O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por uma feliz iniciativa do eminente Senador Paulo Paim, que tão bem representa o Estado do Rio Grande do Sul nesta Casa da Federação, o Senado da República comemora, hoje, em Sessão Especial, os 45 anos de criação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea.

            Temos de reconhecer que o nosso País tem uma tendência inata ao imediatismo. Nossas autoridades econômicas sempre se pautaram pela máxima keynesiana de que “no longo prazo, todos estaremos mortos”, relegando, a segundo plano, o planejamento estratégico das ações e dos objetivos da economia.

            Justiça seja feita, essa cultura começou a mudar quando os militares chegaram ao poder no Brasil. Sem querer justificar nem mesmo aceitar o golpe de 1964, é forçoso reconhecer que os militares trouxeram, da caserna para o poder, a cultura do planejamento, a cultura da estratégia de longo prazo.

            Assim, fundaram em 1964 o Escritório de Pesquisa Econômica Aplicada, cujo primeiro Presidente foi o Doutor João Paulo dos Reis Velloso. Em 1967, o órgão passou a ser vinculado ao Ministério do Planejamento e mudou de nome, passando a se chamar Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

            Já em seu nascedouro, o Ipea trabalhou na elaboração do Plano Decenal de Desenvolvimento Econômico 1967-1976 e do Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED). Desde então, o Instituto vem participando regularmente do planejamento das políticas públicas brasileiras.

            Historicamente ligado à área do Planejamento, com exceção de um curto período de vinculação ao Ministério da Fazenda, no início dos anos 1990, o Ipea hoje faz parte da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, onde continua a desempenhar suas tarefas com a competência que lhe é peculiar.

            Uma das características marcantes do Ipea nestes 45 anos de história, e que gostaria de ressaltar com todo o entusiasmo, é a independência de seus técnicos, que nunca se deixaram subjugar muito menos patrulhar por qualquer orientação superior que visasse retirar seu caráter eminentemente técnico.

            Mesmo agora no Governo Lula, quando tentaram implantar o patrulhamento ideológico no órgão, com o objetivo claro de criar um pensamento único e afinado com a maneira petista de governar, os técnicos do Ipea fizeram jus a sua história e não se deixaram domesticar. Continuam, com independência e responsabilidade, a apontar os caminhos que o Brasil deve seguir, sem matizes ideológicos ou colorações partidárias.

            O grande e verdadeiro patrimônio do Ipea é, por razão de justiça, seu corpo qualificado de funcionários, que conta com um programa permanente de atualização e de intercâmbio com pesquisadores estrangeiros. É preciso, pois, parabenizar o Instituto pelos convênios que historicamente mantém com universidades estrangeiras de renome, que vêm formando diversos doutores vinculados ao órgão.

            O Ipea de hoje se encontra diante de um duplo desafio, desafio que pela qualidade de seu corpo funcional se transformará, tenho certeza, em oportunidade ímpar de desenvolvimento para o Brasil. O primeiro é encarar o futuro com a responsabilidade de zelar por uma história de 45 anos de sucesso. O segundo é guiar o País neste cenário de recuperação econômica que começa a se desenhar.

            É nos momentos de crise que se encontram as grandes oportunidades. E o Brasil sai da crise econômica mundial melhor do que entrou em relação aos demais países do mundo. A razão de tudo isso? A revolução feita em nossa economia pelo Plano Real, que trouxe estabilidade econômica e responsabilidade fiscal a um Brasil que não as conhecia na prática, mas só em teoria.

            Parabéns a todos os técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada pelos 45 anos do órgão! Que daqui para frente o Ipea ajude a planejar um Brasil cada vez melhor, em que o progresso econômico se traduza na melhoria do bem-estar de todos os brasileiros!

            Muito obrigado.

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