Discurso durante a 206ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 40 anos de fundação do Serviço Geológico do Brasil - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA MINERAL.:
  • Comemoração dos 40 anos de fundação do Serviço Geológico do Brasil - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
Publicação
Publicação no DSF de 11/11/2009 - Página 57880
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA MINERAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS (CPRM), VINCULAÇÃO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEFESA, RECONHECIMENTO, PROFISSÃO, GEOLOGO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador João Pedro, que preside esta sessão em comemoração aos 40 anos da fundação do Serviço Geológico do Brasil, são tantas autoridades que eu peço a permissão para saudar todas, pois eu poderia esquecer alguns nomes, mesmo involuntariamente, e seria imperdoável, na pessoa do nosso Senador e Ministro Edison Lobão.

            Serei breve. Eu represento aqui o Partido Social Cristão e queria dizer o seguinte: fiz uma reflexão, estava ouvindo atentamente. João Pedro, eu não sei sobre a cisma que a imprensa faz com suplente, mas na história deste Senado da República, a contribuição do suplente tem sido extraordinária. É como diz Antoine de Saint-Exupéry, no Pequeno Príncipe - e sei que o político gosta mais de O Príncipe, de Maquiavel, mas eu gosto mais dele - “O essencial é invisível aos olhos” e “Quem vê bem vê com o coração”. Mas o suplente está aí: extraordinário. Eu sei que o titular é um bom Ministro, uma pessoa boa.

            Isso ocorre aqui no Senado e eu me lembro daquela Copa. Pelé contundiu-se: estamos lascados. Não vamos ganhar a Copa. Aí, entrou o Amarildo e fez um bocado de gols, mais do que Pelé e fomos campeões. Assim tem sido a história dos suplentes aqui. Um quadro vale por dez mil palavras. Está aí o Senador João Pedro - vocês estão vendo - trouxe uma extraordinária administração. “O essencial é invisível aos olhos”. Daí eu estou aqui. Eu estava sendo solicitado, ali, pela CÃS, V. Exª sabe dos compromissos. E estou aqui nem é pela televisão porque fizeram uma lei - Lei Sarney - que, agora, coloca no ar todas as comissões. A sessão não está sendo televisionada. Estou aqui porque quis cumprimentar, mas o suplente está aí e para aqueles que são “São Tomé”, eles dizem: “Ah, o João Pedro é dali do Amazonas, sindicalista...” Mas eu diria só um quadro do suplente. O maior suplente e o maior Senador que esteve aqui foi o estadista Fernando Henrique Cardoso. Ele adentrou aqui como suplente de Franco Montoro. E olhem aí - já pensou, João Pedro, V. Exª estar como suplente e ter essa destinação?

            Eu, então, quero dizer logo que eu estou aqui é para ensinar. Nós somos pais da Pátria e, hoje, não tem razão de ser mandar fechar isto. O único erro do nosso Presidente Luiz Inácio - uma boa pessoa - é que lhe falta humildade. Ele tem que ser mais humilde; e se ele não gosta de ler, está certo, é problema dele.

            Mas Pedro II - ensina a história, e a história não se repete, é para isso que se estuda História - ficava na antessala, deixava a sua coroa e o seu cetro e vinha aqui ouvir os Senadores. O sábio Pedro II, 49 anos, governou e bem. Então, eu queria aqui ver a reflexão disso e daí eu vim aqui. Ô João Pedro, é importante a sua inspiração. Eu acho que foi o divino Espírito Santo que baixou aí.

            Quarenta anos, muito pouco. O Mercadante disse que é 55. É a minha idade, eu vou fazer 41. É porque eu só considero os de casado, antes eu era uma pedra, um pedaço de pau, um gelo baiano. Mas não é o caso. Quarenta anos é muito pouco.

      E, na nossa vida, na nossa observação, podemos ver, como eu estava vendo, que colegas mesmo, da minha geração, eu só me lembro de um geólogo, que, desde a infância, estudou e se formou geólogo. Há outros. Gilberto Nogueira. Até já se aposentou, hoje ele é fazendeiro no sul do Piauí, na Santa Cruz, tem uma fazenda, mas não é o importante, e me ajudou muito no governo.

            Mas convivi com um e vi a complexidade de conhecimentos que tem um geólogo. Fiquei meditando. Conheci um. Governei o Piauí, e ele governava a Bahia: Paulo Souto. Foi Senador e foi extraordinário Superintendente da Sudene. Então, eu pude avaliar o valor, a grandeza intelectual, a visão de futuro que só a sabedoria traz. A sabedoria vale mais que o que tenho.

            Lembro-me muito bem de que eles fizeram, os geólogos... Eu fui num congresso nacional em Teresina, eu governava o Estado e fui para aprender e para acompanhar o Governador Paulo Souto. Era pouca gente, então, eu não sei exatamente o número - daí a falha. Temos que fazer uma reflexão sobre a pesquisa, os conhecimentos. O geólogo, posso avaliar como Governador do Estado.

            Nós estamos diante de um dos melhores Governadores que eu já conheci, o Edison Lobão. Ele madrugava lá no Maranhão e falava no rádio. E eu sou do lado ali, atravesso o rio e entro em Parnaíba. E ele, na madrugada, falava com o povo, cedinho. Há uma emissora nossa - por quem, aliás, já foi condecorado -, ele fez muitas realizações, e a gente tem esta experiência.

            Então, eu tive uma, Edison Lobão, nessas inaugurações. E o Piauí é muito comprido, começa no mar e vai lá para a Bahia. Aquilo deveria ter uma reforma. Olhem o mapa dos Estados Unidos: parece azulejo, tudo igualzinho, do mesmo tamanho. O Piauí é comprido. Deveria o Governo, essa base aliada pensar e ter uma visão, isso é que valorizaria esse Congresso, repensar, a divisão é malfeita. Olhem nos Estados Unidos. O México é menos da metade e tem 35 estados. Os Estados Unidos têm mais de 50 hoje.

            Nós estamos parados aí. E como melhorou! O exemplo está bem aí. Olhe o que é o Mato Grosso do Sul, olhe o que é o Tocantins, os dois filhotes mais novos. Eu falo bem isso - e ninguém mais do que eu - porque Deus me permitiu criar, no Estado do Piauí - não sei se aí eu passo do Edison Lobão - muitos municípios. Eu peguei o Piauí com 145 cidades e deixei com 224. Foram 78 novas cidades. Transformei povoados em cidades.

            É aquela de “o essencial é invisível aos olhos”. Além do que você vê, ô Raupp: a praça para a gente namorar, a avenida para circular, o mercado para ganhar dinheiro, comercializar, a escola para aprender, hospital para dar saúde, cadeia para botar ordem. “O essencial é invisível aos olhos”. Você pegar aqueles homens do campo - vocês imaginem aqueles homens do campo -, da agricultura, e, de repente, transformá-los em líderes, vereadores, vice-prefeitos, prefeitos.

            Eu tenho casos, por exemplo, em Campo Maior, que é a cidade história mais importante do País, de onde nós expulsamos os portugueses em uma batalha sangrenta. O Prefeito era de uma Jatobazinha, uma cidade que eu criei, pequenininha, capim, tinha dois jumentos. Aí ele foi tão bom, que é o Prefeito, eu digo, da cidade-mãe, capital. Com uma mulher extraordinária, Janaína. Então, isto: incorporar milhares e milhares de homens, caboclos do campo, à vida.

            Mas eu estava em uma dessas inaugurações, que o Edison Lobão fez muito, naquela avenida da praia, eu me lembro lá da Ponta da Areia, do Olho D´Água. Não tinha nada. Para ir, era uma novela. Edison Lobão, então, eu estava em uma inauguração em Cristalândia, lá junto com a Bahia. Aí eu notei - Raupp, você também já foi Governador - que quando chegou o Governador, estava um frio. Não tinha quase ninguém. Eu: “Diabo, mas esse povo é ingrato. É porque é longe”. Eu, que nasci no mar, quase na Bahia... Mas era um povo frio, que a gente nota. Que é isso? Desinteressado. Que diabo eu fiz a esse povo? Sabe o que foi, Edison? O povo era frio. Eu estava entregando um colégio, um hospital, mas havia pouca gente e tudo frio. Eu digo: “Que diabo é isso? O que eu fiz aí?”. Vai que é o Antonio Carlos Magalhães, que é da Bahia, porque ela é junto... Naquele tempo nós tínhamos derrotado o PFL lá.

            Sabe o que era, Edison Lobão? De repente, eu fui: “Não, Governador, você mandou uns caras, não tem água aqui”...

            O Brasil tem quinhentos anos. O Piauí é o mais novo. Nós somos o mais avançado, o mais inteligente, o mais competente. É que nós fomos dependentes de Pernambuco por duzentos anos. Quando nos libertamos, Raupp, lá vem o Maranhão. Ficamos dependentes do Maranhão. Quando nos libertamos - o Dom João VI chegou em 1808 - era 1811. Então somos mais novos. Criamos a primeira capital planejada deste País. Aí é que nasceu Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, Palmas e tal.

            Mas ninguém estava na inauguração, Edison Lobão. Eu disse: “Estou é lascado aqui, esse povo frio”. Sabe o que era? Aí um assessor, um secretário do negócio de águas disse: “Eu mandei buscar no Ceará um técnico”, nesse negócio aí, com esse nome aí, que parece partido político: CPRM. “E daí?”. “Ele abriu um poço. Não encontravam água de jeito nenhum, há muito. Você mandou ontem. E está todo o povo da cidade olhando para cima, vendo água!”.

            Ah, rapaz, então eu disse: “Então acaba esse diabo dessa inauguração. Vamos para lá também”. Rapaz, e era jorrando água e não sei quê. E anos e anos. Não fui eu, foi o secretário lá, que deu luz lá. Essas coisas acontecem. Aí eu fui e vi água.

            Quer dizer, foram anos e anos, tentativas e tentativas. E aí alguém, que ele levou, desse CPRM do Ceará, um técnico, fez um furo lá. É porque é difícil mesmo, não é? O nome é Cristalândia, cristalino. Eu sei que o bicho... Eu também fui ficar de bobo, de boca aberta, como aquela música, olhando o lago. Então, o geólogo tem essa sabedoria.

            Mas me preocupa, e eu estou aqui é para ajudar o Luiz Inácio. Orientá-lo. Ele que está “bobando”, não vem ouvir aqui os pais da Pátria e fica ouvindo aloprados. Mas olhem aqui... Então, eu convivi com isso muito pouco. Olhem a profissão.

            E não é história. O Mão Santa está fazendo história do passado? Não, eu sou do presente. Agora, não tem presente sem passado, sem ter a sabedoria. Olhem aqui a Veja. Vamos ver aqui. Ela é muito boa. Registro. Vocação. Serei breve. Vocês têm, todo o Brasil tem. É uma reportagem boa para orientar a vocação dos brasileiros. Bacana. Serei breve. Os testes e tal.

            Olhem a desgraceira! Olhem o Ministro da Educação. Cadê? Cadê o assessor parlamentar dele, para aprender? Nós estamos é para ensinar. Assim fecha esse troço aqui. Estão vendo? Vejam o número de geólogos! É a Terra, a mãe Terra, como dizia São Francisco.

            Então, ele faz o teste e classifica - está vendo, Edison Lobão? - as profissões em cinco grupos: a, b, c, d, de acordo com a psicologia, com o temperamento das pessoas. Vejam o monte de profissão! O grupo “a”: aqui tem muitos riscados; não vou ler, vou ser breve, mas tem umas 40. O grupo “b”, de acordo com o temperamento, tem umas 12 profissões. O grupo “c” tem umas 16. Em relação à carreira de mais pontuação, de mesmo nível intelectual, existem 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17... 18 profissões. Não se fala em Geologia!

            Luiz Inácio, Luiz Inácio, eu é quem estou lhe aconselhando a fazer uma reflexão: temos que pesquisar a terra, as riquezas da terra.

            Então, vamos mais adiante. As profissões mais procuradas: não se desconhece.. Isso é um escândalo! A ignorância é audaciosa. Não temos cultura, Luiz Inácio! V. Exª tem a sinceridade de dizer que dá uma canseira ler um par de livros. Está certo. Mas vou te chocar agora, Edison Lobão! Olha pra cá, Edison Lobão - e o PMDB não tem coragem de lançar candidato; é um candidato bom.

            Edison Lobão, vi, daqui, uma mulher, bem ali. Mulher é mais do que homem. Está ali. Só estou aqui porque tem mulher. Homem é falso, trai, a gente conhece. Vi a Senadora Marisa Serrano. Sabem o que ela disse outro dia? Que existem 5.560 cidades; 90% delas não têm uma livraria. Livraria - não é biblioteca, não. Pra gente ver a ignorância. Aquilo é instrumento do saber.

            E vi agora o professor Cristovam Buarque. Dizem lá que é de esquerda. Não entendo de esquerda, de direita; sou é de Deus, do partido de Jesus, Partido Social Cristão. O professor disse aqui: 74% dos brasileiros não têm um livro.

            O Brasil desconhece a profissão do geólogo. Está aqui, essa aqui é boa, essa é a nossa cara. Não está citado, está vendo, João Pedro? Então, V. Exª, além de dar os cumprimentos à classe, à instituição, V. Exª desperta.

            As profissões mais procuradas. Há aqui doze. Trata-se de pesquisa, dos números da juventude. É um trabalho bem feito. Nenhum. Não está no meio.

            Então, queremos aqui, em nome dos que acreditam no porvir... Ortega y Gasset disse, além de que “o homem é o homem e sua circunstância”, que o que vale é o porvir, é o vir a ser, é o futuro.

            Então, quero cumprimentá-los. E que, no porvir e no vir a ser, o Brasil valorize mais os geólogos, pois são eles que cuidam da nossa mãe Terra.

            Nossos aplausos aos Senhores!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/11/2009 - Página 57880