A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Senador Mão Santa. Quero agradecer ao Senador Arthur Virgílio por fazer essa permuta para que eu pudesse logo fazer o meu pronunciamento.

            Antes, já que estávamos falando de educação, gostaria de relembrar que recentemente, em nosso Estado, tivemos um seminário sobre educação promovido pelo PSDB, Senador Arthur Virgílio, com a presença do Governador Serra e do Governador Aécio Neves. Lá foram apresentadas as boas práticas que estão elevando - e muito - a qualidade do ensino, tanto em São Paulo quanto em Minas Gerais. O mais importante é a preocupação do seu Partido com essa questão, quando coloca a educação em primeiro lugar, quando mostra as prioridades, quando vê que esse é o caminho que todos os brasileiros esperam trilhar. Que este Brasil possa abrir os seus horizontes e que possa haver, realmente, oportunidades para todos. O caminho é a educação.

            Inicialmente, Senador Mão Santa, quero dizer que recebi um convite muito especial para terça-feira, dia 6 de outubro, participar de uma grande comemoração, numa comunidade rural lá da cidade de Mossoró. Não pude ir à comemoração e queria aqui me desculpar com todos os moradores da comunidade rural de Pau Branco. Infelizmente, ela ocorreu no mesmo horário em que estava sendo sepultado um grande líder religioso, uma pessoa por quem eu tinha um carinho muito especial, que era o Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, que representou muito bem a Igreja na nossa cidade, na Região Oeste, no Vale do Açu. Além de ser um pastor de Deus, ele também era um pastor da esperança. Ele plantava no campo, nas escolas, nos movimentos sociais, porque foi exatamente por intermédio do Monsenhor Américo que tivemos a rádio rural. Era um grande comunicador, e através do seu programa diário, dava-nos lições de combate às injustiças sociais; ensinamentos, evangelização, mas mostrava a palavra maior: solidariedade, fraternidade, amor ao próximo.

            Então, foi em função do sepultamento do grande Monsenhor Américo, meu amigo, que não pude ir à comunidade rural de Pau Branco.

            E o que é que essa comunidade estava festejando? É exatamente sobre isso, Senador Mão Santa, que quero aqui fazer um registro.

            Hoje, essa comunidade tem uma atividade muito especial, de pequenos agricultores, Senador Gilberto, que são pequenos irrigantes. Eles plantam melão. Melão é uma atividade muito forte no nosso Estado; a fruticultura, de maneira geral, mas o produto que faz de nós os maiores exportadores é o melão.

            Quando fui Prefeita, por volta do ano 2000, uma vez fui convocada por eles, porque eles tinham uma dificuldade imensa de água. E aí fizemos um programa, mas um programa arrojado, de perfuração de poços; poços do calcário Jandaíra, poços rasos. A prefeitura chegou sozinha. Não teve apoio nesse momento nem do governo estadual, nem do governo federal. Foi um programa que fizemos porque entendemos que aquilo era fundamental para a geração de emprego e renda. Além disso, levamos a eletrificação. Para se ter uma ideia, aonde a energia convencional não era possível chegar, chegamos com energia solar para movimentar esse poço e irrigar 2, 3 hectares. Naquele tempo, não era possível o celular. Tinha que haver um posto telefônico. Levamos telefonia e estradas vicinais. Criamos a estrutura necessária para que eles pudessem, com seu trabalho, desenvolver uma atividade tão nobre. Só que foi formada uma associação que hoje é uma cooperativa; cooperativa, inclusive, presidida por uma mulher: Maria do Socorro Ribeiro - anteriormente presidida também por outros agricultores tão fortes e tão dedicados quanto ela.

            O Sebrae se associou a esse esforço. Eles produziam, mas tinham uma dificuldade muito grande, porque, na realidade, seu produto deixava de ter valor, porque o atravessador chegava. Havia prejuízos imensos. Foi aí que eles se credenciaram para receber o selo do Comércio Justo. Há dois anos vinham nessa luta, e a grande comemoração que estavam fazendo na sua comunidade, convidando todos aqueles que participaram dessa luta, foi exatamente pelo recebimento do selo do Comércio Justo.

            E o que é Comércio Justo? O Comércio Justo é um termo... Essa certificação do melão de Mossoró, que foi o primeiro do mundo que recebeu esse certificado do Comércio Justo, é um importante avanço para a fruticultura, é claro. Para receber esse certificado, era necessário ter um produto de alta qualidade. Tínhamos. E também as práticas agrícolas deveriam ser realmente boas, com respeito ao meio ambiente, com respeito exatamente à preservação das boas condições, sem usar produtos que agredissem o meio ambiente. E também, associado a tudo isso, deveria haver o fator social.

            O certificado garante que eles exportem diretamente, coisa que já vai acontecer agora. Vão exportar 20 contêineres, já agora no mês de novembro, diretamente para a Inglaterra e Alemanha.

            O Comércio Justo, do termo inglês Fair Trade é um movimento social que dá atenção especial às exportações de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, levando em conta boas práticas sociais e ambientais.

            Essa certificação que receberam tem validade até o ano 2012, 6 de setembro. Vão ficar sendo acompanhados exatamente por essa fundação, para que mantenham essas boas práticas.

            E há uma competitividade agora de preços. Eles entraram realmente dentro das condições de competitividade com o bom produto que têm para terem também um bom preço.

            Então, daí essa comemoração, a qual não pude ir, mas queria aqui deixar este registro, dizendo o quanto ela foi importante. E aqui vem a comprovação de que as políticas públicas, quando são realizadas com seriedade, olhando exatamente esse ponto de criar as condições para que o potencial existente em cada região, em cada local, as vocações naturais sejam respeitadas, sejam estimuladas, sejam valorizadas, eles vão em frente.

            Se V. Exªs pudessem ir até essa comunidade, iriam constatar o quanto melhorou a qualidade de vida.

            Então, fica aqui este registro. Era sobre isto que eu queria falar, sobre a importância que tem a agricultura irrigada, sobre a importância que há em apoiar as associações, as cooperativas.

            Nosso País tem, sim, um grande caminho a ser trilhado, através dos pequenos produtores, da valorização e do incentivo aos produtores. Infelizmente, eles também sofrem muito com a questão dos créditos. É algo que falta, ou, então, os juros são realmente muito difíceis de serem suportados, e muitos chegam a perder a condição de crescer com a atividade de gerar mais produtos, produzir mais alimentos para deixar as cidades vivas.

            Lembro que, quando Prefeita, perguntavam: “Por que a senhora investe tanto na zona rural?” Porque, eleitoralmente, aquilo significava muito pouco, Senador Mão Santa, em relação à cidade, que é a segunda cidade do Estado. Eu dizia: “Não estou preocupada com o número de eleitores; estou preocupada é com o desenvolvimento da cidade.”

            Se o campo estiver bem, você inibe a migração; você faz com que eles permaneçam na terra, produzindo, tendo condições de gerar sua própria renda, e, com isso, as cidades se mantêm ainda mais fortes, porque eles movimentam a economia, gerando renda, gerando emprego e, o que é mais importante: o alimento para manter viva todas as cidades.

            Muito obrigada.

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