Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a memória do Senador Jefferson Peres, pelo transcurso do primeiro ano de sua morte.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a memória do Senador Jefferson Peres, pelo transcurso do primeiro ano de sua morte.
Aparteantes
José Sarney.
Publicação
Publicação no DSF de 27/05/2009 - Página 19623
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, PRESENÇA, SENADO, AUTORIDADE, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, JEFFERSON PERES, EX SENADOR, ELOGIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, DEFESA, ORADOR, NECESSIDADE, MANUTENÇÃO, LUTA, ETICA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, SOBERANIA NACIONAL, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL.

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O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Jefferson Praia; Deputado Federal Marcelo Serafim; Vice-Prefeito de Rio Preto da Eva no Amazonas, Exmº Sr. Manoel da Paixão; Presidente do Movimento Nacional em Defesa dos Vereadores, Exmº Sr. Amaury Rodrigues, esta Casa é um lugar de muitas alegrias e de muitas frustrações também. Fico feliz em dizer que, entre minhas alegrias, está a de ter conhecido e convivido com Jefferson Péres e de ter compartido uma campanha eleitoral com Jefferson Péres. Essa é uma das alegrias que levarei. Esse é um dos pontos que deixarei nítido, claro, entre aqueles pelos quais posso dizer “valeu a pena ter passado pelo Senado”.

O Senador Pedro Simon disse, com clareza, que a melhor homenagem que podemos prestar a um político é tornar obsoletas as bandeiras pelas quais ele lutou. De fato, esse é um elogio para aqueles políticos que têm causa, porque alguns a gente sabe que hoje em dia a perderam. Até pela falência geral do mundo das ideologias, muitos perderam sua causa. Entretanto, complemento a fala do Senador Pedro Simon, dizendo que a melhor homenagem que podemos fazer a um político como Jefferson Péres, antes de fazer obsoletas as bandeiras pelas quais ele lutou, é carregar essas bandeiras enquanto elas não forem obsoletas.

Resumo quatro bandeiras que ele carregou com firmeza nesta Casa, e a primeira delas - todos sabem, todos identificam - é a bandeira da moralidade pública. Jefferson Péres, pelo seu exemplo, pelas suas palavras, pelos seus atos, foi um político da moralidade na mais forte expressão do termo. Essa bandeira precisa continuar sendo carregada, sem dúvida alguma. Mais do que nunca, neste um ano, desde que se foi Jefferson Péres, é triste dizer que essa bandeira tornou-se ainda mais importante, mais necessária do que era na época dele, Senador João Durval.

A segunda bandeira é a da soberania. Jefferson foi um nacionalista, um homem que lutou pela soberania. Essa bandeira, mais do que ainda no seu tempo, precisa ser carregada, com o entendimento da complexidade da soberania em um tempo global, em que a soberania tem de ser responsável, não uma soberania irresponsável.

A terceira, como disse também o Senador Pedro Simon, é a bandeira da derrubada dessa barreira que separa, no Brasil, uma parcela da população da outra, que separa a corte de cima da plebe, embaixo. Ele lutou por isso e lutou - aí entra minha convivência com ele - por meio da busca da escola igual para todos os brasileiros. Tenho como ponto alto da minha carreira não apenas ter sido candidato a Presidente, mas também ter sido candidato tendo Jefferson Péres como meu Vice-Presidente. Poucos políticos podem se orgulhar de ter um Vice-Presidente à altura do Jefferson Péres.

Sr. Presidente, outro exemplo de bandeira a se carregar é a bandeira da intransigência nos princípios. Jefferson foi um homem de intransigência nos princípios. Ele não fazia concessões àquilo que tocava seus princípios. Quando era preciso defender propostas políticas, bandeiras impopulares, ele vinha para aqui defendê-las, com a mesma firmeza como defendia algumas que são populares: a moralidade é popular, e ele a defendeu; a responsabilidade fiscal não é popular, e ele a defendeu. Ele foi um homem que não fez transigências nem transações. Ele foi um homem, por isso, que nos faz dizer aqui que ele deixou o que para mim talvez seja o maior elogio que se possa deixar a um homem público: ele serve de exemplo à nossa juventude. Não vejo outra razão mais importante para dizer que ele se pode orgulhar de sua carreira, Senador Sarney, do que a de que o Senador Jefferson Péres serve de exemplo à juventude.

A defesa da soberania, a luta pela moralidade, a intransigência nos princípios, tudo isso foram pequenos tijolos que ele colocou nisso que pode significar uma vida exemplar para os mais jovens. Se ele deixa esse exemplo, ele não morreu, porque um homem de vida pública não morre apenas por que deixa de estar nessa vida; ele só morre quando sua imagem deixa de ser respeitada. Ao morrer, Jefferson consolidou sua carreira ao virar exemplo para a juventude brasileira. Espero que a juventude assista a eventos como este, a homenagens como esta, e leia as biografias que serão escritas sobre Jefferson Péres.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Antes de encerrar, Sr. Presidente, eu gostaria muito de ter a honra de dar um aparte ao Senador José Sarney.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Senador Cristovam Buarque, primeiramente, quero agradecer a V. Exª, porque, nas sessões solenes, não é regimental que se faça aparte, mormente num discurso de V. Exª, um Senador tão brilhante!

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Obrigado, Sr. Presidente.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Mas eu não poderia deixar de comparecer a este plenário, nesta parte da sessão destinada à memória do Senador Jefferson Péres, sem me associar às palavras aqui proferidas pelos nossos oradores. V. Exª sintetiza muito bem quando diz que o Senador Jefferson Péres deixou um exemplo para a juventude. Quero apenas fazer um pequeno adendo e dizer que ele deixou um exemplo não somente para a juventude, mas também para todos os brasileiros. Por aqui, passaram centenas e centenas de políticos ao longo da história do Senado, mas poucos marcaram definitivamente sua presença com sua atuação. O Senador Jefferson Péres, sem dúvida alguma, marcou presença e incluiu-se na história do Senado pelo seu comportamento, pela sua dedicação, pela sua cultura e pelo seu espírito público. Assim, nada mais justo do que o Senado reverenciar sua memória e lembrar permanentemente suas idéias. Muito obrigado.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Agradeço, Sr. Presidente, ao Senador José Sarney e considero que seu aparte faz parte, obviamente com sua assinatura, do meu discurso, porque, talvez, nada eu pudesse dizer para completar tão bem meu pronunciamento quanto sua ponderação, do alto da sua estatura e da sua responsabilidade, quando fala do nosso querido colega e companheiro Jefferson Péres.

Era isso o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/05/2009 - Página 19623