A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Para encaminhar a votação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, realmente foi com profundo pesar que esta Casa recebeu a triste notícia do falecimento, da partida do Dr. Pinotti. Assim foi, tenho certeza, com milhares e milhares de brasileiros, principalmente nós, mulheres, que perdemos um exemplo da Medicina, um exemplo de humanitário que conseguiu, pelo seu trabalho, pelas suas idéias, fazer com que o foco no tratamento de doenças que vitimavam - e ainda vitimam - milhares de mulheres no Brasil fosse realmente colocado como algo de importância maior.

            Devemos muito ao Dr. Pinotti na prevenção do câncer mamário, do câncer que aflige as mulheres, como o câncer ginecológico.

            Ele, através de projetos, sonhava que, em cada recanto deste País, nos mais distantes, as mulheres tivessem acesso ao diagnóstico precoce para que pudessem ser tratadas e salvas. Quantos mamógrafos estão no Brasil hoje por causa dele!? Mas não na quantidade que ele desejava. Lembro que, logo ao chegar a esta Casa, tive oportunidade de, em encontro com o Dr. Pinotti, expor a situação do meu Estado, e ele quase que de memória tinha uma noção perfeita do tamanho do meu Estado, Rio Grande do Norte, da sua população e que deveríamos ter em cada região, sub-região, um mamógrafo - pelo menos isso -, para que as mulheres pudessem precocemente fazer esse exame e, se, porventura, fossem vítimas do câncer mamário, ter tempo para serem curadas e suas vidas salvas. Só por isso ele já deixou uma marca profunda neste nosso chão, na sua passagem, mas muito mais. Lembro da defesa do Dr. Pinotti quando da questão das células-tronco, da preocupação para que essas pesquisas fossem até onde se tivesse a ética resguardada. Daí por que ele defendia que as pesquisas só poderiam ser feitas por intermédio de entidades habilitadas, mediante autorização especial da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa.

            O Dr. Pinotti que eu conheci, primeiro, por livros, por seus ensinamentos e também pelas suas poesias, tive a alegria de poder, pessoalmente, em alguns momentos, encontrá-lo nesta Casa. Hoje, Sr. Presidente, na Comissão de Assuntos Sociais, onde ele, por diversas vezes, esteve presente em audiências tratando, mais que especificamente, da saúde da mulher, foi feita uma homenagem, um minuto de silêncio em reconhecimento ao grande trabalho deste grande homem brasileiro.

            E é, realmente com pesar, que nós nos dirigimos aos seus familiares, que, com certeza, tiveram do Dr. Pinotti todo o carinho, toda a atenção, toda a dedicação, desejando que, neste momento difícil, encontrem forças para continuar as suas ideias, a sua luta, e continuar lançando sementes do bem como o Dr. Pinotti lançou por toda a sua vida.

            Ele sempre se revelou, quando estava no exterior, na França ou lá em Firenze, onde fez seus cursos de pós-graduação, participando, dirigindo as mais diversas instituições nacionais e até internacionais; ele agora, mesmo sabendo do mal de que já estava sendo vítima, não deixou de dar uma atenção especial à saúde da mulher. Em São Paulo, estava exercendo o cargo de Secretário Especial de políticas voltadas para a mulher.

            Então, quero aqui, como mulher, como colega duas vezes - médica e colega neste Congresso -, prestar esta homenagem maior ao Dr. Pinotti, que não poderá, de forma alguma, ser esquecido por esta geração. Cabe a nós, cada vez mais, propagar os bons exemplos que serão, com certeza, fonte de inspiração para as futuras gerações no trabalho, na competência, na ética, no bem servir a esta Nação.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.