Discurso durante a 202ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a editorial publicado no jornal Correio Braziliense de hoje, intitulado "Brasil na rabeira tecnológica".

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Comentários a editorial publicado no jornal Correio Braziliense de hoje, intitulado "Brasil na rabeira tecnológica".
Publicação
Publicação no DSF de 05/11/2009 - Página 56806
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, LEITURA, FORMAÇÃO, JUVENTUDE.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, FLAVIO TORRES, SENADOR.
  • COMENTARIO, EDITORIAL, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), LEITURA, TRECHO, ANALISE, SUBDESENVOLVIMENTO, BRASIL, AMBITO, TECNOLOGIA, PREVISÃO, OBSTACULO, CRESCIMENTO ECONOMICO, NEGLIGENCIA, GOVERNO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO, REGISTRO, PESQUISA, ORGANISMO INTERNACIONAL, PERDA, POSIÇÃO, PAIS, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, DADOS, MINISTERIO DA CIENCIA E TECNOLOGIA (MCT), INFERIORIDADE, INVESTIMENTO, SETOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Serys, que preside, com muita beleza e competência, esta sessão parlamentar, brasileiras e brasileiros aqui no Parlamento e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado...

            Mário Couto, você leu ontem a entrevista do Papaléo no jornal Diário?

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Não li, não.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Ele disse que buscou a paz. Coisa bonita, Papaléo. Francisco, o Santo, andava pelo mundo com um bandeira: “Paz e Bem”.

            Mário Couto, o jornal O Povo, da cidade do nosso grande Senador do PDT, Flávio Torres, disse que eu saí nas páginas azuis porque dei uma entrevista.

            Esse negócio de imprensa, eu aprendi. A vida... Eu não ando atrás. Agora, se ele vem, eu o trato bem. Então, saiu do seu Ceará, de Fortaleza, um jornalista para me entrevistar. Eu o fiz com espontaneidade. Aí ele perguntou, Mário Couto, como é o meu preparo. Eu disse: “Rapaz, é de longe. Isso é velho. Eu sou preparado mesmo, mas não é pouco, não. É muito!” Foi no colo da mamãe que eu fui alfabetizado. Minha mãe é intelectual, tem livro publicado.

            Mário Couto, este livro, que é um patrimônio, minha mãe me deu pela juventude. Só isto já vale o mandato: eu ensinar à juventude do Brasil. Só isso já vale a um pai da Pátria. Ela me deu, e eu li. Então, Deus e o povo bravo do Piauí me fizeram Governador.

            E fui à casa em São João do Piauí. Constantino Pereira, velho de vergonha, MDB, foi Deputado várias vezes. Homem de vergonha. Aqueles homens antigos tinham muita vergonha. Os políticos, antigamente, tinham vergonha. Ô Antonio Carlos Valadares, essa sem-vergonhice é de agora! Não era assim, não. Somos bem preparados e bem formados. Não é verdade, Cafeteira? Nossa geração estudou muito, tinha um ensino muito sério. Ou o sujeito estudava no Marista, como eu, ou no Salesiano, ou no jesuíta. Era sério. Flávio Torres, que é professor, sabe.

            Eu estava na casa desse... Ele foi candidato e perdeu para Petrônio Portella. Então, está escrito, Papaléo. Antes de dormir, gosto de ler. Constantino Pereira. O filho dele foi Deputado e Secretário de Educação. Ele me hospedou. Cafeteira já foi Governador, Antonio Carlos Valadares também. Mário Couto está para ser, Papaléo ainda vai ser também, e Paim perdeu a oportunidade de ser Presidente da República. Se Luiz Inácio tivesse uma visão política, ele teria feito as primárias. Aí ia dar Paim, que nem Barack Obama, neste Brasil.

            Mas, Cafeteira, eu hospedado lá no homem, de noite - você sabe como é isso, lá no interior -, peguei um livro e comecei a ler. Mas daqueles senhores de moral. Aqui ele tem aquele poema, “Se...”, de Rudyard Kipling. Ele termina: “Terás o mundo inteiro conquistado, e - mais q’isso - és um homem, filho meu.”

            E, no final, tem escrito, nas páginas escritas pelo velho, de André Maurois: Palavras que nos guiam. “A vida é curta demais para ser pequena.” Aí copia. André Maurois tem um grande livro, que eu acho o mais importante na formação dos jovens. É Arte de Viver. Cinco capítulos. Ele é da Academia de Letras Francesa, Papaléo. Cinco capítulos.

            Papaléo, preste atenção agora: Arte de Pensar. É importante, não? Se penso, logo existo, não é? O filósofo não diz? Arte de Trabalhar, Mário Couto. Arte de Comandar, Arte de Amar e Arte de Envelhecer. Em Arte de Amar, esse mesmo autor diz o seguinte, que ele copia uma página aqui: “A mulher é como um violino, que o marido toca como um ceguinho, e vem o amante e toca como Paganini.” Aí ela dá todas as portas. A batalha do amor nunca está ganha. André Maurois.

            Então, esse eu li, aí eu gostei, aí eu me lembrei da minha mãe e pedi. Passou a noite e risquei. Carrego ele como uma relíquia.

            O que é que você trouxe aqui? Hoje é 4 de novembro, aniversário de Flávio Torres. Eu vou pedir ao Suplicy - porque o Suplicy é que é o cantor nosso - para fazer o coro e o parabéns, mas você não sai sem o parabéns. Flávio Torres, é o seguinte: então, eu li O Homem Medíocre, um livro de um filósofo argentino. É importante, o meu está todo riscado aqui. Daí eu estava lendo quando me deparei com isso, Mário Couto, atentai bem.

            Então, a gente está para acordar, para despertar o Luiz Inácio, soberbo. Pelo contrário, está decadente este País. Eu não digo isso gostando, não. Eu queria que fôssemos realmente... A segurança é uma barbárie. Saúde só para quem tem dinheiro e para quem tem plano de saúde. O resto está todo...Somos campeões em mortes.

            Ô Mário Couto, não precisamos esperar 2014 pelos jogos olímpicos, não. Já ganhamos medalha de ouro. Somos campeões de morte do mundo, em morte da gripe do porco. Então, saúde: a dengue está aí.

            E a educação? Para os pobres não tem mais. Não tem mais. Faculdade é para os ricos. Eu fui formado em faculdade federal, boa. Papaléo está dizendo: cirurgião, hospital federal. Viu, Antonio Carlos Valadares? Não tem mais não. A mensalidade é de quatro mil reais por mês, numa faculdade privada de Medicina. Isso é coisa de rico.

            Mas estava eu lendo O Homem Medíocre. Luiz Inácio, se não cuidarmos, vamos ter homens e mulheres medíocres neste País.

            Como diz aqui - este é o Jose Ingenieros, que eu estava lendo e eu me preocupei e vim fazer este pronunciamento. Não abri mão. Ontem não falei, dei o lugar para todo mundo. O Paim está de prova, só o Pedro Simon levou quase duas horas. Fiquei ali, mas hoje...

            Lembro-me de que fui convidado para ser médico em Brasília, em 1968, no IPASE. Era tão atrasado aqui O negócio que havia o seguinte slogan: “Medicina - o melhor médico é o avião da VASP ou da VARIG”. Hoje tudo evoluiu. Mas, era essa a realidade, tanto que deixei de vir. Não fui no começo.

            Mas isso aqui é que me preocupa, Senador Papaléo Paes. Correio brasileiro é uma bênção para esta cidade; Correio Braziliense é um grande jornal, é um jornal de capital: “Brasil na rabeira tecnológica”. Estava lendo esse livro, daí a mídia - tenho o hábito, viu? - Senador Antonio Carlos Valadares, fixe aqui. E essa é a verdade. Não sou eu, não, advertindo. E quando vi essa advertência do filósofo argentino, um homem medíocre, estou preocupado que daqui a vinte ou trinta anos tenhamos sido condenados de medíocres.

            “Brasil na rabeira tecnológica.” Senador Mário Couto, Correio Braziliense. Essa é a verdade, Luiz Inácio. “De verdade em verdade, eu vos digo”, falava Cristo e eu. Senador Antonio Carlos Valadares, presta atenção, porque você também é da minha geração. Você teve boas escolas, boa formação e bons professores, e o País era responsável.

            “Brasil na rabeira tecnológica”. Visão do Correio Braziliense. Então, Senador Mário Couto, olha a verdade:

             

Para um país que aspira ingressar em breve no bloco das economias mais pujantes do mundo, o Brasil precisa com urgência escapar das ciladas do subdesenvolvimento. [Essa é minha preocupação.] Não movimenta o sistema educacional sob os impulsos sistemáticos da universalização e da qualificação que levaram nações do mesmo porte a rápida e segura expansão econômica. Avança muito abaixo dos potenciais de enriquecimento por negligenciar o aumento das infraestruturas e a modernização das existentes. Aí estão apenas duas entre muitas deficiências que amarram o país ao atraso. [O país ao atraso, Luiz Inácio. É o Correio Braziliense.] Não constitui novidade, também, a débil ação deste e de governos anteriores quanto à dinamização dos fatores científicos como agentes propulsores do fortalecimento econômico e do bem-estar social. Todavia, surpreende a pesquisa realizada (...).

            É só propaganda, propaganda, propaganda. Mentira, mentira e mentira. Passa isso, é a verdade vem. É mais fácil você tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada há dois dias, fez uma pesquisa

Numa lista de 48 nações desenvolvidas e emergentes analisadas quanto ao nível de inovação tecnológica, o Brasil posicionou-se em 42º lugar.

            Essa é a verdade. Ê... Meu irmão... Sete nada... É em ciência, tecnologia e sabedoria.

            Ó Luiz Inácio, não vamos mentir ao povo brasileiro!

Ficou apenas à frente do México, África do Sul, Argentina, Índia, Letônia e Romênia.

Há trinta anos, a Coréia do Sul disputava com o Brasil as últimas colocações no tocante à assimilação de tecnologia. Hoje, o parceiro asiático ocupa o oitavo lugar” [Mário Couto. E nós estamos em 42º. Nós estávamos juntos. O que é que eles fizeram, esses coreanos? [Segundo a OCDE,] “Passou adiante da Alemanha, França, Reino Unido, Espanha e Rússia.” [A Coreia, que estava igual ao Brasil.] “É surpreendente? Não. Fora Israel, que aplica 4,7% do PIB, a Coreia do Sul é o país que mais investe em inovação tecnológica (3,3%). Colhe o resultado das robustas políticas públicas que tem praticado nos últimos 35 anos. Já o Brasil deixou-se conduzir pelo marasmo, malgrado não faltassem alertas das entidades científicas, dos empreendedores e do universo acadêmico.

No ano passado, segundo dados do Ministério de Ciência e Tecnologia, governo e iniciativa privada investiram em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos produtivos R$32,57 (1,1 do PIB, [quer dizer, a Coréia do Sul investe 4,7; nós, 1,1], vale dizer, três vezes menos do que a Coreia do Sul). É difícil, reconhecem especialistas, comprometer aumento substancial de recursos para queimar etapas a curto prazo. Já se sabe que o governo, com caixa comprometido nas obras do PAC para turbinar a pré-candidata à sucessão presidencial, Dilma Roussef, não dispõe de recursos para alavancar o setor.

            E aí, se fosse o Paim candidato não precisava investir assim em propaganda porque ele naturalmente, melhor do que o Barack Obama, seria nosso presidente. Eu teria até ficado no PMDB porque hoje seria seu vice, ... e lá não tinha nome melhor do que o meu, não, para fazer essa chapa.

            Então vamos aqui:

Há, porém, saídas para propiciar alguns impulsos às atividades tecnológicas, se bem que, em proporção longe das reais necessidades. Vale citar a adoção de estímulos fiscais a projetos da área privada e o aumento da eficiência dos programas de financiamento. Dizem os doutos na matéria que, no Brasil, para cada dólar gasto pelo governo em tecnologia corresponde outro aplicado pelas empresas [atentai bem, Senador Heráclito] - resposta razoável, embora a relação média mundial seja de US$1 [para o privado] e US$2,5 [para o governo]. [Aqui é de um para um.]

            Então, essas são as nossa preocupações. Que este Governo que está aí leve aquilo que despertava para fugir, homens medíocres.

            É o que está havendo na formação. Isso lamentamos, mas isso é para despertar Sua Excelência, o Presidente Luiz Inácio, para levar ao brasileiro a educação e a tecnologia que a sociedade exige.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/11/2009 - Página 56806