Discurso durante a 14ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Advertência ao Presidente da República, Luiz Inácio, para o excesso de gastos e do aumento na criação de cargos de confiança.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Advertência ao Presidente da República, Luiz Inácio, para o excesso de gastos e do aumento na criação de cargos de confiança.
Publicação
Publicação no DSF de 23/02/2010 - Página 3829
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, CARACTERISTICA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, SEMELHANÇA, EXERCICIO PROFISSIONAL, CIRURGIA, MEDICINA, NECESSIDADE, PLANEJAMENTO, COMENTARIO, EXPERIENCIA, ORADOR, EX PREFEITO, ESTADO DO PIAUI (PI), ETICA, POLITICA.
  • QUESTIONAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESVALORIZAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), IMPORTANCIA, CONTROLE, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, CRITICA, EXCESSO, NOMEAÇÃO, DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO SUPERIORES (DAS), FUNCIONARIO PUBLICO, CRESCIMENTO, DESPESA, SUPERIORIDADE, SALARIO, COMPARAÇÃO, SERVIDOR, CARREIRA, CONCURSO PUBLICO, APARELHAMENTO, SERVIÇO PUBLICO, COMENTARIO, NOTICIARIO, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • DEFESA, REVEZAMENTO, PODER, BENEFICIO, DEMOCRACIA, EXPECTATIVA, ELEIÇÕES, ESTADO DO PIAUI (PI), SAIDA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, CORRUPÇÃO, INCOMPETENCIA, MANIPULAÇÃO.
  • CONCLAMAÇÃO, ATENÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRECARIEDADE, EDUCAÇÃO, FALTA, ACESSO, LIVRO, MAIORIA, POPULAÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão de segunda-feira, dia 22 de fevereiro; Parlamentares presentes na Casa; brasileiros e brasileiras que nos assistem aqui no plenário do Senado da República e que nos acompanham pelo sistema de comunicação, a nossa TV Senado, a Rádio Senado AM e FM, ondas curtas, Agência Senado, Voz do Brasil; Presidente Paulo Paim, realmente, nós já estamos quase no final do segundo mandato de Sua Excelência o Presidente Luiz Inácio. Quero crer e creio que há muitas conquistas; nós queríamos mais conquistas, e eu acho que o Presidente da República também. Mas temos muitas preocupações.

            Sei que seria bem mais fácil eu estar no cordão dos puxa-sacos.

            Eu ajudei, eu acreditei no Presidente Luiz Inácio em 1994. Acreditei no Partido dos Trabalhadores e votei nele. Mas, a vida me fez ter ocupado algumas situações - viu, Senador Papaléo? - e hoje eu externo preocupações nesse Governo.

            O Senador Papaléo está aí; o Senador Paulo Paim tem a sua história de maior luta, operário brilhante, vibrante, líder sindicalista - ele acabou de dizer que tem 24 anos no Congresso. Esta é uma universidade, e com exames, com exames e julgamento do povo, aprovado sempre com notas sempre maiores.

            Mas, Senador Papaléo, fomos prefeitinho - o Senador Papaléo, médico.

            Sou muito Franklin Delano Roosevelt, que disse uma frase que sempre cito: “Toda pessoa - ele que foi quatro vezes presidente dos Estados Unidos - toda pessoa que vejo é superior a mim em determinado assunto e, nesse particular, eu procuro aprender”.

            Então, ninguém vai discutir. Aprendi sempre; somos aprendizes. Tive o privilégio de ser pinçado por Petrônio Portela.

            No meu gabinete, tem um retrato, Papaléo, em que eu estava bem novinho, de óculos escuros, cabeludo, calça boca larga, aqueles... E o Petrônio estava me motivando a ingressar na política, mas, eu, muito apaixonado pela medicina, pela Santa Casa onde trabalhava, pela cirurgia, postergava a minha participação. E o Petrônio disse isso, ouviu, Papaléo? Eu tinha sido Deputado Estadual e candidato a Prefeito - perdi as eleições; o primeiro era o Dr. João Silva Filho, irmão de Alberto Silva, o maior líder municipalista que já teve, médico, que até fez o parto do meu filho, figura extraordinária, o maior líder político que já houve lá.

            Então, o Petrônio, uma vez, aconselhou-me. Eu estava lutando, numa luta dessas de diretório - está ouvindo, Papaléo? -, e o Petrônio me disse: “Olha, vá ser Prefeito da sua cidade, e, depois, você vai ser tudo que quiser no Estado do Piauí”. Eu não tinha ambições políticas, meu mundo era o mundo médico. Nasci em Parnaíba, formei-me em Fortaleza, desde interno no Colégio Marista, fiz CPOR, e fiz minha formação cirúrgica no Rio de Janeiro, no Hospital Servidor do Estado. E ia até Buenos Aires comprar livros - isso eu faço desde que casei com Adalgisa.

            Lembro-me, Paim, quando, saído da prefeitura, me candidataram ao governo do Estado - era uma zebra; o candidato tinha 141 prefeitos e eu tinha 4. E ai a televisão fez logo a pergunta: “Mas você não conhece nem o Piauí?” Porque o Piauí é cumprido; eu nasci lá no mar. Minha vida era em Fortaleza, Rio de Janeiro, e comprar livro. Aí eu com essa minha sinceridade, Papaléo, disse: eu não conheço mesmo não. Eu não era hippie para estar andando por aí; o que é que eu tinha que ver lá nesse sul do Piauí? Não era hippie. Eu tinha que estar era como fiz: estudar, sair do Piauí, para buscar ciência com consciência, e vi. Eu tinha que estar na minha Santa Casa, em Parnaíba, no meu consultório operando. Ia a Teresina várias vezes, e era uma rivalidade Teresina com Parnaíba, e eu ia sempre mais para Fortaleza.

            E eu digo: não conheço mesmo não, mas vou conhecer agora. É melhor um desconhecido que leve uma esperança de trabalho, de honradez e de decência do que muitos conhecidos contaminados. Foi ai que ganhamos essas eleições, e estamos aqui.

            Mas a Prefeitura, o Petrônio disse: “Vá ser. É a grande escola”. Por isso que eu chamo “os prefeitinhos”. Aliás, sábado eu estava num casamento com o Presidente da Associação de Prefeitos, Francisco Macedo. Eu digo: Rapaz, você já foi duas vezes prefeito, pode ser governador do Estado. Sendo presidente, está aí a hora. Não é?

            Porque, se há um lugar de aprendizado, é a prefeitura: a gente conhece gente, vê o que é espírito público e vê os interesses.

            Então, o nosso Presidente, o grande líder, o Luiz Inácio não teve essa experiência.

            Papaléo Paes, nós que somos médicos sempre acreditamos muito em estudo. Estudamos muito, Anatomia... Eu fui monitor de Fisiologia. Não fiquei como professor, porque o meu professor, o que me convidou - foi depois da ditadura - aí, o prenderam. Eu era o monitor mais velho e ele disse: “Você fica”. Mas ele foi muito sincero. Ele disse: “Olha, com isto aqui não se ganha dinheiro não. Os meus alunos cirurgiões estão todos mais ricos do que eu” - Aluísio Pinheiro.

            Aí, eu já gostava e estava encantado, havia feito um concurso no Pronto-Socorro Municipal, tirado o 1º lugar, eu fui para a Cirurgia. Mas eu fui monitor e substituía o professor efetivo que foi preso, o Serra. Ele não era comunista não. Era coisa da ditadura - e eu fui monitor dele e dava aulas. Eu fiz as provas - eu, no 5º ou 6º ano - dos alunos.

            Então, eu acredito muito no estudo. De repente, eu fora eleito Prefeito. Deputado, tirei de letra, aquela conversa... Aí, voltava quinta-feira à noite com a Adalgisa e operava sexta, sábado, domingo, segunda, terça - até o meio-dia - e deixava o Dr. Paulo Laje terminando, ia-me embora e voltava - está ouvindo, Senador Papaléo? Então, eu operava muito - quando Deputado Estadual - e usava a tribuna.

            Mas, aí, Prefeito... Aí, eu digo:

            “Agora vou me lascar”. Está ouvindo, Alvaro Dias? Você, que foi Governador? Estava tão bom como cirurgião... Entrar nesse negócio? Aí comecei a ler, ler e a estudar. Tem de estudar. Não sei a sorte do Luiz Inácio, mas eu tenho as minhas crenças: o que me traz aqui é o estudo e o trabalho. Então, essas são as minhas crenças, é no que acredito. Eu, sendo autoridade, vou dar um banho de estudo no povo do Brasil, botar para estudar e para trabalhar. Essas são as minhas crenças. Está ouvindo, Papaléo?

            Mas eu estava com medo, Papaléo. Agora eu vou para a prefeitura. É tão boa essa história de Mão Santa... Nas férias, no Rio de Janeiro, todo ano eu me atualizava; ia a Buenos Aires com a Adalgisa, dançava meio tango ruim, comprava um livro, voltava... E dizia: “Agora eu vou me lascar nesse negócio de prefeitura”. É diferente uma sala de cirurgia, porque eu era um exitoso cirurgião. Fui muito bom mesmo: era o Pelé fazendo gol, o Dom Hélder celebrando, o Roberto Carlos, e eu, operando na Santa Casa. Bom mesmo! Tive os melhores cursos de cirurgia. Papaléo, eu disse: “Estou lascado de entrar nesse negócio de prefeitura”.

            Aí comecei a estudar; a Adalgisa dormia, e eu estudando. Ia se aproximando o dia 1º, e eu com medo, Papaléo! “Agora vou me lascar. Que diabo, por que fui me meter nesse negócio de ser Prefeito?” Aí estudava. Estava chegando o dia, e eu com medo, Alvaro Dias. “Vou me lascar.”

            Aí, eu li um livro de madrugada, no escritório - nunca me esqueço -, de capa amarela: O Mago da Administração, de Taylor. Rapaz, ia chegando o dia 1º e eu dizia: “Estou lascado”. Aí, Papaléo, olha esse livro do Taylor, O Mago da Administração.

            Eu já tinha lido Henri Fayol, o Whitaker Penteado, este de uma fundação que o Getúlio mandou fazer aí, do Dasp, Wagner Estelita, de uma estação... Mas aí o que me salvou foi esse livro. Lá, portanto, pelo meio, ele disse assim: administrar é fácil. Tome, por exemplo, o cirurgião. Tem que ter coragem, tem que saber começar, saber terminar. Eu digo: “Aí é comigo mesmo, hein? É comigo mesmo”. Aí ele deu coragem. Trabalhar em equipe, saber começar, saber terminar, e o cirurgião tem tudo.

            Por isso que Juscelino deu certo, por isso que eu estou aqui. Eu fui um muito bom Governador do Piauí. Assim o povo não tinha... Eu nunca fiz um título de ninguém, nunca comprei um voto, coisa nenhuma, e estou é de graça mesmo, meus votos. Lá no Piauí a turma diz, já está dizendo: “De graça, eu só voto para o Mão Santa”. É, eles dizem assim abertamente!

            Então, eu quero dizer o seguinte, Paim... Aí ele diz, o Henri Fayol: planejar, designar, orientar, coordenar e controlar, unidade de comando e unidade de direção. Esses foram os princípios de administração que hoje criaram toda essa faculdade. Henri Fayol, um engenheiro francês, que criou estes princípios administrativos: unidade de comando, unidade de direção, planejar, designar, orientar, coordenar...

            Então, o cirurgião tem isso; é rápido. Por isso que o Juscelino deu certo. E outros: Dirceu Mendes Arcoverde foi um médico cirurgião, Governador do Piauí, e outros que vocês conhecem; aquele do Pará, cirurgião, não é?

            O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP. Fora do microfone.) - Almir Gabriel.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Porque ele dizia que o planejar é o pré-operatório. Quando você está fazendo o pré-operatório - o pré, o antes, o diagnóstico -, você está planejando o que vai fazer.

            Tem um cisto aqui, tem uma hérnia ali, não é? Dá um ou dois. A operação em si, o transoperatório, é a obra, e o controle... Daí eu ser contra e advertir o nosso Presidente.

            Quantos aloprados estão dizendo para ele menosprezar o Tribunal de Contas da União?!

            Papaléo, peguei o seu discurso, reli e fiz à minha maneira. V. Exª advertiu. Eu mandei buscar o seu discurso e fiz do meu jeito.

            Mas o Tribunal de Contas da União é esse controle; foi criado por Rui Barbosa! Os aloprados pegam o nosso Presidente e mandam ele iniciar uma campanha contra, vetar o diagnóstico que eles fizeram de corrupção em obra. O Papaléo, na sua frieza, fez... V. Exª não sabe, mas eu confesso. Eu peguei o seu discurso, li da minha maneira, fiz, mas digo a fonte.

            Então, era isso que nós queríamos dizer. O pós-operatório é o controle. Você opera, vai lá: tireóide, está sem voz, vamos mandar fazer fisioterapia, fonoaudiometria... Tem que acompanhar. É o controle. Então, o cirurgião tem isso.

            Então, eu queria dizer, Papaléo, que, quando eu entrei na prefeitura, eu continuei com isso. Fui à biblioteca. Tinha uma revista - V. Exª se lembra, Papaléo? -, revista de prefeito, revista municipalista. Aí eu peguei, estudei e vi lá: melhor médico tinha sido o melhor prefeito, segundo a revista.

            Ele era lá do Rio Grande do Sul, era um médico pediatra - está ouvindo, Papaléo? Aí, eu li a reportagem “Como ser um bom Prefeito”. Era um gaúcho, ouviu? Eu não estou lembrado da cidade, ô Paim. E ele dizendo: “Olha, eu fazia o seguinte:...”. Que eu quero ensinar o Luiz Inácio, está ouvindo? Eu aprendi desse médico gaúcho. Foi laureado o melhor médico pela revista, o melhor administrador, não é? Tinha dois lá...

            Ele disse: “É muito fácil”.Sabe o que é que ele disse que fazia, Paim? “Eu só gasto a metade da receita com gente. Nunca deixo passar da metade com gente. Aí sobra dinheiro. Não roube e nem deixe roubar; aí, você tem a metade para investimento, para fazer obra”. Está ouvindo, Paim? Não é simples? Foi lá um pediatra, que foi médico, e do teu Rio Grande do Sul.

            Aí eu digo: eu vou fazer aqui tal esse doutor - está ouvindo, Papaléo? Só gasto a metade com gente, com funcionário. A outra metade eu não vou roubar e nem deixar roubar. Não roubar, porque a minha mãe era Terceira Franciscana não me ensinou. E você faz e aparece a obra, não é? E eu o segui. E estou aqui. E aprendi dele lá - está ouvindo, Luiz Inácio? - que quando a gente faz uma nomeação...

            Ô Alvaro Dias, depois você quer ficar aí na Presidência e está deixando de aprender aqui com...

            É o seguinte: quando você faz uma nomeação - está todo o mundo pedindo emprego - e a gente diz: “Não, só é isso”. É isso uma ova!

            Então, aqui quero advertir o Luiz Inácio. Ele hiperplasiou, hiperatrofiou, aumentou mesmo, “inchou”, como diz a caboclada, o número de nomeações DAS. E eu aprendi, Papaléo... A gente pensa: não, só é um. É uma ova! Quando você for assinar a nomeação desse bichinho, multiplique por 13. Ouviu Marisa Serrano? V. Exª está pertinho do Governo. Multiplique por 13, multiplique depois 13, por 4 e veja o rombo. No caso do Luiz Inácio, por 8.

            Vou já dar o exemplo. Eu estou aqui porque eu sei mesmo. Eu estou preparado. Eu sou pai desta Pátria.

            Ô, Luiz Ináciontão V. Exª hoje... Marisa! O Governo tem DAS 4. Você vai ter. O Álvaro Dias teve. A República tem até DAS 6 - Direção de Assessoria Superior.

            Atentai bem! Começa com o DAS 1, que é a gratificação menor, ganha - assinou o Luiz Inácio - R$2.115,00. Papaléo, Marisa, quantas professoras do Brasil ganham R$2.115? Viram a vergonha: nós fizemos um piso de R$960,00, que é ilusão, é mentira, é embromação. Não é verdade? Piso de R$960,00...

            E o DAS 6 sabe quanto é, Papaléo? Eu dizia aqui que era dez mil, mas aumentou, Papaléo; hoje é R$11.179,00. É o que o Papaléo ganha como Senador. E dizem que a gente ganha demais. Quanto é que você recebe, Papaléo?

            O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AC. Fora do microfone.) - Doze mil.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Olha aí. Isso, Marisa!

            Na porta larga, uma assinatura do nosso querido Presidente, e os aloprados, em cima, ganhando nomeação e mandando fazer dos seus comparsas, dos seus correligionários... E aí diz: reaparelhamento da máquina. Não é nada. Não tem nada de máquina reaparelhada. A segurança, julguem! A saúde... O Papaléo me antecedeu aqui. A educação: a professorinha não conseguiu ganhar R$960,00; não se paga no Brasil. em professora ganhando R$ 400,00, R$500,00. Então, R$ 11.179,00... Olha aí Paim. Agora Luiz Inácio, quero justificar minha presença, com todo carinho, eu votei em V. Exª em 1994, o diabo é que V. Exª é uma ilha rodeado de aloprados por todos os lados. E os aloprados ...Eu não vi o Paulo Paim naquela mesa dos Partidos dos Trabalhadores - a vergonha, a virtude, a dignidade, a credibilidade. Vi outros, vi aloprados, vi o dos dólares em todos os lugares imagináveis. Eu não vi Paulo Paim lá. Os aloprados tomaram o nosso Luiz Inácio. Aí está o superaparelhamento. Então está aqui: excesso de confiança. Agora vou dar o exemplo... Paim! V. Exª diga: ó, Luiz Inácio, o Mão Santa está levando-o para o caminho do bem. É dever dele. Então, Papaléo, onze mil assim na brincadeira, para ser cabo eleitoral, porque se filiou... Há aloprados espalhados no Brasil todo . 

            Toda hora estão assinando... Isso aí... Nunca antes houve tanto - está aqui O Globo - cresceu 119%. Brasileiros, sabem o que é 119%? Se você ganhava 1000, passou a ganhar muito mais de 2000. Então cresceu o número desses DAS. Está aqui o jornal O Globo: “Gasto do Governo com funções e gratificações cresce 119%”.

            Agora, Luiz Inácio, quando os aloprados... Eu sei como é isso, eu fui governador, eu fui prefeitinho. É aloprado, todo mundo querendo tirar tudo, é aproveitador de todos os lados. Não foi só ele que teve, não; eu tive. O Piauí sabe que eu também tive muito aloprado do meu lado. O negócio é complicado, Luiz Inácio. Não é você, não.

            Papaléo, você não tinha na sua....?

            Um dia, Papaléo, cheguei a virar para mim mesmo, na prefeitura, e perguntar assim: será possível que só eu vesti a camisa aqui do Município? Todo mundo que entra aqui quer tirar, quer tirar, quer tirar vantagem. Eu fiz isso, à uma hora da tarde na minha prefeitura. É todo mundo com mutreta, com malandragem, com ganhos, com superfaturamento. Eu fiz. Você sabe que eu sou ... Mas não é possível, só entram aqui pessoas para tirar vantagens! E nós é que temos compromisso com o povo. Marisa, foi em nós que acreditaram, foi no Lula que se acreditou, não foi nesses aloprados. Ele é que tem que ser o comando, a unidade de comando e unidade de direção.

            Mas olha aí, então um alopradinho, que entra a toda hora - olha, eu tenho horror, horror, horror: “Assine aqui! Ligeiro”!

            É fumo. Eu pulo acolá e saio correndo. É fria, Luiz Inácio! Isso que aconteceu com ele eu já tinha visto antes. É fria! Vem ligeirinho ai e pega... Está morto. Tem malandragem. Esse negócio de “ligeirinho”, “ligeiro”. Ele mesmo confessou que assinou sem ler esse imbróglio aí do decreto que agitou tudo.

            Está vendo, Paim? Você chegando à Presidência, o que é muito bom para o País, evite esse negócio de “ligeirinho”. Aqui botou... Não quero dar os nomes, mas eu conheço as coisas.

            Se, mais um desses assim, sabe quanto é? São R$11.179,00. Então, multiplique por 13. Já dá R$160,00. Multiplique por 4, já dá para você fazer um hospital maravilhoso no Estado - 160 x 4 dá 640. Não dá, Papaléo, para construir um grande hospital? E no caso do nosso amigo Luiz Inácio é por 8, porque ele passou 8 anos. Não é verdade? Não é nada, não é nada são R$1,2 milhão. Ah! eu com esse dinheiro no meu Piauí!

            Então, é isso que eu quero dizer: as minhas preocupações. Eu tive um líder - eu fui vice-líder; o líder era Juarez Tapety - do Dr. Lucídio Portella. Ele disse: “Austeridade”. Foi a primeira vez que eu ouvi essa palavra. Ele disse isso no discurso. Não era do meu vocabulário, Zezinho, eu fui buscar no dicionário.

            É o que está faltando. Então, excesso... O pior é que essa despesa não acaba; fica. O aloprado está lá, vai ficar ganhando e se ficar o mesmo partido o aloprado vai trazer outro aloprado porque foi fácil, ele foi tentado. “É a ocasião que faz o ladrão”, já dizia Humberto de Campos. Ele vai trazer outros aloprados.

            Por isso que na democracia - ô, Paim -, os povos inteligentes fazem a alternância no poder, e nós vivemos hoje aqui dessa esperança de uma alternância no poder no meu Piauí, porque o Governo é do Partido dos Trabalhadores.

            Ô Professora, queria dizer que lá eles governam num tripé: mentira, corrupção e incompetência. Esse é o tripé administrativo do meu Estado, do PT. Álvaro Dias, lá não teve terremoto não, mas não sei se terremoto é pior do que o governo que nós temos no Piauí. Tripé: mentira, corrupção e incompetência.

            Então, o que nós queríamos era advertir o Presidente da República sobre esse excesso de confiança. A denúncia é do jornal O Globo. Então, professora Marisa Serrano, aprendi muito e me permita, Luiz Inácio, eu buscar o que aprendi com a Senadora Marisa Serrano.

            Este País não vai bem. É mentira, corrupção e incompetência. A Marisa Serrano, professora, mulher, como diz que mulher é candidata... Aliás, você devia sair candidata também. Você é do Tucano? (Pausa.)

            É. Está aí, rapaz. Se o Serra não for, vou botar a senhora aí.

            Mas sabe o que ela disse bem dali? Só isso, Luiz Inácio! O canto, o clamor, o grito, Marisa, não é? A mulher, a senhora esposa do Lula é Marisa. Marisa é um nome encantador. A esposa do Presidente é uma senhora encantadora. Outro dia eu disse que ela parece com a Marta Rocha. Disseram que eu estava... Que nada! Marta Rocha, para mim, é o símbolo da mulher mais bela e decente que conheci. Mas a Marisa, a nossa Senadora, verdadeira como a sua Marisa, disse bem dali: “Neste País, 74% - Paim - não têm um livro”. Ela que disse. E ela foi mais. Noventa por cento dos Municípios - 90%, Luiz Inácio - não têm uma livraria. Noventa por cento!

            Então, Luiz Inácio, sei que a concentração de renda é absurda. Melhorou. Vossa Excelência avançou. Meus aplausos! Mas a concentração de saber é muito pior, de cérebro. Setenta e quatro por cento não têm um livro, Luiz Inácio!?

            É isso que quero advertir.

            Está sendo sucateado o ensino público. Está aberto o ensino particular, as faculdades. Ô Papaléo, eu sou neto do homem mais rico do Piauí. Isso é até ridículo eu dizer aqui, mas é só para dar exemplo. Mas o governo tinha... eu estudei Medicina em escola pública, fiz pós-graduação em escola pública. Hoje??? As contas estão diminutas, estão acabando com o ensino universitário público. E eu via os pobres do meu lado... uma faculdade de Medicina neste Brasil, hoje, Marisa, Paim, está R$4 mil por mês, a mensalidade. E não se bota livro, manutenção, então cada vez, Luiz Inácio, essa é que vai ser a concentração que eu temo: de competência, de inteligência e de oportunidade só para os ricos.

            Então são as duas preocupações que eu quero advertir. E com esse dinheiro gasto, nós poderíamos ter melhorado o ensino público do Brasil.

            Essas são as nossas palavras e que o nosso Presidente Luiz Inácio medite, medite na filosofia do general mexicano Obregón, ex-Presidente do México... está escrito no palácio... eu prefiro um adversário que me traz a verdade do que um puxa-saco, um aloprado que me engana.

            Paim, muito obrigado pelo tempo que excedemos.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/02/2010 - Página 3829