O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de mais nada, reforço, em nome do PSDB, a saudação que V. Exª faz ao Presidente eleito do Partido dos Trabalhadores (PT), Senador José Eduardo Dutra, que, aliás, entre outros valores do seu Partido, derrotou um nome da melhor expressão da Casa, do Congresso Nacional, que é o seu quase homônimo, homônimo pela metade, José Eduardo Cardozo, que reputo um dos bons Deputados com assento no Congresso Nacional, um dos melhores valores da Comissão de Justiça. Obviamente, estarão juntos trabalhando para fazer do PT um partido competitivo e combativo como sempre.

            Aliás, quero saudar também o Senador João Pedro, que se elegeu Presidente do PT do Amazonas, numa renhida disputa.

            E após as saudações, pelo que ouvi, aqui, da Senadora Ideli Salvatti, não terão muito trabalho, porque, pelo discurso dela, está tudo resolvido. Não precisaria nem ter eleição, já está tudo... Mas, obviamente, o processo democrático é mais rico e exige muita luta, muito denodo.

            Eu registro, aqui, o apreço pelos dois Senadores vitoriosos: o ex-Senador José Eduardo Dutra e o Senador João Pedro, meu querido amigo, sempre lembrando que é muito importante ter uma disputa em que dois valores desse porte se manifestam. O outro deles, o Deputado José Eduardo Cardozo, que é um quadro do melhor nível intelectual e moral.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma vez mais, porém em dimensão menor, as populações de Rio de Janeiro e São Paulo sofreram, ontem, os efeitos do já chamados apagões.

            No Rio, segundo noticiário online das 16h30, o fornecimento de energia só hoje foi restabelecido, ao menos, em algumas áreas da cidade, mais precisamente, a energia voltou somente às 14h40 de hoje. É o que relata o jornal O Globo:

         Depois de quase 23 horas de apagão, a Light, informou que trechos de ruas dos bairros do Leblon, Ipanema e Lagoa tiveram o fornecimento de luz normalizado às 14h40 desta terça-feira. A luz já voltou no trecho próximo ao Rio Design Leblon, por exemplo. Mas o estabelecimento continua fechado até que a administração tenha certeza de que não haverá novas quedas de energia. Os moradores de alguns trechos dos bairros de Ipanema, Leblon e Lagoa, na Zona Sul, enfrentam problemas no abastecimento de energia elétrica desde às 15h50 desta segunda-feira. A luz chegou a voltar em três ocasiões, de 23h50 às 3h desta terça e por dois breves momentos, pouco antes da 9h e das 11h, mas o serviço não chegou a ser normalizado. 

É quase um dia inteiro de agonia para os moradores e comerciantes da Ruas Barão da Torre, Aníbal de Mendonça, Visconde de Pirajá e Garcia D’Ávila, em Ipanema, e Avenida Afrânio de Melo Franco e Ataulfo de Paiva, no Leblon.

Quando a luz voltou por minutos antes das 9h, os comerciantes aplaudiram e comemoram, pois eles temiam mais um dia de prejuízo. A alegria, no entanto, durou pouco: em cerca de dez minutos, voltou a faltar luz.

            Eis aí um quadro nada otimista para as duas maiores cidades do País. Enquanto não houver certeza absoluta de que tais fatos não se vão integrar à rotina de milhares de famílias brasileiras, é nosso dever alertar o Governo.

            Afinal, logo após o grande apagão, anterior ao de ontem e que atingiu 90 milhões de brasileiros, as autoridades do setor devem explicações ao povo.

            Srªs e Srs. Senadores, faço a advertência diante do que, igualmente, está ocorrendo quase diariamente em Manaus. A capital do Amazonas, que passou ao largo do grande apagão nacional, vem sofrendo os efeitos de um “apagão silencioso”, como está sendo chamado pela população da cidade, quase diariamente - repito.

            O Amazonas não integra ainda o sistema interligado do País. Numa cidade em que funciona o Polo Industrial de Manaus, o fornecimento de energia se vem processando aos trancos e barrancos. As redes locais são antiquadas e os apagões causam sérios prejuízos ao parque industrial da Suframa, além do desconforto causado aos cidadãos locais.

            No PIM (Polo Industrial de Manaus) - sabem todos -, funcionam cerca de 500 empresas industriais. Todas reclama dos apagões, que causam prejuízos de monta.

            Ainda não há um levantamento completo. No entanto, uma empresa dedicada ao ramo de CDs, DVDs e Blue-Ray informou - e isso está no noticiário - que os prejuízos incomodam e representam mais um custo com o qual se obrigam a conviver. Não há outro caminho. As autoridades se omitem, ficam no silêncio, e os prejuízos só aumentam - os prejuízos e o desemprego.

            Ao longo deste ano de 2009, as interrupções de energia causaram a perda de 156 horas na linha de produção de CDs.

            Nada menos que 124.800 CDs foram para o lixo - literalmente para o lixo, Sr. Presidente. No mês de abril, as interrupções somaram quase 70 horas, e outros 90 mil CDs foram igualmente para o lixo.

            Mas por que ocorrem os apagões em Manaus? Leio o que disse à imprensa o Sr. Flávio Decat, Presidente da Amazonas Energia, empresa responsável pela distribuição de energia ao Polo Industrial de Manaus. Segundo suas explicações, duas são as causas: uma é a falta histórica de investimentos e a outra decorre de reformas que estão sendo feitas e que nunca chegam ao fim. A solução, segundo adiantou esse mesmo dirigente da Amazonas Energia, seria a interligação do Estado ao sistema geral do País, o mesmo responsável, aliás, pelo recente e gigantesco apagão, ainda hoje mal explicado.

            Há informações técnicas de que, no Amazonas, não estaria havendo propriamente falta de energia; haveria, sim, deficiência na distribuição. Quando isso estará resolvido, aí, sim, é mais um capítulo que se soma a tantos outros, inexplicáveis, reprováveis e lamentáveis.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

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