Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimetno do jornalista Armando Nogueira, que foi um dos criadores do Jornal Nacional.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimetno do jornalista Armando Nogueira, que foi um dos criadores do Jornal Nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2010 - Página 9995
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JORNALISTA, ESTADO DO ACRE (AC), ATUAÇÃO, IMPRENSA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, TRABALHO, CONTRIBUIÇÃO, CRIAÇÃO, TELEJORNAL, DIVULGAÇÃO, FUTEBOL, EMPENHO, DEFESA, LIBERDADE DE EXPRESSÃO, PERIODO, DITADURA, REGIME, MILITAR.

            O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu vou encaminhar logo mais à Mesa voto de pesar pelo falecimento do jornalista Armando Nogueira, que teve uma existência rica. Sem dúvida, marcou a sua presença no cenário nacional, com extraordinários feitos e conquistas, sobretudo no campo profissional.

            Armando Nogueira é um dos criadores do Jornal Nacional. Destacou-se no campo da administração, destacou-se escrevendo, falando, articulando, dialogando. Inteligência rara, seus colegas de profissão sempre o reverenciaram, colocando-o num patamar superior.

            Seu estilo o diferenciava. Escrevia, sobretudo, sobre esportes. Escreveu dez livros sobre esportes. Escreveu textos memoráveis. Textos para o filme Pelé Eterno, por exemplo, foram escritos por Armando Nogueira.

            Eu selecionei algumas de suas frases inesquecíveis, de que faço a leitura:

“O Rei e a bola: ‘Pelé é tão perfeito que se não tivesse nascido gente, teria nascido bola.’

Mané e o drible: ‘Para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio.’

Perfeição: ‘A tabelinha de Pelé e Tostão confirma a existência de Deus.’

Habilidade: ‘No futebol, matar a bola é um ato de amor. Se a bola não quica, mau-caráter indica.’

Humor: ‘Anúncio: troco dois pés em bom estado de conservação por um par de asas bem voadas.’

Crítica: ‘Os cartolas pecam por ação, omissão e comissão.’

Ídolos: ‘Heróis são reféns da glória. Vivem sufocados pela tirania da alta performance.’

Enciclopédia: ‘Tu, em campo, parecias tantos, e, no entanto, que encanto! Eras um só, Nílton Santos.’

Zico: ‘A bola é uma flor que nasce nos pés de Zico, com cheiro de gol.’

O gol: ‘Gol de letra é injúria; gol contra é incesto; gol de bico é estupro’."

            E numa crônica histórica, México 70, depois da Copa do Mundo, eu sintetizo em três frases:

Orgulha-me ver que o futebol, nossa vida, é o mais vibrante universo de paz que o homem é capaz de iluminar com uma bola, seu brinquedo fascinante; 32 batalhas, nenhuma baixa; 16 países em luta ardente durante 21 dias. Ninguém morreu. Não há bandeiras de luto no mastro dos heróis do futebol.

            Este é Armando Nogueira: poesia, lirismo, encantamento, competência profissional. Ninguém enxergava futebol com tanta competência quanto ele, tanto é que, como disse, era reverenciado por seus próprios colegas. Armando Nogueira também demonstrava seu espírito democrático. E como disse o Boni, ex-diretor da Globo e amigo de Armando, ele foi uma figura muito importante na época da ditadura. Foi um baluarte na defesa da liberdade com sua capacidade de diálogo. Vamos creditar isso à luta da liberdade de expressão. Ele foi sempre um símbolo da liberdade de expressão, porque tinha a capacidade de exteriorizar o seu pensamento como poucos neste País. E o fazia com estilo. O que escrevia era sempre perfeito sob o ponto de vista da retórica e sempre muito eficiente sob o ponto de vista do conteúdo, mas, acima de tudo, com uma beleza plástica que encantava os que o ouviam e os que tinham oportunidade de ler seus textos.

            Portanto, nossas homenagens póstumas a Armando Nogueira. A imprensa do País perde um talento.

            Vamos encaminhar à Mesa, Sr. Presidente, nosso voto de pesar.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2010 - Página 9995