O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no mês passado, ocorreu em Montes Claros, Minas Gerais, o 10º Fórum dos Governadores do Nordeste e a 5ª Reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, quinta reunião desde sua refundação, naturalmente, dado que a Superintendência, cujo aniversário foi justamente um dos temas dos dois encontros, tem uma longa história já de cinco décadas, cinquenta anos.

Naquela ocasião, Sr. Presidente, o Governador José Maranhão, da Paraíba, avançou a proposta de que fossem reabertas as discussões em torno da ferrovia Transnordestina, em particular sobre possíveis expansões dessa via, por meio de ramais. Nosso Governador defendeu, com muita propriedade, a viabilidade, em especial, de um ramal que ligasse a Paraíba à ferrovia. Afinal, como disse o Governador José Maranhão no encontro, para ser realmente transnordestina, a estrada de ferro teria de atender a todos ou, pelo menos, a maior parte dos Estados nordestinos.

A Transnordestina, Srªs e Srs. Senadores, como devem saber, ligará o Porto de Suape, no Recife, ao Porto de Pecém, no Ceará, cortando todo o Estado de Pernambuco, chegando até o Município de Eliseu Martins, no Piauí. Impossível exagerar seu potencial de impacto na região. Ao abrir um corredor de exportações, facilitando o acesso ao sistema hidroviário do São Francisco e ligando dois dos principais portos nordestinos - lembrando que Suape deve ganhar um terminal exclusivo para grãos -, essa obra tem a possibilidade de favorecer uma revolução na fronteira agrícola do Nordeste brasileiro, impulsionando o movimento já expressivo de expansão agrícola que se observa em alguns lugares, como no sul do Piauí, Sr. Presidente, Senador Mão Santa. Além disso, servirá como mais uma via de escoamento para o crescente agronegócio do Centro-Oeste.

Esse corredor, Sr. Presidente, espera-se que eleve consideravelmente a capacidade de escoamento da produção, ao mesmo tempo em que poderá reduzir significativamente os custos do fretamento. Mas os benefícios da ferrovia não se limitam à logística do transporte. Certamente terá um impacto enorme na produção de biodiesel, por exemplo. A Transnordestina, quando estiver plenamente operacional, terá o potencial de consumir, anualmente, 150 milhões de litros desse combustível, incentivando a produção de biodiesel por produtores locais, estimulando, assim, uma alternativa econômica significativa para as famílias do sertão. Com o incentivo correto, e favorecidos pelo dinamismo proporcionado pela nova ferrovia, novos polos e arranjos produtivos locais podem ser criados e estimulados.

Além disso, a ferrovia deve transportar também passageiros. Estão previstas 36 estações para o atendimento de passageiros, o que, inevitavelmente, terá um impacto positivo nas cidades, revitalizando e estimulando a vida urbana.

Por tudo isso, Sr. Presidente, quero aqui me associar à sugestão apresentada pelo Governador José Maranhão, de que não deixemos de lado as discussões sobre a integração da ferrovia com ramais ferroviários já existentes ou sua extensão para outras áreas do Nordeste.

Para a Paraíba, em particular, seria extremamente benéfico um investimento intensivo nas ferrovias existentes, que se encontram, em geral, em estado precário. Já existe a proposta de interligar a Paraíba a Mossoró, no Rio Grande do Norte, por meio da interligação da EF 410 com a EF 415, assim como conectar meu Estado com Arrojado, no Ceará, já no traçado projetado para a Transnordestina, ligando a EF 225 com as EFs 101 e 116, aumentando a penetração da ferrovia na região. A revitalização e a modernização do ramal existente entre Cabedelo, no litoral, e Cajazeiras, próximo à divisa com o Ceará, permitiria, com relativa simplicidade, a ampliação da rede Transnordestina, incorporando a Paraíba e multiplicando os benefícios da ferrovia.

Além disso, deveríamos retomar o projeto de fazer uma interligação ferroviária entre o Porto de Cabedelo, na Grande João Pessoa, e Suape, potencializando, desse modo, o papel que o porto pernambucano vai passar a desempenhar com a construção da ferrovia, ao mesmo tempo em que se valoriza o terminal portuário paraibano.

O Presidente Lula, que conhece mais do que ninguém a realidade e as necessidades do povo nordestino, sabe bem a importância que pode ter a construção da Transnordestina para nossos conterrâneos - e já se manifestou, em diversas ocasiões, no sentido de reconhecer e confirmar essa importância. Também se comprometeu com a expansão da ferrovia para outros Estados da região, interligando a Paraíba, o Rio Grande do Norte e a Bahia, de modo a que tenhamos efetivamente uma via integrando todas as regiões nordestinas e todo o Nordeste ao restante do País, oferecendo aos nossos produtores um corredor eficaz e moderno para o escoamento de sua produção e, para todos os nordestinos, uma via por onde o bem-estar e o desenvolvimento econômico possam rapidamente se espalhar por toda a região.

Tenho certeza de que a Transnordestina está bem próxima do coração do Presidente, e que ele não esquecerá a nossa Paraíba nos futuros desdobramentos desse projeto, que é um dos mais relevantes projetos de integração atualmente em desenvolvimento no Brasil.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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