Discurso durante a 46ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Federal e jornalista Márcio Moreira Alves.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Federal e jornalista Márcio Moreira Alves.
Publicação
Publicação no DSF de 07/04/2009 - Página 9544
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX-DEPUTADO, JORNALISTA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, VIDA PUBLICA, COLABORAÇÃO, POLITICA NACIONAL, DEMOCRACIA.

            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero dar uma palavra neste momento em que o Brasil perde um grande brasileiro.

            Eu conhecia Márcio Moreira Alves há muitos anos, ainda Deputado Estadual, em Pernambuco. Ele era amigo íntimo do Governador Miguel Arraes. Lembro-me de que, quando Miguel Arraes completou 80 anos, fez uma festa para poucos amigos, e o único convidado foi Márcio Moreira Alves. Amigo de Arraes, amigo dos filhos de Arraes, ficou também meu amigo na época. Eu, depois Deputado Federal, antes Secretário do Governo, estabeleci uma relação com Márcio muito forte. Muitas e muitas vezes, eu trocava opiniões com ele e ouvia uma palavra de extrema lucidez, de um realismo total. Tinha um texto maravilhoso, escrevia como ninguém, pensava muito bem. Independente como poucos foram no Brasil, honra a melhor tradição da melhor imprensa que o Brasil teve e da melhor imprensa que o Brasil ainda tem. Acho que desses brasileiros que, nos últimos anos, nas últimas décadas, pautaram a imprensa nacional, ele terá sido dos mais brilhantes, dos mais honestos, dos mais sinceros, dos de melhor e de extremo e grande espírito público.

            Ele não apenas entendia da política no sentido convencional, mas dos fatos. Viajava pelo Brasil, conhecia os problemas, elogiava aquilo que era para elogiar, combatia aquilo que era para combater. Um exemplo de homem público e de imprensa que marcou época neste País e que deverá ser referência para os que agora trabalham e devem trabalhar melhor ainda no futuro.

            Vivemos em um momento de crise, as instituições enfraquecidas, os políticos diminuídos, os partidos também diminuídos, a democracia sob certa ameaça, uma intranquilidade institucional muito grande. Hoje mesmo, estivemos, junto com o Senador José Agripino e o Presidente do DEM, Rodrigo Maia, com o Presidente do Superior Tribunal de Justiça para dizer a ele o que estamos vendo na situação brasileira atual: um quadro de insegurança que não ajuda a democracia, um quadro que está lotado de excessos, cheio de excessos, com pouco respeito ao direito das pessoas e que precisa ser combatido. Combatido no sentido de valorizar a fiscalização, de desenvolver a investigação, mas de não promover o exagero e a pré-condenação, que não faz sentido nenhum num ambiente democrático e construtivo.

            Márcio Moreira Alves foi um dos brasileiros que viram o futuro, que olharam para frente. Tinha coragem de falar, tinha coragem de denunciar, mas a sua denúncia, sua palavra, sempre foi substancial, sempre teve conteúdo. Nunca esteve pautada pelo vento da denúncia, do denuncismo, ou pela preocupação de usar a denúncia ou a fiscalização para punir ou ameaçar adversários.

            Acho que foi um grande democrata. E o Congresso inteiro e o Brasil todo devem, neste momento, uma palavra de elogio a um daqueles brasileiros que honraram sua função pública de jornalista de um país democrático.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/04/2009 - Página 9544