Discurso durante a 126ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Transcrição nos Anais, do artigo intitulado "A Rosa Parks do Cerrado", de autoria do editor Rodrigo Hirose, publicado no jornal O Popular, edição de 2 de agosto corrente.

Autor
Demóstenes Torres (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Demóstenes Lazaro Xavier Torres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Transcrição nos Anais, do artigo intitulado "A Rosa Parks do Cerrado", de autoria do editor Rodrigo Hirose, publicado no jornal O Popular, edição de 2 de agosto corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 08/08/2009 - Página 34948
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O POPULAR, ESTADO DE GOIAS (GO), ELOGIO, MANIFESTAÇÃO, CIDADÃO, INTERIOR, COBRANÇA, OBEDIENCIA, ESTATUTO, IDOSO, LIBERAÇÃO, PAGAMENTO, PASSAGEM, ONIBUS, DEFESA, ORADOR, APLICAÇÃO, LEGISLAÇÃO, APROVAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. DEMÓSTENES TORRES (DEM - GO Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores Senhor Presidente, requeiro a transcrição, no Diário do Senado, para que conste dos Anais, do artigo “A Rosa Parks do Cerrado”, de autoria do editor Rodrigo Hirose, publicado no jornal “O Popular” na edição do dia 2 de agosto de 2009.

            Hirose aborda a ocorrência de um fato que, infelizmente, está se tornando rotineiro no Brasil: a desobediência ao Estatuto do Idoso e, consequentemente, o desrespeito às pessoas. Na cidade goiana de Rio Verde, Luzia Jesus de Oliveira repetiu o gesto da americana Rosa Parks e transformou um ônibus num palco de protesto tão pacífico quanto representativo. O grito de Luzia ecoou pelo Brasil inteiro e a torcida é para os efeitos de seu gesto serem significativos na prática como foram os de Rosa. O Congresso Nacional aprovou o Estatuto do Idoso, do qual fui relator, para consolidar conquistas, abrir caminhos, conscientizar e preservar, não para ser letra morta na mão de agressores.

            Muito obrigado

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR SENADOR  DEMÓSTENES TORRES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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            Artigo

            A Rosa Parks do Cerrado

            Dona Luzia é uma mulher porreta. É uma dessas pessoas que, cansadas do descaso e do desrespeito, resolve chutar o balde. Alguém que de um ato individual de indignação tem a força de provocar uma reação benéfica a uma população inteira. É uma espécie de Rosa Parks do Cerrado.

            Rodrigo Hirose

            O que une as duas mulheres é o que junta grande parte das pessoas de uma cidade, geralmente separadas por quilômetros, realidades, vidas diferentes: o ônibus coletivo. Esse serviço na maior parte das vezes mambembe, mas indispensável. O que as distancia são quase 54 anos.

            No dia 10 de dezembro de 1954, a americana Rosa Parks tomou seu ônibus na racista Montgomery, cidade do Estado do Alabama. Vigorava, então, um tipo de apartheid nos EUA: os negros eram obrigados a ceder o lugar para um branco sentar-se. Parks, então com 42 anos, voltava do trabalho quando foi intimada por um homem a levantar-se. Negou-se, terminou presa, mas detonou a discussão sobre igualdade entre brancos e negros - muitas das vezes essa discussão descambou para a violência.

            O ato de dona Luzia talvez não tenha tanta amplitude. O mais provável é que não tenha mesmo. Dentro do coletivo em Rio Verde, ela recusou-se a descer sob ordem do motorista. O motorista chamou a polícia, ela ficou 40 minutos dentro do ônibus, mas saiu vitoriosa, ancorada no direito de não pagar os 2 reais do bilhete. No dia 28 de julho de 2009, Luzia Jesus de Oliveira, de 63 anos, fez a sua história.

            A reação ganha proporção quando colocada num contexto mais amplo. O brasileiro, homem cordial que é, não tem o hábito de reagir, de cobrar seus direitos. Acostuma-se fácil com tudo e releva facilmente construções de castelos, recebimentos de mensalões, concessão de empregos públicos para familiares. É o perfeito Jeca Tatu, atolado na imobilidade e com vermes a comerem-lhe a coragem.

            Escândalos se sucedem sem que se ouça uma só panela vazia sendo batida em frente ao Congresso ou ao Planalto (a não ser no caso de protestos manipulados por partidos políticos). O Brasil não precisa do Jeca. Precisa da dona Luzia.

            Rodrigo Hirose é editor de Cidades.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/08/2009 - Página 34948