O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu apenas queria pedir aos companheiros Senadores dois minutos de reflexão.

            A Petrobras é uma empresa fundamental para o Brasil. Todos nós desejamos tirar a Petrobras da linha de investigação, fazê-la restabelecer o seu conceito mais amplo.

            Eu vi aqui, na semana passada, Líderes dos mais respeitáveis, inclusive alguns por quem tenho amizade pessoal, definirem claramente a abertura dessa CPI para amanhã; gente que costuma honrar a palavra.

            Chego aqui hoje e sou informado, há dois segundos, de que não vai haver CPI amanhã. Eu quero, sinceramente, dizer que isso é uma profunda irresponsabilidade, porque quem aposta na radicalização será responsável por eventuais desacertos em relação à questão da Petrobras.

            Nós, até a presente data, não trouxemos ao conhecimento de ninguém denúncias que, para nós, devem ser encaminhadas à CPI e não à imprensa. Nós, até agora, não levantamos suspeita individual sobre nenhuma pessoa. Nós, até agora, tomamos todo o cuidado para não afetar o conceito público dessa empresa. Nós nos dispomos a nos sentar, a refletir sobre áreas básicas da Petrobras que não devem ser investigadas, para que não se prejudiquem interesses nacionais importantes. Nós estamos na atitude de uma investigação sóbria. No entanto, estamos assistindo à construção de uma parede insensata, irrefletida, daquelas paredes que a gente faz para evitar luz, porque alguém quer manter, não sei por que razão, na área de escuridão, certas coisas que a população precisa saber.

            Quero dizer que quem assume compromisso e não cumpre não tem vergonha. É preciso ter vergonha: vergonha do povo, vergonha do País, honrar os seus mandatos, fazer o que é preciso fazer.

            E que ninguém diga, porque não é verdade, que nós do PSDB estamos recebendo pressão de ninguém para não fazer CPI. O PSDB não recebe pressão para não fazer CPI na Petrobras, não aceita essas pressões, mas quer deixar muito claro que há setores interessados em que não se lance luz, em que não se faça esclarecimento sobre certas áreas da Petrobras que precisam ser vistas, porque estão contaminadas de indicações de políticos, políticos que, muitas vezes, não merecem sequer o mandato, que já o perderam, porque foram cassados, porque são comprometidos, porque têm passado comprometido e que não desejam ver pessoas indicadas por eles fiscalizadas. Nada a ver, por exemplo, com indicações do PT como a do Dr. Guilherme Estrela, que é diretor de uma área fundamental, mas é um homem honrado, que nós respeitamos, elogiamos e admiramos, mesmo sem, em alguns casos, concordar com ele; mas tudo a ver com gente que está ali por indicação de políticos com interesses não republicanos e que agora obstrui essa votação.

         O Presidente Lula, do alto dos seus 70%, 80%, 100% de aprovação, não devia temer que o esclarecimento se fizesse por gente com responsabilidade, que tem tanta responsabilidade quanto ele e que não quer prejudicar o Brasil.

         Então, é comprometedora essa ação de obstaculizar a CPI da Petrobras, de forma visível.

            Não temos nada a ver com disputa de um partido com outro para saber quem é relator, quem não é, se alguém merece confiança ou não. Quem merece confiança é o povo brasileiro, que precisa ver a fiscalização da Petrobras, até para concluir o bastante para saber que a Petrobras não merecia sequer ser fiscalizada, nenhum problema.

            Não sairemos derrotados desta CPI se, ao final, nada se apurar. Mas o Brasil perde se a apuração não se fizer. Chega de sofisma, de terrorismo, de covardia, de gente que não tem coragem de expor a Petrobras a uma investigação limpa, por gente limpa.