Discurso durante a 231ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Agradecimentos à população brasileira pelo apoio à vigília realizada no Senado, em defesa de propostas que beneficiam aposentados e pensionistas.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Agradecimentos à população brasileira pelo apoio à vigília realizada no Senado, em defesa de propostas que beneficiam aposentados e pensionistas.
Aparteantes
José Nery, Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 06/12/2008 - Página 50018
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, CIDADÃO, ENTIDADE, AUTORIDADE, MANIFESTAÇÃO, APOIO, MOBILIZAÇÃO, SENADOR, DEFESA, APOSENTADO, PENSIONISTA, RECUPERAÇÃO, VALOR, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, LEITURA, TRECHO, MENSAGEM (MSG), INCENTIVO, CONTINUAÇÃO, LUTA.
  • ELOGIO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, MUNICIPIOS, SOLIDARIEDADE, DEFESA, APOSENTADO, PENSIONISTA, ANUNCIO, PARTICIPAÇÃO, MOBILIZAÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUSENCIA, CRITERIOS, POLITICA PARTIDARIA, BENEFICIO, JUSTIÇA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, Senador Mozarildo Cavalcanti, Senador José Nery, vim à tribuna no dia de hoje mais para agradecer o carinho da população brasileira por esse movimento que todos nós fizemos aqui no Senado, visando apoiar os projetos que beneficiam os nossos aposentados e nossos pensionistas.

Sr. Presidente, neste momento, estou na tribuna do Senado da República especialmente para agradecer, de coração, a todas as pessoas - jovens, crianças, adultos, idosos -, a todas as entidades, aos vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, pelas cartas, e-mails, mensagens no blog, no Orkut, pelos telefonemas, dando total apoio ao movimento dos Senadores ao PLS nº 58, que quer garantir que os aposentados voltem a receber o número de salários mínimos que recebiam na época em que se aposentaram; ao 296, que acaba com o fator previdenciário, que confisca 40% do vencimento do trabalhador no ato da aposentadoria; e o 42, que quer manter o poder de compra, ou seja, que o mesmo percentual concedido ao mínimo se estenda aos aposentados.

Senhores e senhoras que assistem à TV Senado, que ouvem a Rádio Senado neste momento, é algo fantástico, talvez ninguém possa imaginar o número de mensagens que receberam todos os Senadores. De fato, foi algo fantástico. Elas vêm chegando todos os dias, carregadas de uma força, de uma energia positiva, de uma solidariedade que faz vibrar os nossos corações, que faz a gente se sentir mais unido, mais colado a essas propostas, a esse ideal.

Quando você vive um momento especial, um momento que é resultado de uma semeadura de longo tempo e pelo qual você espera com o coração machucado, não existe palavra que explique a diferença que o apoio dos outros faz, o apoio da população brasileira.

Sr. Presidente, quando a gente ouve o grito que pede ajuda, percebe que é hora de colocar a mão na terra. Então, você a prepara com as mãos, com o amor que tem dentro de si e com o sentimento de fé daqueles que sabem que aquela semente poderá se multiplicar e garantir alimentação para milhares, para milhões. Então, o fruto do seu trabalho surge, e você olha nos olhos daqueles que clamam por ajuda e percebe a aflição para que esse fruto seja tratado com o cuidado que ele merece.

Esse fruto, plantado há longa data, pode, sim, alimentar milhões de pessoas, pode dar a elas o sossego, a tranqüilidade que lhes foi arrancada no sonho de uma aposentadoria e de uma velhice com dignidade.

A aposentadoria é um momento muito especial na vida das pessoas. Ela é resultado da dedicação de grande parte da vida de alguém. E esses milhares de alguéns, hoje, estão esperando que o fruto que eles ajudaram a semear, a plantar seja distribuído justamente.

Senador Mão Santa, Senador Mozarildo, Senador José Nery, trago aqui algumas palavras que os aposentados nos remeteram, porque eles acompanharam este movimento aqui de todos os Senadores e Senadoras e as vigílias que aqui realizamos:

Quero parabenizar os destemidos Senadores que, juntamente com o senhor, deram esse grito de “independência ou morte”. Morte pela falta de condições de viver com esse salário e independência porque essa é a luta dos bravos - Sr. Ivandro Dias, Feira de Santana na Bahia.

Alguém deveria publicar os nomes de quem se colocar desfavoravelmente à solução dessa situação. Já que são políticos, com certeza, olharão, com cuidado, essa falta de carinho de alguns para com a humanidade - Srª Maria Levorato, Maricá-RJ.

Que história é essa que aposentados não têm força porque não fazem greve? Eles têm um poder muito maior, o poder do voto! - Srª Anselma Süber, São Paulo capital.

O que estão fazendo conosco é apropriação indébita - Sr. Luiz Caldeira, Rio de Janeiro.

Será que (...) [os poderes constituídos] não entendem que esse dinheiro vai impulsionar a economia? Afinal, nós vamos gastar o dinheiro, nós vamos poder comprar mais [remédio, plano de saúde, alimentação] - Sr. Miguel, Sabará no Rio de Janeiro.

Estamos com o Senador até o fim, nosso movimento está se alimentando a cada dia e estamos felizes com isso, amanhã estaremos na vigília. Esta [que estou lhe mandando] é a primeira lista de assinaturas mas já estamos com milhares de assinaturas - Srª Deolinda Fontes, Rio de Janeiro.

Somos eleitores, contribuintes e consumidores. Somos aposentados, não estamos mortos. Somos gratos e valorizamos (...) [os Senadores] - anônimo, no blog.

Sr. Senador Paim, gostaria de parabenizá-lo pela dedicação na aprovação dos projetos que beneficiam milhões de aposentados em todo País. Sou aposentado há 5 anos, hoje estou recebendo 60% em relação à data da aposentadoria. Paguei por mais de 38 anos o INSS, e por mais de 25 anos o teto máximo. Hoje não tenho condições de ter plano de saúde, comprar remédios e alimentação adequada.

Sr. Paim, que Deus lhe continue dando força para lutar em benefício dos aposentados. Sou catarinense, tenho orgulho da Região Sul (...) [onde nós nascemos] - Sr. Fioravante Meneguini, Blumenau, Santa Catarina.

Nós, os aposentados e pensionistas do Brasil, de Manaus ao Rio Grande do Sul, precisamos dizer: muito obrigado aos Senadores heróis, sábios, audaciosos, homens fiéis a Deus, aos seus representados. Todos juntos, unidos, não caberíamos neste plenário. Mas todos os Senadores, unidos nesse episódio, cabem, seus nomes, em nossas memórias, [em nossos corações] - Pastor Francisco Rocha, São Bento, Paraíba.

(Na noite da vigília, passava da meia noite.) Eu quero dizer que tenho 81 anos e estou aqui, em casa, firme, ouvindo os Senadores falarem. Eu estou muito orgulhosa do nosso (...) [Senado]. Minha secretária está aqui comigo e nós queremos deixar nosso apoio. Assisto às falas dos Senadores todos os dias e fico muito feliz em ver (...) [que essa é uma luta de todos nós] - Srª Odila Ramos, Rio Grande do Sul.

Vigília dos aposentados.

Queridos Srs. Senadores, vou ser curto e grosso como diz o gaúcho. Vocês estão dando suas vidas por nós, e nós damos a nossa vida por vocês. Isso é JUSTIÇA! Nem que para isso precisamos derramar nosso próprio sangue.

Que Deus abençoe todos vocês - Aposentados do Aerus, que clamam por justiça.

            Eu vou terminar a leitura destes e-mails e ouvirei, em seguida, o Senador Mozarildo.

Assisti boa parte da vigília. Em nome do SINTEST-RN - Sindicato dos funcionários da UFRN/UFERSA, registro que estamos juntos nesta luta que beneficiará os aposentados.

Acreditamos na vitória do povo brasileiro.

Boa sorte - Ana Cristina M. Araújo.

Içara também mobiliza-se pela causa.

O movimento nacional em prol dos aposentados mobilizou inúmeras pessoas. Em Içara, os pensionistas apoiados por demais sindicalistas compareceram em peso na Câmara para pedir empenho dos vereadores. “Vamos ficar até as 6 da manhã desta quarta-feira. É um momento muito importante para nós, aposentados. Temos que nos unir para garantir dignidade” - explicou o secretário da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Içara, Aristides Felisbino. O ato nacional pede a aprovação, por parte dos deputados, [já que o Senado aprovou] do Projeto de Lei (PL) 58 [os projetos que beneficiam os aposentados, Projetos nºs 58, 296 e 42], que repõe perdas salariais da categoria.

Ouço o Senador Mozarildo.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Paulo Paim, quero primeiro cumprimentar V. Exª, em primeiro lugar, e todo o Senado. Mesmo aqueles que não assumiram publicamente esta luta, tenho certeza de que estão, no íntimo, solidários com a causa. É realmente lamentável, por exemplo, a incompreensão até do seu Partido com V. Exª. Li uma notinha da Líder do seu Partido, uma notinha jocosa, dizendo que era preciso construir uma república só para atender os projetos do Paim. Ora, projetos, Senador Paim, como V. Exª já colocou aqui, cuja extensão realmente não causa prejuízo ao País. E, como disse esse aposentado, se agora estão... Dinheiro não falta. Essa história do economês de que vai quebrar isso, vai quebrar aquilo é mentira! O Brasil iria quebrar por causa da CPMF. Aumentou a arrecadação. E agora estamos vendo, com essa marola que o Presidente Lula disse que ia chegar aqui, que o Governo está jogando bilhões nos bancos para financiar compra de automóveis, enfim, para financiar a economia. Então, dinheiro não falta. E mais: está reduzindo impostos. E agora ele está repetindo o que o Vice-Presidente Alencar vinha dizendo, que os juros no Brasil são escorchantes. Então, realmente é preciso ter mais humanismo nesse Governo, na sua equipe técnica, principalmente na equipe econômica, e pensar que não atender a essa parcela considerável da população - como foi dito aí - só porque eles não podem fazer greve é realmente um absurdo. São pessoas que deram a vida, seja no serviço público, seja na atividade privada, contribuindo para a construção desta Nação até aqui. Eu quero, portanto, dizer que conte com a gente, conte comigo. Tenho certeza de que essa atitude sua e do Senado vai mudar o rumo das coisas daqui para frente. Parabéns!

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador Mozarildo Cavalcanti. V. Exª tem sido um parceiro nessa caminhada em defesa dos aposentados e pensionistas. Por isso que, quanto a uma frase ou outra - eu diria - mal colocada, não tenho feito nenhuma consideração. Mas agradeço a solidariedade que tenho recebido de todos os Senadores e de todo o povo brasileiro.

Senador José Nery, antes de ouvir V. Exª, quero fazer um registro aqui - é bonito eu vir à tribuna dizer isso, e vou explicar o porquê para os senhores. Na cidade de Santa Cruz, lá no meu Rio Grande do Sul, eles fizeram vigília em massa. E nós citamos aqui, eu principalmente citei, inúmeras cidades, e não citei a cidade de Santa Cruz. Então, é com carinho que eu quero neste momento registrar aqui também que me encheu de alegria, ao mesmo tempo de emoção, a carta que recebi da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, grande Santa Cruz, lá no meu Rio Grande, dizendo que eles também sempre foram parceiros e estiveram na vigília, que ficaram firmes até as seis da manhã. Eu quero render aqui minhas homenagens a esses companheiros, sabendo que eles sempre estiveram, Senador Mão Santa, comigo; foram vereadores, sindicalistas e aposentados. Então, a carta de protesto eu recebo com o maior carinho, peço quase perdão a eles porque, na leitura, talvez eu não tenha citado a cidade de Santa Cruz. Então, grande Santa Cruz, meus parabéns pela vigília que fizeram aí, fica aqui o meu carinho e a emoção da alegria. Como é bom as pessoas cobrarem para que registrem que eles estão com a gente na mesma luta. Então, eu fico muito feliz.

Agora, quero dizer ainda, antes de terminar - e vou passar o aparte para o Senador José Nery -, que hoje estaremos em São Paulo, lá na Baixada Santista, onde faremos o primeiro ato nacional em favor dos aposentados e pensionistas pela aprovação do projeto que extingue o fator e também dos projetos que recuperam a defasagem dos aposentados. O ato será em frente à Prefeitura de Santos às quatro da tarde, vai haver uma paralisação simbólica na cidade de duas horas, depois faremos o ato - quero mais uma vez dizer: ninguém se preocupe, o ato não é contra ninguém; o ato é suprapartidário, intersindical, contará com todas as centrais, todas as confederações, Cobap, todas as entidades de aposentados e pensionistas a favor dos aposentados. Estarão lá representados todos os Partidos. Eu confirmei a minha presença em nome do Senado, depois de conversar com inúmeros Senadores. É o primeiro ato. Eu sei que muitos gostariam de fazer um ato na Praça da Sé, em São Paulo. Está sendo organizado esse ato também. E depois faremos em todos os Estados.Quero dizer também que ontem fui informado de que, no dia 17, haverá um ato na Câmara dos Deputados, pela aprovação dos projetos.

Para finalizar - mas, antes de finalizar, vou passar a palavra ao Senador José Nery -, quero dizer aos meus amigos e amigas aposentados e pensionistas que todo amor que vocês deram a esta causa, escrevendo para nós, podem ter certeza está gravado na nossa alma, no nosso coração.

Aliás, minha alma já vinha há muito colada com a de vocês. Minhas andanças de um lado para outro, no transcorrer da noite, com os Senadores, cá entre nós, eu tinha certeza de que eram andanças de vocês. Era como se vocês estivessem aqui dentro, andando para todos os lados, acompanhando a vigília.

Quero dizer que seu coração aturdido, diante de cada dificuldade imposta mês a mês, transforma-se na mesma dor dos nossos corações. O pranto que vocês não conseguiam conter misturava-se, com certeza, também com as nossas lágrimas. A vergonha injusta que vocês sentiam por estarem envelhecendo era a nossa vergonha diante da dificuldade de mudar aquilo que se faz urgente.

A indignação diante daquilo que maltrata, que pisa, que fere sua dignidade também se apodera de nós todos - podem ter certeza.

Hoje, a esperança que embala suas noites de sono é também a nossa. A vontade de trocar um abraço, um sorriso, de dizer “valeu, minha gente” é recíproca.

Valeu, sim! Valeu cada palavra, cada noite sem dormir, cada palavra que trocamos pessoalmente ou por meio das mensagens. Valeu cada noite de vigília. Valeu a honra de ser companheiro de vocês nesta luta.

E vai continuar valendo até que a vitória nos chegue, nos acalente, nos dê o merecido descanso. E, tal qual os sentimentos e a luta que nos tornaram um só, a vitória também será vivida por todos os corações preenchidos pela mesma alegria.

         Deixo, com carinho, a poesia que recebi, Senador Mão Santa, Senador José Nery - depois quero ouvir seu aparte - e Senador Mozarildo. Veja essa poesia que recebi, Senador José Nery - V. Exª vai falar em seguida. Vocês todos acompanharam o drama do Jean. Comentei com cada um de vocês pessoalmente que ele fez onze operações e, graças a Deus, agora está se recuperando. Ele ficou a noite toda assistindo. Eu o conheço muito bem. Ele me mandou uma poesia que não é para mim, é para nós. Vou ler para vocês a poesia que ele escreveu sentindo aquele momento. Percebi, na poesia, que ele assistiu mesmo à vigília, só pelo sentimento que ele expressa na poesia. Ele esteve entre a linha da vida e da morte. Falo isso com alegria, porque Deus ajudou que ele continuasse conosco. Ele mandou a seguinte poesia aos Senadores:

Ideal

Certas vezes me disseram para ser mais realista,

De sonhar, de forma mais comedida...

Democracia dentro de seu real significado

Exclusão social dentro de um certo conformismo.

Parece que as coisas são assim mesmo,

O animal que não é agredido pouco reage;

Assim pensam os que pisoteiam

Ou aqueles que nada têm a ver com isso.

Em nossa história recente,

Da opressão, muitas vezes, brotaram revoltas...

O inconformismo sempre foi inerente ao homem,

E quando se perde isso,

Não se tem mais nada!

Os avanços de uma sociedade são fruto da utopia

E ela, a mola propulsora do sonho possível;

É que move a esperança,

Impedindo o desatino, e balizando o próprio Estado.

Alguns confundem, propositadamente,

Demagogia com responsabilidade;

Foi assim que os militares inseriram o medo,

Foi assim que amarguramos anos à escuridão.

O monopólio da razão pertence à história,

Aos mortais resta o presente, o hoje, o agora;

O tempo responderá aos que não temem a verdade,

Afinal as injustiças não fazem parte do plano de Deus.

É assim que o mundo avançou,

Estendendo privilégios de alguns

Em direito para muitos.

Fazendo da humanidade, a cada dia,

Um pouco, mais humana.

Transformando alguns raios de luz,

Por que não, em um grande arco-íris;

Transfigurando pseudo-demagogos

Em verdadeiros “cavaleiros da esperança”.

Fiz questão de ler porque achei que ele, que passou por um momento tão difícil, escreve essa poesia que, para mim, tem uma certa profundidade, dizendo que, muitas vezes, foi dito a ele que não fosse tão sonhador e que, talvez, os sonhos não se tornassem realidade. E ele quis dizer aqui que nós somos hoje - o Senado - os cavaleiros da esperança, que estão muito acima daqueles que simplesmente usam o termo demagogia.

Senador José Nery.

O Sr. José Nery (PSOL - PA) - Senador Paulo Paim, o texto do Jean que o senhor acaba de ler é tão brilhante quanto aquele que o senhor produz a cada dia, a cada hora para falar da nossa realidade, das lutas do povo brasileiro, do combate à opressão e à discriminação, e retrata muito bem uma visão que, eu diria, é aquela que o senhor aqui expressa todos os dias, em todos os espaços, que é possível: batalhar, perseguir objetivos muito claros, na defesa dos mais legítimos interesses do nosso povo. A sensibilidade de cada palavra que o Jean acabou de dizer no seu texto é aquela que o senhor usa, com muita capacidade, com muito poder de convencimento, junto a todos nós aqui no Senado, Senador Mozarildo, Senador Mão Santa, mas também procurando convencer a cada brasileiro de que não há vitória sem luta.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - E ele travou uma muito dura.

O Sr. José Nery (PSOL - PA) - E ele travou a luta pela vida para resistir a uma enfermidade com que o senhor sofreu muito, mas também nunca vi o senhor perder a esperança de que ele se recuperaria. E nós, que acompanhamos esse drama, ficamos felizes com a recuperação do Jean e com a lição de vida, de cidadania, de visão de mundo, de democracia, de coisas boas que queremos que sejam vivenciadas por todos os brasileiros. Então, eu posso dizer “tal pai, tal filho”, tal é a sintonia com que ele retrata o senhor em sua trajetória, na sua luta e vivência. Parabéns! Mas quero, Senador Paim, na verdade, me referir à forma solidária com que milhares de brasileiros aderiram à vigília em defesa dos direitos dos aposentados e dela participaram ativamente. É lamentável que algumas vozes se levantem para questionar coisas que eu diria muito pequenas, como, por exemplo, a conta de luz do Senado ou a necessária recompensa aos trabalhadores que aqui ficaram conosco nessas madrugadas de vigília por três dias no mês de novembro e dezembro - foram três dias de vigília. Dois dias até às 6 horas da manhã e um dia até às 2 horas da manhã. Então, é lamentável que não se perceba o sentido fundamental dessa luta.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Permita-me, esses são aqueles, como diz o Senador Geraldo Mesquita Júnior, que estão preocupados com as coisas e não com as causas. A frase é do Senador Geraldo Mesquita Júnior, que não está aqui.

O Sr. José Nery (PSOL - PA) - Muito sábia por sinal. Então, Senador Paim, é fundamental a gente identificar que essa movimentação aqui feita pelos Senadores e Senadoras propiciou uma certa unificação e um certo sentimento de esperança de que as coisas não vão ficar assim, o abandono, o desprezo, os maus-tratos com os aposentados do nosso País. Talvez, Senador Paim, não consigamos realizar ou garantir que tudo o que está previsto seja viabilizado. No entanto, não vamos aceitar que o Governo, o Parlamento ou quem quer que seja não venha compreender que esses projetos que tratam da recomposição das aposentadorias, do reajuste dos aposentados e pensionistas e o fim do fator previdenciário - esses três projetos e não 105 projetos, como alardeiam setores do Governo - não sejam essenciais. E nós não vamos abrir mão dessa conquista para os trabalhadores, para os aposentados e pensionistas do nosso País. E tenho certeza de que essa luta será vitoriosa. Quero sugerir, Senador Paim - nós estamos caminhando para a votação do Orçamento - que tenhamos recursos previstos para garantir que essas leis possam ser efetivadas. É preciso haver recursos orçamentários previstos para isso. Nesse sentido, acho que deveríamos exigir, solicitar uma reunião com o Governo, com a Comissão do Orçamento, para continuar aquelas tratativas para verificarmos a forma de obtenção desses recursos, a fim de garantir que esse direito do aposentado comece a ser minimamente atendido. Acho também que precisamos ampliar as formas de luta. Considero fundamental a participação popular, a vigília, os atos nas praças e ruas deste País. Devemos fazer, Senador Mozarildo, em cada Estado, em cada capital e, talvez, culminando com aquela proposta de que falei na nossa última vigília, de terça-feira para quarta-feira terminarmos com uma grande manifestação do País na Praça dos Três Poderes, com milhares e milhares de aposentados deste País, com manifestação conduzindo velas, para iluminar a consciência de quem tem de tomar as decisões e para denunciar também a morte dos direitos dos aposentados, que nós queremos vivos, que nós queremos iluminados, que nós queremos resgatados. Parabéns, Senador Paim, pela luta! O senhor que é o grande comandante e sempre divide conosco tudo que fazemos. Mas sabemos que é sua a grandiosidade - e o País reconhece isso. As idéias, os projetos e essa luta têm um comandante maior, aqui, no Senado da República, é Paulo Paim, do Rio Grande do Sul, o símbolo dessa luta. E tudo o que chega, os e-mails, as mensagens, inclusive a do Jean, tenho certeza, é dirigido ao senhor. Mas, pela sua generosidade e pela sua grandeza, Senador Mão Santa, o Senador Paim diz assim: “Isso aqui é para os Senadores”. Parabéns a V. Exª pela persistência, pela coragem e pela determinação de não se render àqueles que se acomodam tão facilmente. Somos parceiros nesta luta e estamos com V. Exª, com os aposentados e com o Brasil, que não suporta a indignidade, que quer respeito e tem esperança de que as coisas podem ser melhor, e vão ser. Parabéns a V. Exª. Muito obrigado.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador José Nery, pela bondade das suas palavras, como também foi bondoso o Senador Mozarildo Cavalcanti. Acho que é isto que alguns não entendem, essa bondade, essa grandeza de todos nós, Senador Mão Santa. Alguns não estão entendendo por que não estamos disputando. Aqui não existe disputa; existe a causa, e isso nos unifica. Teve alguém que me perguntou: “Mas como é que vocês unificaram de forma que as disputas ideológicas e partidárias não prevaleceram?”. Porque a causa é nobre e une os homens de bem. Não tem como não unir. E, por isso, Senador José Nery, confesso-lhe que alguns e-mails, claro, são pessoais, mas a maioria pede que eu transmita aos Senadores aquela mensagem, que é, de fato, o reconhecimento a todo o Senado da República.

E vou citar um dado que vi no jornal hoje - vou comentá-lo rapidamente, porque tenho, de fato, de viajar para São Paulo -, que diz que a opinião pública está tendo uma outra visão do Senado. Algumas coisas aconteceram, de fato: a caminhada nacional do Senado com a população, não só pelos gestos dos aposentados, mas, claro, pelo gesto em relação à MP - houve o gesto da MP; é real - e outras medidas que o Senado vem tomando, o que é uma demonstração que o Senado está caminhando junto com o povo.

Fiquei muito feliz, ao contrário de alguns - acho - que gostariam que, a partir desses movimentos, o Senado não tivesse aumentado a sua aceitação junto à população. Está nos jornais de hoje que a credibilidade nos Senadores aumentou muito nos últimos dias ou meses em relação às pesquisas do passado.

O Sr. José Nery (PSOL - PA) - Senador Paulo Paim, é importante essa notícia e essa constatação de que o trabalho realizado, as tarefas aqui desempenhadas, especialmente lutas como esta em defesa dos aposentados, conseguem ter uma amplitude e um apoio maciço da população brasileira, inclusive reavaliando o conceito que tem sobre o Senado e os Senadores, até porque, às vezes, os exemplos não são muito bons também. Mas lutas como esta engrandecem, com certeza, a cidadania, o Senado da República, inclusive num momento decisivo em que tivemos aqui o apoio do Presidente Garibaldi para realizar as vigílias e num momento decisivo em que estamos debruçados sobre o futuro da gestão da Presidência da Mesa do Senado e do Congresso Nacional, que será decidida em fevereiro. Portanto, ontem, eu falava aqui na tribuna sobre a necessidade do protagonismo do Legislativo, votando aqui projetos de lei, emendas constitucionais, de autoria dos Senadores, transparência, responsabilidade para que as instituições, em especial, o Senado da República, possa ser reconhecido pelo nosso povo como defensor do seu direito e não aliado dos poderosos e daqueles que saqueiam os recursos públicos, daqueles que promovem a corrupção. Mas aqui temos de ter prática de gestão, de condução, de respeitabilidade para podermos contar com o apreço e o respeito do povo, porque, do contrário, nós teremos baixos índices de respeitabilidade, como aconteceu com a crise que vivemos há um ano e meio. Parabéns a V. Exª por ser, entre todos nós, um daqueles que se destacam por colocar o Senado em uma agenda positiva! Muito obrigado.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Obrigado, Senador José Nery.

Senador Mão Santa, agradeço a tolerância de V. Exª. Eu vou ter de ir a São Paulo e despeço-me para, segunda-feira, de manhã, com certeza - e se Deus quiser - eu estar aqui, defendendo todas as causas que, no meu entendimento, no nosso entendimento - tomo essa liberdade -, são de interesse do povo brasileiro.

Muito obrigado, Senador Mão Santa.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/12/2008 - Página 50018