Discurso durante a 236ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Denúncia de corrupção eleitoral em governos do PT. Críticas ao Governo Federal pelo tratamento da questão da indenização das vítimas do regime militar.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. EDUCAÇÃO.:
  • Denúncia de corrupção eleitoral em governos do PT. Críticas ao Governo Federal pelo tratamento da questão da indenização das vítimas do regime militar.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 13/12/2008 - Página 52195
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, SUPERIORIDADE, CORRUPÇÃO, ELEIÇÕES, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), CRITICA, RETIRADA, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, REGIÃO, AUSENCIA, APOIO, GOVERNO FEDERAL.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, TRIBUNA DA IMPRENSA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), ANTERIORIDADE, POSSE, QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, CASSAÇÃO, MOTIVO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, DISTRIBUIÇÃO, INDENIZAÇÃO, POPULAÇÃO, VITIMA, PERIODO, REGIME MILITAR, AUSENCIA, AUXILIO, JORNAL, TRIBUNA DA IMPRENSA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • CRITICA, JUDICIARIO, INTERFERENCIA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, AMPLIAÇÃO, QUANTIDADE, MELHORIA, REPRESENTAÇÃO, POPULAÇÃO, ALEGAÇÕES, NECESSIDADE, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, REGISTRO, MANUTENÇÃO, PERCENTAGEM, RECURSOS, ORÇAMENTO, CAMARA MUNICIPAL.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, OBRAS, MELHORIA, EDIFICIO SEDE, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CRITICA, EXCESSO, DESNECESSIDADE, GASTOS PUBLICOS, INFERIORIDADE, RECURSOS, MELHORAMENTO, EDUCAÇÃO, INSTALAÇÃO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, ESPECIFICAÇÃO, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ).
  • DEFESA, INDICAÇÃO, CRISTOVAM BUARQUE, SENADOR, PARTICIPAÇÃO, DIREÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), POSSIBILIDADE, MELHORIA, EDUCAÇÃO, BRASIL.
  • REGISTRO, DENUNCIA, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), OCORRENCIA, TORTURA, AMBITO NACIONAL, COMENTARIO, ATUAÇÃO, ORADOR, ANTERIORIDADE, COMBATE, CRIME, ESTADO DO PIAUI (PI).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geraldo Mesquita, Parlamentares presentes, brasileiros e brasileiras que nos assistem no plenário e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado.

Ô, Geraldo Mesquita, agradeço!

Cícero, o grande Senador romano, dizem que era um grande orador em Roma. Eles ficavam discutindo Roma e Grécia, quem era melhor, Demóstenes - temos um Demóstenes aqui. Cícero, na Itália, considerado pelos italianos do Renascimento como um grande orador, disse: “Nunca fale depois de um grande orador.” Então, graças a Deus, você me colocou antes do Pedro Simon, porque, se eu fosse falar depois do Pedro Simon... Aqueles gregos e romanos ainda estão discutindo, porque não conheceram Pedro Simon, mas vou fazê-los conhecer.

Ô, Professor Cristovam Buarque! Uma vez, vi aquela confusão. O Pelé, no Maracanã, fez mil gols. Outro dia, Romário veio aqui com sua filha deficiente, que encantou a todos - e ele também encantou os brasileiros, porque fez mil gols. Ali, o Zé Roberto está tirando.

Mas, Pedro Simon, nós estamos na véspera de completar mil pronunciamentos nesta tribuna. Pelé não fez mil gols, hem, “Dom Pedro”? Agora, eu já escolhi o milésimo. O Zé Roberto, o nosso consultor ali da Secretaria Geral da Mesa, está fazendo um levantamento. Eu já escolhi o tema. Vai ser “reflexões” - é o livro do Pedro Simon.

Primeiro, eu quero contestar os gaúchos, aqui - estão ali dois -, essa civilização extraordinária. Você vai ali para o Uruguai, vizinho... Olha que tem o melhor vinho - Casa Valduga, o Miolo é bom -, o churrasco é bom. O chimarrão eu ainda não aprendi, o Paim ainda não me ensinou, mas vou aprender.

Eu, ontem, fiquei encantado com o discurso e o amor do Pedro Simon. Eu já era encantado com a história: a Revolução Farroupilha, Bento Gonçalves, os Lanceiros Negros - os avós do Paim -, que entraram na guerra, precursores das liberdades do negro e da República, Anita Garibaldi, Giuseppe Garibaldi, esse povo todo, passando por Alberto Pasqualini, Getúlio, João Goulart e esses três fabulosos Senadores que tem aqui.

Mas eu dizia para o Pedro Simon e ele estava mostrando como o gaúcho povoou, como o gaúcho se espalhou pelo Brasil e nos ensinou a plantar, a desenvolver a agricultura.

Lá no Piauí, eu sou testemunha e eu sou agradecido, Paim. Paim, foi uma revolução e eu estou aqui pelos gaúchos, daí a satisfação.

Geraldo Mesquita, me colocaram para ser candidato a governador do Estado, assim como dizem, como “boi de piranha”, aquele negócio de “boi de piranha”. Era para eleger dois do PMDB, mas não tinha condição. Olha que a nossa coligação tinha quatro prefeitos e a outra tinha 141, um negócio meio... Mas, aí, eu saí para a brincadeira, porque eu gosto mesmo desse negócio.

O candidato, hoje, é um extraordinário, magnífico Deputado Federal. É o destino. Eu era do PDS e queria ser só o vice do Professor Atila Lira, mas aí, tu sabes, há oligarquia, tal e tal, vai para a convenção e eles me convidaram. Eu tinha acabado de ser prefeito de Parnaíba e tinha sido Deputado Estadual. Aí, eu disse: “Para perder na convenção, é melhor mesmo perder pelo povo.” Eu sei que eu tinha 4% e o outro tinha 67%, e, no final, nós ganhamos o jogo. Mas por quê?

Pedro Simon, sabe por que eu ganhei? No Norte, nós nascemos lá, é mais povoado, fui prefeito de Parnaíba - consegui 93,84% dos votos para governador nessa cidade. Foi a maior votação dada a um político. Eu sei porque o Ronaldo Cunha Lima me disse que, na Campina Grande dele, ele tinha passado do Juscelino em Diamantina e que eu tinha passado dele.

Aí, saímos candidatos. Agora, ganhamos a eleição, Pedro Simon... Ô Pedro! Pedro! Parla, Pedro!

Parla, David”, sabe quem disse?

Foi Michelangelo, o maior escultor do mundo. Ele fez a estátua de David e chegou à perfeição. Ela está lá no museu. Ela era tão perfeita que ele pegou o martelo e disse: “Parla, David!” Agora, eu digo: “Cala, Pedro! Ouça, Pedro!”

Pedro, eu fui eleito pelos gaúchos. Quando entrei na campanha, no Sul eu não tinha votos. Sabe o que eles diziam? “Esse Mão Santa não conhece nada, nunca foi nem ao sul do Piauí. Não conhece.” Eu deixei. Aí, eu fui para televisão e disse: “Não conheço mesmo, não.” Eu não era hippie! Eu nasci no litoral, aí, fui estudar em Fortaleza, fui estudar no Rio e voltei para a minha cidade. Conheci a capital. Por que diabo eu ia andar por aí, no Sul todo? Eu não era hippie para estar andando solto. Eu estava onde estava, trabalhando na Santa Casa, fui prefeito também. Agora, eu vou e vou.

Mas, ouça Dom Pedro Simon, chegando ao Sul, rapaz, só tinha um prefeito que não compraram, porque a oligarquia era forte. Comprava tudo. Não era assim como o PT, porque o PT é desgramado demais, inventa o diabo e compra todo mundo. A maior corrupção eleitoral que já existiu na história do País é o momento que vivemos. É só farsa! Nem a ditadura era essa imoralidade que está havendo. É corrupção eleitoral, são os aloprados, a gente está vendo boi voar. Os militares podiam ser truculentos, diziam que prendiam os comunistas, os corruptos, mas eles jogavam, apitavam o jogo.

Vou dar um testemunho. “Nunca antes” - o Lula não disse? O poeta Camões disse “nunca dantes”, mas o Lulinha, o Luiz Inácio, nosso Presidente, diz “nunca antes”. Nunca antes eu vi tanta corrupção eleitoral.

Olha, a ditadura Nós tomamos a maior cidade do Piauí, a prefeitura da ditadura, da Arena, porque era possível. Era possível! Eles apitavam o jogo. Eles fizeram até o AI-5, mas depois, não estavam nem aí. Nós ganhamos em 1972, antes de Ulysses, que foi em 1974. Agora, não ganhamos, não. Não ganhamos, não, porque são a corrupção, os aloprados e os bancos.

Essa Dilma, aí, escreveu a página mais imoral da política. Isso eu posso dizer. Era para a televisão ir lá, tinha um tal de PAC: “Se não for o prefeito aqui do meu lado, não chega dinheiro...” Ora! O que é isso, senão corrupção eleitoral? O que é isso, senão usar a máquina?

Então, atrás de uns governadorezinhos... Com esse do Maranhão, vai dar guerra. Sou eu que estou dizendo, eu sou vizinho. É um homem de bem, três vezes prefeito de lá, cirurgião de tórax - o Mão Santa de lá -, governador. Neste País, está em véspera de começar a confusão. A corrupção está tão grande que eles estão perdendo o sentido.

O Claúdio Humberto disse: “Vão ver boi voar.” Vocês já viram boi voar? Pois vai voar lá no Piauí, na cidade de São Raimundo Nonato, a maior vergonha eleitoral. Na calada, tiraram um, colocaram outro e tal, e voou mesmo. Eu diria que voou boi.

Então, digo, como Cícero: “Até quando, Catilinas, vais abusar da nossa paciência?”

Esse negócio, aí, de governador, pode dar aqui, de uma hora para outra, uma revolução. Eu estou dizendo porque é para dizer. Eu é que sei a história deste País. Nós é que somos a pilastra de moral e de firmeza, é por isso que dá inveja e mágoa. Tem o tripé: Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo. É aqui a pilastra moral! É aqui, somos nós, nós somos filho do povo, do voto, da democracia. Aqui, temos mais votos que o Luiz Inácio. Eu já somei: aqui, temos 80 milhões de votos. Cícero, quando bradejava, dizia: “O Senado e o povo de Roma”. Eu posso dizer: “O Senado e o povo do Brasil.” Eu posso.

Olha, a gente vê que estão marcando tomar um bocado de governo aí, ouviu Geraldo Mesquita? Mas o mais corrupto é o do Piauí, porque é do PT. Tem processo por todo lado contra ele. Está aí, na Tribuna da Imprensa. Hoje, eu adverti o País.

Atentai bem, ô Pedro Simon! Tribuna da Imprensa, que tiraram. Pedro, está aí. Hoje, é uma vergonha para o País, é uma vergonha para o Sérgio Cabral, a Tribuna da Imprensa, que acabou com a ditadura Vargas, que combateu a ditadura militar. O seu diretor Hélio Fernandes, eu acho, está no Guinness como o homem mais preso do mundo. Foi bombardeado, fechado, e sabe por que está lá? Está ele dizendo: “De 11 ministros, o Luiz Inácio já botou sete, mas vai botar oito.” Então, ele tem o Poder Executivo, que tem dinheiro, porque os aloprados roubam abertamente. Foi ele que denunciou, o Luiz Inácio.

Não fui eu que disse “aloprado” não; foi ele mesmo. Aliás, num momento de muita grandeza e dignidade ele disse: “Eu estou arrodeado de aloprados”. Foi o Luiz Inácio. Aí, ele merece os nossos aplausos. São quarenta!

Então, aqui, nós advertimos! Vejam o Governador do Piauí! Antes de entrar, já roubava. Tem uma Fenatec lá - e ele fez, com o Rio Grande do Sul, um projeto de reforma administrativa, antes mesmo de entrar. Sanguessuga? Estava lá. Gautama? Estava lá. São 17 gravações. O PSDB entrou; o PMDB entrou. E mais: carteira para eleitor, lá, é muito mais do que isso! E o Bolsa-Família? Como o próprio nome está dizendo, é uma caridade. Mas, o Luiz Inácio aparecia na televisão e dizia: “O candidato é esse. Se não for, não chega o PAC!” O que é isso? É o Luiz Inácio que está certo? Ou quem estava certo foi o Presidente Sarney, que passou o governo a seu adversário, o Collor? Ou, então, o Fernando Henrique Cardoso, que entregou a faixa para o Luiz Inácio? Fernando Henrique Cardoso é um estadista, é um homem de bem. A mulher dele foi para o céu. Todo mundo está reconhecendo - e não sou do lado dele, não; nunca votei nele, não. Dá inveja. Se ele tivesse usado a máquina, Luiz Inácio já era! Não tinha sido! Basta ver isso... Ele permitiu.

         Eu digo isso, Geraldo Mesquita, porque, como sou do PMDB, eu não votei nele; votei no Quércia. Fui eleito no Piauí e, depois, fui reeleito. E ele tinha dois candidatos. Ele tinha um candidato do PSDB, do seu partido, extraordinário candidato, em 1998, um dos homens mais dignos e mais honrados que eu conheço: Francisco Gerardo, ex-Prefeito de Teresina, do partido dele. Ora, se eu ia ganhar a eleição se ele tivesse usado a máquina! Não a ganharia! É porque ele era um homem decente, honrado e correto, um estadista. E, no segundo turno, foi o ex-Ministro Hugo Napoleão, três vezes Ministro, do PFL, que era dele, e nós ganhamos, porque o Fernando Henrique Cardoso era um estadista. Não ganha! Do jeito que está aí, do jeito que estão cassando Governador... E o do Piauí? São 17 gravações com a Gautama; e a energia acabou, a companhia energética do Piauí está vivendo um apagão. Só deu roubalheira, e ele não está na fila. Então, vivemos isso.

Mas o que queria dizer é por amor à imprensa, que salva.

Ô, Luiz Inácio, resgatando uma reflexão de Pedro Simon, lembrando que os gaúchos se espalharam pelo País, levando a grandeza e o trabalho do povo gaúcho, digo que isso é uma verdade, porque eu ganhei no Piauí porque o sul do Estado está cheio de gaúchos, e eles votaram em mim. Em um único dia, recebi trezentas famílias da Cotrirosa, que plantam soja. E eles nos apoiaram por essa independência, Geraldo Mesquita.

E o tio de Franklin Delano Roosevelt, Theodore Roosevelt, que enfrentou a guerra, disse: “Se nos Estados Unidos da América eu tiver que fazer uma opção em ter governo e não ter imprensa livre ou ter imprensa livre e não ter governo, eu, Theodore Roosevelt, digo que é melhor para o país ter uma imprensa livre e não ter governo”.

Aqui estão sendo fechados os jornais! Um jornal que todo mundo sabe... Está aí o Poder Judiciário - mas nós estamos para frear - dando indenizações a pilantras e picaretas que se dizem vítimas da revolução. Eu votei contrário; eu era do PMDB; não fui vítima de nada! Eu era protegido pela Polícia Federal. Que acusação... Não, é um homem de vergonha. Não foram vítimas de nada. Está todo mundo ganhando causas do passado, recebendo indenizações monstruosas, já a Tribuna da Imprensa, que foi massacrada, destroçada, punida, cujo presidente e redatores foram presos, cujas oficinas foram atacadas a bomba, com altos prejuízos para a empresa, não tem a sua causa julgada.

Rui Barbosa, que está ali, disse: “Justiça tardia é injustiça manifesta”.

Então é isso. E nós buscamos a imprensa todos os dias para nos orientar. Primeiro, mostrando a nossa grandeza: o Jornal do Senado; a nossa televisão é de uma audiência extraordinária, porque leva a verdade. Aqui é a Casa do debate. Nós somos a voz do povo. Aqui não se faz como fizeram com o Boris Casoy, que foi suspenso por dizer “isto é uma vergonha”.

Eis aqui: “Reunião de Líderes definirá o futuro da PEC dos Vereadores”. Aprendam! Nós estamos aqui para isso!

Ferro Costa, a V. Sª, que é jornalista, psicólogo, quero dizer o seguinte, relatando uma das cenas mais bonitas que retrata a grandeza deste Poder: Giscard d’Estaing, sete anos Presidente da França, Giscard d’Estaing, sucessor de Charles de Gaulle, disputou a eleição. Miterrand foi para o segundo turno. Miterrand fez uma mágica: ele disse que acabaria com o desemprego reduzindo a jornada de trabalho de oito para cinco horas. Miterrand ganhou. Giscard d’Estaing ganhara no primeiro turno, lá onde nasceu a democracia, lá onde gritaram “liberdade, igualdade e fraternidade”, mas Miterrand ganha no segundo turno. Giscard d’Estaing, não usando o governo, perde, entrega a faixa. Vem a imprensa e pergunta “qual seria o futuro de Giscard d’Estaing”. Pedro Simon, V. Exª que está no ápice do Poder Legislativo, ouça o que disse Giscard d’Estaing: “Vou voltar para a minha cidade e ser vereador”. Esta é a grandeza do Poder Legislativo! Esta é a grandeza desta Casa, que, agora, fez amadurecer uma lei de responsabilidade para os Vereadores.

Entretanto, o Poder Judiciário se intrometeu e, usando a mídia, disse que o povo do Brasil, diminuindo o número de vereadores, iria economizar. Eu faço a seguinte pergunta, ô Paim: são 5.556 cidades e qual foi a Câmara de Vereadores que devolveu dinheiro aos cofres públicos das prefeituras? Então, aquilo foi uma farsa. Aproveitaram a mídia para passar a idéia de que aquilo era uma medida de austeridade. Eu pergunto, Paim: em que Câmara Municipal foi reduzido o número de Vereadores e devolvido o dinheiro ao Poder Executivo, à prefeitura para fazer obras sociais? Apontem-me! Mas meteram a mídia, a impressa.

Aqui, estamos perigando. V. Exª está atento. Eu denuncio - e aqui é para isso. Eles querem voltar ao regime de Hitler, que tinha o seu assessor de comunicação, Goebbels, que dizia: “Uma mentira repetida torna-se verdade”. Qual a Câmara Municipal que devolveu, nesse período, dinheiro aos Prefeitos, às prefeituras para fazer obras sociais?

Então, aqui nasceu, como tem que nascer, Paim, uma lei, como está nascendo a sua lei, como nasceu aqui para melhorar o salário mínimo, como nasceu aqui e está nascendo, e nós não vamos deixar abortar, o fim do redutor das aposentadorias dos nossos velhinhos. Esse fator é uma ignomínia, é um calote, que não existe em nenhum lugar do mundo. Esta é, pois, a Casa para fazer leis boas e justas, sem nos inspirarmos em nenhum dos dois outros Poderes, nem nas medidas provisórias, nem no Judiciário. Eles existem para julgar as leis e interpretar as leis. Nós existimos para fazê-las. Nós é que temos as credenciais do soberano, que é o povo. E está na hora de mudarmos isso.

Montesquieu, Senador Pedro Simon, atendeu o povo que, gritando “liberdade, igualdade e fraternidade”; fez cair todos os reis e o Absolutismo. Ele, ao propor a tripartição do poder, apagou para sempre aquele “L’État c’est moi” de Luiz XIV. Montesquieu, naquele tempo, dividiu o Poder em Executivo, Judiciário e Legislativo. E acho que está na hora, Senador Pedro Simon, V. Exª que é franciscano, de entendermos que não somos poder de nada, não. Nós somos instrumentos da democracia. O poder é o povo que trabalha, paga impostos e paga a conta. O poder soberano é o povo. É este o entendimento.

Então, está aqui - e isso nos engrandece - uma reportagem completa sobre a atitude que o Poder Legislativo está tomando. Este é o melhor Senado de 183 anos. A intromissão indevida e errônea, um caso mal resolvido: o dos Vereadores. Eu sempre disse que é mais fácil tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade.

Então, eu quero dizer que vão aumentar o número de Vereadores, mas, aumentando a representatividade, não aumenta o custo, não. E eu digo porque eu fui prefeitinho: o dinheiro é fixo, é 5% do orçamento. E eles receberam. Vai aumentar é a representatividade, vai dar chance às outras facções políticas, já que nós vivemos no pluripartidarismo. Mas essa é a lei. Na minha cidade, aumentaram oito vagas, bem como em Teresina e todas as demais.

E os legisladores estudaram bem. Para que se tenha uma noção, Ferro Costa, que conhece o Piauí, o Brasil, de 181.533 milhões de habitantes, tinha 51.928 Vereadores. Aumentou-se esse número para 59.260. No Piauí, em Teresina, passam de 21 para 29; em Parnaíba, de 11 para 19; Floriano, de 10 para 15; Piripiri, de 10 para 15. E assim no Brasil...

Mas essa lei foi estudada, foi de acordo com a população, como diz aqui a ementa. São 24 faixas de composição das Câmara. Na primeira faixa, o número máximo de nove vereadores para Municípios de até 15 mil habitantes. Já, na última faixa, determina-se o número máximo de cinqüenta vereadores para Municípios de oito milhões de habitantes, como São Paulo. Quer dizer, aqui está nascendo uma lei como deve ser, como Deus entregou a Moisés uma lei boa e justa.

E atentai bem, Pedro Simon. V. Exª é terceiro franciscano. Minha mãe era terceira franciscana; o meu nome é Francisco. Sempre digo que não sou Mão Santa, mas sou filho de mãe santa. Por isso que o Frei Beto saiu do Palácio. V. Exª não elogia tanto o Frei Beto? Mas vejam aqui o que, segundo o Estado de S.Paulo, Lula teria dito sobre o Planalto: “Uma favela!” Uma favela! Como mudou! Pedro, “uma favela” é o Planalto.

Presidente Luiz Inácio, dê uma voltinha nas salas de aula das nossas professoras. Tenho andado no interior do Piauí, onde o Governador do Estado é do seu Partido. Pedro Simon, tenho visto meninos pelo chão. Professora sabida não fica no chão, mas senta no peitoril - isso nas escolas. Mas, segundo o Presidente, é uma favela o nosso Palácio.

Pedro Simon, não tenho a sua cultura nem viajei tanto quanto o Suplicy - e viaja muito esse povo do PT -, mas tenho passado por países antigos e olho os palácios do Governo. Está bem aí, na Argentina, a Casa Rosada, antiga... E aqui é uma favela, Luiz Inácio. Agora, as salas de aula, os hospitais, como estão? Olha, tenho ido ao Rio de Janeiro, onde me formei em cirurgia.

Tenho uma filha que está estudando lá, Pedro Simon. Eu passo de avião pelo Fundão. Cristovam Buarque, qual foi o seu sonho? O meu sonho foi ser doutor nesse Fundão, e o sonho de todos os médicos do Brasil afora. É o hospital lá da Ilha do Governador. Você conhece o Fundão? Eu passo agora por lá. Luiz Inácio, eu não adentrei, não, mas não tem janela, não tem porta, está todo acabado. As salas de aula do Brasil, a Universidade Federal está toda sucateada, e o Presidente da República: “O Planalto é uma favela”.

Mas isso tudo está certo, as coisas são assim mesmo, encanta-se, o poder encanta. Mas o pior, uma lástima, professor, e V. Exª foi um abençoado. Shakespeare disse que não há bem nem mal, o que vale é a interpretação. Bendito aquele telefonema, porque ia doer, ia lhe envergonhar, ia sujar sua biografia, professor: País não atinge a meta no Ensino Fundamental, país reprovado. Nós tiramos em educação... Eu nunca pensei, está aqui a mídia: Nós éramos 76º, passamos para 80º entre 120 países.

Cristovam, eu nunca pensei!

Cristovam, Cristovam, V. Exª é um abençoado. Deus escreve certo por linhas tortas. Hoje, V. Exª está aclamado para representar este País e o mundo. Eu sou da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e espero que V. Exª consiga a vaga da Unesco.

Presidente Luiz Inácio, eu votei em V. Exª, com todo respeito, em 1994. Mas e o contraste quando V. Exª diz que o Planalto é uma favela? Eu pergunto: como estão nossa escola pública, nossas faculdades públicas, nossos hospitais e tudo? E nós estamos atrás do Paraguai na educação, atrás da Bolívia.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Mas não dá para dizer que o Planalto...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um aparte a Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Não dá para dizer que o Planalto é uma favela, não é? Eu acho que o Presidente Lula se esqueceu de como é uma favela. O Planalto realmente está um pouco decadente. Tem que se fazer algumas reformas. Mas a comparação, vinda do Presidente Lula... Ainda se fosse o Fernando Henrique: “O Planalto é uma favela”. Agora, o Presidente Lula dizer que o Planalto é uma favela? Eu não concordo. Eu acho que o Planalto é o Planalto. Tem que melhorar.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Chamou o Niemeyer, vai fazer uma reforma toda. E as universidades? É uma favela o Planalto. Então, é O Estado de S.Paulo, não sou eu, não. Não tenho nada com isso. Mas o Estadão é um jornal de credibilidade. A imprensa...

E, na educação, nós estamos no pau. Isso é o que eu lamento. Pedro Simon, só Brasília tirou seis. A nota máxima era dez. O resto todo, para mim, foi pau. Porque, quando eu estudei, abaixo de 5,0, era pau. É 3,8, é 4,0, é não sei o quê. No Brasil todo. Mas essa é a imprensa.

Paim, ontem, vi o relatório da satisfação no cumprimento da missão. Eu presidi este Senado quando V. Exª prestava contas, em dois anos, da Comissão de Direitos Humanos. Está aqui também na manchete, e eu queria homenageá-lo, a CNBB dizendo que ainda há tortura no Brasil. Para a CNBB, tortura no País existe até o dia de hoje.

Cristovam Buarque, uma vez, eu vi Petrônio Portella me dizer que a autoridade era moral. Pedro Simon, eu estava do lado dele quando fecharam este Congresso. Os canhões do lado de fora, porque aprovaram uma reforma do Judiciário. E ele só disse a seguinte frase: “Este é o dia mais triste da minha vida”. Essa mensagem chegou ao Palácio, aos revolucionários da ditadura, aos generais. E eles não resistiram. Paim, eles mandaram abrir, porque somos nós que sustentamos a vida democrática.

Está aqui a CNBB dizendo que existe tortura.

Eu quero dizer que eu fui portador de tortura no Estado do Piauí. O Ministério Público, a OAB, o Governador, incapaz e incompetente, permitindo as torturas, e eles me trouxeram o documento. O Paim tem tanta autoridade moral, Pedro Simon. Eu era o portador. Eu fui o portador. Entreguei. O do Ministério Público veio. Marquei audiência.

Ô, Paim, V. Exª me lembrou Petrônio Portella. Paim, atiraram e afastaram. A Justiça. Foi só eu ter dito: Senador, eu não posso tomar providência agora.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - O mérito foi de V. Exª, que trouxe a denúncia.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sim. Trouxe. Mas só de V. Exª receber, resolveram lá o problema. Então, a autoridade de V. Exª, hoje, na minha biografia, iguala-se à de Petrônio Portella. Só o fato de V. Exª receber...

Pedro Simon, estávamos curvados e aceitando a tortura no Piauí, vergonhosamente, e isso é ignóbil. E se fosse contra um filho da gente ou contra nós mesmos?!

Isso, na humanidade, não foi permitido nem à Igreja! Nós acabamos com a Inquisição. Daí é que veio Lutero, com a Reforma. Acabamos, porque era uma tortura. Nós fomos a uma guerra do mundo. E Getúlio nos levou para acabar uma tortura. E V. Exª tem mais isso a acrescentar. Então, essas são as palavras.

E isso é tão forte que eu acabei de receber um e-mail dos discursos do Geraldo Mesquita. Foi o Dr. Paulo de Tarso, economista do Rio. Ele citou aqui o art. 52, XV, ao que V. Exª dizia, e ele está riscado:

Art. 52. ...

...

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

É o art. 52 que, com esses recursos, Paim, diz que salvaguarda o calote que nós estamos dando.

Mas, Pedro Simon, a coisa mais fácil do mundo é ser Presidente deste Senado. E a coisa mais injusta do mundo, da nossa história, é Pedro Simon não ter participado ainda da Mesa Diretora. E V. Exª está sendo aclamado. E eu quero dizer que isso é tão fácil, porque aqui esses meninos sabem mais do que a gente. Barack Obama tem duas formaturas. Todo mundo. Olha aquele que está ali, o José Roberto. Eu só faço perguntar, e ele responde. É muito fácil. Eu nunca vi um negócio tão fácil.

Ontem, o Garibaldi se confessou na missa. E agradecia, porque ele ia errar muito, mas a Drª Cláudia não deixava.

Então, não se apavore não, Pedro. Venha, assuma.

Mas eu estava falando de quantos pronunciamentos já fiz aqui, defendendo o povo. Ô Paim, e quero o seu. Eu vi o Pelé fazendo o milésimo gol no Maracanã. Uma confusão doida. Outro dia, foi o Romário. Aí, eu digo: eu vou ver aqui, já que aqui é o nosso Maracanã, Pedro Simon. Olha como é eficiente este Senado. O Dr. José Roberto tem duas formaturas também. Não é só o Obama não. O outro, João Pedro, tem duas. Aqui, todo mundo é assim.

Aí, ele pegou: em 2003, eu fiz 96 pronunciamentos; em 2004, 80; em 2005, 138; em 2006, 117; em 2007, 255; em 2008, 285. Até hoje, 968. Então, nós vamos fazer o milésimo. E, para o milésimo pronunciamento, já convido V. Exª. Eu vou fazer uma homenagem a V. Exª. Estou lendo. Lendo não, estudando, apreendendo.

Barack Obama, em seu livro, diz que procurou... Lá diz o nome, que eu não sei, de um senador americano antigo, duas vezes deputado estadual e senador. Tiveram uma conversa. Ele disse: “Meu filho, leia a Constituição”. Aí, puxou uma. E disse: “Esse povo não lê a Constituição, o Regimento e a Bíblia. E V. Exª tem perspectivas invejáveis”. Ele procurou o Pedro Simon de lá.

Então, eu quero lhe dizer que já estou preparando o meu milésimo pronunciamento aqui, Pedro Simon. E vai ser uma análise das suas obras. O Alberto Pasqualini... E, por último, estou lendo Reflexões para o Brasil do Século XXI de Pedro Simon. Então, 968 discursos. Apartes, já demos 1.501. E depois, José Roberto, Dr. José Roberto. Professor. Ele é formado duas vezes. Tem a formatura do Fernando Henrique Cardoso,...

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - V. Exª me permite? Só para esclarecer, desses seus 1.500 apartes, pelo menos 1.000 não são apartes. Aos meus pronunciamentos, V. Exª tem feito verdadeiros discursos paralelos. Então, se V. Exª incluir os apartes nos discursos de V. Exª, V. Exª já passou dos 1.500.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ô Professor Cristovam Buarque,... José Roberto, se fosse possível, eu queria que levantasse quantas vezes nós, em nome da grandeza do Piauí, presidimos a sessão aqui.

Paulo Paim, quero agradecer e dizer, Cristovam Buarque, que iremos ao Planalto pedir a Sua Excelência, o nosso Presidente Luiz Inácio, para indicá-lo para a Unesco. Isso será uma vitória do País. É quase conquistarmos uma cadeira na ONU.

E cadeira da Presidência também temos que disputar aqui. Estão aí dois nomes ímpares que não podem faltar à República, ao Brasil, ao Senado e ao nosso Partido: Sarney e Pedro Simon. Nem que não queiram, vou decidir meu voto aí. Essa é uma questão minha. Então, Deus é que abençoa e dá os caminhos. Essas são as palavras.

Paim, nossos cumprimentos, porque acho que ninguém o excedeu na Comissão de Direitos Humanos. É até indelicado dizer que V. Exª foi o melhor presidente de comissões, porque pertenço a outras, e o de uma delas é o Cristovam.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Apenas continuei o trabalho que o Senador Cristovam começou, juntamente com o Senador Magno Malta. Dei continuidade. A base estava pronta, fui dali para frente.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é.

Ô, Luiz Inácio, eu gosto de você. Votei em 1994 nele. Vou fazer dois pedidos a Luiz Inácio. Leve o Cristovam. Eu só proponho coisa boa. Quem está acabando com ele são os aloprados do Piauí, porque ele manda dinheiro, e a turma rouba todinho. Não tem nada, o Estado nunca esteve tão ruim. Eu não. O que é que eu pedi?

Mercadante, no início do PMDB, vem a mim. Mercadante é um homem de bem, correto, decente. Eu o admiro! Ele me perguntou o que eu achava do PMDB. Eu disse: “Mercadante, convide só o Pedro Simon, que estaremos bem representados”. Ele vibrou. Mas não deixaram Pedro...

Agora, eu digo, Luiz Inácio: leve o Cristovam para a Unesco. Vai ser muito bom, porque estamos decadentes na educação. Vai ser muito bom. E mais, o suplente do Cristovam é uma beleza, do Partido dos Trabalhadores. Não vou falar que ele é o maior, mas já vi muitos suplentes aqui, que passam e se vão embora. O único suplente que vi, para quem este Senado, após reunir-se, ofereceu um banquete, um jantar - ele não pagou, não, fomos nós - foi o Eurípedes.

Então, o Eurípedes vem para cá, é querido, é do Partido dos Trabalhadores. E o Paim ainda vai fazer a demagogia dele: vai dizer “Agora somos dois”. Não existe, para mim não existe esse negócio de negro, nem de branco. É Darci Ribeiro: “O amor misturou tudo. Nós somos hoje brasileiros”.

Cristovam Buarque, dê logo o aparte, porque você vai para a Unesco. Não é possível que o Luiz Inácio não atenda ao nosso pedido.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador, primeiro seu discurso trouxe diversos itens fundamentais, como sempre traz. Mas quero concentrar-me nessa idéia do milésimo. Creio que vale a pena o senhor pesquisar se algum Senador, antes, nesta Casa, conseguiu fazer mil discursos em seis anos de mandato. Talvez algum consiga em muitos anos. Mandei perguntar a minha assessoria quantos fiz. Até que falo, razoavelmente: em número de discurso, tirando-se o primeiro ano, em que fiquei fora do Senado, e mesmo o ano de 2006, em que fui candidato a Presidente e fiquei ausente, nem de perto se chega a isso; são 375.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O Pedro Simon, na certa, está no podium, medalha de ouro, com certeza pelo tempo. Mas é aquele negócio, não há escola de samba, futebol? Ele é Fórmula 1, Pedro Simon está disputando ali com Rui Barbosa. Estou na terceira divisão.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Creio que isso merece ser comemorado, para mostrar à opinião pública que há Senadores, sim, muito presentes na tribuna, fazendo seu discurso, dando suas manifestações, com a coragem que os caracteriza, sempre que é preciso. Fico feliz. Quero estar aqui no dia desse milésimo. E não esqueça que o Pelé, no dia em que fez o milésimo gol, dedicou-o às crianças brasileiras. E, recentemente, quando fez, se não me engano, 29 ou 39 anos, aqui no Gama, quando esteve, perguntaram o que ele pensara, ao ter feito isso, e ele disse: “As coisas não melhoraram desde então, como esperava, para as crianças”. Sugiro que V. Exª dedique a algum agente social.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O Pelé é melhor do que eu no Maracanã, mas aqui para o Brasil, não. Dedico a Pedro Simon; estou oferecendo às crianças do Brasil, ao jovens o exemplo de virtude, de luz, de farol, de honradez e de dignidade que este País está a precisar.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Escolha a quem V. Exª vai dedicar esse discurso.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Já estou trabalhando no milésimo, sobre os livros que já li, alguns de Pedro Simon. Ou Alberto Pasqualini. E agora estou meditando sobre o último: Reflexões para o Brasil do Século 21.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Se é sobre o que V. Exª leu, então dedique à sua primeira professora, porque sem ela V. Exª não estaria lendo esses livros.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, a gratidão é tanta, que, todos os dias, durmo abraçado com uma. Casei-me com uma professora, a Adalgisa.

Nisso já está a homenagem. É a única.

Do nosso Presidente Garibaldi, li e digo: o “bicho” aprendeu. Garibaldi agradeceu a duas mulheres. Aí fui ler: foi a nossa Cláudia, Cláudia Lyra, e a do Protocolo. Eu tinha agradecido primeiro a Adalgisinha.

Paim, muito obrigado.

Pedro Simon, o convite primeiro é a V. Exª. E diga lá para os gaúchos que eles tiveram também um erro. Roma buscava, aceitava a que eles queriam aprender. Lá no Rio Grande do Sul. E conheço uma garota encantadora, que quer aprender medicina com os gaúchos. Falo por parábola, como Cristo, e V. Exª entende.

Paim, muito obrigado pelo tempo concedido.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/12/2008 - Página 52195