O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Pode ficar certo, Senador Pedro Simon, de que estou mais ansioso por ouvi-lo do que V. Exª por falar. Entretanto, eu não poderia deixar de dar minha opinião sobre esse assunto.

            Fiquei feliz de ouvir o Senador Papaléo falar que, quando entra no hospital, uma pessoa ferida tem que ser tratada igualmente, seja um marginal ou uma pessoa respeitável. Agora, quando são feitas acusações, não pode haver tratamento igual. O marginal não precisa se explicar para ninguém, não precisa nem ser ouvido. Agora, uma pessoa respeitável, como qualquer Senador aqui, tem que ser ouvido, e, ao ser ouvido, vai ter que se submeter a investigações.

            Eu acho que é do maior interesse do Senador Sarney que uma denúncia como essa de O Estado de S. Paulo seja investigada, até para desmentir o jornal o Estado de S. Paulo se ele está cometendo a irresponsabilidade de dar informações falsas. Não estou aqui propondo, absolutamente, tomarmos o que sai no jornal como verdade. Em nenhuma hipótese. Todos nós sabemos aqui que nem sempre o que sai nos jornais é verdade. Agora, é preciso que seja investigado. É do interesse do Senador Sarney, é do interesse desta Casa, é do interesse da democracia, é do interesse da opinião pública brasileira saber: há um jornal da importância de O Estado de S. Paulo mentindo ou há coisas sendo escondidas em relação a esse assunto ou é um mal-entendido. Pode acontecer de os dois terem razão e ser apenas um mal-entendido.

            Por isso, confesso que não entendo por que o Presidente Sarney, em vez de pedir que se investigue rapidamente, num prazo curto, para desmentir o jornal ou se confirmar a notícia e assumir a responsabilidade, prefere fazer um apelo para que não investiguemos o assunto.

            Eu queria deixar registrado que não estou prejulgando, que não estou tomando aqui partido das notícias do jornal, mas creio que, no interesse da Casa, denúncias, sobretudo em jornais importantes, em veículos importantes, que têm que zelar pela sua credibilidade - porque há outros que não precisam -, nesses casos, eu acho que algum tipo de investigação - nem estou dizendo qual é - precisa ser feito, para que se chame a atenção do jornal ou para que quem, aqui, nesta Casa, cometeu algum deslize pague o preço por ele.