Discurso durante a 35ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração dos 15 anos de transformação das Faculdades Integradas em Universidade Católica de Brasília e homenagem à Rede Católica de Ensino no Brasil.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ENSINO SUPERIOR.:
  • Comemoração dos 15 anos de transformação das Faculdades Integradas em Universidade Católica de Brasília e homenagem à Rede Católica de Ensino no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2010 - Página 8429
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, SACERDOTE, REITOR, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, UNIVERSIDADE CATOLICA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), COMENTARIO, HISTORIA, ANALISE, EVOLUÇÃO, UNIVERSIDADE, ELOGIO, QUALIDADE, ENSINO, FOMENTO, ETICA, FORMAÇÃO, CIDADÃO.
  • REGISTRO, PRESTIGIO, UNIVERSIDADE CATOLICA, DISTRITO FEDERAL (DF), RECONHECIMENTO, AMBITO NACIONAL, AMBITO INTERNACIONAL, ELOGIO, QUALIDADE, CURSO DE GRADUAÇÃO, MEDICINA, IMPORTANCIA, PROGRAMA, EXTENSÃO, POLITICA SOCIAL, AREA, SAUDE, ASSISTENCIA, POPULAÇÃO CARENTE.
  • RELEVANCIA, ASSOCIAÇÃO NACIONAL, IGREJA CATOLICA, EDUCAÇÃO, MELHORIA, QUALIDADE, ENSINO, BRASIL, FOMENTO, ASSISTENCIA SOCIAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa tarde a cada uma e a cada um dos que aqui se encontram.

            Eu dizia, fora do microfone, que eu e o Senador Mão Santa temos muito em comum, além de nordestinos. Uma das coisas é que somos os dois ex-alunos maristas. Eu o fui por um período muito longo da minha formação. E devo muito a essa formação que recebi.

            Quero cumprimentar o Arcebispo Metropolitano de Brasília, Revmº Dom João Braz de Avis, a quem agradeço muito a presença aqui. Quero cumprimentar o Magnífico Revmº Professor Padre Romualdo Degasperi - considero um privilégio as vezes em que estive com o senhor. Quero agradecer a presença do Professor Mestre Padre José Marinoni - agradeço muito a sua presença. De maneira especial e carinhosa, quero agradecer a presença do Padre Décio Batista Teixeira. Durante um bom tempo em que fui reitor e depois de eu ter sido reitor, convivemos, sempre com uma gentileza muito grande comigo. Agradeço muito que, nesta solenidade, possa reencontrá-lo, pois já fazia algum tempo que não o encontrava. Muito obrigado, Padre Décio, por sua presença.

            Faz um pouquinho mais de 40 anos que comecei a minha vida de professor universitário, na Universidade Católica de Pernambuco. Por isso, o fato de eu ter tomado a iniciativa desta solenidade pode ser visto como algo de interesse pessoal, para realizar um gosto pessoal de gratidão, porque ali encontrei o caminho que me levou e que trago pelo resto da vida, de professor universitário. Não posso esquecer, de maneira alguma, aquele período em que, lá, na Universidade Católica de Pernambuco, ainda jovem a universidade, a gente pode fazer um bom trabalho, graças especialmente ao Diretor da Faculdade de Economia, Padre Vicente Soares, a quem rendo aqui minha homenagem. Ele já não está mais conosco, mas rendo a minha homenagem pela maneira como me tratou. Não preciso dizer - falei em mais de 40 anos - que eu era muito jovem naquela época, e ele mesmo assim me tratou de uma maneira que marcou a minha vida.

            Foi também a Universidade Católica de Pernambuco a única instituição brasileira que deu uma ajuda para a minha manutenção fora do Brasil, durante o meu período de estudante na França. Não tive nenhuma outra ajuda do Brasil; a outra ajuda foi do Governo francês, graças àquela figura maravilhosa com quem trabalhei quatro anos, que foi Dom Elder Câmara, graças ao prestígio dele. Então, tenho uma gratidão com a Universidade Católica; tenho uma dívida com a Universidade Católica.

            Mas não vim aqui, para falar como pessoa física, como professor, para falar de gratidão. Venho aqui para falar como Senador, representando o Distrito Federal, para lembrar que, neste momento em que Brasília vive uma sensação de frustração, de incômodo, de desgosto, até de vergonha muitas vezes, diante dos fatos que aqui aconteceram, é hora de a gente lembrar as boas coisas que Brasília tem. As boas coisas que Brasília tem numa cidade industrial, como é Taguatinga; as boas coisas que Brasília tem - e que lá fora não se sabe -, que são os nossos programas culturais espontâneos, partindo-se do povo, da população, da sociedade civil. É para lembrar que aqui começaram grandes artistas brasileiros, grandes atletas brasileiros; para lembrar que aqui temos um parque universitário de excelência. Não dá para dizer que é o melhor pelo tamanho de Brasília, mas, certamente, muito acima do tamanho de Brasília, um parque universitário que orgulha o Brasil inteiro e que as pessoas esquecem, quando pensam apenas na Brasília Capital da República e fórum ou - e, às vezes, dá até para dizer - circo da política.

            E é dentro desse espaço universitário que orgulha Brasília, com todas as suas universidades, tanto a UnB, em que sou professor há 31 anos, quanto as universidades particulares, é nesse cenário que a Universidade Católica de Brasília tem um papel especial e merece o nosso respeito e esta homenagem que aqui fazemos.

            Cada vez em que vou à Universidade Católica de Brasília - e, por mim, iria ainda mais vezes do que tenho ido -, saio de lá com orgulho de ser brasiliense. Pela localização da Universidade Católica, às vezes não é preciso nem ir lá. Quando a gente volta de qualquer lugar e pousa no Aeroporto de Brasília e vê a Universidade Católica à esquerda, com toda sua dimensão, sempre crescendo, organizada, funcionando de uma maneira extremamente satisfatória, é um orgulho para Brasília.

            Brasília precisa ter razões para se orgulhar, e creio que a melhor maneira e o melhor lugar para buscar esse orgulho é mostrando que existe a Brasília Capital, a Brasília da política, e uma outra Brasília que poucos conhecem lá fora: a Brasília que é maior que a Capital da República. E é nessa Brasília que está a nossa Universidade Católica, que, desde a sua fundação, em 1974, quando ainda era Faculdade Católica de Ciências Humanas e contava apenas com três alunos de graduação, já se preocupava com a formação ética e cidadã dos alunos, de uma maneira não apenas superficial, mas cada vez mais aprofundada, cada vez mais compatível com as necessidades que o País tem.

            Com o passar dos anos, a faculdade organizou-se em uma estrutura de ensino e de valores cuja base se tornava cada vez mais sólida, e foi isso que possibilitou a instalação das Faculdades Integradas da Católica de Brasília. Quinze anos mais tarde, a Católica foi reconhecida pelo Ministério da Educação como Universidade e ainda manteve, em sua essência, a promoção do conhecimento, sem se descuidar da espiritualidade baseada na ética cristã.

            Já para os cursos de graduação da área de ciências da vida, a prática e o aperfeiçoamento profissional se dão por meio de atendimentos realizados, de forma integrada, no Hospital da Universidade Católica de Brasília, com o curso de Medicina, que pode, sem dúvida alguma, orgulhar todo o sistema universitário brasileiro e que promove a qualidade de vida tanto para a comunidade acadêmica quanto para a comunidade local.

            Este é um fato que a gente tem de levar em conta na Universidade Católica: o compromisso permanente - não sei desde quando, mas me refiro especialmente ao Padre Décio, porque não sei de antes - com a comunidade de fora dos muros do campus. A Universidade Católica é um exemplo - e o Síveres, que está aqui, é um dos que ajuda a promover isto - de como se pode fazer com que a universidade trabalhe pela alfabetização de adultos. É um exemplo de como o hospital pode trabalhar na promoção da saúde para uma população que precisa desse apoio.

            A Universidade Católica tem como uma de suas características mais importantes a relação permanente, graças à extensão, com a sociedade ao redor. Hoje, são mais de 14.500 estudantes de graduação, 1.500 na pós-graduação stricto sensu e lato sensu, 7.119 no ensino a distância, aproximadamente 400 na extensão. É um número muito razoável, substantivo, forte! Repito: são 14.500 na graduação, 1.500 na pós-graduação, 7.119 no ensino a distância e 400 em extensão. São 149 laboratórios; cinco programas de doutorado, com notas 4 e 5 pela Capes; 10 mestrados com notas 3, 4 e 5 pela Capes; 29 cursos de graduação com notas 3 e 4 pelo MEC; 12 cursos de graduação tecnológica em fase de avaliação; 31 cursos de extensão; 99 projetos de pesquisa e 51 projetos de extensão.

            Ou seja, nesses 15 anos desde que se transformou em universidade, ou nesses 37 anos desde que existe, quando era Faculdade Católica, de 1974 até hoje, é uma evolução que pode servir de exemplo para muitos.

            São 774 docentes, dos quais 64% com pós-graduação, de mestrado ou doutorado, 31% especialistas, e apenas 5% graduados; 1.115 colaboradores administrativos; 76.771 beneficiados diretos e 34.559 atendimentos nos programas de extensão. Ou seja, uma população substancial que, em torno da Universidade da Católica, pratica atividades acadêmicas e pratica atividades acadêmicas por meio da extensão.

            São 20 polos de ensino a distância no Brasil, um no Japão, um em Angola e um nos Estados Unidos. Tem um hospital com média mensal de 5.093 atendimentos e 3.205 pacientes; uma biblioteca com 84.367 títulos e 246.690 volumes; 174 salas de aula, todas com multimídia e computadores; um campus com 600 mil m² de área e um segundo, de 11 mil metros quadrados de área a serem construídos; 5.154m² de área construída; profissionais entregues à sociedade; posição nacional entre as dez primeiras do País, reconhecida nacional e internacionalmente.

            Essa é a Universidade Católica, de que, lamentavelmente, a maior parte das pessoas fora de Brasília não tem conhecimento. Por isso, estou lendo, mesmo sabendo que aqui muitos a conhecem. E assim faço pois quero que, lá fora, aqueles que estão vendo esta sessão pela televisão saibam que Brasília não é apenas a Capital da República. Brasília é uma cidade que vai muito além de ser a Capital. E entre um dos orgulhos está o fato de ter um parque universitário e, dentro dele, uma universidade com esse porte de seriedade e tamanho, como é a Universidade Católica de Brasília.

            Desde a primeira edição do Prêmio Melhores Universidades, Guia do Estudante do Banco Real, a Católica sempre foi premiada.

            Em 2007, foi considerada a melhor instituição de ensino superior em pesquisa científica e a que recebeu o maior número de estrelas do Centro-Oeste. Nesse estudo foram levados em consideração o corpo docente, a produção bibliográfica, a orientação e a produção das pesquisas.

            Mas, nem por isso, a Universidade Católica de Brasília desviou-se da sua principal missão: o cuidado com o ser humano, com os que estão dentro dela (professores, servidores, alunos) e com aqueles que, fora dela, merecem o seu carinho e o seu envolvimento.

            Uma gestão de pessoas humanizada permite à Católica promover a formação integral de seus estudantes e colaboradores.

            O apoio a programas de extensão, como qualidade de vida, ações comunitárias, políticas sociais de saúde, promove, por meio de atendimentos, a conscientização, o bem-estar e a qualidade de vida da comunidade carente do Distrito Federal, fato que muitas universidades no Brasil esquecem, ignoram e de que não cuidam. Isso faz com que o campus seja cercado por um muro, às vezes invisível, que mais parece as muralhas de um castelo onde, lá dentro, os nobres ficam separados da plebe lá fora. A Universidade Católica é um universidade de pontes; não é uma universidade de muralhas.

            Essas pontes funcionam, permitindo que ela não se isole da realidade do País, e, graças a isso, os seus alunos saiam como profissionais, não apenas entendendo, conhecendo a sua disciplina, a sua área do conhecimento, mas com o sentimento da responsabilidade que cada um deles tem com as mudanças sociais de que o Brasil precisa.

            Essas ações tornaram possível a integração entre ensino, pesquisa e extensão e fornecem o vínculo da Universidade com a comunidade. Tudo isso tem muito em comum com o que representam as Universidades Católicas, hoje presentes em 150 países do mundo. A Católica é uma delas. Mas, dentro desses 150 países do mundo, é bom lembrar o que é uma Universidade Católica no Brasil. Aqui estão a PUC do Rio e a PUC de Campinas, que há mais de 40 anos começaram, até que agora, recentemente, a PUC de Goiás, a mais jovem de todas, começa.

            São 412 mantenedoras associadas de educação, saúde e assistência social. Dessas, 81 instituições de Ensino Superior formam a rede das Universidades Católicas; 1,4 mil escolas de Ensino Fundamental e Médio, antes da universidade; 1,5 milhão de alunos e 91 mil professores e funcionários. Esse conjunto forma a Associação Nacional de Educação Católica, no Brasil, a Anec, tanto do ponto de vista do Ensino Superior quanto do ponto de vista do Ensino Médio e do Ensino Fundamental.

            A Anec desempenha um trabalho dinâmico para atender as necessidades de seus associados e para contribuir na excelência da educação católica no Brasil. Seis novas filiais da Associação foram criadas em 2009, só em 2009, nos Estados de Santa Catarina, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. A Associação também realizou cerca de 150 reuniões, 14 eventos, fóruns e seminários, bem como mais de 200 visitas às escolas católicas e 220 atendimentos às mantenedoras no ano passado.

            A Anec, congregadora e representante do sistema católico de educação brasileira, de natureza comunitária e herdeira de secular patrimônio educacional e cultural, norteada pelos princípios humano, libertador, ético e cristão e de sustentabilidade, tem por missão contribuir para o desenvolvimento do Brasil, por meio da formação da educação formal, da educação popular e da assistência social.

            Eu creio que tudo isso mostra que o Brasil seria muito menor sem a rede de universidades católicas de que nós dispomos no País, sem falar que a educação brasileira começou lá atrás junto com a colonização, por meio da educação católica no Brasil.

            Nós temos uma dívida com tudo isso que as Universidades Católicas fazem pelo Brasil. Nós, de Brasília, temos ainda mais uma dívida com a Universidade Católica de Brasília, Magnífico Reitor, pelo fato de que ela não apenas forma profissionais, mas orgulha esta cidade, tão carente hoje de razões para mostrar ao País inteiro que nós somos muito mais do que a Capital do Brasil. Nós somos uma cidade onde há uma instituição como a Universidade Católica de Brasília, que hoje completa 15 anos que recebeu do Ministério da Educação o título de universidade.

            Muito obrigado a cada um e a cada uma de vocês que fazem com que, em Brasília, haja uma instituição como essa que nos orgulha. Muito obrigado a todos vocês, que fazem a Universidade Católica de Brasília. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2010 - Página 8429