Discurso durante a 150ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro de passeata organizada pela Associação Piauiense de Municípios, para protestar contra a grave situação dos municípios piauienses, a ser realizada no próximo dia 8 de setembro, em Teresina-PI.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO MUNICIPAL.:
  • Registro de passeata organizada pela Associação Piauiense de Municípios, para protestar contra a grave situação dos municípios piauienses, a ser realizada no próximo dia 8 de setembro, em Teresina-PI.
Aparteantes
Heráclito Fortes.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2009 - Página 41923
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO MUNICIPAL.
Indexação
  • REGISTRO, INICIATIVA, ASSOCIAÇÕES, MUNICIPIOS, ESTADO DO PIAUI (PI), PASSEATA, CAPITAL DE ESTADO, PROTESTO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, CRISE, FINANÇAS, PREFEITURA.
  • LEITURA, NOTICIARIO, INTERNET, ACUSAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), ABANDONO, OBRAS, MUNICIPIO, SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), ESPECIFICAÇÃO, USINA HIDROELETRICA, AEROPORTO INTERNACIONAL, FERROVIA, ASFALTAMENTO, BAIRRO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim; Parlamentares presentes; brasileiros e brasileiras que nos assistem aqui, no plenário do Senado, e através do sistema de comunicação, este é o melhor Senado da história da República. Como o nosso Presidente diz, “nunca antes” - e Camões, “nunca dantes” - o Congresso funcionava às sextas e às segundas-feiras; era fechado.

            Senador Heráclito, essa televisão é tão forte que, quando acabei o meu pronunciamento e V. Exª deu um aparte mais bonito que o meu discurso, um cidadão lá de Corrente, Raimundinho, aquele oftalmologista, telefonou-me, e também um outro, lá do interior de São Paulo, de Piracicaba, dizendo: “Que dois cabras-machos são os Senadores do Piauí”. Isso foi simultâneo, imediato, na hora, pelo telefone, Heráclito, e eu estava ali na Mesa. Como ele elogiou V. Exª também, quero lhe transmitir isso. Realmente, o seu aparte foi mais contundente do que o meu discurso. Ele disse: “Rapaz, o Piauí...” E isso lá de Piracicaba. Foi imediato!

         Aquele convite está aqui. Nós, do Piauí, matamos a cobra e mostramos o pau e a cobra e tudo. Está aqui o convite da Associação Piauiense de Municípios. Ô Luiz Inácio, “nunca antes” houve isso! “Nunca dantes!”. Tenho 66 anos, já fui um bocado de coisas no Piauí - o Heráclito é mais novo -, mas fazer passeata sob aquele sol de 40º de Teresina não é mole! Agora o Heráclito está macérrimo, pode ir. Rapaz, nós vamos.

“Associação Piauiense de Municípios

Gabinete da Presidência

Ao Exmº Sr.

Mão Santa

Senador da República

Com os nossos cumprimentos, fazemos referência à Reunião da Diretoria da APPM, realizada em 26/08/2009, da qual resultou aprovada a realização de uma manifestação pública de todos os Prefeitos e Prefeitas Municipais do Estado do Piauí, a realizar-se no próximo dia 08 de setembro de 2009...”

Sete de setembro marcham os soldados, os colégios; no dia 8 de setembro, os Prefeitos. “Nunca antes”, ô Luiz Inácio, “nunca dantes” houve um fato desse: Prefeitos vão marchar. Cansaram de marchar para cá, tiraram retrato com Dilma, retrato com Luiz Inácio, e aquela confusão. Agora vão marchar sob o sol de Teresina!

        E continua o documento:

“(...) com início às 8h, saindo do Palácio de Karnak até a Assembleia Legislativa, onde ocorrerá uma sessão especial de apoio aos gestores municipais, em face da crítica situação financeira por que passam os Municípios, em decorrência da sistemática redução dos recursos oriundos das transferências do Governo Federal.

Dada a relevância do evento que torna pública a crise sem precedentes, esperamos contar com o inestimável apoio de V. Exª a essa nossa luta, a qual imaginamos ser oportuna e justa.

Francisco de Macedo Neto

Presidente da APPM.”

         Dias atrás, ele enviou-me uma outra correspondência; encontrei-me com ele.

            Luiz Inácio, aprenda! Esse Francisco Macedo é Prefeito pela terceira vez, e disse-me que “nunca antes” houve tanta dificuldade. Então, Luiz Inácio, tira esses aloprados da conversa. Não vão enganar ninguém com esse negócio de pré-sal não. Isso é coisa de cientista, de pesquisador, é da Marinha, é da Petrobras, é dos estudiosos, é dos pesquisadores. Não é para estar essa fofoca e desviar a atenção. Está todo o Brasil lascado! Essas pesquisas são mentirosas, são compradas. Os aloprados que se acostumaram a mentir, a roubar e até a matar em São Paulo... Então, não se iluda não. “Nunca antes” houve esse negócio de Prefeito sair no sol quente, como um pedinte, Luiz Inácio!

            Então, está aqui o convite.

            Acabou, Luiz Inácio. Eu vou ensiná-lo aqui, pois nós somos os pais da Pátria. É o seguinte, Heráclito: isso dava certo com o Goebbels. Com Hitler, deu no que deu. Goebbels dizia que uma mentira repetida se torna verdade. Então, era assim, Heráclito: o Hitler ia invadir uma cidade lá da Polônia. Aí ele saía com três mil soldados, e o Goebbels: “Hitler vai com 20 mil soldados...” Aí se entregava todo mundo, correndo, com medo de Hitler. Está entendendo? Ele ia invadir outra cidade, ia com dois mil soldados, Goebbels dizia: “Vai Hitler com 10 mil soldados”. Aí pegou, mas naquele tempo, e deu no que deu: o desastre. A mentira não constrói, Luiz Inácio. Mas, naquele tempo, Luiz Inácio, a comunicação era difícil. Hoje, na terceira onda, com essa parafernália toda... O negócio é tão avançado, Luiz Inácio, que até eu estou tonto. Esse negócio de Internet, Twitter... Todos os dias inventam um negócio aí.

            Olha, com esse negócio aí de e-mails que a gente recebe, eu recebi um aqui do portal GP1. Está cheio de portal; é uma confusão, já tem até um tal Twitter. Heráclito, tu entendes esse negócio? Agora tudo é Twitter.

            Mas o caso é que há um livro chamado A Terceira Onda, de Alvin Toffler... Luiz Inácio, a primeira onda foi há dez mil anos, com a agricultura. O homem se fixou. O homem era nômade. Ele andava atrás da caça e da pesca, que às vezes faltava. Aí, a inteligência humana fixou o homem pela agricultura. Ele passou a ter família, a viver, era poderoso quem tinha terra, plantava, criava. Isso permaneceu por 10 mil anos. Lá pelos idos de 1760, houve a revolução industrial, iniciada na Inglaterra. Aí o mundo mudou. Esta, a segunda onda. O povo quis o emprego, o povo foi morar nos centros urbanos, deixou o campo para ter emprego. E a terceira onda é essa, que se caracteriza pela desmassificação da comunicação.

            Senador Heráclito, os jornais do mundo todo estão diminuindo, estão desaparecendo, não é porque são diminuídos não, é porque aparecem outros especializados: jornal de interesse médico, jornal da arquitetura, jornal dos religiosos, jornal dos evangélicos. Então, há uma desmassificação das comunicações.

            Quando eu era menino, meu pai tinha um rádio grande, e todo mundo ouvia o Repórter Esso, e só era aquele. Hoje há tantos. Então, é a desmassificação da comunicação que chega com toda essa parafernália aí.

            Diz o portal GP1; “Vereador acusa Wellington Dias de abandonar obras em São Raimundo Nonato”.

            Ele aprisiona os órgãos oficiais, os jornais oficiais, a televisão. Isso não dá não! Mas surgiu isso.

            Recebi um, Heráclito, de Batalha, em que o cara começa dizendo: “Governador, o Sr. Mentira! Cadê as cinco hidrelétricas? Cadê os aeroportos internacionais? Cadê o porto? CAdê a ferrovia?” Ele chama o Governador nesses termos. Então, não tem jeito, Luiz Inácio! Não dá certo esse negócio de mentira. Deu, deu, deu, deu, mas no tempo de Goebbels, do Hitler; hoje não dá mais.

            Então, continuando, o GP1, um portal muito bom, livre, diz:

“Vereador acusa Wellington Dias de abandonar obras em São Raimundo Nonato.

Vereador Rosibal Ribeiro disse que o Governador prometeu uma série de obras que não foram iniciadas ou foram abandonadas sem terminar.

O Senador Mão Santa (PMDB - PI), por várias vezes, pediu que o Presidente da República, Luiz Inácio, acompanhe as obras inacabadas do seu governo, especialmente no Piauí. Para retratar os pedidos do senador, o assunto principal da Câmara dos Vereadores de ontem (02) foi as inúmeras obras inacabadas em São Raimundo Nonato.

O Vereador Rosibal Ribeiro disse que o governador Wellington Dias prometeu uma série de obras que ou não foram iniciadas, ou foram abandonadas sem terminar. Rosibal pediu cobrança para que o prefeito Herculano, ‘petista como Lula e Wellington Dias’, acione o Governo do Estado pelas obras paralisadas.

- Na comunidade São Vitor e Moisés, o governador já enviou praticamente todo o dinheiro para as empreiteiras, foram R$320 mil de piçarra de péssima qualidade - questionou.

Rosibal ainda falou que as obras foram iniciadas no período eleitoral [é aquele golpe, viu Heráclito?] quando parte do dinheiro foi jogado nas eleições”.

           Foi só para lavar; venderam até uma serra, a Serra Vermelha, Cícero. Esses aloprados do Piauí, que é quente e que tem ondas desérticas, como Gilbués. Venderam. Quem botou um freio foi a Marina Silva. E os aloprados mais fortes que ela botaram a pobrezinha para fora. Venderam lá para carvão, para transformar o pouquinho de vegetação que nós temos em carvão. E, com esse dinheiro, uma firma do Rio de Janeiro elegeu muitos aloprados que estão por aqui.

Em parte, o vereador Guilherme Laranjeira disse que passou no local e as obras feitas com piçarra parece um “carreiro de bode”. “Falta responsabilidade a quem entregar esses recursos”, finalizou.

Rosibal [o vereador] denunciou varias obras inacabadas em São Raimundo Nonato, como asfalto nos bairros Santa Luzia e Baixão da Guiomar, paralela em frente à Câmara sem ser concluída; obra da BR 020 parada, aeroporto sem finalizar [é aquele em que batemos muito, que dizem que é internacional, com sinalização deficiente: só fizeram começar e ficaram com o dinheiro], R$120 mil para sinalização, onde o recurso já foi todo aplicado e só se vê sinalização apenas no centro, nada nos bairros, entre dezenas de locais citados pelo vereador.

Segundo Rosibal Ribeiro, se em 60 dias não forem iniciadas as obras, irá encaminhar ofício ao Presidente da Assembléia...”

           Mas é difícil; é uma tristeza. Heráclito Fortes! Eu fui Deputado Estadual. Naquela época em que V. Exª foi Deputado Federal, eu fui Estadual. Lembra-se daquela? Pois eram 24; não havia seis da oposição. Cabras machos: Delclécio Dante; Oscar Eulálio; o velho Themístocles, o pai; o Bruno; o de Floriano... Sei que seis valentes Deputados enfrentavam a ditadura de 24.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Manoel Simplício.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, Edílio Macedo, da oposição. Eram 24, e apenas seis contra a ditadura. Agora, tem um negócio lá que cooptaram.

            Mas, aqui, no Senado, foi diferente: eu e Heráclito demos o exemplo para o País. Ah, e nos e-mails diziam que nos comportávamos como Rui Barbosa, fazendo uma oposição honesta, correta, cívica e patriótica, para salvar a democracia, que exige divisão de poder e alternância no poder.

            Então, essas são as minhas palavras. E convoco todos os Prefeitos e Prefeitas. Estaremos lá nessa primeira, nunca antes! Olhe, lá, na Paraíba, diga para os Prefeitinhos que os do Piauí já estão andando no sol quente com o pires na mão. É como Boris Casoy dizia: “Isto é uma vergonha!”

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2009 - Página 41923