Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Celebração dos 61 anos de criação do Estado de Israel. (como Líder)

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Celebração dos 61 anos de criação do Estado de Israel. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2009 - Página 13758
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, CRITICA, GENOCIDIO, POPULAÇÃO, JUDAISMO, PERIODO, NAZISMO, IMPORTANCIA, CRIAÇÃO, GOVERNO ESTRANGEIRO, GARANTIA, MANUTENÇÃO, RELIGIÃO, CULTURA.
  • REPUDIO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, IRÃ, RETOMADA, DISCRIMINAÇÃO, JUDAISMO.

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O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, Deus, ao criar o homem, deu-lhe a responsabilidade de construir a paz. Jesus ensinou: “Bem-aventurados os pacificadores”. Construir no coração dos homens a paz é relembrar constantemente que todos devemos, para ser dignos de Deus, vencer a intolerância, a truculência e o ódio, e fazer prevalecer no mundo a justiça, a liberdade e os direitos sagrados da pessoa humana.

Hoje quero fazer isso prestando homenagem a um povo escolhido para o extermínio e que estava na primeira fila do ódio do Führer. A cruz ariana, em sua maldição, foi o sinal oposto ao da cruz dos cristãos, ao da estrela de Davi. Todos se lembram de quando se levantou o maior demagogo da história, que capitalizou as dificuldades econômicas para envenenar o povo alemão com as quimeras da vingança. Depois, com a censura da imprensa, o assassinato dos líderes políticos, a criminosa adesão do grande capital e a submissão das forças armadas, foi a cruzada do apocalipse.

Já se disse, Sr. Presidente, desta tribuna, que é preciso relembrar, por mais doloroso que seja, o crime daqueles que, se considerando nação de senhores e raça superior, e defendendo uma teoria zoológica do homem, perverteram e enlouqueceram as massas, para cometer a mais abjeta das felonias, o mais odioso dos crimes, o genocídio da guerra e do racismo.

Relembremos a revolta dos inocentes no Gueto de Varsóvia. Eram meninos e meninas, velhinhos e velhinhas, que tal como Davi diante de Golias, tinham apenas uma funda para se defender, que como Josué diante das Muralhas de Jericó, tinham apenas cornetas.

Estamos celebrando os 61 anos da criação do Estado de Israel. É celebração da força da promessa de sobrevivência, do ressurgir das cinzas, que em meio a dor e ao desespero, na fila das piras ensanguentadas do holocausto, cada um dos inocentes massacrados em Terezim, Treblinka, Auschwitz, Birkenau, Lodz e Sachsenhausen, podia sentir na alma quando conseguia forças para olhar para o alto.

Não podemos esmorecer em nossas esperanças, nem descansar nossos braços. Há em nosso mundo outros guetos e outras Varsóvias, e não faltam os que ostentam, arrogantes, suas armas contra os indefesos.

Como aquela imagem fotográfica difundida no mundo inteiro e colhida na oprobriosa “Praça do Embarque”, de onde partiam os judeus para o extermínio no leste. A foto daquele menino de cinco anos, com as mãos levantadas e sob a mira de um fuzil empunhado por um enfurecido soldado nazista. Seu olhar. Sua roupa maltrapilha. Indefeso. Sozinho. Humilde e triste.

Que fim levou aquele menino? Será que sobreviveu à insanidade brutal do mundo em que viveu? Mas seu gesto não morreu. Nunca morrerá. A imagem daquele menino será sempre um grão de remorso na consciência do mundo. Será sempre uma lágrima sentida a correr dos olhos dos que por um momento, por um átimo de tempo, sentirem o que sentiram os irmãos, os pais, a família daquele pequenino.

Quando ouço as declarações de Ahmadinejad, as suas palavras escorrendo a baba envenenada do ódio contra o povo hebreu, lembro-me daquele menino, do seu olhar, que só demonstrava perplexidade, sem reação, sem revidar a agressão, um símbolo da incompreensão que os inocentes demonstram diante desse ódio gratuito, do racismo insano, onde é capaz de chegar a fúria cega e histérica das mentes possessas pelo arbítrio e a prepotência.

Faço aqui um alerta aos democratas do Brasil: ao comemorarmos o aniversário do Estado de Israel, a vitória sobre o holocausto, o triunfo dos homens livres, o ressurgir dos massacrados, o florescer do deserto, devemos fazer, em homenagem àquele menino, um voto de censura e de repúdio às palavras do Presidente iraniano, que, tenho certeza, não representam as virtudes daquela nação milenar nem os interesses do seu povo humilde, trabalhador e ordeiro.

Que fique, Sr. Presidente, consignado esse permanente alerta de que não se pode descuidar do passado; ele sempre retorna, quando nos falta vigilância.

Muito obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2009 - Página 13758