Discurso durante a 178ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de confiança na Justiça Eleitoral do Acre, que cassou o Prefeito de Feijó por compra de voto. Preocupação com a greve nacional dos bancários.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Manifestação de confiança na Justiça Eleitoral do Acre, que cassou o Prefeito de Feijó por compra de voto. Preocupação com a greve nacional dos bancários.
Aparteantes
Arthur Virgílio, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/2009 - Página 50688
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • LEITURA, MENSAGEM (MSG), TELEFONE CELULAR, EX VEREADOR, MUNICIPIO, FEIJO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), APREENSÃO, POPULAÇÃO, MANIPULAÇÃO, REU, JUSTIÇA ELEITORAL, RETORNO, PREFEITO, POSTERIORIDADE, CASSAÇÃO, MANDATO, MOTIVO, COMERCIO, VOTO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, RESPOSTA, ORADOR, CONFIANÇA, ISENÇÃO, SENTENÇA JUDICIAL, EXPECTATIVA, RENOVAÇÃO, ELEIÇÕES.
  • LEITURA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, MESA DIRETORA, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ESTADO DO ACRE (AC), SOLICITAÇÃO, AUXILIO, ORADOR, ACOMPANHAMENTO, NEGOCIAÇÃO, GREVISTA, BANCOS, APREENSÃO, PREJUIZO, POPULAÇÃO.
  • ANALISE, AUTOMAÇÃO, INFORMATICA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, BANCOS, DESVALORIZAÇÃO, TRABALHO, SALARIO, BANCARIO, SOLICITAÇÃO, BANQUEIRO, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, RECUPERAÇÃO, REMUNERAÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Senador Mão Santa, meu preclaro amigo, Srªs e Srs. Senadores, agradeço muitíssimo ao Senador Expedito a compreensão e a cessão para que eu possa falar.

            Quero falar, Senador Expedito, sobre a greve dos bancários, Mas antes eu quero enviar uma mensagem para os meus conterrâneos que estão lá em Feijó apreensivos. Deixe-me contar uma historinha.

            O Prefeito de Feijó, do PT, foi cassado por compra de voto, corrupção eleitoral, pela Justiça Eleitoral do meu Estado. Recorreram aqui para permanecerem no cargo. Não houve acolhimento, mas há mais um recurso especial. Acabo de receber, está aqui no meu celular, uma mensagem que eu quero inclusive ler. É de um correligionário lá no Estado, o ex-Vereador Pelé, que concorreu como candidato a Vice-Prefeito. E o povo de Feijó sabe que eles não perderam a eleição, é porque a eleição foi tomada de fato. Mas a população de Feijó está apreensiva com boatos e comentários envolvendo... O Pelé diz aqui:

Senador, eles estão apostando dinheiro como vão voltar ao cargo daqui para segunda-feira. Hoje, o Secretário de Educação deles disse em uma entrevista que o Juarez [o Prefeito cassado] estará de volta ao cargo até segunda. Disse ainda que estão mexendo com o Lula para que isso aconteça.

            Eu queria apenas tranquilizar a população de Feijó. Agradeço, inclusive, a mensagem que me enviou o Vereador Pelé. Mas eu queria tranquilizar a população de Feijó, Senador Mão Santa, dizendo a todos, homens, mulheres, jovens, que estão lá apreensivos, que a Justiça do nosso País não se submete a pressão política, é um Poder à parte.

            Se, eventualmente, a Justiça decidir favoravelmente pelo retorno ao cargo do Prefeito, isso é consequência do exame de um procedimento judicial, e jamais de pressão política.

            As pessoas em Feijó têm que se tranquilizar. A tendência é que seja mantida mesmo a cassação do Prefeito Juarez e que, em breve, a gente esteja realizando mais uma eleição no Município de Feijó. E, dessa vez, eu creio que a chapa Dindim e Pelé será eleita e consagrada pelo povo de Feijó. Esse é o sentimento que tenho.

            Eu queria tranquilizar os meus conterrâneos de Feijó, terra onde nasceu meu pai, para que encarem essas provocações com absoluta naturalidade, porque isso faz parte do jogo. É um jogo meio baixo, mas faz parte. Bom, ponto nesse assunto!

            Senador Mão Santa, recebi um e-mail emocionado de um bancário que relata uma situação lamentável. Os bancários estão em greve já há quase quinze dias ou mais. Ao mesmo tempo - veja como são as coisas -, recebo um e-mail do Presidente da Assembleia Legislativa do meu Estado, que diz:

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado do Acre, considerando a greve nacional dos trabalhadores bancários em todo o País, que já se alonga por quatorze dias, e que esse impasse entre trabalhadores e banqueiros ocasiona enormes prejuízos ao povo brasileiro e que as entidades representativas dos trabalhadores e dos empregados estão entabulando negociações, solicitamos a V. Exª total empenho no sentido de acompanhar as negociações e ajudar na resolução do referido impasse.

            Como é que posso ajudar nisso? Fazendo um apelo aqui, Senador Mão Santa, aos banqueiros. Os bancários, Senador Expedito, lembram-me muito os seringueiros. Da década de 80 para cá, ou até a década de 80, a gente, quando tinha uma operação bancária para fazer, recorria a um bancário ou a uma bancária. Nossa interlocução era essa. Hoje a nossa interlocução é com uma máquina. Os bancos se automatizaram e a figura do bancário, Senador Mão Santa, Senador Paim - que é um sindicalista -, em face da automatização dos bancos, tem virado uma figura secundária. É um absurdo que isso aconteça. A população tem de entender que por detrás de uma máquina daquelas há pessoas, pais de família, mães de família, que alimentam a máquina.

            Estamos, como quem diz, banalizando uma situação que não deve ser banalizada. Da década de 80 para cá milhares e milhares de bancários foram demitidos. Os que permanecem em atuação estão em condições muito difíceis, muito difíceis. O piso salarial é baixíssimo. Nas negociações, os bancos usam a pressão que podem exercer pelo fato de estarem automatizados, usam e abusam dessa condição para explorar, de forma indevida, uma categoria que prestou e tem prestado relevantes serviços ao País, que são os bancários. Por todo o País os bancários estão paralisados, aflitos, pedindo uma recomposição salarial mínima que seja, para fazer face às obrigações da vida.

            Eu estava dizendo aqui, Senador Arthur Virgílio, que tem acontecido com os bancários o que aconteceu com os seringueiros. Quando estávamos no auge da produção de borracha, os seringueiros, mesmo naquela condição difícil de vida, eram de certa forma valorizados. Hoje quase ninguém se lembra dos seringueiros. E há muitos milhares ainda na nossa terra, no Acre, no Amazonas, em Rondônia, por ali, produzindo borracha. Mas ninguém dá mais a mínima para eles, porque hoje há seringais de cultivo, a Ásia produz borracha e por aí vai. Os bancários, depois da automatização dos bancos, viraram os seringueiros. Eles viraram os seringueiros! É como se eles não existissem mais.

            A população brasileira tem que colocar para fora todo o seu sentimento de humanidade e compreender que essa é uma categoria importante e sempre será, apesar das dezenas e milhares de demissões que tem ocorrido. Mas será sempre uma categoria importante a serviço da sociedade brasileira.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite V.Exª permite um aparte?

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Concedo o aparte, com muito prazer, Senador Arthur Virgílio.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - V. Exª faz um discurso oportuno, porque, no Brasil, as coisas andam tão banais e há uma euforia que entorpece a tantos, que parece que não há a greve dos bancários, que tem causado tantos transtornos às pessoas individualmente, às empresas e ao coletivo dos brasileiros. V. Exª tocou em um ponto que é muito caro à sua região e à minha, ao seu Estado e ao meu, que é a questão dos seringueiros. Hoje, nada impede que se tome uma atitude de governo no sentido de retomar a produção de borracha, inclusive permitindo o plantio e não mais a coleta natural. Essa grande empresa brasileira que é a Embrapa pratica hoje, Senador Mão Santa, uma enxertia de copa que permite que uma árvore da hevea brasiliensis, uma seringueira, fique em frente a outra, perto de outra, sem que o mal das folhas, o microcyclus ulei contamine a que está ao seu lado. Qual foi a nossa grande desvantagem em relação à Malásia? Quando os ingleses - essa é a verdade - furtaram as nossas sementes e as levaram para a Malásia, que era uma colônia inglesa àquela altura, eles passaram a produzir em maior escala do que nós porque nós dependíamos do cultivo. E, com aquela irregularidade que a floresta obriga, uma aqui outra acolá... Eles fizeram plantation, organizaram plantations com produtividade enorme. Hoje, nós podemos fazer isso. A Embrapa garante tecnologia para se plantar a hevea brasiliensis e defendê-la do microcyclus ulei, o mal das folhas. Nós temos hoje a borracha sintética servindo para a maioria das aplicações que exigem a figura da borracha mas, por exemplo, pneu de avião não se faz com borracha sintética; tem que ser borracha natural.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Luva cirúrgica.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Exatamente, luva cirúrgica. Tem muita aplicação, ou seja, ainda há a possibilidade de se ter uma indústria. E dizer que o seu Estado ou o meu passaria, um ou outro, a depender exclusivamente dessa economia seria um exagero e seria talvez uma insensatez, mas negar que isso aí possa ser um dos dedos das nossas economias me parece que é falta de vontade política dos governos. A Embrapa está aí para oferecer maravilhosas tecnologias, como por exemplo essa, que se existisse naquela época, o Brasil não teria perdido a disputa que travou com a Malásia. Hoje, nós estamos prontos para disputar naquilo que ainda couber de aplicação da borracha natural, porque grande parte do mercado hoje se ocupa através da borracha sintética. Meus parabéns a V. Exª pelo discurso, como sempre, prenhe de muita sensibilidade social e de muito amor pela sua terra.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador. V. Exª antecipou um assunto que eu me comprometi a trazer amanhã a esta tribuna. Mas eu lembrei aqui a figura do seringueiro porque o bancário de hoje me lembra a figura do seringueiro, que foi e vem sendo, ao longo do tempo, em razão de outros fatores, relegado, esquecido, abandonado. Isso está acontecendo com os bancários. A sociedade brasileira precisa abrir os olhos.

            Tenho aqui uma solicitação assinada pela maioria dos Deputados Estaduais da minha Assembleia Legislativa, Senador Paim, e o e-mail de um bancário, um e-mail emocionado. Ele conta aqui o drama vivido por milhares e milhares de bancários no País. É necessário que a sociedade brasileira compreenda essa mazela que hoje paira sobre a cabeça de uma grande categoria de trabalhadores e trabalhadoras deste País, que são os bancários.

            Senador Paim, com muito prazer, concedo um aparte a V. Exª, para encerrar a nossa fala.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Mesquita Júnior, anteontem, eu acabei falando exatamente do mesmo tema que V. Exª traz: a greve dos bancários. Eu dizia que para o salário mínimo está previsto um reajuste, para 1º de janeiro, de 9%; o Bolsa Família teve um reajuste de 10%; a maioria das categorias que negociaram nesse período teve a inflação e praticamente o PIB, que é mais 5%. Dizia eu que estamos avançando em nosso próprio projeto aqui, e o Governo reconhece que todos os aposentados e pensionistas têm que ganhar a inflação mais o aumento real. Nós estamos brigando pelos 5%, mas o Governo reconhece que dá para chegar a 3%. E eu estranho que os banqueiros, que tiveram um lucro fabuloso, com certeza maior que 90% ou 100% dos empreendedores deste País que não são do setor, não querem dar um reajuste de 5%. Os bancários estão pedindo um reajuste, acima da inflação, de 5%. Eu poderia lembrar o Supremo Tribunal Federal, onde os salários eram em torno de R$25 mil e agora passaram para R$26 mil, quase R$27 mil. Tiveram um reajuste de 9%. Por isso, quero cumprimentar V. Exª. Estou acompanhando com todo carinho esse movimento dos trabalhadores bancários, e vou na mesma linha do que fiz anteontem. Quero me somar a V. Exª neste momento, que só reforça que é inaceitável que aqueles que mais faturaram em toda a história deste País, e sempre, não é só neste ano, se neguem a dar o mesmo percentual de reajuste que é dado ao mínimo e que a maioria das categorias estão recebendo de seus empregadores. Por isso, meus cumprimentos a V. Exª. Eu sou daqueles que apostam ainda... Não é que aposto, mas acredito que os banqueiros, que se sentaram ontem em uma rodada de negociação, irão se sentar novamente e chegarão a esse patamar. É o patamar mínimo, 5% é só o que eles estão pedindo. Parabéns a V. Exª.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador Paim.

            Para encerrar, Senador Mão Santa, estão aqui o apelo dramático de um bancário e a solicitação de uma bancada inteira de Deputados Estaduais. 

            São duas pontas de um mesmo problema, Senador Arthur, que aflige a população brasileira, aflige principalmente uma grande categoria de trabalhadores. É necessário que os banqueiros, que têm auferido lucros fantásticos neste País... Como diz o Presidente Lula, nunca, jamais. Os banqueiros nunca, em tempo algum, Senador Mão Santa, auferiram tanto lucro neste País. Tanto lucro. Lucro. Olha, bota lucro nisso. Não é possível tanta intransigência, não é possível tanta insensibilidade.

            É necessário que a população brasileira saiba disso. É um transtorno que está acontecendo aqui e acolá. É mesmo. Deixamos de pagar uma conta, por alguma dificuldade qualquer, mas isso é transitório. E a população brasileira, pelas várias formas em que está organizada, se puder pressionar, que pressione os banqueiros no sentido de fazer com que se chegue a um entendimento com relação à postulação da categoria dos bancários, para que se interrompa essa greve e os bancários prossigam trabalhando com tranquilidade, mas também recuperando, resgatando um mínimo de condição de vida, de sobrevivência para si e para suas famílias.

            Senador Mão Santa, deixo aqui o apelo de um bancário. Aliás, são dezenas de e-mails, e eu trouxe apenas um, e o apelo que fazem os Deputados Estaduais do meu Estado, quase que na sua grande maioria. Os que não assinaram, logicamente não estavam na Assembleia no momento do envio do ofício, mas são pessoas que estão preocupadíssimas, Deputados Estaduais que representam toda a população do Estado do Acre, que convive com essa situação, com preocupação, com amargura, ansiando pelo término dessa greve, mas com a solicitação dos bancários atendida, porque, se não, não terá sentido.

            Senador Mão Santa, obrigado pelo tempo concedido.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/2009 - Página 50688