O SR. DEMÓSTENES TORRES (DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Polícia Militar do Estado de Goiás completa, neste mês, 151 anos de bons serviços prestados à população. No século e meio, construiu sua história com bravura e todos os demais sinônimos de coragem, pois é a responsável pelo sono tranquilo das famílias, pelo movimento pacífico no comércio, pelo bucolismo irretocável no campo, pelo dano mínimo nas zonas urbanas.

            Infelizmente, a Polícia Militar só é lembrada nas horas de angústia, do socorro, dos marcos de tragédia. Mas agora é diferente; é hora de comemorar, de dar parabéns a cada um dos 20 mil policiais ativos, inativos e pensionistas. É hora de agradecer a todos eles por serem a nossa garantia de paz, o escudo entre as pessoas de bem e os homens que optam pela criminalidade. É hora de saudar os homens e as mulheres da gloriosa Polícia Militar de Goiás, dizendo-lhes muito obrigado por tudo que representam, por tudo que sua ostensividade significa, por tudo que sua presença simboliza.

            Vi, na prática, por que a Polícia Militar é chamada de força nos 39 meses em que tive a honra de ser Secretário de Segurança Pública e Justiça de Goiás. A pasta compreendia também a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros Militar, o sistema carcerário, os Conselhos Comunitários de Segurança, o Programa de Proteção a Testemunhas e Vítimas Ameaçadas, o Disque-Denúncia, Procon e o combate às drogas. Porém, sem a PM, nada funciona, não apenas por ter o maior contingente, mas por ser uma depositária fiel da esperança da sociedade.

            Como bem disse recentemente o Desembargador Paulo Telles, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, “essa tropa é orgulho de todos os goianos por sua alta performance”. Para o eminente Desembargador, a credibilidade da PM torna o Judiciário “testemunha de que a Polícia Militar é patrimônio dos goianos, defensora das liberdades e fiadora dos princípios e da defesa dos direitos humanos”.

            Para obter aval tão enfático do chefe de um Poder, os milicianos tiveram de trabalhar muito. Nos dois mandatos que tive como Procurador-Geral de Justiça e, na minha época, como Secretário de Segurança Pública e Justiça, cheguei às mesmas conclusões tiradas pelo Desembargador Paulo Teles, porque também tive a PM como parceira. Alcançamos resultados extraordinários, como: o fim dos sequestros e dos assaltos a ônibus; a redução drástica nos índices de homicídios; a queda de até metade em itens como roubo de veículos; as apreensões recordes de drogas e armas ilegais; a prisão de criminosos que praticaram delitos Brasil afora e só conheceram o lado de dentro da cadeia quando passaram a agir em Goiás.

            É claro que, para alcançarmos tamanho êxito, contamos com os demais servidores da Secretaria, principalmente os da Polícia Civil. Esse esforço conjunto redundou em ruas mais livres para as crianças brincarem, praças abertas para a diversão dos jovens, maior confiança dos lojistas de serem menos admoestados por ladrões, ida e volta mais seguras do trabalhador, do estudante.

            O grande prestígio goiano junto ao Governo Federal, do então Presidente Fernando Henrique Cardoso, e a qualidade dos projetos que apresentamos nos deram a primazia de diversas conquistas. A parceria Estado-União legou a Goiás 2.165 viaturas, mais do que o triplo do número existente na ocasião. Herdamos quase inúteis Veraneios da década de 70 e entregamos caminhonetes modernas e preparadas para o combate. Reaparelhamos os quartéis com informatização completa, armamento à altura das necessidades e munição em quantidade suficiente para agir e reagir. Os salários tiveram ganho real e, em alguns casos, mais do que dobraram, proporcionando aos policiais e a seus dependentes a estabilidade que tanto buscaram e que tanto merecem. Investimos na qualificação, oferecendo diversos cursos, inclusive de nível superior. Aproveitando uma idéia do dirigente agropecuário José Eduardo Fleury, que anos depois me deu a glória de se lançar a suplente de Senador na minha chapa, criamos a Patrulha Rural, equipada com armas específicas e carros que suportavam a labuta nas estradas vicinais. Incentivamos os programas de habitação. Reestruturamos a Biblioteca Goiandira do Couto, agora batizada em homenagem à maravilhosa artista plástica e doceira que é uma verdadeira atração turística na cidade de Goiás. O treinamento passou a ser mais rigoroso, com aportes na academia de formação, no currículo enriquecido por disciplinas exigidas pela contemporaneidade e no rigor dos concursos públicos. Em troca, cobramos respeito ao cidadão e às leis, cumprimento fiel do dever, principalmente o do acatamento aos princípios da administração pública e aos direitos individuais e coletivos. Apoio total aos honestos e competentes, rigor absoluto com quem maculasse a farda, cortando na carne, extirpando as chagas. Goiás precisou, a PM atendeu. O Governo deu as ferramentas e viu estendido seu braço forte. Com os instrumentos à mão, a tropa se viu a um só tempo estimulada e exigida. A resposta da polícia foi positiva e imediata, traduzida em mais segurança para a população, e, na parte do Governador e do Secretário, em satisfação por ter acreditado nos militares.

            A Organização das Nações Unidas havia estudado a região goiana do Entorno do Distrito Federal e concluído que ali estava uma área mais perigosa que zonas de conflito como a grande Bagdá. O governador carreou para o Entorno os recursos de diversos setores, fazendo interface da Secretaria de Segurança Pública com os programas de promoção social, o Banco do Povo, o Cheque-Moradia e a Bolsa Universitária. Multiplicamos por dez o número de policiais em cidades como Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto. Combatemos duramente a corrupção e a violência policiais. No fim de dois anos, a situação era completamente diferente. Até hoje a situação é conturbada, mas não se cumpriram as previsões pessimistas da ONU.

            Se a sociedade em geral foi agraciada com os relevantes préstimos da PM, eu em particular me senti contemplado pela capacidade de seus integrantes, desde o aluno de soldado ao mais graduado oficial. Quando revejo os jornais da época ou converso com um ex-componente da equipe, reafirmo ainda mais o acerto que foi crer na desenvoltura da Polícia Militar. Para mim, não foi surpresa o sucesso advindo de confiar nos bons frutos da equação formulada por valorizar, investir e esperar, pois a tradição da PM é a de dar alegria às pessoas decentes. Não veste apenas farda, veste a camisa da população. A continência a que mais obedece é ao gesto de gratidão expressado pelo povo, inclusive por mim. A PM, no seu contingente, nunca traiu as expectativas dos goianos. Desde 28 de julho de 1858, escreve a sua biografia com as tintas do denodo. Naquele dia, a força foi fundada por Januário da Gama Cerqueira, presidente da província, ocupante do cargo que depois seria de homens igualmente valorosos como, para citar somente os mais recentes governadores, Mauro Borges, Otávio Lage, Irapuan Costa Júnior, Ary Valadão, Iris Rezende, Onofre Quinan, Henrique Santillo, Maguito Vilela, Naphtali Alves, Agenor Rezende, Helenês Cândido, Marconi Perillo e, atualmente, Alcides Rodrigues. Todos eles deram sua contribuição no engrandecimento da PM, que nasceu Força Policial de Goyaz com 47 integrantes e hoje é do tamanho do Estado e maior do que a ânsia popular por segurança.

            Em qualquer lugar de Goiás, há um policial zelando pelo bem-estar de quem lhe paga os proventos. Nos 246 Municípios, nos mais de mil distritos e povoações, há sempre um PM de olho para evitar a ação dos delinqüentes.

            Nossos militares são quase onipresentes. Estão nos rios e nas florestas com o Batalhão Ambiental; nos céus com seu grupamento alado; nas rodovias, nas baixadas de ruas, nas escolas, nas repartições públicas, nas promoções culturais, nos eventos esportivos. Onde houver uma vida a ser preservada, onde se precisar que a paz seja assegurada, ali estará um PM a corresponder aos quereres dos goianos.

            Sua fama transborda do território que tanto defende. A Academia da Polícia Militar de Goiás treina membros de corporações de diversos Estados. Praças e oficiais se destacam na Força Nacional de Segurança, mantendo um padrão de eficiência que, desde a Guerra do Paraguai, já foi testado até em conflitos armados internacionais. Também em permanente expansão está a qualidade da mão-de-obra. Chega a 90% o número de policiais com curso superior, inclusive entre os praças. Ali estão escritores, músicos e outros artistas, que participam de certames e vencem, que batalham nos palcos da vida e vencem. Ali estão atletas que competem nas pistas do mundo e vencem. Ali estão líderes políticos de primeira grandeza que disputam eleições e vencem. Há cinco dezenas de militares nas Câmaras Municipais. Há vice-prefeito praça, como o soldado Elias Luiz da Silva, de Córrego de Ouro. Há prefeito policial, o Coronel Romeu José Gonçalves, de Joviânia, como há prefeitos praças: o soldado Catarino José da Silva, de Trombas, e os cabos Jonas Souza da Rocha e Luiz Borges. Da Rocha é um dos meus grandes amigos na política e torci e lutei e pedi voto o tempo inteiro para ele ser prefeito de Araguapaz, onde com seu caráter e sua vontade está realizando um grande mandato. O Cabo Borges governa a pequena e riquíssima Alto Horizonte, segundo maior exportador do Estado, uma potência mineral no Brasil.

            Além das lideranças municipais, a PM teve o Deputado Federal o Capitão Wayne e tem o Deputado Estado Coronel Marciano Basílio de Queiroz, que foi meu assessor na Secretaria de Segurança Pública e Justiça e depois comandou com brilho a Polícia Militar. O Comandante-Geral anterior, coronel Édson Costa, se sobressaiu a tal ponto que passou a chefiar a Força Nacional de Segurança. Foi sucedido pelo coronel Carlos Antônio Elias, que era major e chefiava a Comunicação Social da PM quando fui secretário. Devo ao coronel Antônio e sua equipe parte dos triunfos obtidos contra a violência, porque, justamente com o delegado Norton Luís Ferreira, assessor de imprensa da Polícia Civil, se encarregava de levar à opinião pública a certeza de que a melhoria na segurança não era apenas uma sensação. O coronel Antônio reúne muitas virtudes, mas a maior delas ultrapassa as exigidas para ser aprovado no concurso da Polícia: é sua vocação para o militarismo, seu galardão em servir e proteger, seu orgulho de pertencer à carreira.

            As entidades ligadas à PM também revelam líderes, como os presidentes e os ocupantes de diretorias nas Associações de Cabos e Soldados, de Sargentos e Subtenentes, de Oficiais, dos Militares Inativos, das Pensionistas, da Caixa Beneficente, da Fundação Tiradentes. Em seus comandos regionais, suas companhias, enfim, em todos os quartéis e viaturas, estão lideranças com as quais

o cidadão pode contar.

            Porém, a PM prospera porque não se resume a seus comandantes. Eles estão de parabéns, sobretudo por terem uma tropa tão eficiente. Parabéns também para toda a família miliciana, extensivos ao Secretário de Segurança, Ernesto Roller, e ao Governador, Alcides Rodrigues.

            Muito obrigado a cada soldado, cada aluno de Colégio Militar, das bandas, do setor de saúde, cada cônjuge de integrante da PM, cada cabo, sargento, subtenente, tenente, capitão, major, tenente-coronel e coronel. Parabéns por vocês servirem tão bem a nosso povo e parabéns a Goiás por ter uma Polícia desse nível.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

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