Discurso durante a 209ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 120 anos da proclamação da República Federativa do Brasil.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 120 anos da proclamação da República Federativa do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 13/11/2009 - Página 58397
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, PROCLAMAÇÃO, REPUBLICA FEDERATIVA, BRASIL, REGISTRO, HISTORIA, IMPORTANCIA, PARTICIPAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), LUTA, DEFESA, INDEPENDENCIA, PAIS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Serys Slhessarenko, que preside esta sessão em que comemoramos 120 anos da Proclamação da República Federativa do Brasil, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem aqui no Parlamento e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado.

            Professor Cristovam Buarque, sempre atento em educar o povo brasileiro, hoje, por determinação de V. Exª, estamos aqui. Não poderia eu, que represento o Partido Social Cristão nesta Casa, o partido mais crescente da esperança da democracia neste País, que tem a doutrina cristã, que é aceita por todos nós - está aí no Parlamento... Professor Cristovam, V. Exª fez a retrospectiva e os livros de História estão aí, mas orgulhoso sou... Eu vi o Tião aí, o Tião é do único Estado que foi um país, o Acre, que, então, tem uma grandeza diferenciada. Nesses anos em que o Brasil é Brasil mesmo, eu sou orgulhoso de ser piauiense. Atentai bem! A nossa gente estará a pensar: mas o Piauí... Este Brasil é velho, não é, Tião? Nesses 509 anos... Os portugueses deram terras a degredados, capitanias hereditárias. Uns chegaram, outros morreram afogados, outros fugiram, Flávio Torres. Aí, depois, deram as terras menores, as sesmarias. Eles não vieram por vontade própria. Muitos deles fugindo à pena. Depois não deram certo, eles foram buscar unidade de comando com os Governadores-Gerais, Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá.

            Mas este País foi descoberto mesmo, mesmo, mesmo não foi acidentalmente por Pedro Álvares Cabral. Mas acidentalmente, porque D. João VI - não é como nós, brasileiros, descrevemos - é uma personalidade muito inteligente. Ele ia ser preso por Napoleão Bonaparte, que tinha invadido a Espanha. Mas D. João VI resolveu vir habitar o Brasil. Foi quando se descobriu o Brasil novamente. E apoiado pelos ingleses, que eram, ao longo da história, adversários dos franceses, financiado pelo dinheiro. Aí é que começa a nossa dívida. Ele já veio escoltado, implantado... Quem mandou aqui foi a Inglaterra mesmo. A independência econômica era dela, o dinheiro era dela e as vantagens... Essa era a nossa colonização. Mas foi em 1808 e o nosso D. João VI trouxe... Eu acho que foi aí que houve o descobrimento real, administrativo, pois ele trouxe uma corte, trouxe um organograma administrativo e implantou aqui. Isso foi em 1808. O Piauí ainda não existia. Tião, a história do Acre é meio conturbada de bravura como a nossa, piauiense.

            Então, Camata, durante todos esses anos que eu narrei sinteticamente, nós fomos dependentes de Pernambuco do Marco Maciel. Era Pernambuco que mandava no Piauí. Aí, nós nos libertamos de lá - de Pernambuco do Marco Maciel. Aí, Tião Viana, nós passamos a ser dependentes do Maranhão de José Sarney.

            Esta e a história. Só em 1811 - é por isto que gosto de D. João VI e foi aí que o Piauí foi Piauí mesmo. Nós somos a melhor gente - mais preparados, mais sábios. A história está aí. Brasília só é grande porque tem 300 mil piauienses. Tire os piauienses daqui que vocês irão ver o marasmo que fica. Ele sabe. Ele governou Brasília. São 300 mil piauienses. Aqui, nós só perdemos para os mineiros, porque Juscelino os arrastou.

            E eu queria narrar para o Professor Cristovam Buarque ver a nossa grandeza. Todos sabem que nós fomos o único Estado que entrou numa batalha sangrenta pela independência, para expulsarmos os portugueses. E esse D. João VI - e todos sabem que pai não dá tudo para filho. Eu também tenho filho - não é, Gerson Camata? Quantos filhos você tem, Gerson Camata? Está errado. V. Exª, com a extraordinária Rita Camata, está errado. Hitler, quando via um casal feio, mandava matar. Quando era bonito, assim como Gerson Camata e Rita, tinha que ter 10 filhos para melhorar a Alemanha. V. Exª, então, teria que ter seis filhos para melhorar o Espírito Santo e o Brasil.

            Mas quero dizer que o Dom João VI, sabido, pai não dá tudo para filho... Tião tem quantos filhos? Três? Perdeu para mim, eu tenho quatro. Cristovam, e você? Não estou dizendo que o Piauí ganha aqui? Mas é o seguinte, Camata. O Dom João VI, atentai bem, estamos aqui para ensinar, ele é professor e eu sou o pai da Pátria. Só tem sentido se o Senado for isso. Se não for, manda fechar.

            Então, o Dom João VI disse: filho, antes que algum aventureiro coloque a coroa, ponha você na cabeça. Mas o Dom João VI era sabido: filho, você fica com o sul, eu já instrumentalizei, fiz a burocracia administrativa. Eu vou ficar com o norte. O nome do país seria Maranhão. Nós acabamos com essa brincadeira. Veio lá o Fidié, que era afilhado, sobrinho de Dom João VI, tomar conta, e outra história, a Batalha de Jenipapo, em que fomos buscar homens bravos do Ceará, está lá o Flávio Torres, para combater Portugal e Maranhão e expulsá-los. A Bahia teve outra guerra, mas foi em julho, 2 de julho, e julho é depois de 13 de março, não é Tião? Então, nós somos os bravos, os heróis.

            Mas isso era da Independência. E da República? Fomos nós também, brasileiros. Brasileiras e brasileiros, quando virem um piauiense parem, pensem, reflitam e agradeçam. Fomos nós que escrevemos a história mais bonita. Começou logo pela implantação da capital. Tiramos lá dos portugueses e fizemos a primeira capital planejada deste País.

            É... Tinha não. Eram obtusos até então, mas o piauiense não. Foi um baiano, o Saraiva, que governava... E adentrou Heráclito Fortes, que representa tão bem a nossa Teresina, foi um grandioso Prefeito. Olhem as capitais do Nordeste, tudo no mar, criação europeia. A nossa, não, nós colocamos no meio, como o coração é no meio de um corpo. Aí é que apareceu Belo Horizonte. Nós inspiramos Goiânia, nós inspiramos Brasília, Palmas e outras que existirão. Heráclito teve o privilégio de ser Prefeito desta cidade, Teresina, e um extraordinário Prefeito. Mesopotâmica, entre dois rios.

            Mas, nesta confusão toda, Saraiva colocou um jornal. Nós é que somos a melhor gente do Brasil. É o Piauí, não é, Professor? Não é Pernambuco, não. O Acre eu sei da bravura, a República, Galvez, muita luta. Mas, Camata, aí, Saraiva, a cidade bem traçada. Heráclito, a cidade de Saraiva vai do Rio Parnaíba até ali o Palácio de Karnak, terminava no monte onde é hoje a Igreja São Benedito. Bem traçada, arborizada, idéias avançadas. Aí ele colocou um jornal, o nome do jornal era A Ordem. Olhe aí, ô Cristovam: A Ordem. Ainda não tinha essa bandeira não, mas um ousado piauiense, profeta da República, David Caldas... Heráclito, V.Exª governou Teresina, tem a rua lá, David Caldas. Ele nasceu em Barras. Barras é uma cidade de rebeldes.

            Barras é a cidade dos governadores, já deu cinco governadores, mais do que Parnaíba, a minha cidade, que só deu três: Chagas Rodrigues, Alberto Silva e Mão Santa, que é maior, mas.... Barras deu cinco, para você ver como é a cultura. Está o Maninho lá, não é, Heráclito? Vamos elegê-lo governador, colocá-lo na fila depois do outro. Há cinco governadores, coloca logo esse Maninho, que é gente boa, seis.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - E deu governador em Pernambuco também.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pode dizer. Quem é o de Pernambuco?

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Gervásio Pires.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Olhem aí, nós sempre exportamos. Francelino Pereira foi lá para Minas; o nosso do Rio de Janeiro, de Angical. Moreira Franco.

            Mas eu queria dizer o seguinte: David Caldas, jornalista. Olhem aí, jornalistas! Quem é que é jornalista aí? Olhe para cá, rapaz. Ei, jornalista, você não vai aprender nesse troço não, você aprende é aqui, rapaz! Jornalistas, vocês têm que aprender com o Piauí. É, o melhor da ditadura, Carlos Castelo Branco, mas eu vou te dizer da República. Ô jornalista, preste atenção, a sabedoria é aqui, nós somos os pais da Pátria. Preste atenção: David Caldas mudou o nome do jornal, de A Ordem para Oitenta e Nove. Atentai bem, ô Ney Maranhão. Ney Maranhão, um jornal Oitenta e Nove? Cristovam, parece que é negócio de cachaça, não é? Oitenta e Nove. É não. Ele, o David Caldas, maior dos jornalistas brasileiros, de coragem, como depois foi Castelo Branco. Nós somos os melhores, é para a imprensa render homenagem aos piauienses.

            Então, é o seguinte: botou Oitenta e Nove. Contando assim, podem pensar “esse cara é doido.” Parece negócio de cachaça, não é, Oitenta e Nove? Não! Dezessete anos antes, em 1852, foi Teresina; em 1889, a República, cem anos depois do grito “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, chegou aqui.

            Então, em 1872... Atentai bem, brasileiras e brasileiros e jornalistas - têm que saber a origem de vocês, a grandeza, a coragem. É com o Piauí que se aprende.

            Então, em 1872, um jornal no Piauí, o Oitenta e Nove. Por quê? Camata, ele queria inspirar o povo brasileiro, que já tinha dado o grito de liberdade e igualdade em Pernambuco, lá na França, lá em Paris, grito esse com que tombaram todos os reis, e os daqui ainda permaneciam. Então, ele fez circular no Piauí... Essa é a mais gloriosa história da imprensa do Brasil. Fomos nós, nós, nós, piauienses!

            Tião Viana, está entendendo? Em 1872, circulava Oitenta e Nove. Para quê? Para sensibilizar e despertar o Brasil a derrubar os reis e fazer o governo do povo pelo povo. Dezessete anos! Então, o profeta da República, ô Cristovam, foi no Piauí. Depois, nós temos continuado a dar lições ao Brasil. O nosso, o nosso, o nosso!

            E, quando Dom João VI disse “Filho, antes que um aventureiro bote a coroa, coloque você”, o aventureiro era este: Simón Bolívar.

            O Cháves o conhece, tinha que vir sentar aqui e aprender primeiro. Aqui estão os melhores pensamentos de Simón Bolívar, ele, que saiu derrubando os reis dos países de origem espanhola e foi o El Libertador.

            Ofereço ao Brasil, neste dia, os cinco pensamentos mais importantes de Simón Bolívar, que escolhi entre centenas de pensamentos. Inclusive, um para orientar o Chávez, porque aqui estamos preparados para ensiná-lo antes de admiti-lo no Mercosul. Escolhi estes aqui, de Grandes Pensamientos de Nuestro Libertador Simón Bolívar. Primeiro ele diz o seguinte: “La aclamación libre de los ciudadanos es la única fuente legítima de todo poder humano”, quer dizer, o presidente tem que ser aclamado, escolhido.

            Vamos ao segundo ensinamento. Esse, ofereço ao Professor Cristovam Buarque. Pincei, dos melhores pensamentos do Libertador, este aqui, pensando em V.Exª, em como V.Exª é significativo para este País. “La educación popular debe ser el cuidado primogénito del amor paternal del […]” governo.

            Isso é muito importante para o nosso Presidente Luiz Inácio. Não é esse negócio de estar dando bolsa, bolsa. Agora é bolsa celular. Vai ser bolsa o quê? Bolsa boate? Daqui a pouco vai ser bolsa boate.

            Olhem o que diz El Libertador. O Chávez não sabe, e o nosso também, infelizmente, não sabe.

            Ô Cristovam, é o que V. Exª prega. “La educación popular deve ser el cuidado primogénito del amor paternal del” governo. O Camata entende. O Camata... Eu não sei por que o PT e o PMDB não o lançam Presidente e colocam essa Dilma para sua Vice. Ora, se a Camata, que é muito mais bela, muito mais inteligente, muito mais querida, uma vida muito mais pura e bela foi candidata a Vice, não estou fazendo desdouro a ela, não. Estou até comparando com uma das figuras mais significativas da nossa Pátria.

            Você dava. Eu saí do PMDB, mas quero dar esse aconselhamento. Michel Temer, está aí uma chapa boa: Camata e Dilma Vice.

            Então, um outro ensinamento que ele dá a todos nós. Essa data é para isso. A história nos ensina, não é isso, Professor Cristovam?

            Olha o que diz Simón Bolívar. Olhe esse teu conselheiro aí, ô conselheiro! Ei, rapaz! Sente ali, ouça um pedaço. O Presidente tem que ficar com atenção. Agora não dá. Eu tenho um e-mail aí dizendo que isso é feio. Se o Presidente não dá atenção, aí os outros vão dar?

            La mejor política es la honradez”. Isso aqui é ensinamento. É da história. Foi o que fez nascer a República.

            O outro escolhido: “La primera de todas las fuerzas es la opinión pública”. Então...

            E esse aqui é pro momento atual deste Congresso, se entra ou não entra Chávez. Não entra, não, Luiz Inácio. Não entra, não. Esse negócio de esquerda e direita é palhaçada! A ignorância é audaciosa.

            Ó Augusto Botelho, vote com o juízo e com a cabeça branca. Ele não entra porque ele contraria o Simón Bolívar.

            Se ele se diz bolivariano e não sabe a filosofia do homem, é o mesmo que eu ser do Partido Social Cristão e não saber a filosofia de Cristo: dar de comer aos famintos, beber aos que tem sede, vestir os pobres, assistir aos doentes, visitar o preso. Então, esse Chávez não sabe é nada! Olha aqui o que diz:

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - (Inaudível.) “Nada es tan peligroso que dejar permanecer largo tiempo - largo pra ele é “longo” - a un mismo ciudadano en el poder.”

            Olha a incoerência: quem quer três mandatos quer quatro; quem quer quatro quer cinco; quem quer cinco quer seis - vamos perguntar ao de Cuba!

            Então, ele contraria os princípios, porque estão em jogo os princípios do pai da democracia da República na nossa América do Sul. Não podemos votar do jeito que está aí, porque a democracia - nós sabemos e sabemos bem - tem dois pilares.

            O Camata é firme; o Camata não abre, não! Seria meu candidato. Ainda volto pra esse PMDB se você sair candidato.

            Olha aí, Camata: divisão de poder. Não foi isso? Por isso é que tiramos os l’État c’est moi, os reis. Alternância de poder. Nisso ele peca. Então, foi em boa hora.

            Mas queríamos, então, dizer isto: foi uma grande conquista. Temos que salvaguardar e aperfeiçoar esta República. É difícil, é complicada, mas quero dizer ao Brasil, nesta República, que fomos até inteligentes.

            Lá, na França, onde ela começou, rolaram cabeças. Aqui, não. Teve períodos ditatoriais: um, civil, muito bom, Getúlio Vargas; e os militares, muita resistência, mas até à alternância de poder eles obedeceram. E também trabalharam muito, tiveram muita tecnologia. Esse negócio de dizer que a Petrobras é de agora, que é energia de agora, Furnas, não! Por quê? Porque naquele governo tinha piauiense: João Paulo dos Reis Velloso.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Segundo o PND, 20 anos sendo a luz dos militares, nenhuma indignidade, nenhuma imoralidade, nenhuma corrupção, caráter da gente piauiense.

            Mas, então, para terminar, eu queria apenas cumprimentar V. Exª por essa oportunidade.

            Em outro período difícil, o primeiro de aperfeiçoamento democrático, um Líder militar, Brigadeiro Eduardo Gomes, que simboliza a grandeza do Brasil, a Aeronáutica, a tecnologia, a Embraer, disse: a democracia, as liberdades democráticas precisam de uma eterna vigilância.

            Nós, o Senado da República, fomos essa eterna vigilância. Só vai ter alternância de poder, eleições, porque o Senado da República, nós, pais da Pátria...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - ...não decepcionamos a história do Brasil.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/11/2009 - Página 58397