Fala da Presidência durante a 134ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a memória de Euclides da Cunha.

Autor
Marconi Perillo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Marconi Ferreira Perillo Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a memória de Euclides da Cunha.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2009 - Página 36625
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, MORTE, EUCLIDES DA CUNHA (BA), ESCRITOR, COMENTARIO, BIOGRAFIA, IMPORTANCIA, OBRA INTELECTUAL, DESCRIÇÃO, LUTA, MUNICIPIO, CANUDOS (BA), ESTADO DA BAHIA (BA), PARTICIPAÇÃO, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO BRASILEIRO.

            O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Srªs Senadoras e Srs. Senadores, “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo”. Esta passagem antológica é parte integrante de Os Sertões, a mais importante obra do grande escritor fluminense Euclides da Cunha, cuja memória celebramos nesta sessão do Senado Federal.

            Os Sertões, originalmente publicada no início do século passado, portanto, há mais de 100 anos, é um retrato fiel do massacre de Canudos, no sertão da Bahia, e que simboliza a luta do camponês nordestino pela sobrevivência, frente à extrema hostilidade do meio e ao descaso mais absoluto dos governantes da época.

            Nascido na cidade de Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866, Euclides da Cunha passou a infância e a adolescência em fazendas e cidades fluminenses. Nos idos de 1885, ingressou na Escola Politécnica do Rio, de onde saiu no ano seguinte para entrar na Escola Militar.

            Excluído da Escola, em 1888, por ter jogado deliberadamente ao chão a arma que deveria apresentar à passagem do Ministro da Guerra, seguiu para São Paulo, onde começou a escrever contra a Monarquia.

            Proclamada a República, foi reintegrado à carreira militar e bacharelou-se em matemática e ciências físicas e naturais. Nunca abandonou, porém, seu trabalho na imprensa, pelo qual escreveu artigos criticando o novo regime. Apoiou Floriano Peixoto, de quem nunca aceitou cargos no Governo nem honrarias, só aceitando distinções previstas em lei para os que possuíam os cursos que ele próprio possuía.

            Em 1895, resolvido a dedicar-se ao estudo dos problemas brasileiros, abandonou definitivamente a carreira militar e transferiu-se para São Paulo, onde passou a escrever para O Estado de S. Paulo. Logo se revelou profundo conhecedor do conflito de Canudos e da geografia do sertão baiano, razão pela qual foi convidado para cobrir o movimento como correspondente.

            Instalado no interior da Bahia, viveu de perto o drama do sertanejo e a luta de Antônio Conselheiro por melhores dias para o seu povo. Acossada por cinco mil homens do Exército do Brasil, “Canudos não se rendeu”, mas só capitulou após a morte dos últimos quatro habitantes, nas palavras de Euclides “um velho, dois homens feitos e uma criança”.

         Por seu retrato fiel da luta do sertanejo nordestino por dias melhores, Euclides da Cunha foi eleito em 1903 para a Academia Brasileira de Letras e aclamado para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

            Reconhecido por seu trabalho na Bahia, foi nomeado, por deliberação do Barão do Rio Branco, chefe da comissão de Reconhecimento do Alto Purus, no Amazonas, por onde viajou durante o ano de 1905. Sua experiência na região deu origem a extenso relatório, elaborado entre 1906 e 1908.

            Além de Os Sertões, escreveu poucas mas valiosas obras, entre as quais Contrastes e Confrontos e Peru versus Bolívia.

            Não há dúvida em afirmar que Euclides da Cunha tinha um futuro brilhante, tanto nas letras quanto no serviço ao País, não fosse seu assassinato em 1909 em trágico crime passional.

            Nestes últimos 100 anos, o Brasil encontrou-se consigo mesmo, e a situação de nosso povo melhorou muito. Porém, quando encaramos os rincões deste País e vemos o quanto ainda há por fazer, nos lembramos dos retratos fiéis traçados por Euclides da Cunha e tomamos consciência de nossas inúmeras obrigações para com o povo mais sofrido de nossa Nação.

            Parabéns aos Senadores Geraldo Mesquita Júnior, Arthur Virgílio, Marco Maciel e tantos outros por terem proposto tão importante homenagem. Não fosse por homens da estirpe de Euclides da Cunha, o Brasil não seria o que é hoje; o Brasil não seria capaz de vislumbrar dias melhores amanhã.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2009 - Página 36625