Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao centenário do nascimento de Dom Helder Câmara.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao centenário do nascimento de Dom Helder Câmara.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2009 - Página 13475
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, HELDER CAMARA, ARCEBISPO, ELOGIO, ATUAÇÃO, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, POBREZA, REGIME MILITAR, BUSCA, DEMOCRACIA, LIBERDADE, GARANTIA, DIREITOS HUMANOS, REGISTRO, ESFORÇO, MODERNIZAÇÃO, IGREJA CATOLICA, APROXIMAÇÃO, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, RELIGIÃO, DEFESA, ASSISTENCIA SOCIAL, ASSISTENCIA RELIGIOSA.

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, venho hoje à tribuna desta Casa para reverenciar a memória de um dos homens mais admiráveis deste País, Dom Hélder Câmara, apóstolo eterno de Deus, no transcurso do centenário de seu nascimento, comemorado no dia 07 de fevereiro passado.

            Durante toda a sua vida pastoral, Dom Hélder Câmara foi um exemplo de homem santo, dedicado à devoção, às pregações, à paz, à democracia e às lutas contra as injustiças sociais. Nos tempos mais sombrios da ditadura militar que reinava no Brasil, sempre esteve na linha de frente em defesa dos oprimidos e dos perseguidos pelos governos de então.

            Como Arcebispo emérito de Olinda e Recife, suas ações religiosas pouco a pouco se tornaram mais políticas e sociais. Costumava dizer que foi a partir de Recife que teve a visão mais nítida do Nordeste, do sofrimento do seu povo, do subdesenvolvimento estrutural da região, da exploração do latifúndio contra o campesinato, da impunidade dos poderosos e da falta total de respeito humano em relação aos mais fracos.

            Em pleno regime militar, sem temor de represálias, com as suas pregações voltadas para as camadas populares, Dom Hélder Câmara pregou ao povo brasileiro e ao mundo, que uma nova Igreja Católica, engajada, voltada para os pobres e para os perseguidos, sensível ao drama da miséria secular do Nordeste, independente das ameaças e da ira dos poderosos, estava brotando suas sementes nos morros, nos alagados, nos mocambos de Recife e Olinda e nos latifúndios do Estado de Pernambuco.

            Assim, esta nova Igreja, a Igreja dos oprimidos, sob a liderança de um homenzinho de aparência frágil, de palavras firmes, mas delicadas, de gestos marcantes, de voz pausada e clara, estava realmente inaugurando uma nova etapa histórica no relacionamento entre a Igreja Católica e as populações marginalizadas. Até então, a maioria dos sacerdotes prometia que o sofrimento dos pobres na vida terrena seria compensado com uma vida de felicidade eterna no céu. Ao contrário dessas pregações, Dom Hélder achava que parte dessa felicidade estava na vida terrena, ao alcance das mãos de todos, desde que as grandes massas marginalizadas se organizassem e exigissem os seus direitos.

            Com esse pensamento, Dom Hélder Câmara passou a ser visto como uma ameaça à manutenção dos interesses das elites pelos conservadores da Igreja Católica brasileira. Em contrapartida, crescia a admiração da população por suas posições e pregações.

            Nobres Senadoras e Senadores, quando o povo brasileiro, nas ruas, nas passeatas, nas escolas secundárias, nas universidades, nos ambientes religiosos, nas grandes manifestações e nos comícios, reconquistou a democracia, Dom Hélder Câmara estava à frente dessas manifestações com a sua simplicidade e coragem. Foi um dos maiores heróis dessa conquista histórica. Nas prisões do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), às margens do rio Capibaribe, em Recife, assistia estudantes e ativistas políticos, os quais, na maioria das vezes, graças a sua interferência foram salvos dos castigos da repressão.

            Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, Dom Hélder Câmara foi um dos homens mais notáveis da história mundial contemporânea. Sua luta em favor dos pobres, suas idéias, sua tenacidade e sua crença o colocam na mesma galeria de grandes vultos do século XX como Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Abade Pierre, Madre Teresa de Calcutá e outros que entregaram suas vidas aos desfavorecidos.

            É um orgulho muito grande lembrar a trajetória desse homem especial e prestar-lhe essa singela homenagem no transcurso do centenário do seu nascimento. Para mim, Dom Hélder é eterno, está no verdadeiro paraíso, é amigo de Deus e ora todos os dias pelas mulheres, pelos homens, pelas crianças de todo o mundo e pelo povo brasileiro que continua em seu coração.

            Era o que tinha dizer.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2009 - Página 13475