Discurso durante a 32ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

A grave situação dos aposentados em decorrência dos empréstimos consignados. Apelo ao Presidente Lula em favor da redução do preço do diesel e da gasolina no Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA. POLITICA ENERGETICA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • A grave situação dos aposentados em decorrência dos empréstimos consignados. Apelo ao Presidente Lula em favor da redução do preço do diesel e da gasolina no Estado do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2009 - Página 6145
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA. POLITICA ENERGETICA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, GOVERNO, FAVORECIMENTO, LUCRO, BANCOS, INCENTIVO, DIVIDA, POPULAÇÃO, REPUDIO, PROGRAMA, EMPRESTIMO EM CONSIGNAÇÃO, APOSENTADO, AMPLIAÇÃO, CONSUMO, DIFICULDADE, PAGAMENTO, DESVALORIZAÇÃO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, IMPORTANCIA, SENADO, ADVERTENCIA, INJUSTIÇA, SITUAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, CRISE, ECONOMIA.
  • PROTESTO, SUPERIORIDADE, PREÇO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), VENDA, COMBUSTIVEL, BRASIL, CONTRADIÇÃO, REDUÇÃO, VALOR, BARRIL, PETROLEO, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESPECIFICAÇÃO, PREJUIZO, POPULAÇÃO, OLEO DIESEL, GAS LIQUEFEITO DE PETROLEO (GLP), EXCESSO, IMPOSTOS, QUESTIONAMENTO, MONOPOLIO, MORDOMIA, DIRETOR, EMPRESA ESTATAL.
  • PROTESTO, SUPERIORIDADE, PREÇO, GASOLINA, ESTADO DO PIAUI (PI), PERDA, VIABILIDADE, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, APRESENTAÇÃO, SUGESTÃO, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, PORTO, REFINARIA, FERROVIA.
  • CONCLAMAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), REALIZAÇÃO, ESTUDO PREVIO, CANDIDATURA, PREPARAÇÃO, ELEIÇÕES.

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Valdir Raupp, que preside esta sessão de segunda-feira, 23 de março, Parlamentares da Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado, o Brasil, como o Senador Jarbas acabou de dizer, é a oitava economia do mundo. E, nessa globalização, nós estamos envolvido em dificuldades, mas é preciso esclarecer que temos culpa também por essas dificuldades. Esse negócio de dizer que isso é lá de fora, que foram os banqueiros norte-americanos, que foi o Bush, não cola, não. O nosso Governo teve muita culpa; o nosso Governo, o nosso Presidente da República. E o Senado é para isto.

Ô Raupp, adverti várias vezes sobre esse erro. A história é para aprendermos com ela. Abraham Lincoln tem um ensinamento muito prático: não baseie a sua prosperidade com o dinheiro emprestado.

O que houve lá com o detentor de maiores riquezas, os Estados Unidos? Os banqueiros abusaram do crédito e satisfizeram as ambições, propiciando casas, grandiosas residências, ao povo norte-americano. Realmente, é o crédito que eles tiveram dificuldade de pagar. E os banqueiros começaram a perder. Isso foi lá.

Mas, aqui, o nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o nosso Presidente Luiz Inácio, errou. Nós não tivemos erro idêntico. O de lá foi maior porque o povo tinha mais dinheiro. Então, os créditos que eles buscaram foram para adquirir fabulosas mansões. E deu no que deu.

Aqui o nosso Presidente errou, e errou muito! Mas este Senado é para advertir. Eu o adverti, ô Raupp, várias vezes. Eu dizia aqui aquele ensinamento de Abraham Lincoln, que dizia ser loucura aquele empréstimo consignado. Começamos não com a grandeza, mas nós protegemos os banqueiros. O fato é que na rua, e eu ando pelas ruas - Ulysses disse: “Ouça a voz rouca das ruas” -, o povo diz: “Luiz Inácio é o pai dos pobres”. Mas eu digo: ele é o pai dos pobres, sim, fez esse programa social, de ajuda, mas, Raupp, ele é a mãe dos banqueiros. Não teve neste País - isso foi pior do que lá - nenhum banco em dificuldade. Nenhum! E ainda vou mais além. Atentai bem! Esses bancos estrangeiros, que tiveram prejuízo, que faliram, que se lascaram lá fora, todos eles e suas agências tiveram lucro no Brasil. Então, esse Governo foi tão bom, foi a mãe dos banqueiros, de todos os bancos brasileiros e mais: a mãe boa também para aqueles filhos que vieram de fora, os bancos de fora.

No Brasil, não teve problema com bancos. Lá, ainda tiveram. Por quê? Esse empréstimo consignado. Fez-se uma mídia, uma publicidade enganosa, enganaram os velhinhos, os aposentados, a mídia. Abraham Lincoln novamente: “não baseie sua prosperidade com dinheiro emprestado.” E encheram a mídia; o Governo é que tem. Daí a audiência da TV Senado, porque a mídia não vai dizer isso, mas o Governo usou a propaganda para induzir os nossos aposentados, os velhinhas a tirar os empréstimos. Ainda mais, Raupp, com má-fé. Eles fizeram os contratos com letrinha pequena. E tudo.

O Brasil teve uma epidemia; pintava-se casa com empréstimos de dinheiro consignado. Todas as cidades do interior. E os velhinhos, ô Raupp, têm problema de vista. Eu sou médico: ou eles tinham catarata ou tinham presbiopia, o que o povo chama de vista cansada. E ali haja a divulgação, a promessa. Os velhinhos todos se endividaram. Os aposentados, além de não terem tido aumento, além de diminuírem, quase todos caíram no canto da sereia, que era oficial, era do Governo, para tirar aqueles empréstimos consignados.

Agora, era um negócio bom para os bancos, seguro, sem risco nenhum. Já descontavam nos pagamentos das aposentadorias, de tal maneira que, de repente, todos ficaram. Reduziram 40% dos seus vencimentos, que foram capados, castrados, garfados, pela lei do fator de redução previdenciária.

Todos nós sabemos que pessoas que assinaram contrato para ganhar dez salários mínimos estão recebendo cinco. Os que sonharam e pagaram para ganhar cinco estão ganhando dois, e mais o empréstimo consignado. Estão exaurindo o País. Esta é a verdade.

Foi ainda um ato tresloucado. Eu adverti. Aqui é para isso. O Senado só tem essa razão se tivermos e se formos os pais da Pátria. Adverti aqui há mais de ano e meio sobre a maior loucura que se fez. Eu dizia: “Paim, acabe com esse negócio de escravidão, de negro; isso não tem mais. A Princesa Isabel resolveu. Não tem mais”. A escravidão da vida moderna é a dívida - é esta. Esta é a escravidão da vida moderna: a dívida. Olhem a publicidade do Governo para proteger os bancos, em proteger os ricos e os poderosos. Comprar um carro em 10 anos é um ato tresloucado, irresponsável, incompetente. Comprar um carro, chegar com R$300,00 e sair com um carro é sair escravo por 10 anos. Eu adverti daqui. Aquilo era um ato tresloucado, um ato de proteção às indústrias e aos bancos que financiaram. Um ano depois, vocês viram e souberam dos sujeitos saírem escravos por dez anos. Brasileiros, reflitam para isto. Em seis anos eu me tornei médico, uma história. Escravizar um brasileiro durante 10 anos para pagar um carro, ele tirar carro com R$300,00, é loucura. Deu no que deu e chegou.

Senador Raupp, no Piauí há um empresário muito inteligente, trabalhou em Governo e é Vice-Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Piauí, Joaquim Costa Filho. Um dia, ele me encontrou e disse: “Senador, a vida fora está difícil.” E eu, não entendendo - “Vida fora?” E ele disse: “Fora do Governo.”

Está bom, Luiz Inácio, para quem está no Governo, Governo somos nós, este Poder é Governo. Vossa Excelência não é Governo, Vossa Excelência, Luiz Inácio, é o Presidente. Governo é o Poder Legislativo, é o Poder Judiciário, é o Poder Executivo. Então ele dizia que para quem está fora, com esses juros, com essas dificuldades, está difícil.

Não estamos aqui para amaldiçoar as trevas, estamos aqui para acender a luz.

Então, os empréstimos foram feitos, estão devolvendo os carros, chegaram aqui essas dificuldades, a culpa não foi dos americanos, não, fomos nós que poderíamos ter protegido a nossa gente, que está endividada, está toda endividada e não protegemos. Os banqueiros daqui, o Governo de Luiz Inácio foi uma mãe, não teve um banco em dificuldade, todos estão bem, porque os negócios foram protegidos; se o Presidente Luiz Inácio é o pai dos pobres, ele tem sido a mãe dos banqueiros. Todos os bancos enriqueceram, progrediram, não só os do Brasil, mas também os de fora que estão aqui, que andaram falindo no exterior, têm as suas agências aqui. Pode estudar, estamos falando, somos Senadores da República. Cadê o Mercadante para vir contestar? Eles não vêm. Esta é a verdade. Todos os bancos, os bancos estrangeiros que estão falidos lá têm suas filiais aqui se locupletando, porque o nosso Presidente foi uma mãe para os banqueiros. Pai dos pobres, agora mãe é melhor, mãe protege mais. Eu gostei muito do meu pai, mas mãe é mãe, é colo, é leite, viu, Raupp? 

Eu me lembro, eu fui monitor de Fisiologia e tinha um professor, Aloísio Pinheiro que dizia - eu moro lá no mar, eu nasci no mar, no Piauí, no litoral, é caliente o mar - que mergulhar é como voltar ao útero da mãe. Aí o professor, nunca me esqueço, toda vez que mergulho eu volto à aula de Fisiologia. O professor Aloísio Pinheiro dizia: “Quando a gente mergulha, é como se voltasse ao útero da mãe, envolvido, aconchegante, aquela água morna, o líquido amniótico”.

Então, quer dizer que desde pequeno a mãe é o melhor.

Então, o nosso Presidente Luiz Inácio é realmente a mãe dos banqueiros. Ulysses Guimarães está encantado no fundo do mar e disse: “ouça a voz rouca das ruas.”

Eu ouço, o povo diz, principalmente os pobres do Nordeste: Lula é o pai dos pobres. É. Mas é a mãe dos banqueiros. Aí é que estão as dificuldades nossas, aí é que está a realidade. Está todo mundo endividado, está todo mundo exaurido, os velhinhos. Mas vamos trazer a luz para o Luiz Inácio.

Não sou eu, o jornal Valor Econômico, Cláudia Schüffner, do Rio, do dia 20, hoje são 23. Eu já tinha falado disso. Ô Raupp, nós, na nossa infância, estudávamos Monteiro Lobato, e ele já falava em petróleo, riqueza. Aí veio o Getúlio Vargas, dizendo “o petróleo é nosso”, Petrobras. E agora, nunca se viu tanta propaganda. Petrobras, a poderosa, autossuficiente, a rica, a grandeza, é nossa, vaidosos.

Luiz Inácio, vamos fazer chegar Petrobras para o povo, “o petróleo é nosso”. Nós já erramos, Vossa Excelência errou. Não foi negócio de Bush não. Vamos assumir. Nós erramos, foi o País. O País está todo endividado, está todo mundo exaurido. Nós estamos em crise. Os velhinhos aposentados, além de terem um redutor previdenciário, ainda têm dívidas. E não tem jeito, porque o banco, antes de pagar, tira. Ô negócio bom para o banco! O banco não perdeu nada. Tomaram os carros que compraram, devolveram, não deu para comprar, mas os bancos estão aí. Nenhum banco... Qual foi o banco que fechou?

Eles, com a tecnologia, desempregados, mas os banqueiros estão fortes. Então, gasolina cara e sem concorrência. Essa você pode, Luiz Inácio. Nós advertimos. Aqui é a gasolina mais cara do mundo, e, no meu lugar, ainda é mais caro. No meu lugar, no Piauí, onde sou do litoral, ainda é mais cara. A Petrobras está vendendo o diesel 64% a mais e a gasolina, 26%.

Por que o diesel é mais caro? Eles estão enganando, estão jogando com a opinião pública, porque tem mais carro que caminhão. Olhe a quantidade de carro até em Brasília, uma cidade moderna, construída para não ter engarrafamento e em que há carro demais.

Então, se ele desse o real, se fosse um governo verdadeiro, ele fazia o inverso: dava o aumento menor para o diesel e maior para a gasolina. Mas aqui é o inverso, porque há mais carro, insatisfação. Mas é o diesel que vai afetar o pobre, é que transporta o alimento, as riquezas e tal.

A Petrobras está vendendo o diesel e a gasolina 64% e 26% mais caro, respectivamente, que o preço de importação mais o frete (já considerando o câmbio), mas a estatal continua sem concorrentes no país.

Os preços praticados aqui são maiores do que em vários países da Europa, como Bélgica, França e Alemanha, e nos Estados Unidos [na Argentina]. Mesmo assim, nenhuma das grandes distribuidoras que operam no país, como Shell, Esso e Ipiranga, só para citar algumas, importou combustíveis para concorrer com a estatal.

Segundo cálculos do Banco Crédit Suisse, os valores praticados no Brasil equivalem a um barril de petróleo comprado por US$ 90 (...).

Quer dizer, hoje nós estamos como se comprássemos o barril a US$90 e, na realidade, estamos comprando a US$45. Nos cálculos, é como se a Petrobras comprasse hoje a US$90, mas hoje é US$45 e não baixa. E não baixou. Quando o barril sobe - o barril já esteve a US$140 -, aí sobe. Quando ele baixa para US$45, não baixa o preço para o povo. “Já refletidos os temores dos novos cortes na oferta da Opep, entidade que reúne os exportadores de petróleo...”

Como é lá fora? Olhem como é lá nos Estados Unidos o preço: no momento, o combustível custa, em média, ao equivalente a R$1,14. Esse trabalho é feito pelo jornal Valor Econômico, não é o Mão Santa que diz. Lá é R$1,14 o litro. Chegou a R$2,50 em 2008. Como baixou, ele baixou para R$1,14. É lógico. Todo mundo sabe que o barril chegou a US$145. Mas lá baixou, baixou. Lá baixou de R$2,50, o equivalente do litro nos Estados Unidos, para R$1,14. Aqui não baixa. Quer dizer, lá houve uma queda de 54%. Está aí, Luiz Inácio, é bom nós aprendermos!

Explicação: o preço da gasolina é determinado pelas forças de mercado, ou seja, sobe e desce de acordo com a oferta e a procura e varia de posto para posto.

Os dois fatores que mais influenciam o custo da gasolina são o preço do petróleo e o nível de consumo. No verão, quando mais gente pega o carro para viajar, a gasolina sempre fica mais cara. A recessão econômica fez desabar o preço do petróleo e o consumo de gasolina.

Por que aqui não tem isto?

E bem aqui na Argentina? Olha, a Argentina é ruim para o nosso Luiz Inácio. Há violência? Não há. Eu ando com a minha Adalgisinha às 4 horas da madrugada; saio do teatro, de mãos dadas à noite. Na minha Teresina, ninguém tem coragem, ninguém ousa andar à meia-noite na Praça Barão do Rio Branco. No Rio de Janeiro, nem falar. E bem aí, na Argentina...

E o petróleo? Na prática, eu vou dizer. Quando vamos à Argentina e pegamos um táxi, a impressão que eu tenho é que pegamos um mototáxi no Piauí, tão barata é a corrida. E eles não têm petróleo; eles compram.

Preço na Argentina.

Em Buenos Aires, o preço da Nafta Super, a gasolina comum, está na faixa dos 2,65 pesos, o equivalente a R$1,70. Mas a diferença pode chegar a 5% de um posto para um concorrente vizinho.

Explicação: o preço é liberado por lei. Em 2008, os reajustes chegaram a 30% Mas desde novembro não houve nenhum aumento significativo.

A Argentina não entrou no sobe-e-desce do mercado internacional porque o governo controla os preços indiretamente, cobra impostos elevados para evitar exportações, e a crise no campo reduziu o consumo de derivados de petróleo em 10%.

Tudo isso aumentou a oferta de combustíveis no país. No fim de novembro, governo, empresas e sindicatos de trabalhadores fecharam acordo para permitir que os preços fiquem estabilizados pelo prazo de seis meses.

E por que aqui é tão alto? Não é só a gasolina. E o gás de cozinha? Como combater a fome se o gás de cozinha aqui é R$40,00? Bem ali na Venezuela - aí bendito o Chávez - é R$5,00. Como?!

Então, o que eu queria dizer é o seguinte: o petróleo é nosso. Vamos pensar. Como ficou a situação da estatal na Bolívia? Foi desapropriada ou não? Se foi, quanto foi pago? O preço foi justo ou inferior? Quem está ganhando com o monopólio da Petrobras? O Governo leva 50,2% de impostos na composição do preço. Por isso que é caro. De cada litro que você compra o Governo leva mais do que a metade. Quantas diretorias com salários milionários a Petrobras possui? Não dissecaram o Senado?! Vamos dissecar a Petrobras. Essa Petrobras ajuda os cabos eleitorais a fazer campanha. É escola de samba, é não sei o quê; é Carnaval, é futebol. Ela deve é baixar o preço. Aí, sim, estará premiando todos os brasileiros. E o povo brasileiro, dono do petróleo, paga o preço do combustível dos mais caros do mundo! E os diretores da Petrobras? E a imprensa, paga pelo Governo? Cadê? Eu sou pela liberdade da imprensa, que ela seja forte, fiscalizadora. Mas vamos dissecar aqui os diretores, vamos dissecá-los aqui.

Foi muito bonito - tem os meus aplausos - no Senado. Eu não tenho nada com isso. Nós não temos. Mas vamos dissecar aqui os diretores da Petrobras, a farra - principalmente quando se aproximam as eleições - das benesses.

Por que não baixam? Por que estou aqui, Raupp? A indignação me treme porque lá, onde moro, é a gasolina mais cara do mundo. Se a do Brasil é cara, lá é mais. Por quê? A gasolina que chega ao Piauí ou vem de Fortaleza, ou de São Luís do Maranhão. Ela vai para Teresina e, de Teresina, vem para o meu litoral. Por isso, não se tem perspectiva nenhuma de desenvolvimento. Então, lá de Fortaleza vai para Teresina e faz um “V” e volta para o litoral do Piauí, para minha cidade. Ou, então, vem de São Luís. E o frete é o mais caro do mundo. E as consequências? A indústria pesqueira fica mais cara que a do Ceará. O turismo... É o combustível mais caro do mundo.

Então, eu aqui, eu, o pai da Pátria, eu, que fui Prefeitinho, eu, Governador, eu, mais capaz que Luiz Inácio, eu seria melhor Presidente que ele! Eu aqui, Raupp! Por que esse seu PMDB, o nosso PMDB - que amanhã faz... -, não cria vergonha e faz umas primárias? Faça no seu Estado! Defenda a sua história e a sua tradição. O Barack Obama não foi candidato de partido, não; ele foi candidato do povo que o fortaleceu.

A candidata do partido era a Srª Hillary Clinton, candidata das lideranças, da história. Mas, nas primárias, o povo dos Estados Unidos viu aquele jovem, competente, formado em Ciências Políticas, em Direito, sofrido, e o fez - Ô Raupp, por que V. Exª não começa lá no seu Estado uma primária? Vamos! Agora, o PMDB ficar aí posando de noiva, esperando quem tiver melhor para deitar é feio. É feio, não corresponde com a nossa história. Então, vamos fazer as primárias. Faça lá, eu compareço. Tem muita gente, muitos líderes, muitos governadores. Não faz aquela... Não vai ver aqueles artistas da televisão, não. Vamos lá defender as nossas teses, a nossa verdade.

Mas o que eu digo é o seguinte: por que a minha decepção? A minha decepção é porque o Governo do Piauí é do PT... Aliás, ele tem um troféu. Tem, vou reconhecer aqui. Olha, a pesquisa pode colocar: quem é o cabra mais mentiroso? O Governador ganha, ganha disparado. Ele, 13 de março, fez um programa só do que vai fazer, o que vai fazer, o que vai fazer, lá no dia 13 de março. Rapaz, esses blog é só recebendo. O que vai fazer, mas até sair... Porque o que é bom acaba, mas o que é ruim também. O que vai fazer. É só o que vai fazer, enganando. É aquela do Goebbels: uma mentira repetida se torna verdade.

Mas nós temos um porto lá que começou em 1918, com Epitácio Pessoa. Tenho um livro de 1920, e o cabra descreve.

Com pouco dinheiro, dá para fazer uma estrutura. E está ali o Tasso Jereissati, do PSDB de Fernando Henrique Cardoso, que é um estadista. Está ali o nosso amigo. Paracuru é uma cidade do Ceará. Eu vou ensinar. Eu estou ensinando o PT. Eles podem não aprender, mas que eu sei orientá-los, eu sei.

Vejam: Paracuru, uma cidade pequenina, tem um terminal petrolífero. Eu fui lá, eu gosto de lá, tem um restaurante de um rapaz francês. É na praia a cidade. Rapaz, é um terminal turístico, e o petróleo naquela região é baratíssimo. Então, lá nós temos um porto construído com pouco dinheiro. Esse porto vai fazer um século e tem mais de US$120 milhões encravados lá. Transformando-se um terminal desses, já barateia o custo dos combustíveis na região norte, favorece os pescadores, a indústria da pesca, o turismo. E abaixa o preço na região toda. Pode-se fazer, vamos dizer, um porto misto pesqueiro, porque vai desenvolver a pesca. Camocim tem mais pesca que o Piauí todo. O Piauí tem cem lagoas, 19 rios (6 perenes) e 66... Em Camocim, como o combustível é mais barato... Essas coisas ele tem. Isso é o que eu quero oferecer ao Governo do PT, reivindicando de imediato.

Se o Jornal Valor Econômico afirma “gasolina cara e sem concorrência”, a do norte do Estado do Piauí é a mais cara do mundo. Mas essa situação é de fácil correção. Bem ali tem o exemplo de Paracuru, com um terminal petrolífero. E isso abaixava o preço, já aparecia um porto pesqueiro, um porto dentro da realidade. Hoje tem dois grandes portos, no Ceará e no Maranhão, mas poderia ser feito um porto médio que levasse cargas para os dois. Isso seria suficiente para fazermos renascer a estrada de ferro, que foi prometida. Daí o Governador ser tido hoje como o mais mentiroso da história, aliás, não é do Piauí não, é da história do Brasil, do mundo. Eu o ouvi dizendo que o Luiz Inácio, com sessenta dias, botava os trens Parnaíba-Luís Correia, com quatro meses, Parnaíba-Teresina. Não colocaram nenhum dormente. Dormente é aquele pau que segura o ferro. Você sabe, só na conversa, só na mentira.

O porto favoreceria o reaparecimento da ferrovia, pois é uma planície. Até um mestre de obras recupera - já teve. E, ainda, facilitaria a ZPE. Agora, por que é que eles não levam? Não vou dizer, não vou atirar pedra. Mas é só aquele negócio de Bolsa-Família. O Piauí é o campeão do Brasil, tem mais de 60%. Eram 52%, já está em 64%. Aquilo não é isso. Queremos obras estruturantes.

Uma refinaria de petróleo em Paulistana, no sul do Piauí, onde já se tem um projeto da Petrobras, e fica equidistante de todas as capitais: Boa Vista, Macapá, Belém, Manaus, Fortaleza, Teresina, Natal, Sergipe. Era uma obra... É cara? É cara. Brasília foi cara, mas teve um sentido de integração e de enriquecimento. Queremos essas obras.

Agora, fazer eu mudar para ir pela cabeça do nosso Senador Eduardo Suplicy... Sei que é uma esmola. Não sou contra; eu dou. Quando vejo, procuro dar esmolas. Mas sou mais com Deus, que disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Sou mais com o Livro de Deus. Então, o Piauí quer isto: trabalho. Sou mais, vamos dizer, com o Livro de Deus, que diz: “A sabedoria vale mais que ouro e prata”.

Queremos, para o nosso povo, estrutura educacional que dê sabedoria. Sabedoria leva à riqueza; o trabalho leva à riqueza. Essa é a realidade.

Mas viemos aqui pedir ao Presidente da República que melhore, baixe o preço da gasolina no Brasil e, urgentemente, no norte do Piauí, que é a mais cara. Se a do Brasil aqui diz que é cara e sem concorrência, a do norte é pior.

Essas são as minhas palavras.

Apelo ao Presidente da República. E aquele homem do folheto que diz o que vai fazer pode é fazer um grande benefício para o Piauí: sair antes do tempo. Deixe o vice para experimentar.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2009 - Página 6145