Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica ao presidente Lula, com base em matéria publicada no jornal O Globo intitulada "Sete minutos de inspeção e duas horas de palanque". Apelo para que o Governo Federal conclua obras no Estado do Piauí. (como Líder)

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL. ELEIÇÕES.:
  • Crítica ao presidente Lula, com base em matéria publicada no jornal O Globo intitulada "Sete minutos de inspeção e duas horas de palanque". Apelo para que o Governo Federal conclua obras no Estado do Piauí. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 11/03/2010 - Página 6771
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL. ELEIÇÕES.
Indexação
  • PROXIMIDADE, CONCLUSÃO, MANDATO, APRESENTAÇÃO, SUGESTÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUSENCIA, PERDA, TEMPO, ANTECIPAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, FISCALIZAÇÃO, OBRAS, LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DENUNCIA, MANIPULAÇÃO, VISTORIA, COMPLEXO INDUSTRIAL, PETROQUIMICA.
  • ANUNCIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VIAGEM, ESTADO DO PIAUI (PI), SUGESTÃO, VISITA, PORTO DE LUIS CORREA, COBRANÇA, CONCLUSÃO, OBRAS, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), FERROVIA, AEROPORTO INTERNACIONAL, PONTE, METRO, UNIVERSIDADE, HOSPITAL, RODOVIA, APROVEITAMENTO, TEMPO, MANDATO.
  • ANALISE, HISTORIA, BRASIL, SEMELHANÇA, ATUALIDADE, OCORRENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, CHILE, AUSENCIA, VITORIA, CANDIDATO, SUCESSÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INDICAÇÃO, GOVERNO, SUPERIORIDADE, POPULARIDADE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Não poderia, Senador Jefferson Praia, deixar de usar da palavra neste instante final desta reunião.

            Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, o Senado é para ajudar, não é para atrapalhar. Somos os pais da Pátria. Então, eu gostaria de dar aqui uma ajuda ao nosso Presidente Luiz Inácio. Ele é o Presidente do País. Ele é o Presidente da República. Ele é o nosso Presidente. Portanto, me acho na obrigação, porque, em 1994, eu votei em Luiz Inácio; acreditei.

            A gente sabe que está faltando praticamente nove meses, e eu, Presidente, ô Luiz Inácio, tenho noção exata do que são nove meses: eu sou médico, eu fiz muitos partos, passam ligeiro os nove meses até o parto. Então, faz-se muita coisa. Aliás, a própria natureza diz que dá para criar um ser humano. Mas não vamos perder tempo não, Luiz Inácio, o que eu quero é lhe dar uma ajuda: esqueça os aloprados. É muito fácil ser aloprado. É muito fácil ser puxa-saco dos governantes. Eu já fui Prefeito, já fui Governador de Estado, e sei como os aloprados funcionam. Então, Luiz Inácio, vamos nos livrar deles. Ó Deus, livrai esses aloprados que acompanham o Luiz Inácio. Então, o que pega mal está aqui no jornal O Globo de ontem. É uma ajuda que eu quero dar, nesses nove meses, ao Luiz Inácio, uma advertência, porque somos os pais da Pátria para isso.

            Dom Pedro II dava o exemplo, Luiz Inácio, ele deixava o cetro e a coroa e adentrava o Palácio para ouvir os Senadores, lá no Rio de Janeiro. Então está aqui o jornal O Globo.

            Olha o que diz aqui. Está aqui o Luiz Inácio, feliz. Alegria é bom, felicidade é bom, isso é um fato positivo do nosso Presidente. Ele é agradável, é afável. Está cercado aqui. “Sete minutos de inspeção e duas horas de palanque”.

            Luiz Inácio, está certo, errare humano est. Senador Jefferson Praia, sete minutos de inspeção e duas horas de palanque. Duas horas, meu caro Presidente Luiz Inácio, são 120 minutos, 10% eram 12 minutos. Matematicamente, o senhor passou praticamente 5% do tempo dedicado ao trabalho, e os aloprados o induziram a perder 95% do precioso tempo do nosso Presidente da República em palanque. Atentai bem, Luiz Inácio, se for nessa proporção, não vai ter resultado. Vai ter isso e tal.

            Olha o que diz o jornal:

Com Lula, Dilma e Cabral, vistoria a obras do Comperj ganha tom de campanha diante de três mil pessoas. Durou sete minutos a vistoria do Presidente Lula e da Ministra Dilma Rousseff ao canteiro de obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí. O Presidente, Dilma e o Governador Sérgio passaram, porém, duas horas no palanque montado pela Petrobras para assinatura de contratos. No Rio, numa festa popular paga pelo Governo Federal com Lula e Dilma, a Secretária Benedita da Silva pediu votos para a ministra.

            Então, Presidente Luiz Inácio, olha o que diz o jornal: 

             

            “Benedita pede votos para Dilma em festa oferecida pelo Governo Federal. Eu quero uma Presidenta do Brasil. E o seu nome é Dilma Rousseff.” “Público gritou jingle eleitoral.”

            O Globo faz outra reportagem, Bruno Villas Boas, Villas Boas, tradicionais jornalistas, há o pai, o filho da família. “Lula, vistoria relâmpago e presença longa em palanque no Comperj”. Então não é bom, não é bom, não é bom, Luiz Inácio.

            Luiz Inácio, permita-me adverti-lo, e o Senado é para isso. Primeiro, como Senador do Piauí, a visita de Vossa Excelência é aguardada no final do mês. Não vamos fazer isso não, Luiz Inácio. Não vamos perder. Vossa Excelência está usando 5% em trabalho, 95% do precioso tempo do nosso Presidente da República, do nosso comandante em chefe, do nosso líder, em palanque. Então, eu pediria a Vossa Excelência - eu ia até acompanhá-lo - que não vá na onda dos aloprados. Quando Vossa Excelência for ao Piauí, vamos ver aquele porto de Luís Correia, que foi prometido e está sendo terminado; é simples, com a presença. Os aloprados deviam a Vossa Excelência.

            Vamos ver a ZPE, que foi prometida, e nada.

            A estrada de ferro, que diziam que seria em dois meses, de Parnaíba para o litoral, e em quatro meses, de Parnaíba para Teresina, não tocaram.

            O aeroporto internacional de que falo, Presidente Luiz Inácio, não para mais nem de noite. Não tem, foi um retrocesso. Eu era menino e pegava avião para ir para o Rio de Janeiro, saindo de Parnaíba.

            Vamos olhar as obras do Tabuleiro Litorâneo, que estão andando. Vamos avançar. A ponte de Luzilândia. Hoje é aniversário de Luzilândia. Que bom se fôssemos lá e a obra fosse concluída nesses nove meses que faltam.

            Presidente Luiz Inácio, tem uma ponte lá que é sesquicentenária, estão dizendo que vão terminar. Mas é uma vergonha. Eu fiz uma ponte no mesmo rio Poti em 87 dias. Essa era para comemorar os 150 anos, mas Teresina já vai fazer 159 anos. O Governo Federal, no mesmo rio. Eu e o Heráclito fizemos no mesmo rio - ele foi Prefeito de Teresina e eu, Governador -, ele fez em 100 dias e eu fiz, brincando, em 87 dias, com o engenheiro Lourival Parente, construtora do Piauí, dinheiro do Piauí. E convidei Fernando Henrique Cardoso para bailar pela ponte.

            Falo ainda do metrô, sonhado por Alberto Silva; a Universidade do Delta, sonho da Parnaíba; o Hospital Universitário, sonhado, de Oncologia; a estrada do cerrado; a ponte de Santa Filomena, de Uruçuí.

            Então, vamos gastar esse tempo. Aqueles projetos que nasceram de sua sensibilidade, lá do Fome Zero, não deram em nada. Nas cidades Guaribas e Acauã o que houve foi retrocesso. Aquela propaganda de aeroporto internacional em São Raimundo Nonato é tudo mentira. Não tem avião, não tem... Deu aqui uma polêmica aqui entre Heráclito e Suplicy, porque o Heráclito trazia a verdade e era contestado. Não por culpa do Suplicy, mas dos aloprados de lá.

            Então, Luiz Inácio, peço que lá no Piauí... É isso que eu advirto: os aloprados e inconseqüentes estão aí; que V. Exª agora aproveite, faltam só nove meses, é rápido. Nove meses só dá uma gestação. Então, V. Exª tem que fazer gestação de milhares e milhares de obras neste Brasil. Se V. Exª for na onda desses aloprados que estão aqui, V. Exª estará usando matematicamente 5% do seu precioso e importante tempo, que não volta, já está terminando, isso passa rápido. Fui prefeito e governador, já está acabando. Isso é rápido.

            Então, vamos aproveitar Luiz Inácio. Vamos esquecer esse negócio, essa soberba. A história dá o exemplo. Vamos aqui.

            Eisenhower, ele que foi Presidente dos Estados Unidos, brilhante, herói de guerra, Eisenhower. O vice dele era Nixon. Ele se candidatou, Nixon, e apareceu John Fitzgerald Kennedy e ganhou. Eisenhower, respeitado, adorado, ilustre Presidente e herói de guerra, reconhecido não só nos Estados Unidos, mas no mundo, não fez.

            Juscelino Kubitscheck. Ô Presidente Luiz Inácio, esqueça esses aloprados, essas suas más companhias! Juscelino Kubitscheck - ninguém maior do que ele neste Brasil - não elegeu o seu sucessor, o seu fiel amigo, o seu escudeiro, General Lott. Bom candidato, honrado, militar. Veio o Jânio Quadros e... Juscelino não se diminuiu, se engrandeceu, como um democrata, passando a faixa para o seu adversário.

            E bem recente... Por isso que o Fernando Henrique Cardoso - a inveja e a mágoa corrompem os corações - saiu como estadista. O seu candidato, valoroso, competente, um extraordinário homem público, que é José Serra, não ganhou as eleições, foi Vossa Excelência. Mas ele ficou na História como o estadista que respeitou as regras do jogo, respeitou a alternância do poder, o que fortalece o regime democrático.

            O Presidente Sarney está aqui, firme. Outro estadista. Está aí. Ele não elegeu... Ele era do PMDB, Presidente de Honra. O candidato do PMDB, Ulysses, ficou com o vice, que era governador da Bahia. Surgiu o Collor.

            Presidente Luiz Inácio, atentai bem: bem aqui, hoje de manhã, eu vi. Ela está entregando amanhã o governo do Chile. Mulher heróica, competente, dinâmica, médica, 84% de aprovação. É isso. Equipara-se com o nosso Presidente. E o povo, o povo, que é soberano, o povo, que decide, o povo, que é sábio, decidiu que o candidato do partido dela não era melhor. Apareceu um empresário, com visão de futuro, de riqueza, e o bravo povo chileno, que elegeu Bachelet, votou no outro partido. Nem com isso ela está saindo diminuída. Heróica, com essa força, com o prestígio, com a história de estadista, enfrenta o terremoto e oferece ao seu povo a democracia.

            Então, essas são as nossas palavras finais. E peço ao Luiz Inácio. Está aqui, é O Globo: “Sete minutos de inspeção e duas horas de palanque”.

            Presidente, estão se aproveitando do seu valoroso tempo. Tempo é ouro, diziam os ingleses. Tem um dado. E V. Exª está perdendo. Está perdendo. O povo é sábio, é soberano. Ele vai decidir. É legítimo que tenha essa participação, mas não sacrificando o tempo do Presidente da República, que não volta.

            Então, essas são minhas palavras de colaboração.

            “Lula: vistoria relâmpago e presença longa em palanque do Comperj.”

            E no Piauí... V. Exª, com uma reflexão, porque eu estou oferecendo essa reflexão com amor ao nosso País. Que a visita no Piauí seja o inverso. Faça 5% do tempo de V. Exª em política, que é natural, deve orientar os aloprados de lá, mas, que utilize 95% em trabalho que traga o progresso e a riqueza ao Piauí, assim como a todo o nosso Brasil, nesses nove meses que faltam do Governo de V. Exª.

            Então, essas são as nossas palavras.

            E gostaria de uma reflexão - errare humanum est -, e que, após uma reflexão, V. Exª mudasse. E eu viria aqui aplaudir esse novo Presidente da República, que se comporta, no momento, como um magistrado, como um trabalhador número um.

            As palavras, Presidente, voam; as obras ficam no coração do povo. Fé sem obras já nasce morta. Vamos terminar as obras do Governo Federal no nosso Piauí e no nosso Brasil!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/03/2010 - Página 6771