Discurso durante a 140ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do jornalista, compositor e poeta Anibal Beça, ocorrido hoje, em Manaus.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do jornalista, compositor e poeta Anibal Beça, ocorrido hoje, em Manaus.
Publicação
Publicação no DSF de 26/08/2009 - Página 38456
Assunto
Outros > SENADO. HOMENAGEM.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, DEMORA, CHEGADA, SENADO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), BENEFICIO, MUNICIPIOS, ANUNCIO, OBSTACULO, PAUTA, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, REUNIÃO, LIDERANÇA, LIDER, MINORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), DEMOCRATAS (DEM).
  • HOMENAGEM POSTUMA, JORNALISTA, COMPOSITOR, POETA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, CULTURA, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. ARTHUR VÍRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, antes de mais nada, eu gostaria - parece-me que já há consenso por parte da própria Liderança do Governo, mas há uma prerrogativa minha que a estou solicitando - que fosse lida a medida provisória que já está na Mesa. Nós entendemos que não adianta fingirmos que há normalidade em um quadro que normal não está. Não houve nenhum passe de mágica que tivesse transformado o Senado em uma Casa que pudesse hoje já funcionar normalmente. Seria bom que fosse assim, mas não é. Estamos dispostos a realizar matérias relevantes que são indispensáveis ao País.

Não queremos obstaculizar matérias relevantes para o País, mas não vimos ainda, nós da Oposição, clima para uma reunião de Líderes...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Arthur Virgílio, desculpe-me. Ontem, alguns também fizeram essa indagação, então, perguntei, e não tinha chegado. Agora, o Secretário João Pedro está dizendo que ainda não chegou essa medida provisória de interesse dos Municípios.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - É incrível. Ela está...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Aqui ela ainda não chegou.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - É. Seria bom saber e, talvez, urgenciasse, porque não há razão para toda essa demora. E creio que essa, Sr. Presidente, é a solução mais hábil.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Aliás, adianto que ontem o Senador Garibaldi Alves, que é, vamos dizer, muito atento as coisas, já fez críticas, de que ela está cheia, está pesada demais. Mas o Dr. João Pedro está informando que ainda não chegou à Mesa.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Seria bom que o Dr. João fosse encarregado de pedir pressa nisso, porque já comunicamos - o Senador José Agripino e eu - ao Senador Romero Jucá que nós, hoje, pediríamos o trancamento da pauta com base nessa medida provisória.

De qualquer maneira, nós não nos sentimos à vontade para participar da reunião de Líderes que está havendo neste momento, ou que haverá daqui a pouco. Nós não nos sentimos à vontade. Infelizmente, essa é a realidade.

Então, o Senador Colombo não participará, Líder da Minoria, o Senador José Agripino e eu - ele, Líder do DEM, e eu, Líder do PSDB - também não participaremos.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - O Secretário, o Dr. João Pedro, está informando que ontem o Senador Alvaro Dias, que é o Vice-Líder do Partido de V. Exª, teve as mesmas preocupações e fez pedido de aceleração.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Pois não. Seria bom que pedisse para agilizar, porque nós temos mesmo que discutir a medida. Creio que ela é a solução política para esse impasse que ainda vivemos aqui. Isso é um fato.

Sr. Presidente, antes de o Senador Expedito usar da palavra, eu quero fazer aqui uma comunicação muito triste à Casa, porque ela vem no voto de pesar que eu requeiro pelo falecimento do jornalista, compositor e poeta Aníbal Beça, ocorrido em Manaus.

Requeiro, nos termos do art. 222 do Regimento Interno, e ouvido o Plenário, que seja consignado, nos Anais do Senado, voto de pesar pelo falecimento do jornalista, compositor e poeta Aníbal Beça, ocorrido hoje, dia 25 de agosto de 2009, em Manaus.

Morreu esta madrugada, em Manaus, um dos mais consagrados nomes da cultura amazonense, o professor, compositor e poeta Aníbal Beça. Especialista em tecnologia educacional na área de Comunicação Social, Aníbal era, até aqui, consultor da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado do Amazonas.

Estudou em diversos colégios de Manaus (Aparecida, Dom Bosco e Brasileiro) e em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul (Colégio São Jacó). Em Porto Alegre, manteve amizade com o poeta Mário Quintana, de quem recebeu os primeiros ensinamentos, estímulos e técnicas de poesia.

Como jornalista, foi repórter, redator, colunista, copy-desk e editor, em todas as redações dos jornais de Manaus, do início da década de 60 até o fim da década de 80. Foi, também, diretor de produção da Televisão Educativa do Amazonas - TVE. Atualmente, era consultor da Secretaria de Cultura e Turismo do Amazonas, onde idealizou e era editor do suplemento literário “O Muhra”, de circulação bimestral, editado pela Secretaria.

Foi na música popular que a presença de Aníbal Beça se fez mais efetiva como compositor, letrista e produtor de espetáculos e discos. Desde 1968, vitorioso no I Festival da Canção do Amazonas, foi colecionando prêmios com mais de 18 primeiros lugares em festivais em sua terra, no Brasil e no exterior. Representou o Brasil, por exemplo, no VIII Festival de Joropo de Villa Vicencio, na Colômbia (1969).

Foi o único artista amazonense a se classificar e se apresentar no Festival Internacional da Canção, o FIC, em 1970, com a música “Lundu do Terreiro de Fogo”, defendida pela cantora Ângela Maria.

Tem músicas gravadas por vários artistas brasileiros, como: As Gatas, Coral JOAB, Felicidade Suzy, Nilson Chaves, Eudes Fraga, Lucinha Cabral, Dominguinhos do Estácio; Bira Hawaí, Aroldo Melodia, Jander, Raízes Caboclas, Mureru, Roberto Dibo, Célio Cruz, Torrinho, Arlindo Junior, Paulo Onça, Paulo André Barata, Almino Henrique, Pedrinho Cavalero, Pedro Callado, Delço Taynara, Grupo Tynbre e outros.

Tamanha foi sua abrangência na área artística que ele pôde, sem dúvida, se incluir na categoria, hoje muito difundida, de Multimídia.

No âmbito de entidades de classe, foi diretor do Sindicato dos Escritores, Presidente da ACLIA - Associação de Compositores, Letristas e Intérpretes do Amazonas, Presidente do Coletivo Gens da Selva (ONG), Vice-Presidente da UBE-AM - União Brasileira de Escritores, seção Amazonas.

Foi, ainda, destacado membro da Ala dos Compositores das Escolas de Samba Reino Unido da Liberdade e Sem Compromisso, dando a esta última seu único título pela autoria do enredo e do samba enredo “Joana Galante - Axé Orixás”, e classificou a referida escola entre as três primeiras colocações com os samba enredo: “Hotel Cassina - Apoteose Boêmia”, “Hoje tem Guarany”, “Vento e sol, passa cerol - A Arte de empinar papagaios”; “Sol de Feira - O Pregão da Alegria”.

Seu primeiro livro, Convite Frugal, data de 1966 (este ano comemora 33 anos de atividade literária e 35 de produção musical).

Sobre sua poesia, Carlos Drummond disse, em 31 de julho de 1987 - pouco antes de morrer:

“Li Filhos da Várzea, os poemas-pôster e haicais afetuosamente a mim dedicados. Obrigado por tudo, meu caro poeta. É de coração aberto que lhe desejo a maior receptividade pública e compreensão para a bela poesia que está elaborando e que, espero, marcará seu nome como um dos que engrandeceram o cultivo artístico do verso”.

Em 1994, com o livro Suíte para os Habitantes da Noite, sagrou-se vencedor, dentre 7.038 livros de todo o País, do 6º Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira - categoria poesia. O livro, lançado sob o selo da Editora Paz e Terra saiu em 1995.

Entre os livros escritos por Aníbal, incluem--se: Filhos da Várzea, Ed. Madrugada, 1984, abrigando o livro Hora Nua; Marupiara - Antologia de Novos Poetas do Amazonas, (organizador) Ed. Governo do Estado do Amazonas, 1985; Quem foi ao vento, perdeu o assento (Teatro) Ed. SEMEC, 1986, Itinerário poético da Noite Desmedida à Mínima Fratura, Ed. Madrugada, 1987; Banda de Asa - poesia reunida - Ed. Sette Letras, 1998; contendo o livro inédito Ter/na colheita.

Foi membro da UBE, União Brasileira de Escritores, do coletivo Gens da Selva (ONG) e do Clube da Madrugada, entidade instauradora dos movimentos renovadores no campo literário e artístico do Amazonas.

Recentemente, em junho de 99, representou o Brasil no VIII Festival Internacional de Poesia de Medellín, e em agosto de 99, no Encontro Internacional de Escritores da Associação Americana para o Desenvolvimento Cultural, em Bogotá.

Registre-se, ainda, sua participação em diversas antologias: A Nova Poesia Brasileira, de Olga Savary; A Poesia do séc. XX - Amazonas, de Assis Brasil; Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional; Antologia FUI EU, de Eunice Arruda; Saciedade de Poetas Vivos: erótica e de haicais, de Leila Miccollis e Urhacy Faustino.

Aníbal Beça, esse poeta maior, é, pois, merecedor desse preito em homenagem à sua saudosa presença no meio literário brasileiro.

Hoje, Sr. Presidente - perdoe-me, Senador Expedito -, recebi a notícia por intermédio de um querido amigo, amigo de Aníbal, como eu era amigo de Aníbal e sou amigo dessa pessoa, o Professor Cirino Bessa. Não é parente dele. Cirino Bessa é com dois esses; Aníbal Beça é com c cedilha. Ele disse: “Arthur, Aníbal Beça acabou de escrever a sua última poesia”.

Por isso, requeiro voto de pesar, que sei que será unanimemente concedido a esse grande brasileiro pelo Senado Federal, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/08/2009 - Página 38456