O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu recebi um e-mail, datado do dia 15 de setembro de 2009, da Srª Maria José Vieira Carvalho, do Estado do Pará, que diz o seguinte:

Bom dia! Assistindo à TV Senado ontem, após ouvir o pronunciamento de V. Exª, não poderia me furtar em dizer que, primeiro, muito admiro o seu trabalho como parlamentar e sua postura como homem público e médico devotado à profissão. Quisera que cada vez mais e em maior número tenhamos representantes de seu calibre. Não podemos todos exercer o Parlamento, mas quando temos representantes que dizem e assumem as posturas daquilo que desejaríamos assumir e dizer, creio que tenha o mesmo significado de como se estivéssemos de fato na Tribuna do Parlamento e foi assim que me senti ontem, principalmente quando V. Exª tocou na questão da maior participação popular, do chamado “Ouvir o Povo”, o que foi corroborado pelo Senador Cristovam Buarque. V. Exª tocou em dois pontos que acredito serem fundamentais para uma reforma na Lei Eleitoral, que são o fator da influência que a pesquisa eleitoral, com dados de última hora, gera nos eleitores, principalmente nos mais desavisados e que pode, de forma direta, causar uma diferença no pleito eleitoral. Acredito não ser demais dizer que, em tese, geraria até mesmo uma captação ilícita de sufrágio. Outra questão seria o da entrada de hackers no sistema das urnas eletrônicas. Como V. Exª muito bem registrou, os hackers entram nos computadores da Nasa e até do Pentágono. Então, seria somente as nossas urnas eletrônicas que seriam totalmente invioláveis? Posso registrar, por experiência pessoal, que votei em determinado candidato para o cargo de Deputado Federal e, na contagem de votos, ao verificar quantos votos o candidato que votei havia recebido na minha sessão eleitoral, para minha surpresa, verifiquei que o mesmo não havia recebido nenhum voto. O mesmo aconteceu na sessão eleitoral do meu marido. Partir para uma recontagem de votos no atual sistema de urnas eletrônicas é impossível, posto que a única possibilidade atualmente é a de uma releitura, o que não adianta absolutamente nada em termos concretos. Aliado a esse fato, acredito ser de bom alvitre lembrar que todos os países [todos os países], Senador Mão Santa - eu queria a atenção de todos -, que visitaram nosso sistema eleitoral não importaram nosso sistema para seus países. Isso nos leva a uma série de indagações acerca da confiabilidade de sistema de urnas telefônicas. Espero que, na data de hoje [que foi ontem], as ponderações feitas por V. Exª em seu pronunciamento do dia 14 de setembro, que foi elogiado pela Presidência da Mesa, na pessoa do Senador Mão Santa, tenha o apoio dos demais Parlamentares. Agradeço seu incentivo quanto à maior participação popular nos assuntos do País, o que me deixou à vontade para lhe enviar este e-mail e deixo registros elogiosos ao seu trabalho como médico cardiologista, que demonstra uma preocupação de vanguarda com o aumento de pacientes com problemas de pressão arterial. Que Deus o abençoe em seu trabalho como Parlamentar, como médico e em sua vida pessoal.”

            Quem assina, Senador Mão Santa - peço-lhe a mesma atenção que o Senador Marco Maciel lhe deu ontem -, é a Srª Maria José Vieira de Carvalho. Veja: cidadã e Promotora de Justiça Eleitoral da 52ª Zona no Estado no Pará.

            O que eu lamento muito da reforma - da pífia reforma que foi feita ontem -, tudo no corre-corre, sem direito a discussões, a não ser na CCJ, onde nem todos participam, Senador Paulo Paim, é que assuntos importantíssimos tenham sido levados - desculpem-me o termo - nas coxas, no sentido de não nos deixarem discutir assuntos importantes como este aqui, que tratam das urnas eletrônicas.

            Nós jamais deveríamos ter deixado passar a questão das urnas eletrônicas sem o registro do voto. É isso, Senador Mão Santa, que eu quero deixar registrado: sem o registro. A falta de discussão... Não tive oportunidade de discutir, agora que eu estou falando. Por quê? Porque seriam os únicos computadores invioláveis, as nossas puras urnas eletrônicas.

            Então, vejo que foi o corre-corre, já está na Câmara, tem duas semanas para aprovar, vamos aprovar, e acabou-se. Outra vez não fizemos a reforma eleitoral que pretendíamos fazer, infelizmente.

            E aqui não estou sendo inquisidor de nenhum dos Relatores, absolutamente. Os Relatores pegaram o bonde andando, pegaram tudo em cima da hora, sem ter o direito de fazer todas as discussões que deveriam ter sido feitas. Além do mais, Senador, também a questão da Internet deveria ter sido muito mais bem discutida, porque isso gerará uma desigualdade muito grande entre os candidatos, principalmente aqueles que não têm recursos, e também a questão da divulgação de pesquisas às vésperas das eleições.

         Então, quero que fique registrado esse e-mail e quero agradecer à Drª Promotora de Justiça do Tribunal Eleitoral do Estado do Pará, da 52ª Seção, porque ela, por experiência, também nos enviou esse e-mail, com a responsabilidade de cidadã que tem.

         Muito obrigado, Doutora.

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