Discurso durante a 98ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Discorda da proposta de divulgação dos rendimentos dos servidores da Casa e defende que a divulgação seja feita quanto aos gastos dos senadores.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Discorda da proposta de divulgação dos rendimentos dos servidores da Casa e defende que a divulgação seja feita quanto aos gastos dos senadores.
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/2009 - Página 24007
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • DISCORDANCIA, PROPOSTA, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, OPINIÃO, ORADOR, INCONSTITUCIONALIDADE, INVASÃO, PRIVACIDADE, REGISTRO, IMPLEMENTAÇÃO, PREFEITO DE CAPITAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SUPERIORIDADE, AÇÃO JUDICIAL, CRITICA, TENTATIVA, EXPOSIÇÃO, SERVIDOR, SENADO, AUSENCIA, SOLUÇÃO, IRREGULARIDADE, ADMINISTRAÇÃO, EXPECTATIVA, DECISÃO, PLENARIO.
  • DEFESA, DIVULGAÇÃO, TOTAL, DESPESA, SENADOR.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Sr. Presidente, quero lembrar ao Senador Suplicy que, no próprio Estado dele, mais propriamente na Prefeitura, o Prefeito estabeleceu essa conduta, uma conduta que é invasão de privacidade, em minha opinião, e inconstitucional quanto aos servidores. Há diversos sindicatos em São Paulo - por isso acredito que deveremos esperar resultado da Justiça - interpelando essa decisão do Sr. Prefeito de São Paulo. A Justiça estabelecerá, com certeza, pela não divulgação - esse é um assunto sério, Senador Efraim -, porque não podemos, por problemas internos da Casa, ridicularizar os nossos servidores, expondo os salários de cada servidor. Eles não estão roubando, furtando ninguém. Eles estão ganhando o salário que é estabelecido pela Casa.

            Agora, imaginem os Senhores, nessa ânsia de querer mostrar para a opinião pública que se está resolvendo do dia para a noite problemas que são antiquíssimos na Casa, fazer isso com essas pessoas que não têm nada a ver com o que está acontecendo, por exemplo, aqui dentro do plenário.

            Então, eu aceito o seguinte: divulgar todos os gastos com cada Senador aqui. Senador abrir conta bancária e mostrar a sua vida, devassar a sua vida; mas devassar a vida do servidor que ganha R$3.000,00 por mês? Do que ganha R$15.000,00, que o assaltante vai ver que ganha R$15.000,00, vai sequestrar o filho dele porque ele vai receber R$15.000,00 no final do mês? Que vai haver discussão, desentendimento dentro da Casa porque um ganha R$5.000,00, o outro ganha R$6.000,00, o outro ganha R$7.000,00, o outro ganha R$10.000,00?

            Eu, sinceramente, Sr. Presidente, estou dando esta opinião porque, para mim, é ridícula essa proposta de punir os funcionários da Casa ao expor publicamente os seus salários. Funcionários de carreira têm de ser respeitados. Tem o que ganha R$2.000,00, tem o que ganha R$15.000,00; tem o que está no final de carreira, que ganha R$18.000,00, R$20.000,00. Que história é essa? Discordo completamente.

            Por favor, Senador Efraim, é coisa séria que eu estou falando. A gente tem de falar nesta Casa coisa séria para que as pessoas que estão nos assistindo, que de repente batem palma na emoção por uma atitude dessas, mas não estão vendo as consequências disso. 

            Eu lamento profundamente que tenha saído essa proposta, mas tenho certeza absoluta de que o senhor colocará essa decisão para plenário. Vamos votar, voto aberto, para ver quem é que quer jogar para a opinião pública salário de um por um dos servidores.

            Agora, se for para votar a favor de dizer quanto gasta e quanto recebe cada Senador, quanto gasta cada Senador de gasolina, de carro, de computador, de não sei o quê, eu sou a favor. Pode esclarecer. Somos nós aqui que temos de ser abertos, claros e transparentes. Agora, ridicularizar um servidor, abrir uma Internet e ver quanto está ganhando aquele que está do seu lado... Isso é ridículo!

            Desculpe, Sr. Presidente, não é contra V. Exª não. É contra até quem já promoveu isso, e, com certeza, a Justiça vai barrar lá em São Paulo.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/2009 - Página 24007