Discurso durante a 245ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação sobre os últimos acontecimentos verificados no âmbito do governo do Distrito Federal, externando preocupação com o momento por que passa o Democratas e comentando a saída do governador José Roberto Arruda da legenda. Percepção de dissonância entre a posição do Democratas do Distrito Federal e a do Democratas nacional diante dos fatos envolvendo o governador José Roberto Arruda e outras autoridades filiadas ao partido, considerando ser isso improdutivo, do ponto de vista do futuro das eleições, e para a gestão de Brasília.

Autor
Adelmir Santana (DEM - Democratas/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).:
  • Manifestação sobre os últimos acontecimentos verificados no âmbito do governo do Distrito Federal, externando preocupação com o momento por que passa o Democratas e comentando a saída do governador José Roberto Arruda da legenda. Percepção de dissonância entre a posição do Democratas do Distrito Federal e a do Democratas nacional diante dos fatos envolvendo o governador José Roberto Arruda e outras autoridades filiadas ao partido, considerando ser isso improdutivo, do ponto de vista do futuro das eleições, e para a gestão de Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2009 - Página 67163
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).
Indexação
  • DESVINCULAÇÃO, ORADOR, CRISE, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), COMENTARIO, INICIO, ATIVIDADE POLITICA, SUPLENCIA, RENUNCIA, PAULO OCTAVIO, VICE-GOVERNADOR, DISTRITO FEDERAL (DF), MANIFESTAÇÃO, COMPROMISSO, POPULAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, CLASSE EMPRESARIAL, OBEDIENCIA, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, DEMOCRACIA, JUSTIÇA.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REUNIÃO, DIRETORIO REGIONAL, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), PRESIDENCIA, VICE-GOVERNADOR, DISTRITO FEDERAL (DF), INTERRUPÇÃO, PAUTA, DISCUSSÃO, RECEBIMENTO, REPRESENTAÇÃO, REPUDIO, CONDUTA, PRESIDENTE, CAMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL (CLDF).
  • COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, SECRETARIO DE GOVERNO, DISTRITO FEDERAL (DF), ALEGAÇÕES, ANTECIPAÇÃO, JULGAMENTO, DIRETORIO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), LEITURA, NOTA OFICIAL, LIDERANÇA, SENADO, CONFIRMAÇÃO, POSIÇÃO, EFEITO, DESLIGAMENTO, LEGENDA, GOVERNADOR.
  • ANALISE, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), APREENSÃO, DIVERGENCIA, DIRETORIO REGIONAL, DIRETORIO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), PERDA, APOIO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PARTIDO VERDE (PV), PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), QUESTIONAMENTO, FUTURO, ELEIÇÕES, NECESSIDADE, ENTENDIMENTO, IMPORTANCIA, GESTÃO, DISTRITO FEDERAL (DF), RESPEITO, POPULAÇÃO, COMENTARIO, PROXIMIDADE, CINQUENTENARIO, CAPITAL FEDERAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos assistem, somos todos testemunhas dos últimos acontecimentos no Distrito Federal, acontecimentos que nos deixam numa situação extremamente vulnerável em relação ao País como um todo.

            Todos sabem que aqui cheguei, como Senador da República, sem ter uma história político-partidária eleitoral vivenciada pelo exercício de mandatos anteriores. Era o primeiro suplente do Senador Paulo Octávio, que renunciou ao mandato para assumir a Vice-Governadoria do Distrito Federal, numa chapa vitoriosa, numa chapa chamada de puro-sangue, de dois democratas.

            Tenho tido a oportunidade de externar, aqui, o amor que sinto pela atividade política. Mesmo sem ter exercido cargos ou mandatos anteriores, sou um apaixonado pela atividade política. Entendo a política como uma forma grandiosa de servir à população, ao País, a minha cidade. Entendo a política como atividade de servir e não de servir-se da política, e tenho pautado as minhas ações nessa direção.

            Também pertencente ao Partido Democratas, fui alvo de uma série de críticas, de comentários, de movimentações que nos deixam a todos em situação extremamente difícil.

            Repito, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que eu vejo a política como um instrumento de servir à população. A minha condição de chegar aqui ao Senado está presa às minhas atividades como empresário, como líder empresarial, como presidente de sindicato patronal, como presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal, como vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio, como presidente do Conselho Nacional do Sebrae e, antes, como presidente do Conselho Regional do Sebrae do DF. Portanto, uma vida dedicada também a servir em outras atividades que não a político-partidária.

            Fiquei, durante todo esse período, aprisionado pelos fatos, preocupado com eles, mas procurando evitar comentá-los. Primeiro, em respeito à questão partidária, em respeito ao meu partido, que, imediatamente, começou a examinar a questão. E não caberia a mim, no decorrer desse exame por esferas superiores do partido, tecer nenhuma consideração a respeito do que se discutia. Se o fiz, fazia-o em ambientes privados, mas sem externar um ponto de vista pessoal sobre a matéria.

            Muitas vezes, estive nesta tribuna para tecer considerações sobre os altos índices de avaliação do nosso Governo até então. As pesquisas atestam e atestavam índices elevados de aprovação do Governo local. De uma hora para outra, a cidade se depara com acontecimentos lamentáveis e que denigrem, de forma devastadora, a classe política do Distrito Federal, com raríssimas exceções.

            Senador Paulo Paim, eu tive a oportunidade, quando da publicação, quando se tornou público o inquérito que se instaura aqui, no Distrito Federal, de ler mais de 600 páginas e vi, ali, as citações de pessoas tão próximas, tão próximas de todos nós, e tão conhecidas no nosso Distrito Federal. Aquilo me causava momentos de tristeza e de aflição.

            Todos sabem, aqueles que estão acompanhando, que apesar de ser da mesma agremiação partidária e apesar de ter vindo aqui, muitas vezes, defender o Governo do Distrito Federal, por um dever de ofício e também por entender que fazíamos um belo governo, um governo de grandes realizações, aprovado com índices extremamente altos pela população, em nenhum momento tive nenhuma citação em todos esses acontecimentos, nem do ponto de vista do processo, nem em citações públicas.

            Isso me dá um conforto, por isso venho a esta tribuna como cidadão, não como político - não sou um político, estou no exercício de um mandato político -, para tranquilizar meus amigos, meus familiares, as pessoas que me cobram determinadas posições, porque eu não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo hoje.

            Não faço daqui, também, Sr. Presidente, Srs. Senadores, nenhum julgamento - não cabe a mim julgar este ou aquele que se encontra citado em todos esses processos -, mas saí, hoje pela manhã, de uma reunião da Executiva do meu Partido como um dos seus vice-presidentes. Reunião presidida pelo Vice-Governador Paulo Octávio, que é o Presidente Regional do Partido; uma reunião difícil, porque, até ontem, o Governador local era da nossa agremiação e passava pela possibilidade de um julgamento partidário na manhã de hoje.

            O partido local imediatamente se reuniu para encontrar caminhos, para discutir oportunidades e o que fazer daqui para frente. Mas a pauta de hoje se cingiu única e exclusivamente em como atuar com relação a um dos membros do nosso partido que preside a Câmara Legislativa local. E hoje, pela manhã, foi apresentada à Executiva Regional uma representação contra o Presidente da Câmara Legislativa, pessoa da nossa convivência, convivência anterior a esse processo político, mas que teve o seu nome extremamente citado e que aparece em todas as notícias da imprensa local, nacional e até internacional.

            Durante a reunião, Sr. Presidente, tive a oportunidade de levantar uma questão: como ficaremos a partir de agora que ocorreu a desfiliação do Governador do Partido Democratas? Qual o caminho que haveremos de tomar do ponto de vista político e dos cenários que se apresentam para as futuras eleições? Entretanto, a matéria ficou ainda para discussão posterior.

            O Governador não chegou a ser julgado pela Comissão Executiva Nacional. Tomou a iniciativa de renunciar à filiação partidária ao Democratas. Poupou, portanto, os nossos Pares, no processo de julgamento. E foi textual em suas afirmações. E é natural que, ao se desfiliar, estará fora do processo eleitoral de 2010. Afirmou também: “Se as regras futuras não forem modificadas para o processo eleitoral, certamente, não disputará mais nenhuma eleição”. Chamou-me a atenção, entretanto, durante o seu pronunciamento, a frase, que eu gostaria de ler: “Quero trabalhar por Brasília. Quero, agora, me dedicar às questões administrativas do Governo, livre para fazer minhas opções”. E aí, Sr. Presidente, não compreendo quais serão essas opções: se são opções de ordem de decisões ou se são opções de ordem partidária. Porque S. Exª, hoje, não pertence mais ao Democratas. Entretanto, o Vice-Governador, Presidente local de meu partido, é do Democratas. E aí começo a fazer uma série de conjecturas: qual é nosso futuro? Qual é nosso caminho?

            Ao mesmo tempo, a imprensa noticia que um importante membro da Executiva Nacional e local, o Secretário - até ontem, não sei hoje - de Transporte, Deputado Fraga, faz duras críticas ao Democratas pela forma como foi conduzido o processo de análise da representação apresentada contra o Governador. Então, a minha preocupação é que, hoje, entre o próprio Democratas, começam a ter pontos divergentes, pontos que não são confluentes e posições que nos deixam vulneráveis perante a população.

            Venho nesta manhã à tribuna para dizer que o Senador Adelmir Santana não tem absolutamente nada que possa maculá-lo com relação à sua participação política. Mas vejo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que está havendo dissonância entre a posição do Democratas local - ou do Democratas do DF - e a do Democratas nacional. E isso não me parece produtivo do ponto de vista do futuro das eleições. Não me parece produtivo para a gestão da cidade.

            Tenho pregado que é necessário que haja uma separação do que seja a crise política da administração de Brasília. A cidade não pode sofrer com essas questões que discutimos do ponto de vista político. Tem de continuar a sua gestão. Aqui é a Capital do País. É uma cidade que comemorará, nos próximos dias, 50 anos e que precisa caminhar nessa direção, porque esse não é um aniversário apenas da população de Brasília, é o aniversário da Capital do País. É o aniversário de uma cidade que é de todos nós. É o aniversário que deve ser comemorado por todo o povo brasileiro. Há, como disse, Sr. Presidente, na minha visão, uma dissonância entre o Democratas do DF e o Democratas nacional.

            Ainda hoje, ao olhar o Informativo da Liderança do Democratas do Senado - faço isso todos os dias, até para servir de diretriz para as minhas atuações - li matéria a seguinte matéria:

DEM: implacável com a corrupção.

Ao contrário do Governo, o Democratas não tolera práticas irregulares de seus integrantes.

Diferente da maneira como o PT encarou as denúncias do mensalão - nenhum dos envolvidos de alto escalão foi expulso da legenda -, o Democratas foi o primeiro partido do Brasil a punir exemplarmente a improbidade. Segundo o líder José Agripino(RN), o pedido de desfiliação do governador do Distrito Federal foi uma imposição da sigla. A outra opção seria a expulsão. O que deve ficar claro para a população brasileira é que tivemos a coragem de fazer o que nenhum outro partido fez antes. Se não houvesse uma reunião marcada para a sexta-feira (11), em que se estaria praticamente definida a expulsão de Arruda, o governador não teria enviado sua carta de desfiliação na tarde de quinta-feira (10)” [frisou Agripino].

Arruda é acusado de comandar um esquema de pagamento de propina no GDF. Em relação a outros filiados do Democratas, filmados ou citados nas investigações da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, Agripino disse “quem tem coragem para fazer o mais, tem tranquilamente moral para fazer o menos”. O Partido vai adotar providências no tempo devido. Nossa preocupação é não conviver com a improbidade e o erro”, concluiu.”

            São palavras do texto publicado no informativo da Liderança.

            Então, estamos nós, no Distrito Federal, como disse, numa situação dissonante, porque temos como Vice-Governador Paulo Octávio, Presidente Regional do Democratas, e ao mesmo tempo os democratas agem de forma, como diz a matéria, implacável com relação à suspeita de corrupção.

            O que nós estamos vendo, ou vimos, no decorrer desses dias, foi que outras agremiações partidárias também participantes do Governo local tomaram a iniciativa de saírem, ou de recomendarem, ou de exigirem que os membros do partido saiam da administração do DF. Isso ocorreu com o PPS, com o PSDB, com o PMDB, com o PV, com o PDT, e nós agora estamos numa situação que nos deixa extremamente apreensivos.

            Então, a minha estada aqui nesta tribuna, Sr. Presidente, primeiro, é porque hoje, depois de um longo período de observação, venho dizer publicamente: eu não estou comprometido com as coisas que não sejam corretas. Eu não tenho compromisso com o erro. Eu não tenho compromisso com aquilo que não esteja em paz com a minha consciência. Quero ter a liberdade de chegar em casa, a tranquilidade de frequentar todos os ambientes e dizer claramente que não estou, mesmo sendo um democrata, sob suspeição desses acontecimento.

            Do mesmo modo que aqui estive inúmeras vezes para elogiar, para tecer considerações favoráveis, venho aqui esta manhã para externar a minha preocupação com a agremiação Democratas do Distrito Federal.

            Tenho a convicção de que não cabe a mim o julgamento deste ou daquele, volto a repetir, mas às instâncias superiores do Partido e à Justiça, que certamente o fará.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2009 - Página 67163