Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo, edição de ontem, intitulada "Dívidas ameaçam a Gazeta Mercantil". Apelo ao empresariado brasileiro e ao Governo, para a busca de uma solução objetivando salvar a Gazeta Mercantil. (como Líder)

Autor
Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • Considerações sobre matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo, edição de ontem, intitulada "Dívidas ameaçam a Gazeta Mercantil". Apelo ao empresariado brasileiro e ao Governo, para a busca de uma solução objetivando salvar a Gazeta Mercantil. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2009 - Página 20033
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REGISTRO, POSSIBILIDADE, PARALISAÇÃO, PUBLICAÇÃO, GAZETA MERCANTIL, MOTIVO, EXCESSO, DIVIDA.
  • DEFESA, BUSCA, MANUTENÇÃO, FUNCIONAMENTO, JORNAL, IMPORTANCIA, HISTORIA, RELEVANCIA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, SOCIEDADE, BRASIL.
  • SOLICITAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), SENADOR, EMPRESARIO, BRASIL, BUSCA, SOLUÇÃO, MANUTENÇÃO, FUNCIONAMENTO, JORNAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, estou hoje nesta tribuna, na verdade, para fazer uma comunicação inadiável. Estou falando em nome da Liderança por deferência do Senador Marcelo Crivella, mas, na verdade, em função de um assunto realmente importante.

Matéria veiculada na Folha de S.Paulo, edição de ontem, 26 de maio, diz: “Dívidas ameaçam a Gazeta Mercantil”. E abre com a seguinte informação:

O jornal Gazeta Mercantil, fundado em 1920 [portanto, Srªs e Srs. Senadores, há quase 90 anos] poderá deixar de circular a partir da próxima semana. A CBM (Companhia Brasileira de Multimídia), dona da editora JB e licenciadora da marca “Gazeta Mercantil”, informou, ontem, em comunicado publicado na primeira página [do próprio jornal] da Gazeta, que deixará de publicar o jornal a partir do dia 1º de junho.

[...] O antigo controlador, Luiz Fernando Levy, não pretende reassumir o jornal. Hoje, há 51 jornalistas na Gazeta.

Segundo a matéria, o antigo controlador disse aos jornalistas que o procuraram que não se iludissem, pois o jornal acabou.

Em reportagem na parte interna da Gazeta, foi informado que, “caso Levy não queira assumir[...]”, o usufruto da máquina poderia ser concedido a uma entidade sem fins lucrativos organizada pelos funcionários para edição e comercialização do jornal.

A CBM também é dona do Jornal do Brasil e da Editora Peixes, que publica revistas como Gula e Viver Bem.

         A Gazeta passou a ter dificuldades no final da década, e o título foi vendido à CBM, que pertence ao Sr. Nelson Tanure.

Hoje, haverá reunião entre o Sindicato dos Jornalistas, a CBM e a Gazeta.

O Sr. Tanure também é dono de negócios como estaleiros e empreendimentos imobiliários, reunidos na holding Docas S.A.

         No ano passado, comprou a Intelig - em abril, a TIM anunciou a incorporação da operação.

Meu propósito não é entrar no mérito do conflito empresarial. Sou empresário, entendo as circunstâncias de conflitos empresariais. Estou aqui, na verdade, como cidadão, como leitor da Gazeta Mercantil. Não pretendo entrar no conflito empresarial que tumultua a vida e a credibilidade da Gazeta Mercantil.

Diferentemente de um frigorífico, de uma loja de cerâmica, de uma fábrica de cerveja, um jornal tem alma, tem vida, tem espírito, mantém a chama acesa que o torna único.

A história da Gazeta Mercantil reúne um acervo de valores inestimável, onde os serviços prestados à sociedade brasileira são imensuráveis.

Por quase nove décadas, foi o jornal de cabeceira do empresariado brasileiro, o mais importante jornal econômico da América Latina, servindo de modelo e referência para publicações similares que vieram depois e, até recentemente, pautando os grandes jornais no tocante a temas econômicos.

Em que pese tratar-se de conflitos empresariais envolvendo empresa privada, é preciso ter em mente que existem marcas e nomes que superam os estreitos limites formais da condição jurídica.

São nomes que se transformam, pelo exercício continuado da formação de opinião e do ofício a serviço da sociedade, em verdadeiros patrimônios coletivos, cujos interesses dizem respeito e se identificam com o próprio País onde nasceram, prosperaram e contribuíram diuturnamente.

É o caso da Gazeta Mercantil. Não podemos permitir que a última edição circule no próximo dia 30. Seria uma maneira melancólica e cruel de matarmos um pouco da história do Brasil e de cada um de nós, notadamente dos homens e mulheres que fizeram e fazem o progresso e a riqueza do nosso País.

Assim, conclamo às cabeças pensantes do empresariado e do Governo brasileiro para que, juntos, pensemos uma forma de arranjar uma solução que impeça o desfecho que não queremos assistir. Algo como foi feito com a Varig, outra referência nacional de origem privada.

Deixo o meu apelo aos Srs. Paulo Skaf, da poderosa Fiesp; Maurício Azedo, da ABI; Srª Judith Brito, da ANJ; Senadora Kátia Abreu, da CNA; a Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, da Firjan; a Marcos Sawaya Jank, da Única; a Antônio Oliveira Santos, da CNC, e ao próprio Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, no sentido de equacionarmos um arranjo que não deixe a Gazeta Mercantil morrer.

Sr. Presidente, um jornal - V. Exª sabe muito bem - é um patrimônio coletivo, um jornal tem uma história por trás, tem uma tradição imensurável. Eu, como cidadão, como empresário, habituei-me, por longos anos, a ter como jornal de cabeceira a Gazeta Mercantil.

A Gazeta Mercantil pautou diversos jornais deste País no que tange aos assuntos econômicos. Nós, brasileiros, não podemos ficar inertes, não podemos parar para assistir a um Titanic afundar. O que foi o Titanic, que afundou há quase cem anos e que ainda hoje é história? Um simples navio que foi construído e naufragou em sua viagem inaugural. Não tinha história. Foram feitos filmes, por diversas vezes foi referência de muitas matérias internacionais. A Gazeta Mercantil é muito mais do que isso. A Gazeta Mercantil é um patrimônio do País, é um jornal de 90 anos de existência.

Por isso, conclamo à classe empresarial, às forças sindicais, às forças políticas deste País para que busquem uma solução para salvar a Gazeta Mercantil.

Era isso o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2009 - Página 20033