Discurso durante a 232ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro de ato público, com cerca de 4 mil pessoas, realizado em Santos, Estado de São Paulo, em apoio aos 3 projetos aprovados no Senado em favor dos aposentados. Registro do artigo intitulado "O Congresso funciona conforme o rufar dos tambores nas ruas", publicado no jornal A Tribuna.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA SOCIAL.:
  • Registro de ato público, com cerca de 4 mil pessoas, realizado em Santos, Estado de São Paulo, em apoio aos 3 projetos aprovados no Senado em favor dos aposentados. Registro do artigo intitulado "O Congresso funciona conforme o rufar dos tambores nas ruas", publicado no jornal A Tribuna.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Mão Santa, Papaléo Paes.
Publicação
Publicação no DSF de 09/12/2008 - Página 50401
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PARALISAÇÃO, FABRICA, MUNICIPIO, SANTOS (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PARTICIPAÇÃO, PREFEITO, SINDICATO, ENTIDADE, APOSENTADO, APOIO, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, MELHORIA, APOSENTADORIA, EXPECTATIVA, EXPANSÃO, MOBILIZAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO PIAUI (PI), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, A TRIBUNA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ENTREVISTA, ORADOR, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, LUTA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, TELEGRAMA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DECLARAÇÃO, APOIO, MOBILIZAÇÃO, LUTA, MELHORIA, DIREITOS, APOSENTADO.
  • AGRADECIMENTO, AUXILIO, FUNCIONARIOS, COMISSÃO, DIREITOS HUMANOS, APOIO, POPULAÇÃO, BUSCA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, CIDADÃO, IMPORTANCIA, RECEBIMENTO, CORRESPONDENCIA POSTAL, CORRESPONDENCIA, INTERNET, MENSAGEM (MSG), MANUTENÇÃO, LUTA, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, INCENTIVO, AMPLIAÇÃO, PROPOSIÇÃO, MELHORAMENTO, POLITICA SOCIAL, ESPECIFICAÇÃO, CRIAÇÃO, FUNDO DE DESENVOLVIMENTO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, ESTATUTO, IGUALDADE, RAÇA, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, IDOSO, ADICIONAL DE PERICULOSIDADE, REMUNERAÇÃO, CARTEIRO.
  • LEITURA, DOCUMENTO, AUTORIA, FUNCIONARIOS, SENADO, HOMENAGEM, ESFORÇO, SENADOR, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO, REGISTRO, MENSAGEM (MSG), ORADOR, FESTA NATALINA.
  • LEITURA, PRECE, HOMENAGEM, POPULAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, eu quero iniciar a minha fala reafirmando que este projeto é do Senador Romeu Tuma. O Senador Romeu Tuma apresentou aqui, foi aprovado no Senado, depois aprovamos na Câmara, e o Presidente Lula sancionou para que o cão-guia possa transitar em todas as áreas. Não há um lugar em que ele, o cão-guia seja proibido para o exercício da função daquele que acompanha. Então fiquei muito feliz porque o Luciano se apresentou hoje, pronto para retornar ao trabalho, acompanhado pelo seu cão-guia.

Sr. Presidente, o Senador Mão Santa deixou aqui um gancho com o qual inicio meu discurso. Estive nesse fim de semana, na sexta-feira, na Baixada Santista. Simbolicamente as fábricas pararam em torno de duas horas em diversos pontos da cidade, em apoio aos três projetos aprovados aqui no Senado, tanto o fim do fator, como aquele que quer recuperar o benefício pelo número de salários mínimos e aquele que quer garantir o mesmo percentual de reajuste dado ao mínimo e aos aposentados.

Foi o primeiro grande ato em São Paulo, na Baixada Santista, chamado de evento de homens e mulheres de cabelos prateados, muitos usaram o termo cabeças brancas. Sob um sol forte, cerca de quatro mil pessoas lotaram a Praça Mauá, centro histórico do Município, bradando forte por seus direitos. Foi um gesto cívico e patriótico que, não me canso de dizer, não é contra ninguém nem contra essa ou aquela pessoa, mas, sim, a favor de um País mais justo e mais fraterno. A cidade de Santos, Sr. Presidente, que foi palco histórico de movimentos importantes para o País, como o abolicionismo e a luta pela redemocratização, mais uma vez fez história. O próprio Prefeito municipal, João Paulo Tavares Papa, do PMDB, Senador Mão Santa, que esteve a meu lado, fez questão de dizer que o Senado Federal, mais uma vez, não fugiu de suas obrigações. Ele, em nome de todos os Prefeitos da região, fez questão de cumprimentar o Senado e a todos os Senadores pela justeza desta causa: a causa dos aposentados e pensionistas brasileiros.

Sr. Presidente, pude constatar o carinho e o reconhecimento que a população está dedicando ao Senado. O Movimento dos Homens e das Mulheres de Cabelos Prateados, como já está sendo chamado lá em São Paulo, com toda certeza, será como um rastilho de pólvora pelo País inteiro. Iniciou-se uma campanha nacional, lá proposta, para coletarmos milhões de assinaturas pela aprovação dos projetos que esta Casa já aprovou por unanimidade.

O próximo passo do movimento será a realização de outros atos como o que ocorreu lá na Baixada Santista. Estão previstos atos organizados pelos homens e mulheres de cabeças brancas em Belo Horizonte, Minas Gerais; Porto Alegre, Rio Grande do Sul; Piauí; Volta Redonda, Rio de Janeiro; Salvador e - quem sabe? - um ato final na Praça da Sé, em São Paulo. Eu gostaria, ainda, de agradecer a todos os que apoiaram o evento na cidade de Santos e aos que lá estiveram.

Sr. Presidente, rapidamente, eu gostaria de mostrar algumas fotos. Estavam lá presentes várias centrais sindicais: CGTB; CUT; Força Sindical; Nova Central Sindical; UGT; CCP; confederações e federações de trabalhadores; Cobap e ainda representantes da Atmas - Associação dos Aposentados de Santos; sindicatos de aposentados (CUT, da Força Sindical; Anapi; da Ueapi; rodoviários; químicos; administração; portuários; operários do porto; caminhoneiros; aquaviários; urbanitários; metalúrgicos; profissionais liberais; estivadores; empilhadeiras e o Movimento Negro.

Sr. Presidente, estou apenas trazendo algumas das fotos para mostrar que foi um ato suprapartidário, intersindical, com a presença de quase todos os prefeitos da região da Baixada Santista, como mostra essa foto aqui do palanque.

Sr. Presidente, quero ainda dizer a V. Exª que o Prefeito João Paulo Tavares Papa e todos os prefeitos da Baixada Santista, Deputados federais e estaduais, Vereadores, a OAB, o Bispo Diocesano de Santos, Dom Jacyr Francisco Braido, ao Grão-Mestre do Grande Oriente de São Paulo, Benedito Marques Ballouk Filho, e a Grande Loja Maçônica de São Paulo também declaram lá o seu apoio a esse movimento. Faço referência também ao Diretor do Santos Futebol Clube, José Geraldo Gomes Barbosa, que me presenteou, naquela oportunidade, com uma camisa do clube, onde está escrito: Senador Nota 10 - mas eu sei que isso não é dirigido só a mim, mas a todos os Senadores que estão nessa caminhada. Está aqui a camiseta que recebi lá na Vila Belmiro pelo movimento que estamos aqui realizando.

Finalizo, Sr. Presidente, deixando aqui abraços a todos os amigos que lá deixei: Antonio Carlos, Pestana, Passos, Cirino, Itamar, Robson, Magalhães, Nogueira e Marquito. E como disse Luís Carlos Prestes, não há vento favorável para quem não sabe a que porto quer chegar.

Cumprimento todos e lhes agradeço. Aqui está, representando todos eles, o nosso companheiro Antonio Carlos... (Pausa.) O Itamar. A lista aqui é enorme. Pediria ao Itamar que se levantasse. Itamar veio lá de São Paulo, representando todos esses companheiros que fizeram esse magnífico evento com a presença de cerca de quatro mil pessoas numa sexta-feira à tarde. Obrigado, Itamar. Parabéns pelo movimento realizado por todos os trabalhadores.

Senador Papaléo, peço, se possível, seja publicada na íntegra nos Anais da Casa entrevista publicada no jornal A Tribuna, com o título “O Congresso funciona conforme o rufar dos tambores nas ruas”. O Senado quer uma Previdência universal, igual para todos. Eu peço a V. Exª que o material que trouxe à tribuna seja considerado na íntegra.

Antes de passar para outro tema, quero que o Senador Mão Santa, que foi lembrado lá, use da palavra neste momento.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Paulo Paim, V. Exª, com a sua caminhada até Santos, provou que o Senado é o povo. Nós nascemos do povo. Igual ao Presidente da República, somos filhos da democracia, do voto, que é do povo. V. Exª foi muito feliz, porque iniciou em Santos, e Santos não é só a sede do time de futebol do Pelé e do Coutinho, não; não é só o maior porto de Brasil, não; é também parte da história política. Por lá...

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Andou Prestes. Santos era a cidade do coração dele.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - E o Mário Covas. Estão aí dois exemplos, só para citar. Então, Santos, que está com saudades de ganhar como naqueles tempos do Pelé e do Coutinho. E vai ganhar. Lá iniciou - foi a vanguarda - essa jornada. E eu sugeria ao amigo... São Paulo tem história, e nós precisamos... E esse negócio é muito de Deus, cristão: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados.” Isso é um clamor de Justiça para os velhinhos aposentados resgatarem aquele calote que o nosso Brasil está dando a eles. Eu não estou culpando “a”, “b” ou “c”, não; somos todos nós. A pátria somos nós. Mas que V. Exª fizesse logo a segunda jornada. Esse movimento nasceu em Santos, que representa a grandeza na história do Brasil. Tem até a música de Roberto Carlos, as curvas das estradas de Santos... Então, vamos fazer uma lá na capital mesmo, na Praça da Sé. Eu sugeri o horário da manhã, porque aí os velhinhos aposentados estão com mais vigor. Depois, Porto Alegre, para lembrar os heróis das Farroupilhas, os lanceiros negros, o trabalhismo de Getúlio Vargas, de Goulart, de Alberto Pasqualini, depois chegaríamos ao nosso Piauí, nessa campanha que saiu daqui do plenário e agora eu tenho toda a crença, porque na democracia soberano é o povo.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador Mão Santa.

Permita-me lembrar, Senador Botelho, que, quando estávamos no meio do ato chegou um telegrama de Brasília, por parte da assessoria do Presidente Lula, dizendo que apoiavam totalmente aquele ato a favor dos aposentados e pelo fim do fator previdenciário.

Sr. Presidente, Senador Botelho, eu vou pedir um pouquinho de tolerância a V. Exª, nesta segunda-feira. No dia de hoje, depois de ter tido a alegria de estar na Baixada Santista, eu gostaria de dizer que foi muito bonito sentir o abraço, o carinho, ver a forma como as pessoas me levaram para o palanque, como eu desci do palanque para conseguir chegar até o carro... Foi um momento lindo! Isso não tem preço. Isso fica na alma, no coração da gente para sempre. Eu quero, nesta segunda-feira, aproveitando que o tempo é maior, fazer um agradecimento a todo o povo brasileiro pela forma como nós temos sido homenageados por ele ao longo do nosso mandato.

Sr. Presidente, para mim, é muito gostoso ter amigos. E considero um privilégio estar aqui, hoje, na tribuna do Senado para agradecer publicamente a todos os meus amigos e amigas que, ao longo deste ano, enviaram correspondências, e-mails, enfim, pessoas que deixaram mensagens no blog, no orkut, que me telefonaram, que se preocuparam com o nosso mandato, que rezaram por nós, conforme dizem. Esses grandes amigos que tenho conquistado vida afora são uma das razões do meu viver.

Quando leio, Senador Mão Santa, essas mensagens, sinto como se aquelas pessoas estivessem ao meu lado, conversando comigo. E isso causa uma sensação que aqui não dá para descrever. Eu me sinto tão honrado em poder compartilhar das suas vidas, dos seus temores, das suas esperanças, das suas alegrias e até das suas tristezas.

E é exatamente isso que acontece quando trocamos mensagens, pois estamos trocando energia, estamos dando vida uns aos outros.

É isso, Sr. Presidente. Eles me enchem de ânimo, eles são minha motivação diária. Eles alimentam minha alma.

Suas vivências são minha fonte de inspiração. É a partir do seu viver, das suas necessidades, dos seus anseios que eu extraio as idéias e as coloco no papel.

Então, quando eles fazem contato comigo e, como bons amigos que são, mostram-me onde eu estou acertando ou errando, eles me enchem de possibilidade de fazer o meu melhor.

         Eles me dão oportunidade de me tornar uma pessoa mais inteira, mais atenta aos outros, menos egoísta.

Eles me dão a exata consciência de que somos parte do mesmo Universo, do mesmo Todo.

Meus amigos e minhas amigas, eu sei que vocês estão me ouvindo, estão me assistindo pela TV Senado. Preciso dizer a vocês que escrevem para mim com tanto carinho que é dessa forma que me sinto na companhia de vocês.

E é com grande ansiedade que espero o contato de cada um, pois, para mim, a vida só tem sentido em estar aqui por vocês que estão aí.

         Nós estivemos unidos em diversas lutas. Vocês, idosos, negros, índios, pessoas com deficiência, jovens, trabalhadores, desempregados, aposentados, todos tivemos contato, um contato amigo. Nós peleamos juntos e vamos pelear muitas vezes.

         Nós criamos todos esses projetos. Para muitos, polêmicos. Mas são projetos do bem; são projetos de alguém que quer melhorar a qualidade de vida do nosso povo, melhorar a qualidade de vida de toda a nossa gente. Nós choramos. Claro que choramos! E rimos juntos. Nós nos demos força e coragem para seguir adiante e mostramos que somos incansáveis, somos peladores, somos lutadores, não nos entregamos.

Quantos pronunciamentos em favor, por exemplo, do Fundo de Ensino Técnico, o Fundep; do Estatuto da Igualdade Social e Racial, do Estatuto da Pessoa com Deficiência, do Estatuto do Idoso, da periculosidade para os carteiros. Lembram-se, carteiros? Disseram que nós íamos quebrar o País, mas vocês ganharam os 30%, e não quebrou o País. Lembram da PEC paralela? Um ano peleando, aprovamos, e não quebrou o País coisíssima nenhuma. Pelo fim dos preconceitos, pela preservação do meio ambiente.

Aliás, quantas conversas nós tivemos sobre o nosso querido meio ambiente? Vocês se lembram de quando eu disse que cada um deve fazer a sua parte, fazer o possível coletivamente e perseguir aquilo que, para muitos, pode parecer impossível? Mas nada é impossível.

O coração brasileiro, que pertence à mãe natureza, tem um nome belíssimo. Ele é lindo e, modéstia à parte, é invejado pelo mundo inteiro. E o nome é Amazônia. Esse coração é irrigado de forma permanente pelas águas dos rios que correm em suas veias, saudando a vida. Sua batida é o pulsar da natureza em toda a sua plenitude, fundindo-se com a infinita majestade do Universo.

A história que temos vivido juntos é feita de vitórias e de derrotas. Eu bem que gostaria que tivéssemos apenas vitórias, mas nem sempre isso é possível. Por isso, nós perseguimos até o impossível.

Isso, no entanto, não nos impediu de seguir adiante. Vocês me disseram muitas vezes: “Coragem, Senador! Temos que continuar peleando.” Quantas cartas recebi, inclusive das crianças, cartas enfeitadas com desenhos, cartas que agradeciam por coisas feitas para o bem dos pais, das mães, dos avós e dos bisavós? E outras, recebidas de idosos, que contavam com alegria que estavam vendo os seus direitos respeitados graças ao Estatuto do Idoso, que nós construímos juntos? Quantas mensagens agradecendo as audiências públicas, que permitiram as pessoas debaterem assuntos de interesse do nosso povo?

Eu sei que vocês estiveram com a gente todos os dias. Sei que nunca estivemos sozinhos. Sei que a mesma música embalou nossos sonhos e que Deus nos uniu para um propósito maior.

Muitas vezes, no clube de terceira idade, eu dancei, eu bailei, eu cantei aquela música “meu velho”, cantada por Roberto Carlos, por Altemar Dutra e por tantos outros. Diz a música:

[...]) Velho, meu querido velho

Agora caminha lento

Como perdoando o vento.

Eu sou teu sangue, meu velho

Teu silêncio e teu tempo [...].

Mas eu creio que Ele, lá no alto, sabia que nós tínhamos somente uma coisa: fome! Fome! Fome de justiça social!

Podem acreditar: é muito bom chegar ao final deste ano com a nossa amizade fortalecida e ciente do dever cumprido. Eu só tenho a agradecer. Vocês enchem minha vida de amor pela vida. Obrigado a cada um de vocês. Não se esqueçam de que vou sempre fazer o máximo para corresponder à confiança que vocês depositaram em mim.

Sr. Presidente, permita-me. Gostaria ainda de fazer um agradecimento especial a toda a equipe que trabalha comigo, que me ajuda a levar este mandato, pelo bem de toda a nossa gente. Quero fazer dois agradecimentos.

Primeiramente, agradeço à equipe lá da Comissão de Direitos Humanos. Olhe, vou falar aqui, mas não importa o detalhe. Eu abri mão, para presidir a Comissão de Direitos Humanos, de todos os cargos que podíamos ter lá, num grande entendimento, legítimo também. Assim mesmo, a equipe do meu gabinete e os funcionários da Casa, somente da Casa, levaram a Comissão de Direitos Humanos dia e noite. Por isso, fizemos um grande trabalho.

E eles escreveram uma pequena homenagem, Senador Augusto Botelho, que faço questão de ler:

Senador Paulo Itaim,

Sentimos a proximidade com o nosso Senador, e ela é tamanha que, muitas vezes, esquecemos que ele é o Grande Homem da Tribuna, o Parlamentar aguerrido que não se cansa de pensar e pensar em meios de colocar ao alcance de todos possibilidades iguais.

Nós o vemos, muitas vezes, como amigo, como uma espécie de educador paciencioso que, de bom grado, divide seu conhecimento de vida, suas experiência pessoais. [Aí todos crescem juntos.]

Corremos ansiosos para corresponder às suas expectativas, porque sabemos que mais uma grande idéia brotou [aqui ou acolá] e precisa ser levada adiante.Olhamos para ele, ávidos por saber o que virá agora.

E sempre o que vem nos surpreende e nos faz silenciar diante da nova semente que [...] [nós ajudamos a plantar].

Temos a honra de cultivar a terra junto com ele. Temos a honra de ser convidados a fazer parte da missão de distribuir os frutos. Temos a honra de ver pessoas se fartando desses frutos.

Nessa seara, [...] [Senadores,] nós somos grandemente privilegiados, e agradecer, por mais que o façamos, nunca será o suficiente.

Caminhar [...] [com os senhores, neste grande campo de idéias e atitudes será sempre um grande aprendizado que a vida nos possibilita.

Nosso carinho, respeito e admiração não são definíveis , mas eles vêm da alma [a todos os Senadores]. E, com certeza, nossa alma aprendeu [...] [com vocês] a amar cada possibilidade de fazer o bem. Obrigado por nos [...] [darem] este presente!

Obrigado [...], [Senadores], porque sabemos nós que, além de ser uma grande plantação no coração de muitas pessoas, nos permite a honra da convivência diária com seres humanos que habitam dentro deste coração.

Sr. Presidente, eu responderia, antes de passar a palavra ao Senador Papaléo Paes, aos nossos queridos amigos, funcionários da Casa e do meu gabinete, somente dizendo isto: tenham certeza de que a honra é nossa e de que somos muitos gratos por ter vocês bem juntos da gente nesta estrada em que Deus nos colocou.

Srªs e Srs. Senadores, enfim, quero agradecer de coração, de alma a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, nos ajudam nesta longa e difícil caminhada.

Muitos foram os espinhos, mas muitas, com certeza, foram as rosas.

         Inspirado, neste momento, na letra, do Cartola, de “As Rosas Não Falam”, eu digo: vocês são essas rosas que neste instante não falam, mas que exalam o perfume que lhes roubaram. Esse perfume é como um bálsamo a embriagar este plenário, dando sentido às nossas vidas.

Para finalizar, quero, antecipadamente, ler, Senador Augusto Botelho, uma mensagem de Natal e de ano novo que pretendo deixar em minha página e vou remeter a todos os Senadores.

É com carinho que eu a leio neste momento. A mensagem é a seguinte - esta fui eu que escrevi:

Me dá cá um abraço. Por favor, estende tua mão pra mim e aceita a minha. Escuta o que o meu coração tem pra te dizer e me deixa compartilhar contigo os meus andares.

Mais um ano se passou em que permitiste que eu me expressasse pelo bem da verdade que teu coração trazia.

Caminhaste comigo o trajeto necessário para cumprir as batalhas das quais não podíamos e não queríamos nos omitir.

Foste meu amigo e meu aliado e toda dedicação que somei aos meus dias só me tornou mais inteiro, mais determinado e mais feliz.

Receber tuas cartas, abrir teus e-mails, atender teus telefonemas, conversar contigo foi um grande presente para mim.

Ouvir os falares da nossa gente, estar atento às mais justas demandas, sentir a dor dos excluídos, enfrentar desafios pelos seus direitos, perceber o sofrimento que os inunda individualmente ou enquanto comunidades, criar projetos que aplaquem sua dor, considero tudo isto pouco em face da confiança que depositas em mim.

Meu coração te prometeria tudo, tudo se pudesse. Talvez ele não possa, mas, com certeza, ele te promete amizade, fidelidade, companheirismo na luta e dedicação no agir..

E, acima de tudo, ele te promete colocar muito amor em tudo que construir. Ele te promete jamais fechar os ouvidos aos teus clamores. Ele te promete doar-se com integridade e lealdade.

Será muito bom caminhar novamente ao teu lado no próximo ano. Vamos nos unir e deixar que novos ventos venham carregados de solidariedade, justiça social e muito amor.

Afinal, quando deixamos um ano para trás, a única coisa que conta é a intensidade do amor que colocamos em nossas ações. É na força do amor que toda luta transcende o individualismo e responde sim ao Universo.

Senador Papaléo Paes, faço questão do seu aparte. Já recebi o do Senador Mão Santa.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador Paim, inicialmente, quero parabenizar V. Exª pela sua atuação nesta Casa. V. Exª é autor, é relator de diversos projetos na área social, cujos resultados nós vemos às claras. Ainda há pouco, o Luciano esteve aqui comprovando um dos projetos aprovados nesta Casa. V. Exª lidera um movimento a favor dos aposentados e nós todos estamos lhe acompanhando. Então, o que nós estávamos conversando, eu e o Senador Mão Santa, é sobre o sistema eleitoral brasileiro. Nós vemos um país de Primeiro Mundo, como os Estados Unidos, fazer uma prévia dentro do próprio partido. Mas não é aquela prévia em que se contrata cabo eleitoral para votar, não; são prévias, realmente, da vontade popular, da análise do povo, vendo os candidatos debaterem. Tenho certeza absoluta de que, se nós tivéssemos isso aqui no Brasil, V. Exª seria um dos que deveriam, pela vontade do povo e pela nossa vontade, participar dessas prévias, e, com certeza absoluta, V. Exª teria uma preferência para disputar a Presidência da República. Conversávamos eu e Mão Santa há pouco. Mas, infelizmente, hoje, quem determina os candidatos? Primeiro, isso é resolvido em cima da hora; não dá mais tempo para se saber quem é quem. É uma meia dúzia de pessoas que faz a votação ali no diretório, e sabemos, muitas vezes, como acontece essa votação. Quando o diretório, o Presidente e o Secretário-Geral querem, eles resolvem lá dentro e indicam os secretários; ou, então, quem está no poder põe alguém, começa a tentar fabricar candidatos. E essa fábrica de candidatos é muito perigosa. Se temos hoje o Presidente Lula como Presidente do Brasil é em conseqüência da sua luta, do seu currículo político. Já vemos o Presidente Lula colocar o braço no ombro da Chefe da Casa Civil. É um grande risco. Devemos ter pessoas com tendência natural à democracia, e que essa tendência natural à democracia esteja à vista de todos. V. Exª nunca escondeu de nós sua capacidade, seu compromisso social, sua luta pelo trabalhador brasileiro e V. Exª tem a nossa admiração e o nosso apoio para - digo até, Senador Paulo Paim, falando de uma maneira muito séria mesmo - colocar seu nome à disposição no PT. V. Exª tem lá dentro condições de disputar, porque, de acordo com a legislação atual, V. Exª tem um grupo muito forte no PT; tenho certeza absoluta disso. Então, V. Exª é o nome que respeitamos. É preciso acabar com esse elitismo dentro do PT, a fim de que ele volte a ser um Partido do povo, um Partido simples e justo. Por isso, eu e Mão Santa, que conversávamos a respeito de V. Exª, deixamos o nosso voto de sucesso e de progresso. Que V. Exª realmente nos ouça e analise a possibilidade de disputar - porque já está na hora - uma vaga no seu Partido para a Presidência da República. Muito obrigado.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Papaléo Paes, agradeço muito a V. Exª. Claro, e eu sempre digo isto, inclusive quando fui entrevistado pela imprensa da Baixada Santista, que todos gostaríamos de ver nosso nome lembrado, seja para Deputado Federal, para Governador, para Senador ou para Presidente da República?

Lá mesmo, na Baixada Santista, naquele ato maravilhoso, muitos lembraram essa questão. Mas eu queria dizer, com todo o carinho, que essa minha jornada em nível nacional visa aprovar os projetos em benefício dos aposentados, dos pensionistas, dos deficientes, dos idosos, da igualdade racial e do ensino técnico. Não estou fazendo essa jornada, com certeza... Agradeço com muito carinho a lembrança do meu nome.

Permitam-me os senhores - e aí vou terminar mesmo, meu Presidente - a não ser que o Senador Cristovam queira um aparte. (Pausa.)

Neste momento, não vou perder o direito desse aparte, que recebo com muita alegria.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Paim, na mesma linha do nosso amigo e colega Senador Papaléo, mas não por causa dos aposentados, porque o senhor tem sido, e certamente continuará a ser, o grande baluarte nesta Casa, como vejo por todas as correspondências que recebo. Independentemente disso - deixemos isso de lado -, há um vazio de pessoas aparecendo como possíveis condutores deste País a partir de 2011. O pós-Lula não está claro, até porque não vai ser fácil substituir um presidente que chega ao final do seu mandato - estamos perto - com 70% de apoio; que fez algumas transformações importantes. Havia um vazio. As pesquisas de ontem mostram isso. Quando um só candidato concentra tantos votos dois anos antes das eleições, é porque os outros estão muito fracos, não é porque ele está muito forte. Nesse vazio, é preciso que ninguém tenha modéstia ou conforto pessoal...

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Ou coragem.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - É preciso que nenhum tenha esse lado que nega participar do processo. É preciso que tenha coragem; é preciso que tenha predisposição; é preciso que tenha patriotismo para colocar seu nome, como dizia o Senador Papaléo, à disposição dos partidos. E, nesse sentido, quero lhe dizer que, na sexta-feira, tive uma reunião com universidades do Rio de Janeiro. Essas universidades vão organizar debates com personalidades da política - não para fazer debate técnico -, convidando através dos partidos, mas individualmente, para que cada um venha dar o seu recado para o Brasil pós-2011. E tenho absoluta certeza de que um dos nomes que eles vão convidar, se eles tiverem um mínimo de percepção, é o seu. Eu acho que, aí sim, a colocação do Senador Papaléo vai além. Aí, não é o senhor se colocar; é o senhor se negar. Não seria correto se negar a participar disso, se vier o convite, e debater e dizer o que pensa, não sobre aposentados apenas, como eu não posso ir falar só de educação, mas fazer o retrato que temos do Brasil pós-2011. Aqui, nesta Casa, todos deveriam ser convidados. Todos! Ninguém chega a esta Casa levianamente, nem chega a esta Casa sem alguma capacidade de propor coisas, mesmo que muitos de nós considerem que sejam propostas ruins, negativas, contraditórias. Então, reafirmo a colocação do Senador Papaléo: acho que o Sr. Senador Paim tem, sim, o que dizer a este Brasil inteiro como um dos possíveis, pretensos, pré, pré, pré, pré - ponha quantos prés quiser - candidato pelo seu partido, que é o Partido dos Trabalhadores. Não é possível que cada partido já saia com um nome e já saia defendendo esse nome sem uma consulta anterior, como parece ser o caso dos outros partidos, salvo um. Hoje, há um partido democrático: o PSDB, porque tem dois candidatos. O PSDB tem dois. Então, de certa maneira, andou-se comportando com o mínimo de democracia interna, deixando que os dois se apresentem na opinião pública para ver qual será o escolhido. E espero que o nome do Paulo Paim esteja entre esses nomes, pelo menos durante o ano de 2009, depois isso vai afinando, depois isso se vai condensando em poucos nomes, até que cheguem ao primeiro turno pouquíssimos nomes, e até que, no segundo, haja dois.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Se me permitir mais dois minutos, concluo.

Senador Cristovam, quando usei a palavra coragem, quis elogiar V. Exª. V. Exª já foi candidato e colocou à disposição do seu partido novamente o seu nome. E entendo que V. Exª seja um grande nome para esse debate, como é a Ministra Dilma, como é o Serra, como é o Aécio Neves. E, como V. Exª falou, oxalá todos os Senadores colocassem seus nomes à disposição. Mas quero dizer que, no meu entendimento, V. Exª é um grande nome e fico feliz de saber que o seu nome está sendo lembrado como um dos que poderão disputar a Presidência da República.

Mas, Senador, se me permitir mais dois minutos, terminarei falando, Senador Botelho, a “Prece do Gaúcho”, pedido que recebi nesses milhares e milhares de e-mails que recebi. Eu a fiz em uma madrugada aqui, quando terminamos a vigília, às duas da manhã, e eles pediram-me que eu a terminasse. É bem curta. Se V. Exª me permitir, termino com ela.

        Eu não a declamei; eu a li porque não sou bom para declamar. A “Prece do Gaúcho” diz:

Prece do Gaúcho

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e com licença, Patrão Celestial...

Vou chegando, enquanto cevo o meu amargo de minhas confidências, porque, ao romper da madrugada e ao descambar do sol, preciso campear por outras invernadas e repontar do Céu a força e a coragem para o entrevero do dia que se passa.

Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca, rebenque e espora, não se afirma nos arreios da vida, se não se estriba na proteção do Céu.

Ouve, Patrão Celeste, a oração que te faço ao romper da madrugada e ao descambar do sol.

Tomara que todo o mundo seja como irmão!

Ajuda-me a perdoar as afrontas e a não fazer aos outros o que não quero para mim.

Perdoa-me, Senhor,

porque rengueando pelas canhadas da fraqueza humana, de quando em vez, quase sem querer, eu me solto porteira afora...

Êta, potrilho chucro, renegado, rebelde a caborteiro...

Mas eu te garanto, meu Senhor, quero ser bom e direito!

Ajuda-me, Virgem Maria, primeira prenda do Céu.

Socorre-me, São Pedro, capataz da estância gaúcha.

Pra fim de conversa, vou Te dizer, meu Deus, mas somente pra Ti: que Tua vontade leve a minha de cabresto pra todo o sempre e até a querência do Céu.

Amém.

É isso, Senador Papaléo.

Muito obrigado, Senador Botelho, principalmente pela tolerância, para que eu pudesse atender a esses companheiros e companheiras.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SENADOR PAULO PAIM EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Entrevista Senador Paulo Paim: “O Congresso funciona conforme o rufar dos tambores nas ruas.”


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/12/2008 - Página 50401