Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o encontro dos novos prefeitos com o Presidente Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • Considerações sobre o encontro dos novos prefeitos com o Presidente Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 12/02/2009 - Página 1508
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • REGISTRO, COINCIDENCIA, REALIZAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENCONTRO, PREFEITO, MUNICIPIOS, BRASIL, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, GRACILIANO RAMOS, ESCRITOR, EX PREFEITO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), DIRETRIZ, CRIAÇÃO, LEGISLAÇÃO, RESPONSABILIDADE, NATUREZA FISCAL, CRITICA, EXCESSO, IMPOSTOS, BRASIL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente Serys Slhessarenko, Srªs e Srs. Senadores, Parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Senador Mozarildo... Senador Mozarildo...

Essas coincidências... Está ouvindo, Serys? Com todo o respeito, ninguém pode dizer, e eu aprendi com Petrônio Portella, um piauiense que presidiu esta Casa, com muita grandeza... Ele sempre dizia - ô, Mozarildo -, e eu não entendia, Augusto Botelho: “não agredi os fatos, não agredi os fatos”. E eu não entendia. Hoje eu entendo.

O fato é que o Presidente da República, o Presidente, tem uma liderança popular ímpar. O fato é que ele teve 60 milhões de votos, 20 milhões a mais do que o seu concorrente, o extraordinário homem público, ex-Governador de São Paulo, Alckmin. Isso é um fato. Então, não vou agredir. Mas também há estes negócios que eu apreendi, ô, Mozarildo: que a gente não pode querer ser mais inteligente do que todo o mundo, porque nós temos a inteligência mediana.

         Ontem, aniversário do Partido dos Trabalhadores - isso é normal, porque o Partido tem que fazer aniversário. Mas que coincidência, olha a festa: prefeitos, milhares e milhares, alguns deles tiveram que se hospedar lá no Goiás, porque não tinha mais... E as correspondências: que eles viessem acompanhados das primeiras-damas. Muito bom! Isso é muito bonito, e, com isso, ele dá um exemplo à Nação. Ele, com a encantadora Marisa Letícia, não é? É uma encantadora senhora. Está certo: os prefeitos e secretários. Era gente, era muita gente. Ontem, você não conseguia um restaurante. Era muita gente, e era o aniversário do Partido dos Trabalhadores!

Mas também é uma verdade que a história se repete. Eu não vou lá na história antiga do Hitler, de Goebbels, porque esse tinha 96% nas pesquisas. O Hitler, Adolf Hitler, de Goebbels, disputou várias eleições. E o lema do seu comunicador, o Duda dele, Goebbels, era: uma mentira repetida, repetida se torna verdade.

Papaléo, mas eu não ia longe, eu ia na nossa ditadura. Presidente Castello Branco, Presidente Costa e Silva - pouco tempo, adoeceu -, Presidente Médici, Presidente Geisel e Presidente João Figueiredo. Eu conheci pessoalmente Castello, conheci pessoalmente Geisel e João Baptista Figueiredo - um pai-d’égua esse João Baptista Figueiredo. Ele não era político, era militar. Eu tomei dois porres com ele: ele ficou bêbado, e eu também, lá no Paiuí. In vino veritas. Autêntico. Ele disse que ia fazer disso uma democracia e fez. Passou. Não foi o que ele queria, que era Tancredo, Deus quis o Sarney. Aí é outra história.

Mas eu não conheci o Médici. Mas o Médici teve essa pesquisa e teve mais que o Luiz Inácio. “Ninguém segura este País”, até o Brasil ganhou a Copa. Foi muito carnaval. “Ame-o ou deixe-o”! O milagre revolucionário da economia, e, hoje, a história não bota assim.

Então, o que eu queria dizer era o seguinte...

Ele foi muito inteligente e antecedeu aquela marcha que os Prefeitos fazem para reivindicar. E Prefeito é bicho bom. Olha, eu tenho uma saudade doida. Eu fui já um bocado de coisa. Eu tenho 66 anos de idade. Mas eu gostei de ser prefeitinho. É bom, é próximo do povo, a gente vê. Roubo a gente sabe, porque é pequenininho ali, sabe quem rouba. Não há aquela história do último que sabe, o chifrudo? Mas o Prefeito sabe logo, porque ele assina todos os cheques. O Governador, quando vê, é um escândalo. O Presidente também, quando vê, diz: “aloprados”!

Mas este País melhorou, Serys, por um Prefeito: Graciliano Ramos, do Alagoas. Foi ele que fez a inspiração da Lei de Responsabilidade Fiscal. Eu aprendi muito com ele, porque detesto ditadura. Por quê? Porque eu li Memórias de um Cárcere, em que ele descreve a ditadura do estadista Vargas - bondoso, mas não é bom -; e depois, Elio Gaspari, que escreve sobre a ditadura militar que nós vivemos.

Mas este País era uma zorra. Ó, Serys, essa Lei de Responsabilidade Fiscal foi a melhor coisa. Vou dizer como era uma zorra. Havia uma tal de ARO, Antecipação de Receita Orçamentária, Serys. No final do governo, o prefeitinho tirava o dinheiro que queria, tirava o empréstimo que queria.

Voi terminar, Serys. Seja generosa. Cadê a generosidade da mulher? O tempo?

Mas, com a ARO, antecipação, tirava. Tudo tirava dinheiro externo. Era uma zorra. Ninguém sabia quantas prefeituras deviam e quanto o País... O grande estadista Fernando Henrique Cardoso botou aí essa Lei de Responsabilidade Fiscal, inspiração de Graciliano Ramos, de Alagoas. E, aí, nós sabemos o que devemos, como tiramos e tudo. E eu digo e confesso que tirei a última ARO. Ele proibiu isso. Quando ele proibiu, eu fui lá e tirei para fazer uma ponte no Piauí. E fiz a ponte Wall Ferraz em 87 dias. O Governo do PT está lá amarrado há oito anos fazendo outra ponte no mesmo rio.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Este País deve colocar uma estátua a Pedro Malan. Foi ele quem fez. Isso foi uma loucura. Quem gosta de pagar? A gente devia, não sabia quanto - eu mesmo, e tal. Eram 11% da receita líquida; outros Estados, 13%. Tive uma briga intensa, porque São Paulo pagava 11%, e ele queria que o Piauí pagasse 13%. Então, eu disse: não é assim, é o pai, a mãe, o mais fraco. E acabamos pagando 11%. Foi essa a realidade.

Isso é importante, mas a festa de ontem não foi tão assim, não, porque eles já faziam. O nosso Presidente Luiz Inácio pensou que abortaria a marcha dos Prefeitos. Não vai, não. De todos eles, eu senti. Tenho os Prefeitos do Piauí, as Prefeitas bravas me contaram.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Duas mulheres extraordinárias, Ivana e Janaína, disseram que o mais aplaudido orador foi este da Confederação Nacional de Municípios: Presidente Paulo Ziulkoski. Ele apenas disse: Sua Excelência Luiz Inácio, esse negócio dos institutos é como dar uma Novalgina a quem está com febre e convulsão: baixa ali, continuam os mesmos problemas e a dívida.

Ó, Serys, V. Exª é professora.

Neste País, os portugueses cobravam 20%, era um quinto. O povo dizia: “É o quinto do inferno!” Agora, neste Governo do Partido dos Trabalhadores, é 40% que o brasileiro e a brasileira pagam. Quer dizer, vivemos, no Governo de Luiz Inácio e do Partido dos Trabalhadores, dois quintos dos infernos. É muito imposto para um povo trabalhador.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, nossos aplausos. Votei, em 1994, no Partido dos Trabalhadores, no Luiz Inácio.

Nossos parabéns. É um Partido como todos. Agora, temos que diferir o joio e o trigo. Como todos, como o meu Partido, o PMDB, tem, como os outros, o PSDB. V. Exª é trigo. Tem muita gente boa: o Paulo Paim é trigo, o Augusto Botelho é trigo. Mas, cuidado, Luiz Inácio, que os aloprados, que o joio do seu Partido poderá, pelo exemplo que está dando de corrupção, neste País, enterrar nossa democracia.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/02/2009 - Página 1508