Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discorda do projeto apresentado pelo Senador Aloizio Mercadante para tentar politizar os cargos gerenciais no Senado Federal.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. SENADO.:
  • Discorda do projeto apresentado pelo Senador Aloizio Mercadante para tentar politizar os cargos gerenciais no Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/2009 - Página 3673
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. SENADO.
Indexação
  • DISCORDANCIA, PROJETO, ALOIZIO MERCADANTE, SENADOR, DEFESA, CRIAÇÃO, CARGO PUBLICO, DIRETOR, SENADO.
  • DEFESA, CAPACIDADE, COMPETENCIA, SERVIDOR, EMPENHO, MANUTENÇÃO, QUALIDADE, SENADO.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, talvez nós pudéssemos até debater esse assunto que foi levantado aqui por um projeto apresentado pelo Senador Aloizio Mercadante, que até me surpreendeu, exatamente pela qualidade que tem S Exª, tanto no que diz respeito ao seu preparo profissional como político. E ele me surpreendeu, diante das questões administrativas da Casa, ao apresentar um projeto para tentar politizar os cargos gerenciais aqui no Senado Federal.

            E isso me deixou intrigado porque há que se entender que esta Casa tem seus componentes políticos, que fazem a política partidária, a política pública inerente aos cargos que nos são dados pelo povo, mas tem o coração da Casa. O coração é exatamente a parte gerencial. E eu fico muito preocupado com esse projeto do Senador Mercadante, que determina mandatos para gerentes, prática, inclusive, em que o PT hoje é especialista: ele coloca médico para ser perfurador de poços, mecânico para ser chefe de serviço de cirurgia cardíaca; enfim, ele joga as pessoas, dá os cargos e, com isso, desmonta toda a estrutura administrativa do País, indicando pessoas incapazes de exercer os cargos para os quais são nomeadas.

            Hoje, ouvia na rádio CBN o Heródoto Barbeiro dizer o seguinte: para um setor de perfuração de poços da Petrobras o PT indicou alguém que não tinha nem perfurado um poço artesiano na sua casa.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI. Intervenção fora do microfone.) - Mas era um poço de vaidade.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Ele dava esse exemplo. Mas era um poço de vaidade, como diz o Senador Heráclito Fortes. Então, nós devemos reagir a isso, não deixarmos nem prosperar nas Comissões essa proposta do Senador Mercadante, que é uma proposta - e não me refiro a ele, mas à proposta - extremamente medíocre, inadequada, oportunista e lamentável por ser apresentada por um Senador da qualidade que tem o Senador Mercadante.

            Se querem politizar, fazer politicagem com os cargos desta Casa, eu estou aqui por mais dois anos, não sei se vou continuar depois, mas eu lamento muito pelo Brasil. Aqui nós temos servidores que são técnicos preparados, da mais alta qualificação.

            Quero que todos saibam que se temos, além de nós, a oferecer aqui, nesta Casa, é porque temos essas assessorias por trás que nos dão informações, nos dão orientações, nos dão condições exatamente de sermos grandes aqui dentro, desde que queiramos.

            Então, vamos acabar com essas fofoquinhas contra servidores da Casa. Se quiserem fazer algum tipo de insinuação ou fofoca, que façam conosco, porque temos microfone para falar e nos defender, mas não com os técnicos que estão aqui há anos e anos na Casa, trabalhando para manter a qualidade do Senado Federal.

            Não sei qual é a intenção que têm contra o Poder Legislativo. Não sei! Não sei se isso é orquestrado pelo Poder Executivo para tentar nos desmoralizar e ao Poder Judiciário, como já falei aqui há anos, adotando uma tendência Chavista, que é uma tendência ultrapassada, mas que toma conta, contamina a nossa América Latina.

            Quero lamentar isso. E que as pessoas que sofreram com a ditadura, que têm história ou que leram pelo menos o que se passou na ditadura, se lembrem que se os governos totalitaristas, autoritários - e o autoritário pode ter uma cara feia ou ser um autoritário que, embora sorria para você, mantém o autoritarismo - se estabelecerem, elas serão as primeiras que irão sofrer, visto que a liberdade que temos hoje em grande parte perderemos.

            Então, respeito com o Senado Federal, respeito com os servidores do Senado Federal!

            Todos nós que estamos aqui temos o dever e a obrigação de defender esta Casa, apesar de estarmos de passagem por aqui.

            Esta Casa é um legado da democracia e não pode, de forma alguma, se deixar levar senão pelos nossos deveres, nossas obrigações, nossas determinações, que o povo que vota em nós nos fornece. Não estamos aqui eleitos só porque queremos, mas porque queríamos e o povo nos elegeu.

            Então, somos nós que decidimos aqui. Vamos decidir sempre pelo certo, decidir pelo correto e não aproveitarmos determinadas situações para fugir ao rumo que o Senado quer impor, que é o rumo da democracia, o rumo da certeza de que esta Casa é importante, fundamental e não pode se curvar àqueles que querem determinar a falta de liberdade neste País.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/2009 - Página 3673