industrialização e dá um grande ensinamento a nós políticos, ó Marco Maciel. Esses meninos querem enganar a gente. Aqui não é casa de otário, não. Aqui é o Senado da República. Somos os seguidores de Rui Barbosa.

Não tem nada a ver num regime bicameral uma Câmara com a outra. A Inglaterra dá o exemplo, a Casa dos Lordes, são os tradicionais, os cultos, escolhidos de uma maneira, e a Câmara dos Comuns, de onde saiu Tony Blair.

Não tem nada a ver. E uns otários, palhaços - a ignorância é audaciosa - querem vincular a eleição de Presidente do Senado com a Câmara. Que ignorância! Nunca teve nada a ver. Paim, com todo o respeito à Câmara - só a sua passagem por lá -, mas que não tem nada a ver. Marco Maciel foi Presidente da Câmara e não veio se socorrer aqui. Nunca teve nada a ver e não tem em lugar nenhum.

Isso é um regime bicameral. Dei o exemplo da Inglaterra. E aqui nesta Casa venho interpretando os melhores sentimentos. Imagino Montesquieu, companheiro de Rui Barbosa, que acreditava no Direito, na divisão do poder. E que esses poderes fossem eqüipotentes, iguais, harmônicos, um olhando para o outro, um freando o outro. É isso.

Mitterrand - onde nasceu a democracia - moribundo, deixou uma mensagem aos governantes: “fortalecer os contrapoderes”.Marco Maciel, no mundo em que nós vivemos, e hoje no nosso Brasil, o Executivo está hipertrofiado. Não é culpa do Luiz Inácio. É porque os constituintes bons e capazes... V. Exª, Marco Maciel, foi constituinte?

O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Em 1988.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é, desde 1988. Lógico! Antes disso, nas outros, você não tinha nem nascido.

E o Paim, também foi?

Gilvam, você foi constituinte?

Olha aí, homens sábios. Não precisaria buscar Afonso Arinos, Ulysses Guimarães. Eu, Mário Covas.

Então, o Constituinte, atendendo aos sentimentos do Brasil e do povo, que era presidencialista, confirmado no plebiscito de João Goulart e no plebiscito recente, entregou ao Presidente da República um poder exagerado hoje. Mas, naquele instante, o constituinte agiu bem.

“O homem é o homem e suas circunstâncias” - Ortega y Gasset.

Atentai bem, Geraldo Mesquita, o sentimento do povo brasileiro era o presidencialismo. Então, os constituintes deram um poder que não tem, de o Presidente da República nomear graciosamente a Corte Suprema da Justiça, o STF. Isso não existe. Mas deram. Foi bem dado. Mas os constituintes não erraram, porque aquela Constituição previa um governo de quatro anos.

Mudou-se para reeleição. É uma interrogação. O tempo dirá. Em alguns países dá certo, e aqui nós estamos vivendo. Mudou-se. Então, de repente, quem é reeleito está nomeando quase toda a casa da Corte Suprema, do Supremo Tribunal Federal. Luiz Inácio já vai para o oitavo. É lógico, eu não o estou culpando de botar os seus, botar primeiro os seus. Ele tem nomeado gente com carteirinha do PT de mais de vinte anos. Eu falo porque eu sou autoridade, eu sou médico, eu sei Psicologia.

Tu não tiras, Marco Maciel, aqueles de carteirinha do PT que estão lá. Raciocinar, pensar, torcer e votar pelo PT. Não tira.

É como time de futebol, eu sou Fluminense e quero que o Vasco e o Flamengo se explodam. Quem é Internacional não quer ver o Grêmio de jeito nenhum. Vocês não têm lá Grêmio e Internacional?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - A não ser o Senador Paim, porque, como eu sou Caxias, eu sou defensor do Grêmio e do Inter e do Caxias, é claro! Quando o Caxias não está eu....

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Este Paim é mais sabido. Mas se ele empatar aqui comigo, vai dar uma chapa boa: Paim, Presidente - o Obama nosso - e eu ia ser o vice-Presidente seu.

Marco Maciel, você já fez estádio de futebol? Eu fiz e não botei o nome de Mão Santa. Quando eu viajei, um vereador que assumiu a Câmara botou, e, quando eu cheguei, o nome estava dado. Quem inaugurou o novo foi o Parnaíba com um time do Maranhão, O Maranhão Atlético.

         Dois times da minha cidade participavam do campeonato piauiense. Está ouvindo, Gilvam Borges? Então, o cão atentou e, quando vi, os dois estavam disputando: dois da Parnaíba. E o povo disse: “E o Mão Santa? Como ele vai se sair? Todo jogo, ele vem”.

           Era o Paissandu contra o River, Paissandu contra Campo Maior, Parnaíba. Era fácil. Então disseram: “Dois! Como ele vai se sair dessa no estádio?

           Eram os dois lá: Parnaíba e Paissandu. E a turma: “E agora? E a expectativa: “Como ele irá?”

         Não teve conversa. Cheguei às quatro horas de mãos dadas com Adalgiza, ela com a camisa do Parnaíba e eu com a do Paissandu. É igual ao Paim e a esta saída dele, que disse que é do Caxias e do Grêmio para ganhar voto das duas torcidas.

           Geraldo Mesquita, então, viu-se que, para fazer essa política, eu teria de buscar Winston Churchill, o maior herói da nossa humanidade, que tem muito a ver com o nosso estilo de vida, Marco Maciel. Ele ganhou a guerra, a imprensa, Ferro Costa, chegou lá... Ele disse uma frase. Sabe qual foi, Geraldo?

“Casei-me e tudo foi fácil”.

Ouviu, Marco Maciel? Vá agradecer a sua esposa.

“Casei-me e tudo foi fácil”.

           Mostrou a tranqüilidade.

           Mas esse Winston Churchill disse que, apesar das confusões, ninguém presenciou mais confusão do que ele. Ô, Ferro Costa, porque ele foi a duas Guerras Mundiais: a primeira como jornalista e a segunda venceu - comandante. Aquela em que ele disse: “Aos ingleses, não tenho nada a vos oferecer, senão trabalho, sangue, suor e lágrima.”

Mas Winston Churchill, que viu tanta confusão, Geraldo Mesquita, disse que não conhece, apesar das dificuldades e das complicações, regime melhor do que a democracia.

Pois é essa democracia que nós queremos salvaguardar aqui. E, para isso, o mundo, a História diz que precisa haver partidos. Não tem campeonato de futebol sem time, não há democracia sem partidos.

E o meu partido tornou-se um partido responsável pela democracia. “És eternamente responsável pelo que cativas”. O PMDB, na sua luta histórica, cativou o povo do Brasil. “És eternamente responsável pelo que cativas”. Não sou eu que digo, mas Antoine Saint-Exupéry*. O PMDB cativou, e cativou com Ulysses, cativou com Tancredo, que se imolou, cativou com Juscelino, com Teotônio, com Ramez Tebet, cativou. Então, esse partido está aqui.

Marco Maciel, V. Exª simboliza o Senado. E vou dizer o seguinte: o Executivo é muito forte, porque tem muito dinheiro, tem o BNDES, que tem muito dinheiro, faz o que quer, tem a Caixa Econômica que dá dinheiro até para quem não precisa, para Petrobras, tem o Banco do Brasil, e o Luiz Inácio teve essa consagração popular, que ninguém vai negar. E ele ficou mais forte ainda porque já vai para a oitava nomeação do STF, decorrente de um erro nosso, que precisamos que rever. Eu falo aqui como pai da Pátria.

Ele já está muito forte. E o Judiciário também é muito forte porque cassa, porque pune, porque multa. Tem essas coisas, porque... interpreta a Constituição. O que nós temos? Aquilo que Teotônio Vilela, moribundo, disse: “Falar resistindo e resistir falando”. É isto: leis boas e justas estão atrapalhadas... Está aí o Paim querendo fazer nascer uma lei, opa, há cinco anos... Uma criança nasce em nove meses, e fiz muito parto. Olha, eu passava uma noite e nascia um bocado de menino em uma maternidade. A lei do Paim, eu já passei aqui muitas noites acordado e nada. Então, leis boas e justas...

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Terça-feira teremos outra.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Outra. Passei a minha vida, Geraldo Mesquita, dando plantão em pronto-socorro; agora, o Paim... É o meu destino dar plantão, no fim da vida, dar plantão aqui. Mas estou com vocês. Cirineu. Estaremos aqui na terça-feira. Mas, e aqui temos que salvaguardar...

Marco Maciel, atentai bem que vou dar minha opinião.

Não podemos estar brigando, não.

Gilvam Borges, V. Exª é um estadista, é um sábio. A união faz a força. Está lá a Bíblia que diz: um filho que desgarrar... “Meu filho, pegue um feixe de lenha. Ah, está aí. Quebre.” Não quebra.

Somos o Poder mais fraco: um, por dinheiro; outro, por outra razão, e aqui a gente é bombardeado. Mas nós somos povo. Nós é que temos a representação popular. Não é o Judiciário, não. Temos mais votos que o Luiz Inácio. Atentai bem a grandeza da democracia.

Já somei aqui, gente dá de chinelo nele: ele tem 60 milhões; temos mais de 80 milhões, acho que 100 milhões de votos se somarmos. Nós somos o povo. Ô Luiz Inácio, somos filhos da democracia, do povo e do voto.

Mas vamos nos quebrar: vamos brigar para o negócio do Tribunal de Contas da União, vamos brigar pela Mesa, vamos brigar pelas Comissões. Eles querem é isso. Eles querem é isso. Eles querem é isso. Mas tradição é cultura.

Olha, todo os dias eu como molho inglês, Geraldo Mesquita. Não como sem isso porque o papai comia. Isso é que é cultura. Meu pai gostava do molho inglês. Ele era gordinho como o Paim e dizia: coloque aí, nem sei se isso presta e faz bem, mas o papai... Isso é cultura.

Então, aqui tem uma cultura, uma tradição. Esses homens que nos antecederam - só vou citar o Rui Barbosa - não eram otários, Geraldo Mesquita.

Ô Marco Maciel, ele dizia que aqui tem que haver união, tem que haver a divisão das Mesas, há muito, há muito, pela cultura que nestes 183 anos. É harmônico, a maior bancada dá a Presidência. Aí se dividem proporcionalmente os números, pacificamente. Entendo isso. E entendo bem, tanto é que já pedi os votos de todos, para quem eu não pedi? Até para o Zezinho já pedi para pedir aos amigos, porque o PMDB tem dois lugares; e, humildemente, estou pedindo o mais humilde, a 2ª Secretaria do Camata, porque isso está na sabedoria, na harmonia. Mas a Presidência é do PMDB, isso é histórico.

Se formos brigar por cargos em uma eleição aqui, por cada Comissão, que já é uma eleição, por indicação, vamos nos esfrangalhar. E é isto que o Executivo quer, é isto que ele está mandando: boicotar essa tradição e essa história. É isso.

E quero dizer: defendi esta tradição, porque o PMDB é majoritário. Se fosse o Democratas, seria ele. Aqui há esta tradição que não se quebra. Não venham com esses negócios maquiavélicos para cima de mim, pois estão a serviço do mal, estão a serviço de desmoralizar isso aqui. É isso que o Executivo quer.

Vou lhe dar um exemplo que sempre segui. Esse José Alencar não é gente boa? Não é um homem decente? Ele foi Senador, foi se candidatar. Sabe quantos votos ele teve? Um. Só o dele, porque esta Casa é de acordo, esta Casa é de tradição, esta Casa é de entendimento, e nós não somos burros, não. Esse negócio de candidatura alienígena que Luiz Inácio... Inácio é o meu Presidente, é o nosso Presidente. Votei nele em 1994 e não votei mais. Mas aqui, não. Aqui somos nós que escolhemos. Que Luiz Inácio o quê! Ele deve querer amar a Dona Marisa, excelsa esposa, agradecer a Deus e deixar que nos abracemos e nos entendamos. Nós escolhemos o nosso Presidente. É uma vergonha, é uma ignomínia.

Eu quero saber de cabeça de Luiz Inácio para ver em quem eu voto? Sou do PMDB e não foi nas coxas. Em 1972, antes de Ulysses, Geraldo, eu já lutava na minha cidade para conquistar uma Prefeitura do PMDB, tirando-a da Ditadura. Antes de Ulysses - Ulysses foi em 1974. Não seria agora que eu iria fraquejar. Nós enfrentamos os canhões e a Ditadura.

Então, é o PMDB. Eu pedia votos para o Presidente Sarney, figura ilustre, Presidente de Honra do PMDB, enfrentou as maiores dificuldades e a transição. Está acima de nós.

Paulo Paim, V. Exª estava dizendo que irá votar em mim para Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Apenas estou convidando V. Exª para, no momento adequado, assumir a Presidência.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas não é não. Agora, Marco Maciel, V. Exª vai entrar nesta história.

Então, eu prego a união, o entendimento e a harmonia para estarmos forte, porque nós somos o povo. E o povo é soberano. Em nome do povo, nós temos que estar unidos e fazermos essa chapa. O PMDB se reuniu. O Presidente Sarney tem os seus problemas. É o meu candidato, é o Presidente de Honra do Partido, é uma figura ímpar. Ele não quer. E daí? Nós somos vinte.

E eu quero dizer a V. Exª o seguinte: o PMDB vai ter candidato aqui. Vai ter. Nós somos vinte. Tivemos uma reunião. Eu senti que explode. Isto é assim: explodiu! E, ali, eu fiz uma boca de urna. Tinha a maioria. Eu fiz uma prévia. A maioria avassaladora quer candidatura própria. O Geraldo Mesquita, que é a imagem de Rui Barbosa, quis fazer uma ata, quis ir ao cartório. Eu disse: “Não, eu estou fazendo uma boca de urna, é uma prévia”. Mas quero dizer que a maioria esmagadora disse que queria candidatura própria. Aí, eu fui sondar.

E eu anunciei aqui meu voto - Marco Maciel, calma lá! - e sai perguntando. Nasceu! A política é assim mesmo. Meus parabéns! Era a vez do Rio Grande do Sul. Está forte, cresceu, explodiu o nome de Pedro Simon. Explodiu!

Eu tinha me comprometido e fiz. E fiz! Foi uma dificuldade muito grande quando veio esse negócio do Tribunal de Contas da União na última hora. Eu disse: “Mas eu já fiz um compromisso há mais de 60 dias”. O ex-Senador explicou que tinha um rodízio e que, desta vez, o candidato era do Democratas, o PMDB lançou o Luiz Octávio, não deu certo, ficou três anos aqui. Eu que sugeri o nome do Carreiro, para não ter mais briga. Ele foi. Eu disse: “Já dei minha palavra, Paim. É muito difícil para mim”. Está ouvindo, Marco Maciel? É difícil - eu tenho 66 anos - ter dado a minha palavra e mudá-la agora. E era o dia do aniversário do meu filho. O único presente que eu queria dar a ele era a noção de palavra, de compromisso.

Então, isso faz é nos afastar, Paim. O PMDB terá candidato. O Geraldo Mesquita quis fazer ata e ir logo ao cartório, mas ele venceu em parte, porque ficou de fazer... Cadê o Gilvam? Ele já vai correndo. Gilvam, é no dia três? Então, o Líder marcou para o dia três a reunião do PMDB para indicar o candidato.

Eu saí perguntando aos outros partidos, em respeito à história do Rio Grande do Sul, à história, que é grande, do Bento Gonçalves, do Alberto Pasqualini, do João Goulart, do Getúlio, do Paim, do Zambiasi. Esse Pedro Simon, eu saí auscultando, e está forte.

E eu entendo e entendo bem. Nós não vamos quebrar esse tratado, não. Se o PMDB abdicasse...Mas não vai abdicar, porque foi sondado, viu? Deu uma maioria. Eu fiz a boca de urna, vamos dizer assim, a pesquisa. Eles se manifestaram, tinha a maioria, não tinha unanimidade. Acho que, se a gente não quisesse, a gente ia consultar a segunda bancada, que é o DEM. E está aí um nome bom: Marco Maciel. Marco Maciel, você já está na fila do meu... Eu tenho direito. Descartes disse: “se penso, existo”. Logo, eu existo.

Então, nós estamos aqui, Paulo Paim, e queremos dar essa contribuição. E eu acho, Luiz Inácio, que jamais, jamais, jamais, Pedro Simon, na sua história, na sua identidade, no seu cristianismo, ia ser um embaraço a qualquer governo, à pátria e ao povo. Ele traria a esta Casa um banho de virtudes, um banho de idealismo, um banho de honradez, de honestidade, e, sem dúvida nenhuma, isso é muito bom para o Brasil.

Ora, se em situações mais adversas, o PMDB teve os anticandidatos - o nosso Ulysses com Sobral Pinto, o militar com Brossard -, agora, que é maioria, que tem tradição, que tem aceitação do povo brasileiro, ele não pode deixar fraquejar a maior construção da civilização, que é a democracia.

Ó Deus, ilumine esta Casa!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/11/2008 - Página 48488