Discurso durante a 34ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reiteração de posicionamento em defesa dos aposentados de todo o país.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Reiteração de posicionamento em defesa dos aposentados de todo o país.
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2010 - Página 8400
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • RECONHECIMENTO, LIDERANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, QUESTIONAMENTO, IDONEIDADE, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, INDICE, APROVAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, NEGLIGENCIA, SITUAÇÃO, APOSENTADO, IDOSO, DESVALORIZAÇÃO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO.
  • COMENTARIO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, APOSENTADORIA, GALERIA, ACOMPANHAMENTO, VOTAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, AUSENCIA, DECISÃO, MATERIA, VALORIZAÇÃO, REPUDIO, PROMESSA, NEGOCIAÇÃO, DESCUMPRIMENTO, ACORDO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS), PREJUIZO, APOSENTADO, ALEGAÇÕES, DEFICIT, ANUNCIO, CANDIDATURA, ESTADO DO CEARA (CE).
  • REITERAÇÃO, COMPROMISSO, ORADOR, LUTA, JUSTIÇA, VALORIZAÇÃO, APOSENTADORIA, SUGESTÃO, OBSTRUÇÃO PARLAMENTAR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, que preside esta sessão de sexta-feira, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros que nos acompanham aqui no plenário do Senado e que nos acompanham via sistema de comunicação do Senado.

            Senador Geraldo Mesquita Júnior, ontem, eu presidia aí. Eu e o Brasil assistimos ao Senador Mário Couto. Eu presidia, baixou o espírito de Montesquieu, eu deixei O Espírito da Lei, e não fui contar o tempo.

            Mas quis Deus, agora, chegar Pedro Simon. Olha, esse Mário Couto, Pedro Simon, grande orador e combativo, anunciava...

            Atentai bem: eu não acredito nessas pesquisas do Luiz Inácio. Pagou, botou para ganhar mais. No entanto, acredito que ele é o maior líder popular do País, que ele é o Presidente da República, que ele ganhou as eleições, que ele tem acertos, como o salário mínimo - é um acerto -, a valorização do trabalho.

            Rui Barbosa disse: “A primazia é do trabalho e do trabalhador. Ele vem antes, ele faz a riqueza”. Mas há muitos erros, inclusive o diagnosticado por Simon: soberba. Essa aí, estão lhe enganando, Lula. Eu já fui prefeitinho, já fui governador, é puxa-saco, é aloprado, é tudo.

            E essas pesquisas? Lá no Piauí, tinha um que se chamava Ipop. Mudou o nome porque o povo batizou de Instituto para Otário Perdedor. O cabra que pagava, eles botavam na frente, vinha a eleição, ele perdia. Mudou o nome porque era Instituto para Otário Perdedor.

            Então, que Sua Excelência o nosso Presidente da República é o maior líder, é. Ele ganhou as eleições. Eu aprendi com Petrônio Portella - atentai bem, Heráclito! -, e ele repetia: “Não agredir os fatos, não agredir os fatos, não agredir os fatos”. Pedro Simon, eu ficava assim: o que esse homem está querendo dizer? Eu, ignorante, ele, profeta, estadista: “Não agredir os fatos”. É isto, é o fato: Luiz Inácio é o maior líder popular. Mas essas pesquisas são mentira, são soberba, são comércio, ganho. São os Institutos para Otário Perdedor: pagou, ganhou, e ele está envaidecido, paga mais aos aloprados, e cada vez sobe mais. Mais dinheiro, mais ponto. Daqui a pouco passa dos 100%.

            Mas isso o Hitler teve, aqui no Brasil o Médici teve, nós sabemos que o Mussolini teve também. Esse conseguiu passar. Mas o Hitler e o Mussolini, terminou a guerra, um morreu depois do outro. Um mataram, o outro se suicidou. Foi questão de três dias, conta a História.

            Mas, Pedro Simon, Mário Couto ontem reviveu a grandeza deste Plenário: os aposentados. Nós estamos nos esquecendo.

            Primeiro, Luiz Inácio, você está longe de imaginar o valor na sociedade, na instituição família, do velhinho, do avô. Você está longe de imaginar. É uma cadeia. O avô ajuda o filho, o neto, a nora, as filhas, tudo. É importante.

            Barack Obama, em seu primeiro livro, Pedro Simon, disse: “Se não fossem meus avós, eu seria um maconheiro”. O avô é fundamental. Pedro Simon, estão lascados os avós. Os velhinhos aposentados estão sofridos. E eu conheço.

            Olha, Pedro Simon, eu vou estar amanhã lá na minha cidade. Eu me sinto mal, Pedro, porque eu sou o mais novo. É tudo aposentado. Minhas irmãs professoras, não sei quê, os cunhados, todos perguntam: “O que é que tu tá fazendo lá?”. Pois, a cada vez, eles estão sofrendo. Eu já estou sem coragem de ir na casa da minha irmã mais velha e da outra. Sou o mais novo. Todos com aposentadoria. É, Pedro Simon, a gente se sente assim quando perguntam: “O que tu tá fazendo lá? Só conversa?”

            Então, esse bravo Mário Couto, ontem,... Então, eu entendi um negócio. Está aí o Heráclito.

            Heráclito, isto é muito importante. Eu falo aqui em nome do meu Partido, o Partido Social Cristão. O Mário Couto ontem falava como Líder do PSDB. E eu me apresento aqui porque o meu Partido... Eu vi, eu cheguei na Câmara Federal - meninos, eu vi! -, a cena mais triste. Pedro Simon, aqui parece o Maracanâzinho, lá é o Maracanâzão, grandão. Aí estava falando Hugo Leal, Deputado Federal do Rio de Janeiro que lidera o Partido Social Cristão. Aí ele citou que eu estava entrando ali como Senador do Partido, os velhinhos intimidados bateram palma - porque não podiam.

            Mas eu vi o meu Partido, através do Líder, hipotecar solidariedade e apoio a que se votasse. Eu fui um dos Senadores, acompanhando. Você foi, V. Exª, Geraldo Mesquita, o Mário Couto, Paim e outros e uns Deputados Federais.

            Ô Heráclito Fortes, o Presidente Michel Temer garantiu - eu estava lá e o Mário Couto reproduziu isso - que ia colocar para votar. Garantiu. Garantiu. E agora tudo mudou. Não botaram para votar. O Michel Temer - eu trabalhei tanto para ele ser Presidente do PMDB, lutei, está vendo, Heráclito Fortes? - garantiu que ia colocar para votar. O Mário Couto testemunhou aqui.

            Olha, e vi, um dia, na Câmara, a cena mais feia: impediram, então, os velhinhos de se manifestarem, de aplaudirem, de baterem palmas. Olha o desrespeito.

            Aí foi falar o Líder Vaccarezza, de São Paulo, do PT. Defendeu o indefensável, que não tinha dinheiro, que não era para votar, aquele papo. Era acerca daquelas três medidas que beneficiavam. E os velhos foram ameaçados, Heráclito, de terem que esvaziar as galerias. Os velhos só tiveram uma atitude: virar as costas para o Líder do Governo. Viu, Pedro Simon? E eu, embaixo, lá na Câmara, olhando... A única reação que os velhos tiveram foi ficar de costas para o Líder do Governo. Promessas, vão negociar, a Líder do Governo aqui: “Não, mudou agora, não deu tempo, mas é questão de tempo, nós vamos negociar, as associações...”.

            O nosso Paulo Paim. Ele quer. Eu fui o Cirineu dele. Eu sou o relator da derrubada do fator previdenciário redutor, que não existe.

            Pedro Simon, o Paim quer, mas o PT não quer. Mas o dono do Presidente do PT não quer, o Luiz Inácio. O Ministro do PT... Pimenta, não é? Mas é muito amargo. Aquilo é uma pimenta na vida dos pobres velhinhos.

            E ele ainda ousa, confiando na máquina, no poder, na mídia, enganar e ser candidato pelo Ceará: José Pimentel. Atentai bem, Pedro Simon, ainda ousa ser candidato! E os cálculos, diz-se que são deficitários. Andei com o Relator do projeto de lei do Paim, que defendi na Comissão de Economia, na Comissão de Assuntos Sociais, Direitos Humanos, Justiça. Aqui ganhamos por unanimidade, o projeto vai para a Câmara Federal.

            O Senador Mário Couto teve ontem coragem de relembrar e reviver, e eu me lembrava de que só tenho um arrependimento nesses anos que passei no Senado: foi quando Mário Couto, profeta do que vivemos hoje - da amargura, do sofrimento e da desesperança, de que estão a morrer mesmo os aposentados do Brasil - propôs, na vigília... Geraldo Mesquita, lembro-me de que Pedro Simon veio com sua encantadora esposa, Ivete. Ele ficava namorando aqui, nas madrugadas, nas vigílias, e os velhinhos aqui, os pronunciamentos. E Mário Couto bradava dali que devíamos permanecer aqui, ficar sem tomar banho; que não devíamos sair daqui, que devíamos ficar sem comer. Naquela hora, fui lá e disse: “Mário Couto, não tenho jeito de hippie, não, esse negócio de ficar sem tomar banho...” Mas acho que ele é que estava certo.

            Olha, Geraldo Mesquita, quis Deus estivesse o Pedro Simon. O Pedro Simon trazia a namorada dele e ficava ali, na tribuna. E as vigílias, e a decepção e a mentira.

            Luiz Inácio merece o meu respeito, quando passou na Câmara Federal e disse que ali havia trezentos picaretas. Luiz Inácio, faço suas as minhas palavras. Agora, como fazemos para recontar esses picaretas, Pedro Simon? V. Exª, que sabe a Constituição, o Regimento, vamos contar, eu acho que aumentaram.

            Os velhinhos lá. Olha, Pedro Simon, março do ano passado, eu me lembro de que entrou a Líder, que substituiu. “Não, estou nova aqui, vamos negociar, chamar”. Aquilo era setembro, era outubro, era novembro, dezembro. A esperança do Natal. A esperança de que Cristo entrasse no coração daquela gente. A mentira, janeiro, o carnaval, março.

            Vem aí, Pedro Simon; vamos pegar com Maria, para interceder - Maria, Nossa Senhora - junto a essa gente. São muitos aloprados. Maria me lembra Marisa, a Primeira-Dama encantadora. Vamos interceder junto a essa gente. Mas Mário Couto está aqui. O herói de ontem. E fizeram uma síntese aqui, que quero incluir e reviver.

            Pedro Simon, V. Exª já fez muitos pronunciamentos com bravura. Em um deles, V. Exª advertia que o nosso Presidente não podia entrar na soberba. Mas sabe por que não mandam botar lá? Michel Temer, Michel Temer, Michel Temer, vou lhe ensinar. Voltaire, Voltaire, Voltaire: “À majestade tudo, menos a honra”. Não foi assim, Pedro Simon? “À majestade tudo, menos a honra”? V. Exª garantiu, garantiu. Eu estava presente no gabinete, com alguns Senadores, V. Exª garantiu que, passado no Senado, botava para votar. Michel Temer, você não teme uma desgraça? Essa afronta, essa mentira, enganar os pobres velhinhos? V. Exª não se lembra dos velhinhos, seus pais, seus avós?

            E é legítimo: esse negócio de aposentadoria - pode olhar no dicionário - foi um contrato feito. Os homens trabalharam, trabalharam e trabalharam, Luiz Inácio, décadas: trinta anos, quarenta anos, cinquenta anos. O Governo tirou deles, para lhes devolver na velhice, na aposentadoria, para terem uma velhice com dignidade, com sua mulherzinha, com sua Adalgisa; para, na velhice, ajudarem os filhos, os netos, as noras, os genros. É assim que funciona a sociedade. E os velhinhos... É por isso que não falo dessas instituições que, na soberba, chamam-se de poder, mas a instituição sagrada da família está corroída, porque o teto são os avós, e os avós faltaram com os compromissos, com as palavras. Eles se comprometeram a ajudar os netos nos estudos; a ajudar no tratamento dos filhos; a encaminhar e a facilitar a vida do restante da família.

            Pedro Simon, eu vi o meu padrinho de Rotary, a melhor pessoa que conheci. Ele está no céu, Pedro Simon, porque sei como age Deus. Deus não vai julgar por um instante, por uma vida. O melhor homem que conheci, meu padrinho de Rotary Clube, que se suicidou. Era desses que trabalharam; teve uma posição social extraordinária, líder de classe, 60 anos de casado. A esposa se interna num hospital, e ele não pôde pagar a conta.

            Luiz Inácio, nunca antes houve tantos suicídios entre os velhos, ainda mais quando os pilantras, os banqueiros, influenciaram o Governo de V. Exª, para criar esses empréstimos consignados. E os velhinhos, muitos deles com a vista cansada, com hipermetropia, não leram os contratos; estão a lhes tirar, sem a mínima defesa e proteção, os banqueiros, 40% dos seus ordenados. E o Governo já tira, com o fator redutor previdenciário, que temos de enterrar. Temos de enterrar esse fator e este Congresso Nacional. Ó Deus, então, é enterrar o fator RH, ou vamos enterrar este Congresso. Só há essa saída, não há opção; isso não existe em país nenhum no mundo. Fizeram um contrato, mas os que ganhavam dez salários mínimos estão recebendo cinco ou quatro; os que ganhavam cinco estão recebendo dois, e com os seus compromissos eles estão a falhar.

            Então, nós vamos continuar nesta luta. Ô, Pedro Simon, V. Exª começou com o gaúcho, Paim, grande herói, mas acontece que o Partido dele não permite que ele faça o que nós vamos fazer. Porque, agora, nós vamos endurecer... “Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás.” Nós vamos perder a ternura. Nós vamos perder... E ele nos convoca, o Mário Couto, para 10 de abril!

            E eu quero dizer o seguinte: o meu Partido - Partido Social Cristão - se apresenta, aqui, Mário Couto, para perfilarmos junto ao seu Partido pelo que V Exª ontem falou como Líder. E vamos então resgatar essa nódoa e essa vergonha. E que os nossos aposentados não percam a esperança. Perder a esperança é uma estupidez. Como diz o apóstolo Paulo, é um pecado. E nós vamos continuar e sensibilizar...

            Não acredito, Luiz Inácio, nessa pesquisa, porque Vossa Excelência está longe de imaginar, quantitativamente, quantos são os aposentados - milhões e milhões prejudicados -, e eles não são sozinhos. Os nossos avós são respeitados, são adorados, são seguidos por toda a família. Então, está aqui... Aquele negócio...

            Aposentadoria no dicionário: “Direito que tem o empregado, depois de certo número de anos de atividade, ou por invalidez, de retirar-se do serviço recebendo uma mensalidade”.

            Então, o que nós queremos é o seguinte: garantir a esses aposentados resgatar, em nome da Nação brasileira, aquele contrato. Se o Governo não cumpre seus contratos, qual o mau exemplo que ele está dando para as brasileiras e os brasileiros?

            Então, nós queremos aqui nos hipotecar, fazer nossas as palavras ontem proferidas pelo Mário Couto e dizer que vamos continuar na luta. Como? Eu me lembro de Winston Churchill quando disse que, em sua breve passagem, convidaria todos os homens e mulheres da Inglaterra a lutarem pelo ar, pelo mar, pela terra, a cada instante, com um só sentido: a vitória.

            Então, eu convido todas as aposentadas, todos os aposentados, todos os filhos dos aposentados, todos os netos dos aposentados e nós, que somos trabalhadores e que vamos nos aposentar, a continuar essa luta que tem um único sentido: acabar com a humilhação, a enganação, a embromação que o Governo brasileiro está fazendo com eles. O PSC, então, é o segundo partido que se apresenta e espero que, com os outros, possamos nos unir. E vamos apagar para sempre essa nódoa, com essa vergonha que existe no nosso País.

            Não acreditamos nesses números, Luiz Inácio. Acreditamos, sim, e estaremos aqui para aplaudir se Vossa Excelência mostrar sensibilidade. Até agora, esse Governo que aí está é garantido pelo tripé da mentira, da corrupção e da incompetência. Então, vamos - vamos! - e até desejo que Vossa Excelência saia no fim do Governo com essa popularidade que estão lhe mentindo, que estão lhe enganando, que estão lhe vendendo, quando Vossa Excelência resgatar os direitos dos aposentados do nosso Brasil!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2010 - Página 8400