Discurso durante a 164ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao Dia Mundial do Turismo.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TURISMO.:
  • Comemoração ao Dia Mundial do Turismo.
Publicação
Publicação no DSF de 25/09/2009 - Página 47127
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TURISMO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, TURISMO, OPORTUNIDADE, SOLICITAÇÃO, INCENTIVO, TURISTA, CONHECIMENTO, DIVERSIDADE, CULTURA, BRASILIA (DF), OBRIGATORIEDADE, EDUCAÇÃO BASICA, DESENVOLVIMENTO, SETOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, senhoras e senhores, eu não podia deixar passar uma solenidade como esta sem falar. Primeiro, porque estive muito envolvido nos assuntos da economia do turismo no passado. Eu vi um país se transformar a partir de projetos turísticos que eu tive o privilégio de, como economista, analisar. Refiro-me à República Dominicana, onde estive, e que era preciso chegar de helicóptero às praias. Pouco tempo depois, eram verdadeira cidades, gerando emprego, gerando renda e dando uma dinâmica completamente diferente à economia daquele país.

            Além disso, eu não podia deixar de falar para fazer um apelo a cada um daqueles que trabalham no turismo para que descubram que Brasília tem recursos turísticos superiores a uma grande parte das nossas cidades.

            Nós temos de, não apenas ficar no turismo natural, não apenas ficar no turismo da cultura tradicional, descobrir a cultura que tem o Distrito Federal, que é a cultura do ponto de vista histórico, a cultura do ponto de vista do seu desenho arquitetônico.

            Os arquitetos do mundo inteiro sonham vir a Brasília. E todos os brasileiros que, às 20h30min assistem ao Jornal Nacional passam a ter a curiosidade de virem aqui pelos monumentos, pelos prédios, pelas notícias que eles recebem. Uma das coisas que atrai o turista é ouvir falar da cidade, daquilo que acontece naquela cidade. Nenhuma outra cidade hoje no Brasil tem mais publicidade do que o Distrito Federal e Brasília. Até mesmo as notícias ruins que saem daqui, tanto, todos os dias sobre corrupção, malfeitos e ineficiência, essas atraem turistas, porque eles querem ver onde é que acontecem essas coisas.

            Eu queria trazer esse recado e mais um. Eu não vejo como haver um desenvolvimento pleno do turismo brasileiro sem uma revolução educacional. Eu não vejo como a gente ter turismo, enquanto na rua o povo não fala outros idiomas além do português. Eu não vejo como. As pessoas, quando fazem turismo, temem ir para um lugar onde elas não são capazes de se comunicar. E no Brasil, o índice daqueles que falam inglês nas ruas é muito pequeno. As pessoas temem tomar táxi. Eu já ouvi pessoas dizendo que só vinham para aqui porque falavam esperanto e esperanto eles sabem que, pelo catálogo telefônico, eles sempre encontram alguma entidade promotora do esperanto. 

            E aí ele encontrava quem falasse com ele e quem desse apoio também, pela solidariedade que, em geral, os esperantistas manifestam. Não é possível que haja uma preocupação com o turismo desvinculada de uma revolução na educação de base no País.

            Eu vim aqui rapidamente e tenho que voltar a uma fala que está sendo feita pelo Ministro do Desenvolvimento. Eu não vejo como é possível que, durante toda a apresentação sobre o desenvolvimento econômico do Brasil, não se fale em educação. Não há futuro sem a economia do conhecimento.

            Eu assistia, recentemente, a uma palestra do Ministro da Defesa em que ele pôs uns quinze ou dezesseis pontos que nós precisamos defender, como os poços de petróleo, as refinarias de petróleo, a própria capital, Brasília. Ele não colocou um único ponto a ser defendido por causa da ciência e da tecnologia que aí é desenvolvida, porque não há - essa é a verdade. Ou porque desprezam - essa é a verdade.

            Eu garanto que nos Estados Unidos deve haver uma proteção imensa ao MIT, a Harvard e a todos os demais setores onde a concepção que depois vai gerar as armas é desenvolvida, porque o conhecimento é a grande arma do futuro.

            Por isso, eu quero insistir que o setor do turismo talvez saia na frente do setor de desenvolvimento econômico, em geral, talvez saia na frente do setor da defesa, que não colocam a educação como um vetor fundamental. Até a agricultura começam a pôr por causa da Embrapa. Eles começam a perceber que não haveria agricultura aqui, no cerrado, se não fosse o desenvolvimento de ciência e tecnologia que a Embrapa propiciou.

            Eu deixo aqui esses dois apelos: o apelo de que ponham Brasília como um importante centro turístico, como é hoje Washington, nos Estados Unidos, graças à capital, graças aos museus, e também a educação como um vetor fundamental do desenvolvimento turístico.

            Até ouvi aqui falar no saneamento, sem o que também não há turismo. Ninguém quer ir fazer turismo em um lugar onde vai pegar dengue. Não tem como. Apoio também a educação, mas não a educação, como fui professor na Organização Mundial do Turismo, professor de projetos turísticos, para os de nível superior. Não! Ponham a educação de base como condição fundamental.

            Concluo citando a paixão que tenho pela escola em Jacarepaguá mantida pela Confederação Nacional do Comércio, porque ali, sim, a gente vê jovens saindo, falando idiomas, sabendo computador e capazes de participar de uma economia. Não dá para fazer muitas tão boas quanto aquela. Aquilo é uma coisa muito especial. Mas dá para que as 200 mil escolas do Brasil ensinem inglês, ensinem espanhol, ensinem francês. Claro que dá! O resto do mundo está fazendo. Com isso terminam atraindo turistas. Não é possível ter turismo com taxista que não fala inglês. Alguns países têm a facilidade de o inglês ser o idioma natural. Outros ensinaram inglês por cima de suas línguas e idiomas naturais.

            Ficam aqui esses dois apelos: Brasília e escola, como vetores, insumos e produtos do turismo brasileiro.

            Muito obrigado, Srª Presidenta. Creio que falei dentro do tempo que a senhora me recomendou.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/09/2009 - Página 47127